Continuamos correndo por um bom tempo, o calor da lava nos perseguindo ao longo do caminho. Eu pingava suor e o cheiro que vinha me deixava sem fôlego, mas mesmo assim continuei correndo até ter certeza que não havia mais resquícios de lava.

Olho em volta e percebo que estamos ficando sem opção. O inverno e o outono se foram, um coberto de água e o outro de lava. O calor é enorme e por isso sei que estamos no verão.

Espero que algum dos meninos falem algo, mas ambos permanecem em silêncio. O verão também é todo envolto por ruínas. Escolho uma qualquer e me sento. Minhas mão tremem e eu faço um esforço enorme para não chorar. Devo isso a ela, duvido que ela iria querer alguém chorando sua morte.

O céu começa a escurecer e seu tom é um avermelhado lindo.

_Que lindo. -digo em um suspiro fraco.

_O por do sol sempre é lindo. -responde Lucky

_Sabe o que minha mãe dizia? -Matt se levanta para olhar melhor o sol deixando seu cabelo loiro com um tom totalmente diferente de tudo que eu já vi. -Que quando o sol deixa o céu avermelhado é porque a gente cumpriu nosso dever e esse é o meio dele de retribuir.

_Ah tá e o que a gente cumpriu hoje mesmo? -rio da minha própria tristeza.

_Não sei talvez pode ser o que ainda vamos fazer....

Pego uma pedrinha no chão e atiro longo. Observo-a voar até se perder de vista. Logo depois vejo um belo tordo voando, observo-o novamente até perder ele de vista. É incrível como parece que todo mundo consegue um jeito de fugir daqui e eu não.

_Olha o rango! -grita Lucky

Eu e Matt vamos correndo atrás do cheiro.

_Como você conseguiu isso? -pergunta Matt abismado.

_Acabei de matar um tordo.

Comemos a refeição em silêncio. Mais uma vez a comida era pouca e nenhum de nós está satisfeito. Minhas costelas estão mais que visíveis. Meu cabelo é um grande emaranhado. Minhas unhas estão pretas. Tenho hematomas em todo meu corpo e me sinto horrível.

Peço para ser a primeira a montar guarda e Matt resolve se juntar a mim.

_Desculpa... -sussurro depois de ver que meu irmão já dorme.

_Pelo que?

_Por não ter salvado Storm... Por ter escondido que ela não estava bem, enfim por tudo.

_Falando assim até parece que você é a culpada por estarmos todos aqui. -ele ri enquanto balança seus lindos cabelos.

Nos abraçamos, nenhum dos dois tem a menos intenção de se soltar. O único barulho audível agora é das corujas. Matt segura meu rosto e me beija suavemente. Um pouco depois sinto suas mãos passando por debaixo da minha blusa. A sensação é boa. Não peço para ele parar, simplesmente parece tão certo. Não sei se terei alguma chance novamente. Ambos vamos morrer, e eu quero fazer isso com o garoto que eu amo, mesmo sabendo de tudo nesse momento só existíamos eu e ele.

Deixo ele tirar meu sutiã enquanto eu levanto sua blusa. Nossas peles quentes se encostando. Minha barriga parecia cheia de pequenas borboletas brincando comigo. Fechei os olhos e deixei rolar como deveria ser.

Acordo de manhã sentindo um braço por cima de mim. Matt. Me lembro da noite passada ainda incapaz de abrir os olhos para descobrir que tudo foi um sonho. Foi simplesmente a noite mais perfeita da minha vida. Seu corpo tão perto do meu, seus lábios quentes. A sensação ainda permanecia bem viva em mim, as lembranças passavam como se estivessem acontecendo agora.

Repasso a cena dez mil vezes na minha cabeça antes de abrir os olhos. Tiro seu braço de cima de mim. O sol brilha no céu. Me viro para acordar Matt, mas não consigo, tudo fica preto e eu desmaio.