Estou sonhando, sei disso porque estou em casa, eu meu irmão, minha mãe e meu pai, como sempre foi. No sonho minha mãe trança meu cabelo lindamente enquanto meu pai e meu irmão brincam de videogame. Mais um motivo para eu saber que é um sonho, nunca tivemos a companhia de nossos pais direito. Sempre surge algo mais importante que nós.

        Mesmo sabendo que isso é só um sonho fico chateada quando sinto alguém me balançando, quero gritar que pare, mas não consigo, ao invés disso lentamente abro os olhos para ver Lucky ao meu lado, seus rosto vermelho de choro.

        _O que...? -minha mente não passa de um grande borrão. Estou fazendo o máximo que posso para colocar meus pensamentos no lugar.

        _Você fez de novo... -diz ele abismado.

        _Aquilo de se abster do que não é bom para você. -rápido você tem que vir, não vou con seguir manter assim muito mais tempo.

        Relutante eu o sigo. Entramos em uma ruína e vejo uma silhueta ao longe apoiada dentro de uma formação de pedra.

        _Quem é?

        _Me prometa que não vai apagar sua mente novamente e eu te explico. -eu concordo lentamente com a cabeça e ele continua.-Você e Matt pediram para fazer a primeira patrulha, ok, o problema é que vocês não me acordaram, continuei dormindo até que ouvi um grito. Acordei alarmado óbvio, procurei por vocês e achei o que não queria. Rowry estava em cima de você com uma faca pronta para matá-la, você por outro lado tinha um dardo injetado no seu pescoço. Corri até você... -Lucky começou a se embolar com o que queria dizer e acho que eu não queria saber o resto. -Eu corri até você e... Bem... Matt estava morto ao seu lado com um corte na garganta.

        Minha cabeça doía, mas meu coração parecia milhões de caquinhos de vidro me perfurando. Corri até a pessoa escorada.

        _Por que você não me acordou assim que viu? -perguntei gritando incapaz de controlar minhas emoções.

        _Porque eu fui atrás da Rowry só que ela foi mais rápida.

        _Eu não entendo... -digo entre soluços. -Por que não tiraram ele assim que ele morreu?

        _Primeiro por que você estava abraçada a ele, depois por que eu o escondi, não achei justo você não ter direito a um último adeus.

        Não podia ser verdade, Matt morto? É claro que eu sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas eu esperava que pudesse ser bem mais tarde. Acabei de perder minha melhor amiga e agora perco o garoto que eu... Tanto faz o que eu sentia agora não é?! Está tudo acabado mesmo! Graças a Capital, é tudo culpa daquele pirralho do Snow, uma criança mimada que só quer um novo meio de diversão. Isso é tão errado.

        _Lucky será que você pode por favor sair daqui! -berro ao ver que ele ainda está parado ao meu lado.

        _Ei ele também era meu amigo! -ele grita em protesto.

        _Lucky você não entende? Quando eu e Matt fizemos a patrulha de ontem juntos nós... Bem...

        _Ohh -Lucky pareceu um pouco envergonhado. -Tudo bem.

        Não me importei com a aparência de Matt, tudo que eu queria era sentir sua pele macia mais uma vez em mim.

        _Matt, eu... -as palavras relutavam para sair. -Saiba que tudo que eu senti foi verdadeiro, mesmo que no princípio eu tenha tido minhas duvidas e que tudo tenha acontecido tão rápido, cada momento foi mais que especial, se toda essa história me trouxe algo de bom foi você, nunca se esqueça disso. Como eu queria ter podido ter a chance de te dizer um último adeus, mas sei que em breve nos encontraremos, não tinha dito antes, mas não vou ser eu a sair daqui viva, Lucky, esse sim será o vitorioso. Ah Matt eu... Eu te amo ok? Obrigado por tudo que você foi para mim, siga em paz.

        Em meio as lágrimas que cismavam em cair consegui lhe dar um último beijo de despedida. O pior de tudo acho que foi o fato de justamente quando eu descubro tudo que sinto por ele as coisas acabam. E quem foi a culpada? Rowry. Eu vou matá-la da pior maneira que eu encontrar.

        Juntos eu e meu irmão colocamos o corpo sem vida de Matt em algum lugar aberto para que o aero deslizador possa pegar.

        Caminhamos até uma nova ruína que não me traga tantas lembranças, mas isso é algo bem difícil.

        _Ah Lucky, por que eu tenho que ser tão fraca?

        _Do que você está falando Gem? -ele pergunta enquanto pega meu cabelo e enrola no dedo.

        _Você sabe... Por que tenho que me apegar tanto as pessoas? Achar que posso mudar as coisas? Ter objetivos e medo de cumpri-los? Não conseguir suportar momentos de desespero? Eu simplesmente não posso vencer, não sou a vencedora que a Capital quer, sou só uma menina fraca.

        _Para agora Gem. -diz Lucky abruptamente largando meu cabelo. -Olha bem eu me mantive forte até agora por você não quero nem saber dessa de "ahh eu não vou ganhar", você vai vencer sim e voltar para casa, isso é uma ordem.

        Quer dizer que enquanto eu tentava manter meu irmão vivo ele tentava me manter.

        _Não, não, não Lucky, você vai voltar, é isso que eu tenho me dito desde que botei os pés nessa arena, tudo que eu fiz foi para manter você vivo!

        _Tem certeza Gemmy? Não vi você fazer nada por mim. Já eu? Eu desisti da Storm por você!

        _Do que você está falando?

        _Que para você ficar viva e manter seu amrozinho eu não quis ficar com ela, pois queria prestar plena atenção em você. Agora você vir me dizer que tem tentado me manter vivo? O que você fez por mim?

        _Eu... eu... Eu sou sua irmã mais velha e eu tenho que te proteger!

        _Você não soube me responder não é? Eu já imaginava. Não tem problema, não é porque você não fez nada por mim que eu vou deixar de tentar te manter viva.

        _Eu não preciso que alguém tente me manter viva, eu posso muito bem sobreviver sozinha! Diferente de você eu sei usar uma espada.

        _Acho que devíamos nos separar então se nenhum de nós precisa de proteção não há sentido em nos mantermos juntos. Eu to indo Gemmy, quem sabe não nos esbarramos por aí.

        _É eu também to indo, boa sorte sozinho!

        Ele faz um sinal de ok com a mão e segue de mais adentro no verão me deixando sozinha. Meus joelhos não aguentam e cedem. Permaneço de joelhos chorando várias horas até conseguir recuperar o minímo de forças para andar, dessa vez, sozinha.