SasuHina :: Moon Light escrita por Nana


Capítulo 3
Acostumado


Notas iniciais do capítulo

Wee, terceiro capítulo. *-*
Esse foi bem tenso de escrever. @_@ Mas espero ter conseguido escrever algo decente e que vocês gostem. :D Boa leitura.



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Hinata’s Pov

Minha convivência com Sasuke se tornava cada vez mais... Confusa. Haviam me avisado, me alertado de que ele era... Complicado. Mas eu não acreditava nisso. Ele era apenas... O Sasuke. Assim como todos os outros, ele possui o seu jeito. Um jeito único, um resultado de tudo que ele passou. Agora parecíamos apenas 'acostumados' com a presença um do outro, aceitando o fato de que isso seria necessário por mais algum tempo. Pelo menos, era o que ele transmitia.


De alguns modos, ele era parecido comigo. Parecia tão perdido quanto eu, esperando por respostas. Milagres. Onde finalmente teríamos nossa liberdade, mesmo que em sentidos diferentes. Devo confessar que... Se "felicidade" e "liberdade" realmente existem... Era algo semelhante ao que eu passava com ele. Não é como se conversássemos o tempo todo, muito pelo contrário. Mas apenas o silêncio dele, e eu estar ali... Naquela casa... Era o suficiente. Não precisava de palavras para entendê-lo. É, Uchiha Sasuke não tinha nada de complicado, olhando por esse lado. Era apenas um adulto teimoso, perdido no tempo. Não sabia se ele tinha sonhos, mas sabia de seus sofrimentos. De seus sentimentos. Era apenas alguém que prezava pela família que um dia teve.

_____

Sasuke’s Pov

Novamente, as ruas estavam pouquíssimas movimentadas, mesmo que dessa vez fosse uma quinta-feira e estivéssemos indo por um caminho diferente. Os moradores lançavam o mesmo olhar de indignação. Reparei que alguns pareciam preocupados, talvez com a segurança de Hinata, tendo que estar tão próxima a mim. Aquela ideia me divertiu, porque eu não tinha intenção de ferir a garota. Eu apenas a seguia, na verdade. Enquanto ela me guiava pelas ruas estreitas até o mercado. Entramos em um diferente, desta vez. Ela pegou um carrinho de compras, o arrastando por dentro da loja, as rodinhas provocando um ruído ao deslizar pelo chão encerado. Parou, deixando ele no meio do caminho e procurando por alguns itens. Bocejei, desinteressado.

– Sasuke. – Me chamou como eu já estava reparando que se tornava hábito dela. Acho que lhe dava coragem para prosseguir, vai entender. Encarei-lhe, aguardando. – É verdade que gosta de tomates e onigiri?

– Quem lhe disse? – Questionei, após afirmar com um movimento positivo da cabeça, já começando a empurrar o carrinho que tinha algumas coisas dentro.

– Ahn... Eu perguntei para Sakura-chan. – Confessou. Só não explicou porque diabos ela fez isso.

Por sorte, Hinata não demorava muito a escolher as coisas. Parecia que já sabia exatamente tudo que precisava e onde estava. Após pouco tempo, já estávamos em frente à caixa. Observei Hinata, ela pegou uma pequena bolsa e retirou dali uma quantia de dinheiro suficiente. Entregou o dinheiro a mulher e guardou a bolsa. Reparei quando Hinata encarou outra, que aguardava na fila, e outra garota que não estava muito distante dali. Ambas mantinham seus olhares furiosos sobre mim e desviaram os mesmos quando Hinata percebeu isso. Eu já sabia que não iria ser aceito de braços abertos assim que fosse libertado, e eu realmente não me importava. Na verdade, estava me acostumando com esses olhares quando eu lhe acompanhava para outros lugares. Mas a Hyuuga pareceu incomodada, já que soltou um suspiro indignado, como eu nunca havia visto fazer antes. Peguei as sacolas de compras e caminhei até a saída. Ela me seguiu, andando ao meu lado ao me alcançar.

– Não precisa de ajuda...? – Perguntou, o que pareceu até engraçado. Havia perdido tanto tempo que achavam que eu não era capaz de carregar sacolas de compras? Apenas a encarei, sem expressar nada, mas ela entendeu. Reparei que um pequeno sorriso surgiu em seus lábios após algum tempo. Voltei meu olhar para frente, me contendo a não perguntar o motivo.

