Terminamos o almoço todos, praticamente juntos. Corri para o meu quarto e fui para o banheiro tomar uma ducha. Normalmente eu faço isso, depois de ir ao cabeleireiro, para tirar os cabelos que grudam. Argh, isso dá aflição! Me dispo e entro debaixo do chuveiro. Só restam uma hora para meu encontro com Annie no shopping.

Coloco sabonete líquido em uma esponja e esfrego sobre meu corpo. Retiro toda a maquiagem que ainda havia em meu rosto e lavo meu cabelo com um shampoo de camomila.

Desligo o chuveiro e pego meu roupão. Eu, como sou um ser muito... mas muito burro! Saí do banheiro sem chinelo e acabei escorregando em uma poça d'água. Batí com a cabeça no chão e de lá não consegui mais sair! Foi uma luta! Até que fiquei menos tonta e consegui me levantar do chão. Estou com um galo enorme na cabeça.

Saio do banheiro e me dirijo ao guarda-roupas. Não tinha ideia do que vestir. Peguei uma blusa branca sem estampas e a vesti, com uma saia florida, preta, com flores cor-de-rosa. Vesti um casaco cinzento e passei uma maquiagem, não muito pesada. Passei um perfume que eu amo da Chanel e calcei meu sapato : um tamanco preto com um lacinho.

Estou pronta, saio do quarto e me dirijo a cozinha para pegar um saco de gelo.

–Onde vai bonita dessa maneira? - meu pai diz, cortando um pedaço de chocolate para ele.

–No shopping - respondo, abraçando-o por trás e pegando um cubinho de chocolate. - Com a minha amiga Annie. E sabia que eu te amo, muito muito? E que você é muito gato?

–Obrigado, filha, nossa que gentil! - ele disse, com uma voz superficial - Quanto quer?

–50.

–Por que precisa de tanto?

–Nada demais, pai. São só coisas básicas, do dia-a-dia. Relaxa... - digo, pegando sua carteira no bolso lateral de sua calça. Pego uma nota de 50 dólares e saio, pegando a chave do meu carro, que tenho que dividir com Mason.

Quando entrei nele, percebi que havia esquecido minha identidade e também a habilitação de motorista, então joguei a chave no banco e corri para dentro. Mason estava saindo pela porta dos fundos, que dava direto para a garagem. Pouco liguei. Peguei a minha bolsa - Puxa, eu esqueci tudo - e corri de volta para a garagem e vi o que não esperava: Mason saindo com o carro.

–O quê? - murmurei para mim mesma. Ai, Deus, como sou burra! Deixei a chave no banco! Peguei meu celular e digitei o número dele.

–Alô?

–Animal. Volta com esse carro. Agora.

–Por que eu faria isso, meu bem?

–Por que, se não fizer, eu conto para sua mãe que você saiu escondido na terça.

–Estou indo.

Foi fácil. Logo vi o carro prateado chegando na rua.

–Vaza. - eu disse, pela janela. Seus olhos castanhos estavam desafiadores. - Sai logo daí

–Onde você vai, moçoila?

–Shopping. Com a Annie. - entrei no carro e me sentei no banco do passageiro - De que importa?

–Aaah, Annie! - ele falou, como se parecesse se lembrar de algo - Ela é gata.

Annie era bonita sim. Cabelo negro e longo, liso e ondulado nas pontas. Ela tinha olhos quase dourados, que brilhavam num tom mel quando ela estava no Sol. Sua pele era clara como uma pérola.

–Eu te levo. - ele completou - Vou precisar do carro.

–Não. Eu preciso ir dirigindo. - digo. Ele levantou uma sombrancelha e eu sentei no seu colo, como um sinal de que não vou desistir tão cedo. NÃO PENSEM MALÍCIA!

Ele pulou para o banco do carona e eu comecei a dirigir. Chegando no shopping, Annie já estava me esperando, lixando as unhas.

–Bom, vai para sua jornada pelas saias. Tchauzinho. - disse Mason, quase me empurrando para fora do carro - Agora o carro é meu.

–Nem vem. - eu o puxei pela mão - Você vem comigo.

