Lágrimas por Amor escrita por Aki Nara


Capítulo 5
Capítulo 5 - Conjecturas




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_ Asuka não está completamente errado...

As palavras do doutor, ditas de uma forma suave tinham o poder de incomodá-la mais que as palavras explosivas do garoto.

_ Como assim? – uma dor fina fatiava-lhe o coração.

_ Venha! – ele estendeu o braço para que ela a acompanhasse.

Eles saíram do salão levando-a por um longo corredor que terminava numa porta de vidro. Do outro lado, uma estufa com plantas exóticas e flores perfumadas. Ao adentrar no recinto, estacou maravilhada, pois lá fora a neve caía e um sentimento de fantasia se apossou dela.

_ Aqui é mais tranqüilo para conversarmos – ele apontou para que se sentasse ao lado dele. – Eu fui contra a sua adoção.

Umi assim o fez e esperou calada, a cabeça baixa, com os pensamentos em polvorosa, o coração apertado e desesperançado, dizimado pelas poucas palavras anteriores.

_ Nada vai trazer minha irmã de volta. Nisso concordo plenamente com Asuka. Não acho justo que tenha que continuar a viver a vida dela. Você é uma garota formidável e lutadora, merece ser amada por uma família que perceba suas qualidades. Por isso, se estiver decidida a aceitar peço que reconsidere...

_ Mas... Não tenho para onde ir... – disse com pesar. – O que farei quando tiver que sair do orfanato? Não quero ir para um convento e nem mesmo acho que tenho vocação.

_ Ah! Minha “pequena rosa do mar”. Darei um jeito para que não se prejudique pelas ações impensadas de meus pais.

Sentiu um imenso alívio por saber que os motivos do doutor eram justos. Quando ainda não enxergava imaginava-o um homem muito mais velho, sério e que lhe inspirava confiança. Ele havia sido a primeira pessoa que vira após a cirurgia e se surpreendeu ao ver alguém jovem, bonito e sorridente.

_ Se ao menos tivesse um lugar para ficar e um emprego...

_ Hum! – o doutor disse pensativo. – Poderia ficar nesta casa trabalhando como dama de companhia para minha mãe.

_ Poderia?

_ Não teria as regalias de uma filha, mas... em compensação ganharia seu próprio sustento.

_ Isso seria um sonho – olhou-o de um modo sonhador. – Posso lhe contar um segredo?

_ Claro – a atenção dele estava voltada para ela.

_ Eu economizei para fazer a inscrição no vestibular... Fiz a prova da Universidade Federal só para ver se passaria.

_ E para que área tentou?

_ Para Arquitetura. O resultado sai amanhã, mas estou com medo de ir conferir. Mesmo porque acho impossível estar entre os melhores para ganhar a bolsa.

_ Espero que você consiga e qual foi o seu número?

_ Esse é o mais incrível – riu com vontade. – Se dependesse desse número... A universidade já estaria garantida. “777”.

_ O número mais cobiçado? Não sou supersticioso, mas... – ele lhe sorriu piscando. – Eu aconselho a ir, só para confirmar. Quer que eu vá junto?

_ Não quero incomodar... – disse corando.

_ Incomodo não é... Se for às oito, posso te levar.

_ Mesmo? – se levantou feliz.

_ Mesmo.

_ Obrigada – ela pulou em seu colo abraçando-o com força.

Então, ela percebeu o que tinha feito quando o doutor correspondeu-lhe o abraço e corou violentamente.

_ Desculpe... – abaixou o rosto corado.

_ Por nada – ele levantou-lhe o queixo olhando-a bem dentro dos olhos.

De repente, os olhos do doutor pareciam brilhar e seu coração disparou, o rosto dele se aproximava do seu e sem coragem para ver o que aconteceria fechou os olhos enquanto recebia um beijo em sua testa.

_ Acho melhor voltarmos! – o encanto se quebrou.

O doutor Kaneshiro estendia a mão para levá-la de volta para a realidade. Eles saíram da estufa em silêncio. Era desesperador enfrentar seus pensamentos. Seu coração ainda batia forte, sentia-se afogueada e corada, mas também era a primeira vez que recebia um beijo dado em sua testa, mais ainda de um homem.

_ Deixo-a aqui de volta à cova dos leões. Boa noite, Umi – ele se afastava, mas se voltou novamente. – Diga-me porque as crianças do orfanato a chamam de Mona?

_ Eles dizem que meu sorriso tem o mistério de Mona Lisa.

_ Para mim, seu sorriso tem o encanto de um anjo – ele disse tocando levemente o rosto. – Até amanhã, “pequena rosa do mar”.

_ Até amanhã – a timidez tomava conta de seu ser.

Entrou rapidamente sem vê-lo partir. Poucas pessoas ainda se encontravam no salão e os poucos que estavam começavam a se despedir. E ela se postou ao lado dos anfitriões agradecendo pelo jantar até todos os convidados partirem e por sinal os últimos foram os pais de Asuka.

_ Desculpem Asuka... Ele ainda está abalado.

_ É claro, Mikiko – a senhora Kaneshiro tocou-lhe a mão levemente. – Nós entendemos.

_ Vejo-o amanhã para resolvermos a questão das vendas – o senhor Kaneshiro despediu-se de Takeshi Tsuki.

_ Nos vemos amanhã. Foi um prazer tê-la conhecido mocinha.

_ O prazer foi meu. Senhor, senhora... – despediu-se educadamente.

_ Umi, você viu Kenzo?

_ Sim, senhora. Ele já se recolheu.

_ Está bem... – tocou-lhe o rosto fazendo-a corar levemente ante a lembrança de outro toque. – Acho bom que vá dormir.

_ Boa noite. Senhor Kaneshiro, senhora – cumprimentou-os antes de sair.

Ela fechou a porta, mas ouviu a voz grave do Sr. Kaneshiro perguntar para a esposa.

_ Acha que ela vai ficar?


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Notas finais do capítulo

Será que Umi ouvirá os conselhos do doutor? Será que Asuka aceitará a presença dela na casa? Umi estará se apaixonando pelo doutor? Não percam o próximo capítulo. *.* Beijos