Caminhamos em silêncio em direção a casa que não era muito distante e eu não precisei segui-la para descobrir o caminho. Havia memorizado até que bem. Ao chegarmos, ela abriu a porta e entramos. Coloquei as sacolas no balcão, me lembrando de que ela havia feito isso na semana anterior. Sentei-me em um dos bancos altos, esperando para ver o que ela tinha para preparar. Reparei em suas bochechas coradas, deveria estar se perguntando o que eu estava fazendo ali. Da mesma forma que eu me perguntava.

– Por que insistiu para receber uma missão? – Indaguei, tentando não parecer interessado. Não tanto quanto estava. Engraçado como seu silêncio sempre me agradou, mas o fato de ela ser a única que não tentava conversar sobre nada, em absoluto, me deixava inquieto. Ela me encarou por um tempo e depois voltou sua atenção para o tomate que cortava.

– Meu pai adoeceu. E eu vou assumir o clã quando completar meus vinte anos... – Começou, entretida suficiente no que cozinhava para não gaguejar.

– Vinte...? – A pergunta saiu sem que eu percebesse. Ela pareceu se lembrar de que eu também deveria herdar um clã e sabia de algumas coisas.

– É... Meu pai conseguiu adiar... Por não me achar pronta para ocupar o cargo. – Ela disse e abaixou ainda mais o olhar. – Neji-nii-san o levou para outra vila, mesmo doente, para resolver uns problemas... E eu não tinha nenhuma responsabilidade com o clã, já que eles ainda não confiavam em mim pra isso. – Reparei que ela havia parado de cortar os legumes e verduras. E também percebi quando ela apertou com força a faca que segurava. – Eu só estava preocupada com meu pai e sua ausência... E não queria mais ficar naquele clã. Não queria mais receber qualquer olhar de reprovação... Nenhuma comprovação de que...

Ergui meu olhar para o seu rosto. Ela não parecia disposta a continuar. Voltou a cozinhar, ignorando qualquer ponta de curiosidade ou interesse que pudesse ter despertado em mim, o que raramente acontece.

– Não importa. – Proferiu, com um sorriso. Um sorriso que eu, de alguma forma, sabia que ela queria ter motivos para exibir.

– Andar com um traidor não deve ajudar.

– Aaah. – Ela levantou seu olhar para mim. – Isso... Tam-também não importa.

– É...? – Questionei, tentando entender porque ela havia gaguejado se o assunto não era Naruto. Então, suas bochechas coraram novamente.

– Uhum. Sasuke-san nunca deixou de fazer parte da vila. – Afirmou, tão bem que eu quase acreditei. Talvez por isso ela me tratasse tão bem desde o início. Fiquei apenas a encarando. Encarando por tempo demais, suficiente para eu perder a linha do raciocínio.

– Neji estava aqui na nomeação do Naruto. – Mudei o assunto, desviando meu olhar para os legumes.

– Meu pai teve uma crise... Piorou. E disse para que ele voltasse. E que voltaria quando estivesse bem...

– E você acha que ele só voltou porque seu pai não confia em você. – Avaliei, após ver a mudança em sua expressão.

– É. – Ela respondeu instantaneamente.

Após aquela súbita vontade de conversar que tivemos tudo voltou a normal. O dia passou tão rápido quanto todos os outros. Ela foi embora, me desejando uma “Boa noite.” Suas mãos estavam na maçaneta da porta e ela timidamente saia da casa.

– Boa noite. – Eu proferi, observando sua reação. Reparei que ela pareceu estática, parecendo estar em uma luta interna consigo mesma. Durante todo esse tempo, nunca havia lhe respondido quando se despedia. Ela voltou seu olhar para mim e sorriu abertamente, seus olhos com um brilho estranho, então, fechou a porta.

No dia seguinte, eu acordei de uma forma diferente. Na verdade, eu fui acordado. Suas pequenas e quentes mãos tocavam meus ombros, chacoalhando-os, enquanto tentava me acordar. Meus olhos se abriram tão lentamente quanto sempre, deparando com os olhos perolados da Hyuuga, que se afastou rapidamente com o rosto levemente corado.

– Estou te chamando há horas... – Se explicou apressadamente. Sentei-me na cama, bocejando.

– Tenho dormido muito. – Confessei. Ela soltou uma risada baixa. Meus olhos pairaram sobre a porta aberta e voltaram para a Hyuuga. Ela nunca havia entrado no meu quarto. – O que houve?

