Useless, you are mine! escrita por Izzy, Sofi


Capítulo 17
Capítulo 17 - Alguém me mata, por favor




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Uma semana depois

–Melina? Melina, acorda! - era a voz irreconhecível da minha amiguinha querida.

–Argh, que foi? - grunhi meio desacordada.

–Já são 12h40m! Por que você não foi à aula hoje, garota? - ela disse me chacoalhando.

–Ãhn!? Que dia é hoje? - perguntei confusa.

Me levantei da cama e fiquei sentada na mesma tendo uma vista geral do meu quarto. Eu estava meio tonta e não sei porque durmi tanto.

–Dia 10... por que a pergunta?

–Não, nada. - respondi me levantando. - Mas, me diz... o que aconteceu ontem à noite?

–Nada demais, a gente tava junto com a Lucy na casa dela conversando, tudo numa "nice"... até que você tomou um energético e de repente ficou loucona. Começou a falar besteira e implorou pra ir embora, você tinha que ver a reação do seu pai quando te viu voltando pra cá! Foi muito hilário! - Ann disse abafando uma risada. - Mas depois disso tudo você deitou no meu colo e dormiu! Eu fiquei confusa porque não sabia se você tava dormindo ou tinha morrido, agora tenho certeza de que você tá viva porque tô conversando com você. Nunca desconfiei que você era tão fraca com bebidas assim, queridinha.

–Por deuses, que vergonha! - comentei com a mão na cabeça. - O que o meu pai disse sobre isso?

– ada, ele ficou olhando pra você horrorizado. Mas você já pode se preparar pro sermão que vai ganhar hoje, viu?

–Foi só um pouco de energético...

–Então eu nem quero ver como vai ser quando tivermos idade para tomar vodka. - comentou - Vou precisar gravar e colocar no Youtube.

–Você não teria coragem de fazer isso comigo!

–Não? - me olhou de um jeito sapeca que me fez rir. Revirei os olhos e fui em direção ao banheiro. Percebi que no meu braço tinha uma marca roxa gigante. - Annie, o que eu fiz aqui no meu braço?

–Sei lá, deve ter tropeçado. Melina, eu não me conformo, você se machuca e nem percebe...

–Agora eu percebi, ok? - falei, lançando um tom de superioridade. Logo nós duas estávamos rindo - Meu Deus, eu matei aula...

Quando me toquei disso, sentei no chão mesmo e fiquei olhando pra Ann. Ela olhava pra mim de um jeito orgulhoso. Comecei a gritar que aquilo não era certo, que eu não podia ter feito isso e que eu provavelmente perdi muita coisa na aula.

–Mas... e ai? Dois dias restantes pro baile... estou super animada. E você? - Ann perguntou tentando quebrar o gelo.

–Sei lá, mais ou menos.

–Já arrumou o vestido, Mel!?

–Não, ainda não. Você já?

–Não, pensei que a gente podia escolhê-los hoje, no shopping. Tá afim? - Annie disse tirando seu tênis e jogando debaixo da minha cama. Isso é costume dela nessa casa. Essa macaca vive com os pés descalços.

–Por mim tudo bem, só preciso me recuperar de ontem. Eu tô meio mal, parece até que eu tomei um porre. Ai, meu Deus... que vergonha de mim!

–Fica tranquila, amoreco! Se o seu irmãozinho não tiver espalhado pra ninguém, isso ficará entre nós.

–O que?? O Mason sabe disso? - perguntei assustada.

–Claro que sabe. Ele me ajudou a te dar um banho...

–O que?? Isso aconteceu mesmo? - perguntei me levantando assustadoramente do chão.

–Não, é brincadeira... você não estava tão frágil assim. Pelo menos não à esse ponto. - ela desmentiu rindo.

–Sua cretina! Nunca mais brinque com isso!

Ficamos por lá conversando um pouco enquanto Annie McPhee me esclarecia coisas sobre a noite de ontem. Meu Deus, isso não precisava ter acontecido comigo...

Depois disso descemos até a cozinha pra comer alguma coisa, no caso, meu café da manhã e encontramos Mason tomando um suco de goiaba no balcão. Ele estava com o olho roxo, não sei porquê, mas tenho a impressão de que isso tem a ver comigo.

–Olha só quem está aqui... tomou um porre ontem a noite, né, princesinha!? - ele falou me olhando cinicamente.