–O que? - ele disse - Por quê??

–Por que eu quero, oras. - respondo.

–Ai meu Deus, eu que é que eu fiz de tão errado pra merecer isso? - reclama Mason.

–Eu sei o que você fez. Uma obra prima no meu cabelo! - exclamo.

–Awwh - ele grunhiu - Mas eu não quero ir.

–Não pedi sua opinião, idiota! Agora vamos. - digo lhe puxando para dentro do shopping.

–Mas eu não quero! - ele repetiu - Você não pode me obrigar! - disse ele.

–Ah, não? Você é que pensa! - tomo a chave do carro de sua mão - Ou você entra com a gente ou você pega um ônibus e vai embora.

–Não vamos demorar, né? - ele diz, cedendo.

–Ai, ai, ai, criançinhas! Estamos perdendo tempo aqui por causa dessa briguinha infantil. Resolvam-se logo, já perdi a paciência!

–É, vamos! - me adiantei - Ann, você viu que perfeito aquele cachecol na vitrine na Abercrombie?

–Ah, só de pensar que vai ser assim o dia todo... - murmura Mason.

A primeira loja que fomos foi a da Ugg. Adoro aquelas botas, são tão quentinhas! Annie comprou uma bota marrom escuro e eu uma bege, enquanto Mason ficava reclamando e segurando nossas bolsas.

–Mas por que vocês vão comprar essas botas se tá o maior calor? - ele pergunta.

–Oras. - digo, como se fosse óbvio.

–Porque são lindas. - completa Annie.

Saímos de lá e entramos na loja Vans. Comprei um Vans Luxe preto e Ann um tênis sem cadarço roxo.

–Por favor, se apressem, não tenho todo o tempo do mundo! - exclamou Mason.

–Há, até parece que você manda em alguma coisa por aqui. - disse Annie.

–Cale a sua boca, srta. bigode. Ainda não te apresentaram cera depilatória não? - ele diz.

–Ainda não, pelo visto ainda não te apresentaram educação também... - disse Annie.

–Qual é, guri. Ainda hoje você falou que era amarradinho na Ann. Bem, foi o que eu ouvi... - disse.

Ele ficou violentamente vermelho enquanto Annie e eu caímos na gargalhada enquanto seguíamos para uma loja da Victoria's Secret. Compramos vários perfumes e cremes. Ai, como eu amo isso!

Logo, seguimos para a Hollister. Logo o limite do meu cartão de crédito de emergências esgotaria. Hihihi, não conta pro meu pai, tá?

–A gente já pode ir para casa? - pergunta Mason

–Claro. - digo, jogando as minhas sacolas para ele, enquanto pegava meu celular.

Digito o número do telefone de casa e meu pai atende-o

–Alô?

–Pai! A Annie pode dormir em casa hoje?

–Claro!

–Valeu! Tchau

–Ah, não me diga que essa garota idiota vai pra nossa casa! - disse Mason enquanto eu guardava meu celular dentro da bolsa.

–Sim, ela vai. E nada de espioná-la enquanto ela estiver vestindo roupa mocinho! - exclamei.

Nós duas caímos na gargalhada enquanto Mason tentava fazer com que a gente esquecesse seu rosto ruborizado.

–Então, vamos? - perguntou Mason.

–Annie (?)

–É, claro! Mas antes tenho que passar em casa e pegar roupas.

–Ninguém merece ... - murmurou Mason caminhando até o carro.

Entramos no carro e fomos até a casa da Ann. Chegando lá, falei com a mãe dela e ela autorizou sua ausência. Ela pegou suas coisas e nos dirigimos ao carro.

–Nossa, achei que não iam voltar nunca! - disse Mason.

–O que foi, guri. Já estava com saudades da Ann? - perguntei a ele.

–Opa, muita. - responde ele, irônicamente - Vamos logo!

–Ah, sua mãe pediu para avisar que ela quer sua ajuda para fazer alguma coisa no cabelo dela. - digo, num tom cheio de deboche

Ele soltou um grunhido e finalmente pegamos o caminho para casa.