– Naruto-kun quer a nossa presença no escritório. – Anunciou. Verdade, desde a comemoração de nomeação que eu não via o novo Hokage. – Vou te esperar lá embaixo.

– Certo. – Proferi, me levantando.

Fiz toda a minha rotina matinal, colocando a primeira roupa que encontrei no armário e passaram-se poucos minutos quando já estávamos no prédio principal. Abri a porta, esperando que Hinata passasse para que eu a fechasse novamente. Voltei ao olhar para o Hokage, que babava sobre uma pilha de papéis espalhados de forma desorganizada pela grande mesa. Aproximei-me da cadeira aonde o loiro estava sentado. A Hyuuga me acompanhava, avaliando o jovem que dormia.

– Naruto-kun... – Ela chamou, cutucando seu ombro. Mas não pareceu muito efetivo. Entendi porque ela não havia conseguido me acordar. Estava ficando entediado e queria saber logo o que ele queria dizer. Dei um chute na cadeira e o Uzumaki se sobressaltou.

– MALDITO! – Ele urrou, se levantando ao perceber quem era o culpado. Dei um passo para trás, me livrando de um soco.

– Deixe de ser histérico. – Suspirei. Ele cerrou o olhar para mim e sentou em sua cadeira novamente.

– Muito trabalho a fazer, Hinata-chan. – Choramingou para a garota, enquanto deitava o rosto sobre a mesa. Ótimo, além de tudo, agora ele estava virando bipolar. Mas antes mesmo que ela pudesse retrucar, ele deu outro salto na cadeira, com um enorme sorriso. – Tenho uma ótima notícia para vocês, dattebayo!

– Notícia? – Ela pareceu curiosa. Demos alguns passos, parando em frente a mesa dele.

– Sim... Ahn... – Ele tentava pronunciar alguma coisa, enquanto vasculhava por todos os papéis e pergaminhos que estavam desorganizados sobre sua mesa. – Achei! Tome. – Proferiu, estendendo dois pergaminhos.

– O que é...? – Hinata perguntou, esperando por uma explicação.

– Ah, eu tenho que explicar, certo.

– Você está bem? – Perguntei, cerrando meu olhar para ele. Após tanto tempo esperando pela nomeação a Hokage, agora ele parecia mais perdido do que qualquer um que ocupasse o cargo. Ele soltou uma risada, coçando a nuca.

– Tudo bem. Eu passei esse tempo conversando com os conselheiros... E consegui uma forma de acelerar sua liberdade. – Ele disse, mostrando-se orgulhoso. – Você vai poder fazer um teste de estratégia e depois vai poder começar a fazer missões.

– Simples assim? – Indaguei, ainda um tanto desconfiado.

– Err... E seu selamento vai ser mantido. Você vai ser supervisionado pela Hinata-chan. – Ele pousou o olhar sobre a morena.

– Hai. – Ela concordou, abrindo o pergaminho e olhando o que ele continha.

– Vai ser daqui a um mês. – Avisou, abrindo seu sorriso novamente. – Dispensados.

Certo, eu tinha um mês para me preparar para um teste. Provavelmente seriam coisas sobre estratégia ou sobre a vila e os clãs principais dela. Tudo aquilo eu já estava lendo todos os dias e não iria realmente fazer muita diferença fazer um simples teste. Naquele dia, voltamos para nossa rotina. Trocando apenas algumas palavras, pouco mais do que havíamos feito nos últimos dias. Haviam se passado dois dias e Hinata havia insistido para que eu lhe encontrasse na biblioteca durante a manhã, argumentando que seria importante.

E ali estava eu, movendo-me até lá em meus passos desinteressados, enquanto os olhares curiosos dos moradores da vila voltavam a pairar sobre mim. Imaginei que fosse pela ausência de Hinata. Afundei minhas mãos nos bolsos da calça e continuei meu caminho. Não estava muito longe do lugar, quando reconheci a pequena silhueta de Hinata, dando passos lentos na mesma direção que eu. Inconscientemente, me apressei para lhe alcançar, passando a andar ao seu lado após pouco tempo. pressionava dois finos livros contra seu corpo enquanto mordiscava o lábio inferior, parecendo incomodada com algo.

– Sasuke! – Ela se sobressaltou, apertando mais os objetos ao perceber minha súbita presença.

– Oi para você também. – Eu disse, ainda com meu olhar sobre ela.