–Você sabe que não foi isso o que aconteceu, idiota.

–Você pode não ter tomado nenhum porre, mas agiu como se tivesse tomado. - Ann disse me interrompendo enquanto se sentava junto à Mason de frente ao balcão.

–O que é? Não precisa ficar jogando na minha cara o tempo todo, ok? Isso é chato, muito chato. - comentei me dirigindo a geladeira. - Mas… me diz ai, Mason. O que foi que aconteceu com seu olho esquerdo?

Ann gargalhou sozinha enquanto brincava com um guardanapo e Mason se preparava pra me insultar, ou coisa do tipo. Peguei fatias de pizza de calabresa amanhecida da geladeira pra mim e para Annie e coloquei um pouco de suco em um copo. Me sentei junto à eles no balcão para ouvir meu "irmãozinho" falar.

–Aah, eu já havia me esquecido! É que ontem à noite você dormiu no sofá e não queria se levantar de jeito nenhum, fui tentar te ajudar, como sou um homem muito solidário, claro… - ele ia dizendo quando foi interrompido pela minha tagarela favorita:

–Homem? Haha, sério, Mason?

–Posso continuar?

–Aham, claro. Minhas sinceras desculpas. - ela retrucou sarcasticamente.

–Continuando… fui te levar pro quarto, para que você pudesse dormir na sua própria cama, tudo bem até ai. Daí, quando eu fui te pegar no colo você chutou a minha cara, fazendo essa "obra de arte" - ele disse apontando para o hematoma no rosto -, justo à dois dias do baile de outono! Mas a história não para por ai, não… eu não sei se você tava realmente dormindo ou se você tava acordada, querendo me sacanear, porque quando eu finalmente te coloquei na cama você começou a berrar e espernear, o que acordou seu pai, que obviamente achou que eu estava te batendo ou queria te estuprar. Eu não sei como pude ser tão idiota de me preocupar se você acordaria com o corpo dolorido por passar uma noite no sofá, viu?

Minhas bochechas ardiam de vergonha, Annie gargalhava da história e Mason comia as beiradas da minha pizza.

–Realmente, Melina… - Annie ia dizendo.

–Não fala nada! Já não basta a vergonha que eu tô passando por causa disso tudo, vocês não precisam ficar rindo de mim, nem comentando sobre o quanto eu sou fraca com bebidas! - soltei as palavras rapidamente, quase gritando.

Mason riu, já com metade da minha pizza a caminho de sua boca.

–Ei, não come a minha pizza! Pega na caixa, moleque! - eu disse dando um tapa em sua mão.

–Ah, tudo bem! Você pode arruinar meu encontro com a garota mais bonita da escola, deixar meu olho roxo à dois dias do baile de outono, me queimar pra sempre com o seu pai e eu não posso comer a pizza do seu prato? Me polpe, Melina. - de repente o telefone tocou e eu fui indo até a sala atender. - Só pra constar: eu vou comer esse resto do seu prato porque tô com preguiça de ir pegar pra mim, beleza?

–Dane-se. - disse já pegando o telefone. - Alô?

–Oi, Mel! É a Lucy, liguei pra saber como você tá. - droga! Não vou me ver livre dessa história tão cedo…

–Ah, eu estou bem, sim. Obrigada por se importar. - respondi suavemente. - Me desculpe por ontem, é que eu perdi o controle…

–Tá tudo tranquilo, Mel! Ninguém vai ficar sabendo disso, inclusive, a culpa foi minha por ter te dado aquilo. - ela disse meio sem graça.

–O quê? Eu é que sou a culpada. Esquece isso. - respondi tentando aliviar a situação.

–Bem, mudando de assunto… você já arrumou par para o baile de outono?

–Sim, o Zachary me convidou há um tempinho, já. Você tem par? - perguntei entusiasmada.

–Awn, vocês dois são tão fofos juntos. – ela comentou com a voz suave. – E sim, eu já tenho par! Vou com o Harrison, da esgrima.

–Ele é legal! Já escolheu o vestido?

–Não, mas ainda hoje tenho que escolher o meu.

–Cara, eu e a Ann estamos indo no shopping hoje pra fazermos isso! Não estaria interessada em ir com a gente, Lucy?

–Aah, claro! Mas... à que horas?

