Depois que Marvel e eu voltamos para o acampamento percebi que tudo já estava virando uma rotina. De certa forma eu e todos os outros sobreviventes já estamos acostumados á sobreviver.

Cato, Marvel, eu e o garoto do Distrito 3 nos levantamos antes do sol nascer. O garoto do distrito 3 mal comeu e correu para terminar a grande armadilha. Ele disse que faltava apenas verificar se estava tudo certo antes de ligar as bombas. Cato, Marvel e eu nos sentamos e comemos calmamente o café da manhã.

- Por quanto tempo deixaremos esse garoto vivo? – Sussurra Marvel. Parece que eu e ele estávamos tendo a mesma ideia. É claro que não deixaríamos esse garoto ficar com a gente. Ele não teria nenhuma serventia mesmo.

- Estava pensando no mesmo. – Afirmo. – Faremos o que?

- Primeiro vamos ver se a armadilha dele realmente funciona. – Exclama Cato. -  É claro que se não funcionar ou der algo errado iremos matá-lo porém...

- Porém? – Questiono exaltada. – Eu mesma vou matar ele depois eu ele terminar aquela coisa! Aonde já se viu? Um Distrito 3 andando com os carreiristas? Precisamos manter a nossa imagem!

Marvel e Cato abafaram o riso.

- A gente aqui lutando para sobreviver e você pensando na “imagem dos carreiristas”? – Pergunta Cato rindo.

- Claro! - Afirmo levantando a cabeça e o encarando. – Se alguém tem chances de voltar para casa é um de nós! Carreiristas! É como se o governo deixasse que qualquer ralé viver na Capital!

- Uma coisa é certa. – Diz Marvel arrumando o seu saco de dormir. – Esse garoto é como você disse Clove Apenas um porco para o abate.

                                                                   ~*~

Todo o esquema da pirâmide é realmente intrigante. A maioria dos suprimentos estão dispostos em engradados, em sacos de estopa, e lixeiras de plástico. Tudo á uma distância razoável do acampamento. Os explosivos devem ser uma surpresa e tanto até para os idealizadores dos jogos.

Pouco tempo depois de arrumarmos todas as nossas coisas o garoto corre até nós com um enorme sorriso no rosto.

- Terminei! – Ele exclama sorridente. – Foi até mais fácil do que parecia!

- Que bom... – Falei com um sorriso forçado olhando para Cato.

- Eai garoto? – Questiona Cato. – O que podemos e o que não podemos fazer agora?

- Como eu  rodeei todos os suprimentos com as bombas ninguém pode pegar nada sem pisar em um explosivo. – Informa ele. – A não ser que seja eu. Pois sou a única pessoa onde sabe exatamente onde pisar.

Cato, eu e Marvel nos entreolhamos surpresos.

- Como é? – Pergunta Cato exaltado.

- Isso mesmo! Eu sabia que vocês estavam planejando me matar! Agora sem mim vocês não podem ter os seus preciosos suprimentos. – Informa o garoto com um sorriso maroto nos lábios.

- E se jogarmos você ali pertinho da pilha? – Exclamei com um sorriso diabólico desfazendo a felicidade do garoto. – Imagine só! Podemos até perder os nossos suprimentos, mas você vai junto.

O garoto tentou correr mais Marvel foi mais ágil o agarrou pelas pernas e o imobilizou logo em seguida.

- Vamos fazer o seguinte. – Informou Marvel. – Você fica aqui de guarda enquanto nós três conversamos sobre o seu destino.

O garoto engoliu seco, pegou sua lança e se pós em é.

Nos sentamos dentro de uma das barracas e pouco depois que Cato se senta ele corre para fora da barraca e dá um grito apontando para a floresta.

Uma fogueira!

Eu, Cato e Marvel começamos a nos armar de imediato.

- E o garoto? – Questiono segurando algumas facas e as posiciono estrategicamente no meu cinto.

-  Ele vem com a gente. Nós precisamos dele na floresta e, de qualquer maneira, o trabalho dele aqui já acabou. Ninguém pode tocar nesses suprimentos. -  Conclui Cato.

- E quanto ao conquistador? – Pergunta Marvel polindo a sua lança.

- Vou repetir mais uma vez. Esquece ele. Sei onde enfiei a faca nele. É um milagre ainda estar vivo depois de perder tanto sangue. Na pior das hipóteses, não tem condições de nos perseguir. – Diz Cato. – Vamos embora.

Cato dá para o garoto do Distrito 3 uma lança e corremos em direção do fogo.

- Quando nós a encontrarmos, vou matá-la de meu jeito e ninguém vai se meter. – Informa Cato.

Andamos uns 60 metros até a fogueira que já estava apagada. Achamos aquilo muito estranho, mas então vimos uma outra fogueira para o leste. Corremos para lá e em poucos minutos chegamos. E novamente a fogueira havia se apagado! Ouvimos uma grande explosão e nos entreolhamos. A pirâmide! Cato segurou a minha mão e me “arrastou” até o nosso acampamento.

O acampamento estava totalmente destruído! As bombas pegaram até as barracas! E o garoto do Distrito 3 estava apavorado tentando achar algo inteiro entre os destroços.

- Onde está Marvel? – Questiono o procurando.

Parece que Cato nem ouviu o que eu disse. Ele estava vermelho, literalmente vermelho de raiva.

- A culpa é dele! – Gritou Cato apontando para o garoto do Distrito 3. – Ele explodiu tudo!

- Não! ... Não fui eu!... – Exclamou o garoto tentando se defender. – Não fui eu! Me poupe! Eu não fiz nada!

Antes que eu pudesse fazer alguma coisa Cato correu até o garoto e quebrou seu pescoço. Foi rápida e simples assim a morte do garoto do Distrito 3. Logo ouvimos o som de um canhão e um grande aerodeslizador aparece e recolhe o corpo do garoto do Distrito 3.

- Cato! Onde está o Marvel? – Questiono assustada.

- Ele deve estar bem... – Disse Cato confuso.

Ouvimos o som de um canhão e meu coração fica acelerado. Digamos que com todo esse drama com Cato o Marvel acabou se tornando um amigo bem querido. E eu me culparia se algo acontecesse com ele pois eu deveria ter o guiado até o acampamento comigo e com Cato.

Logo depois ouvimos mais um canhão.

- Será?... – Questionei nervosa.

- Marvel é espero! Aposto que matou a Garota quente e aquela garotinha! – Exclama Cato tranquilo. Sinceramente a naturalidade com que ele disse isso me irritou, afinal Marvel é meu amigo. – Eu queria mesmo ter matado a garota quente, mas se ele já fez esse serviço devo pelo menos parabeniza-lo por isso.

- Bem... – Ia dizendo respirando fundo. – Devemos esperara até de noite para saber quem foram as vitimas.