Com isso, recebi mais um daqueles seus sorrisos. Ao chegarmos ao lugar, ela cumprimentou a bibliotecária, que nos guiou até uma mesa, próxima as janelas. A Hyuuga depositou os livros sobre a mesa e escorregou para o canto do banco. Sentei-me ao seu lado.

– Ahn... Desculpe te fazer vir até aqui, Sasuke. – Tentou se redimir, olhando para um ponto qualquer.

– Tudo bem, eu estaria dormindo, se não estivesse aqui.

Ela riu. Comigo. Ou de mim, eu não sei. Só sei que eu fiquei feliz com o som de sua risada e com a expressão alegre que ela me exibiu. Mas sua risada cessou e seu rosto ficou completamente vermelho. Perguntei-me o que havia acontecido, mas recebi a resposta ao olhar para trás e encarar Hanabi. Automaticamente, pude sentir minha expressão mudar.

– Que horror, parece que a felicidade sumiu com a minha presença. – Ela disse, se sentando no banco a nossa frente.

– Cla-Claro que não, Ha-Hanabi-chan. – Hinata se apressou em dizer.

– Trouxe os livros? – Ela indagou. A irmã mais velha, que agia como irmã mais nova, afirmou com um movimento da cabeça e lhe estendeu os livros.

– O que significa isso? – Questionei, tentando entender a situação.

– Eu vim te ajudar, ser ingrato. Eu fiz umas questões para ver como você vai sair no teste. – Ela disse, se remexendo em seu lugar. Abriu um dos livros e retirou de lá uma folha avulsa com milhares de anotações.

– Você? – A pergunta veio de forma irônica, imaginando que finalmente algo “divertido” iria acontecer.

– É. – Seu olhar era ameaçador.

– Certo. – Minha voz saiu como um “desafio”, que ela pareceu aceitar.

– Uchiha Sasuke, sabendo de suas intenções ao atacar a vila... Você considera-se apto a não repetir seus atos?

– Se eu fosse repetir, teria feito isso no primeiro dia que me retiraram aquelas algemas. – Confessei, apoiando meu rosto sobre minha mão, de forma cansada.

– Entendo. – Tentava parecer superior, coisa que eu reparei que ela sempre parecia tentar fazer. Isso era bom, talvez desse um jeito em Kiba e suas piadinhas. – O que pretende fazer quando seu selo for retirado?

– Seguir com as ordens impostas pelo Hokage. Mesmo que seja Naruto.

– Boa sorte – Riu.

– Hanabi! – Finalmente, Hinata se pronunciou.

– Fala sério, Hina. Ele é o Hokage, mas continua sendo o Naruto. – Argumentou e pareceu ser o suficiente. – Qual seria sua reação se a vila fosse atacada?

– Defesa. – Dessa vez, fiz uma careta automática que deixava explicita a ideia de que aquilo era óbvio.

– Você pretende ter “relações amorosas” nos próximos anos?

– Ha-Hanabi-chan! – Hinata tentou repreender a irmã, que gesticulou para que a mais velha mantivesse o silêncio.

– Você realmente acha que isso faz diferença? – Indaguei, cerrando meu olhar para ela.

– Claro. E se você quiser reconstruir o clã? Vai precisar de herdeiros. – A caçula dos Hyuuga ergueu as sobrancelhas, fazendo uma careta até que engraçada insinuando que aquilo também era óbvio. Meu olhar se desviou para Hinata por alguns segundos, ela estava mais vermelha do que nunca.

– Eu vou reconstruir o clã. – Confirmei, suspirando, já encarando a inconveniente Hanabi. – Não significa que eu saiba quando.

– Pois deveria. – Ela disse, mantendo seu olhar autoritário. Resmungou alguma coisa inaudível e voltou seus olhos perolados para os papéis.

– Acho que já é suficiente. – Esperava que realmente fosse.

– Não, claro que não. Temos que fazer as perguntas sobre estratégia.

Aquele dia foi realmente longo. Não imaginava que existiam pessoas no clã Hyuuga que falassem tanto. Mas até que foi uma boa ajuda. Ela havia formulado algumas situações convincentes, mas que não foram tão difíceis de responder. Após algumas horas, almoçamos em uma churrascaria próxima dali, onde Chouji e Shikamaru também se faziam presentes.