–Espera só um minuto. - eu disse tapando o telefone. - Annie, a que horas nós vamos ao shopping?

Não, sei. Daqui a 30 minutos tá tranquilo?– ela perguntou caminhando em minha direção.

–Lucy, daqui a 30 minutos tá tranquilo? - olhei no relógio da parede e já eram 13h10m.

–É… acho que sim.

–Então a gente se encontra na Starbucks, certo?

–Certo, até lá!

–Até! - me despedi desligando o telefone.

–Você chamou a Lucy? - Annie perguntou de longe.

–Sim, tem algum problema?

–Não. - ela disse abrindo aquele sorriso lindo que só ela sabe fazer.

–Oi, meninas! - meu pai cumprimentou descendo as escadas.

–Oi… pra onde vai tão bonito? - perguntei na expectativa de fazê-lo esquecer do acontecido de ontem.

–Vou assistir televisão… - ele disse desconfiado. - Hoje é meu dia de folga. Eu acordei assim, querida.

–Oi, Pedro. - Annie cumprimentou.

–Oi, Pedro! - Mason falou alto, pra não deixar nenhuma dúvida de que todos tinham ouvido.

–Ah, oi. Não tinha te visto. Desculpa por ontem, eu estava meio descontrolado, sabe…

–Hehe, "estava"? - Mason disse baixinho, coçando a cabeça acanhadamente.

Meu pai fez que não ouviu e se dirigiu à mim:

–E você, senhorita… - ele apontou o dedo pro meu peito. - Não pense que eu esqueci do que aconteceu ontem, viu? Espero que você esteja ciente de que você só colocará outra bebida na boca quando completar seus 40 anos de idade. - Annie e Mason ficaram rindo feito dois palhaços enquanto eu tentava disfarçar meu rosto estranhamente ruborizado e meu pai se sentava no sofá para assistir televisão.

–Ok, você é quem manda... eu só preciso te dizer uma coisinha: precisodeumvestidoprobaile. - falei tropeçando nas palavras.

–Não entendi... - na verdade ele tinha sim entendido, mas ele sempre se faz de babaca quando o assunto é dinheiro.

–Preciso… deumvestidoprobaile. - respondi novamente.

–Haha, boa piada. Quanto isso me custaria?

–Ah, eu sei lá… uns cento e cinquenta dólares...

–O quêê? Boa tentativa, amorzinho. O que você fez com aquele dinheiro que eu te dei esses dias?

–Você fala dos 50 dólares que você me deu há um mês atrás?

–Não faz todo esse tempo…

–Eu tenho a nota fiscal da bota Ugg que eu comprei com o dinheiro, se quiser dar uma olhada…

–É, eu quero dar uma olhada, meu bem.

–Pai, deixa de ser pão-duro, eu preciso de um vestido pro baile, você sabe disso. - eu disse quase implorando.

–Eu te dou o dinheiro se você prometer que vai massagear o meu pé sempre que eu precisar durante dois meses inteiros.

É... esse é o meu paizinho, vive me colocando em situações constrangedoras e me exigindo coisas estranhas. Uma vez eu coloquei na cabeça que eu queria um hamster, mas meu pai não queria me dar de jeito nenhum porque ele odeia roedores. Um dia eu insisti tanto, mas tanto, que ele deixou. Porém, eu teria que dar duas voltas inteiras pelo quarteirão toda tarde com um balde d'água na cabeça durante três semanas. E por um milagre de... sei lá... Deus! Eu desisti de ter um hamster e me toquei que eu podia ser feliz só com os meus amigos imaginários. Afinal, eu devia ter uns oito... nove anos de idade naquela época.

Annie e Mason continuaram rindo e meu pai me olhava quase dizendo: "É pegar ou largar". Nossa, é muita pressão para uma só melina. Hehe, pegou o trocadilho? "É muita confusão para uma só MELINA, de menina, entendeu? HAHAHAHAHA, como eu sou engraçada, noooossa...

–Ok, mas me dá o dinheiro primeiro. - eu disse me rendendo.

–Haha, fizemos um ótimo negócio, docinho. - ele comentou subindo as escadas pra pegar o dinheiro.

–Eu que o diga... - comentei acompanhando meu pai e pensando na merda que eu acabara de fazer.

Peguei o dinheiro e fui correndo até o chuveiro para tomar meu banho às pressas. Annie foi logo depois de mim.


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