Gula (Entregue-se A Si Mesmo) escrita por Lucretia Elisa


Capítulo 1
Capítulo 1




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Depois de mais um longo e cansativo dia de treinos, Aldebaran de touro não se encontrava deitado em sua cama, como era de se esperar, assim como todos os outros cavaleiros faziam. Estes, cansados, só pensavam em descansar os seus exaustos corpos dos treinos árduos e lutas exaustivas. Mas não era o caso do cavaleiro da segunda casa do zodíaco. Sentia um vazio, que não conseguia explicar. E tal sentimento só amenizava quando estava naquele lugar em sua casa: a cozinha.

                Aldebaran entrou em sua cozinha. Era meio da noite. Usava nada mais do que uma cueca. Apenas isso; nada mais.

Abriu a geladeira e olhou para o seu interior. Estava farta como sempre. Morangos, uvas, fatias de melancia, um bolo enorme cheio de glacê, vinhos, champagne, chantilly, entre outras coisas...

A primeira coisa que pegou fora uma garrafa de Borgonha. Mas nem olhara para o rotulo. De onde vinha? Não tinha o menor interesse em saber!

Virou-se para procurar o abridor em alguma gaveta. A geladeira; deixara-a escancarada. Abriu a garrafa e, sem se importar em pegar uma taça, bebeu o vinho do gargalo mesmo. Depois, enxugou a boca com as costas da mão, largando a garrafa num canto qualquer. Aldebaran parecia rude naquele gesto, mas, ao mesmo tempo, incrivelmente sensual.

                Em seguida, pegou um cacho uvas, farto de pequenas bolinhas redondinhas e rosadas. Saiu da cozinha, indo em direção ao seu quarto. Deitou-se na cama, puxando as uvas com a boca, uma por uma.

Comer aquelas frutas dava-lhe um imenso prazer. Deleitava-se em sentir o gosto do sumo da fruta, triturada pelos seus dentes, escorrer garganta abaixo. Aquela sensação o preenchia, mas só enquanto havia uvas em sua mão.

                Quando as uvas acabaram, Aldebaran voltou à cozinha. A porta da geladeira ainda permanecia aberta. Enfiou parcialmente o seu corpanzil extremamente musculoso e sexy no interior do eletrodoméstico e de lá retirou o chantilly.

Como uma criança sorriu, debruçou-se sobre a bancada da cozinha e apertou o pico, deixando um pouco do conteúdo deslizar sobre a sua língua. Infantil? Sim, mas quem se importava? Não havia ninguém ali com ele mesmo e, por isso, podia ser comportar como bem entendesse; dando vazão aos seus desejos. Aquilo enchia o seu peito de alegria e uma leve sensação de prazer, além de se sentir livre.

                Inclinou-se de costas contra a bancada e passou um pouco de chantilly em um dos seus mamilos. Estava gelado! Aldebaran riu baixinho ao sentir a sua pele arrepiar-se com o toque frio.  Deslizou o dedo sobre o mamilo, lambuzando-o, ainda com um sorriso nos lábios.

Poder-se-ia jurar que pensava em alguém em especial. Talvez um dos cavaleiros, seus companheiros de luta, que partilhavam, assim como ele, do mesmo amor pela deusa Atena. Mas com quem sonhava, somente o cavaleiro de Touro e os deuses sabiam. Lambeu o próprio dedo em seguida, saboreando o chantilly, assim como faria uma criança gulosa.

                Olhou para a geladeira escancarada, já largando o chantilly de lado. Seus olhos bateram em uma cesta cheia frutas. Buscou-as, colocando-as sobre a bancada. Pegou um dos morangos bem vermelhos e suculentos e deslizou-o pela barriga, contornando seu umbigo pequeno e bem feito, seguindo as linhas formadas em seu abdômen pelos longos anos de treinamentos árduos e contínuos, saboreando a sensação refrescante contra a sua pele morena e quente.  Deslizou a fruta no mamilo ainda sujo de chantilly, lambuzando-o, depois o levou a boca. Gemeu alto, fechando os olhos, deleitando-se com a doçura que explodiram no interior de seus lábios, tal como seria um beijo cheio de paixão e desejo.

                Em seguida foi a vez de deliciar-se com outra fruta. Uma banana foi escolhida. Aldebaran sorria ao descascá-la, apoiando os dois cotovelos na bancada na cozinha. Estaria imaginando alguém? Tal pensamento pertencia apenas ao cavaleiro da segunda casa do zodíaco.

Mordeu a fruta, quase a engolindo por inteiro. Tirou o restante da casca e terminou de comer a banana com o mesmo deleite estampado no rosto. Deliciava-se com a doçura que a fruta lhe proporcionava e, com certeza, imaginando alguma coisa obscena, alguma parte do corpo de alguém. Um amor platônico, talvez. Mesmo assim, sorriu ao terminar de comer a banana.

                Ainda com uma expressão de satisfação na face, Aldebaran voltou-se para a geladeira mais uma vez. Sua porta continuava aberta e exibia todo o conteúdo. De lá, ele tirou uma garrafa de champagne e o delicioso bolo coberto de glacê. Afastou todas as coisas que deixara na bancada de forma displicente. O bolo foi posto lá. Sentou-se bem ao lado, posicionando a garrafa entre suas pernas morenas e grossas, abriu-a, largando pelo chão os lacres e arrancando a rolha puxando de uma vez só, com a sua força sobre-humana, fazendo um som seco e alto, mas sem nenhuma explosão.

                Antes de beber o líquido, tirou um grande pedaço do bolo usando a mão mesmo, estraçalhando-o de qualquer maneira. Levou a boca, devorando a porção do bolo de uma vez só. Algumas migalhas caiaram sobre o seu peito desnudo, o colo, as pernas... Aldebaran não se importava se aquilo o estava deixando sujo...  lambuzado... Muito pelo contrário, sentia-se bem, querido e levemente excitado. Riu, quando um pouco de glacê caiu sobre as suas pernas. Passou o dedo sobre o creme divertindo-se com o acontecido, recolhendo e levando a guloseima à boca. Lambeu os dedos um por um, lentamente, saboreando a doçura contida neles.

                Sozinho, sorriu. Estava claro que pensava em alguém. Lembrava-se de algum momento bom e agradável que havia passado com a tal pessoa que habitava seus pensamentos, com certeza os mais safados. Com o sorriso nos lábios, bebeu da champagne, dando um longo gole, sem se importar mais uma vez em pegar uma taça, assim como fizera com o vinho. Quando finalmente afastou o gargalo dos lábios, um fio da bebida borbulhante escorreu pelo canto da boca, escorrendo pelo queixo largo. Passou a ponta da língua tentando recolher o liquido que descia, pingando em seu desnudo peito musculoso. Gargalhou baixinho, divertindo-se com aquilo. Deu mais um gole, rindo e deliciando-se com o calor que aquela bebida proporcionava no interior do seu corpo e mais uma vez seu peito foi molhado pela champagne que escorreu pelo seu queixo. Tentou secar, mas, esquecendo-se da mão suja de glacê, acabou lambuzando-se ainda mais. Riu alto, enchendo a cozinha com a sua gargalhada, achando graça da situação. Parecia uma criança glutona, deliciando-se com mais deliciosas guloseimas.

Mesmo sozinho no meio de sua cozinha, divertia-se, dava-se prazer e entregava-se aos seus próprios caprichos e fantasias. Ali, no meio da noite, pertencia a ele mesmo e por isso podia ser como sempre gostaria de ser. Sem disfarces ou máscaras e podia, assim, dá asas a sua imaginação, desfrutando de seus prazeres, desejos e pequenas paixões.  


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