Três dias passaram rapidamente. Só depois eu fui perceber como eu havia deixado que eles passassem tão despercebidos. Pela primeira vez, após tanto tempo, eu não estava com sono. Acordei às 3h da manhã, sem qualquer vestígio de vontade de me deitar novamente. Andava pelos cômodos da casa como se fosse um fantasma. Até que me cansei de dar voltas e fui até a área de treinamento. Trajava apenas uma das comuns calças largas que eu usava para dormir. Parei em frente a um boneco especial para treinar taijutsu e comecei a desferir socos e chutes estratégicos contra o mesmo, alternando entre um boneco e outro de vez em quando. Pelas alterações no céu, eu podia saber que havia se passado bastante tempo. Apesar das gotas de suor que caiam conforme eu me movia, não cessei meu treinamento. Nem mesmo quando ouvi o barulho da porta de entrada sendo aberta. Ou os passos lentos de Hinata pela casa. Até que ela arrastou a porta e me encarou.

Desferi um ultimo golpe no boneco e voltei meu olhar para a Hyuuga. Ela não me cumprimentou e isso pareceu estranho. Ela também não sorria. Não demonstrava simplesmente nada. Apenas olhava para mim.

– Bom dia. – Eu quem disse, erguendo uma sobrancelha para ela, que desviou o olhar. Nos não conversávamos muito, mas era com ela que eu mais trocava palavras, já que as outras pessoas eu apenas ignorava.

– Posso falar com você, Sasuke? – A pergunta veio e ela não voltou a me olhar. Não gaguejava mais ao falar comigo, raramente isso acontecia. Dei alguns passos na sua direção e foi um sinal positivo para ela, que me deu as costas e andou até o centro da sala.

– Está bem? – Perguntei, pegando a primeira camisa que encontrei jogada por ali e usando-a para me secar.

– Eu... – Parecia procurar por palavras. Ergueu o olhar para mim por alguns segundos e desviou novamente. – Eu não posso mais... Continuar com a missão.

De início, eu pareci um pouco com Naruto. Demorei a entender e captar suas palavras. Lembrei-me, então, que eu ainda era apenas uma “missão”. Não sei por quanto tempo eu fiquei estático, olhando para ela. Mas deve ter sido um bom tempo, já que foi o suficiente para ela dar alguns passos na minha direção e me lançar um olhar preocupado.

– Meu pai voltou. – Fez parecer que aquilo explicava tudo. E até que fazia sentido.

– E ele não te quer envolvido com um traidor. – Acrescentei em sua frase. Um sorriso falsamente divertido, verdadeiramente sarcástico. Ela sabia. Eu tenho certeza que ela sabia o que eu estava sentindo. Talvez ela também sentisse o mesmo. Não a parte do ódio por imaginar que aquilo tinha um “quê” de Hyuuga Neji – apesar de ter de admitir entender que ele queria “protege-la”. Mas a parte de saber que eu teria que me desacostumar dela. A parte que me lembrava de que eu já havia tentado... Apenas um dia... E tentar novamente era apenas frustrante.

Não era como se eu pudesse me declarar ali. Dizer que sua presença era “essencial”. A única coisa que eu poderia dizer era que eu havia me acostumado... E não tinha a menor intenção de me desacostumar.

– Você sabe. – As palavras eram baixas, mas eu prestava atenção. Ela abaixou o olhar. – Sabe que eu não concordo com isso.

Fiquei algum tempo imaginando. Tentando entender o que ela realmente esperava que eu soubesse. Apenas que ela não concordava que eu deveria ser tratado como um simples traidor? Que ela não concordava em abandonar a missão? Ou que eu não era alguém que ela precisasse ser protegida? Era estupidamente agonizante confessar que eu quem desejava protege-la... Mas só naquele momento eu parei para perceber que eles achavam que eu era a ameaça. Era de mim que ela deveria ser protegida.

– Talvez seja melhor. – Em partes, era verdade, mesmo que eu não quisesse. – Dedique-se ao seu clã. Eu faria isso. – Aconselhei, dando-lhe as costas e subindo as escadas. Não olharia para trás. Não lhe daria o gosto de me fazer desistir daquela ideia idiota de lhe permitir sair da minha vida assim. Eu deixaria. E sabia que iria me arrepender.


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Notas finais do capítulo

Se eu tiver mudado muito a personalidade de algum personagem, podem jogar no ventilador. u.u IOHDSHIO. A Hanabi eu não sabia muito bem como ela agiria, mas eu achei que seria assim.
Espero que tenham gostado. Comentem, por favor. Elogios e reclamações, tudo bem. :3 Beijos, lindos leitores. s2