4 de julho. Um dia em que o país inteiro está festejando. E meios-sangues também. 

19:40.

Apesar de estar brigada com ele, a garota loira observa ao longe o filho de Poseidon. Foram várias discussões ao longo da semana. Por ciúmes, é claro. Depois da briguinha estúpida que tiveram ontem, os convites para Percy assistir aos fogos acompanhado de filhas de Afrodite parece que triplicaram, segundo Annabeth. Mas ela também não se encontra sozinha. 

Ao seu lado, um garoto do chalé sete - que, na opinião de muitos outros meninos, foi o mais sortudo - a segura pelos ombros. Um sorriso bobo está instalado em seus lábios, igualmente no dos lábios da filha de Afrodite ao lado de Perseu. Os olhos de ambos brilham. Mas o de Percy e de Annabeth, recaem um sob o outro e, se por acaso, se encontram, eles simplesmente quebram o contato visual. Ambos são muito orgulhosos para admitir, mas queriam estar nos braços um do outro.

19:45

Seus olhares se cruzam novamente, porém, são interrompidos pelo primeiro estouro no céu escuro. 

Bom! Bom! Bom!, e fogos de artifício formam uma dança no céu. Arquejos e suspiros de campistas não podem ser evitados. 

20:10

- Sabe, Annabeth? - começa o garoto de cabelos negros ao lado da loira - É tão perfeito ficar aqui com você. Quatro de Julho, o dia perfeito. - ele joga um de seus sorrisos conquistadores para ela, que cora e desvia o olhar para algum ponto no chão. 

Seu olhar sobe devagar e reicai sob seus dedos entrelaçados com os do garoto. Ao fundo, é possível distinguir punhos cerrados, de um Percy em fúria que luta para se controlar. Ciúmes, ciúmes, ciúmes. Um sorriso torto passa pelos lábios de Annabeth. Ela levanta o olhar para o rosto do garoto que a observa atentamente. 

- Também é perfeito, sabia? - ela sorri e coloca uma de suas mãos na nuca e outra no ombro do filho de Apolo. As mãos dele escorregam pelas costas dela até encontrarem o quadril dela. Seus lábios se encostam e ele a beija. Mas Annabeth sabe que não é o bastante. Não para uma digna filha de Atena. Ela sobe a mão até o cabelo do garoto e enrrola um dedo nele. Do mesmo jeito que fazia com Percy. Ela precisava disso para ver um filho de Poseidon agitado.

De repente, os lábios dele são bruscamente afastados do dela. Um arquejo coletivo é arrancado da boca dos campistas. Annabeth se depara com Percy dando um soco no rosto de filho de Apolo, porém, recebendo um também. 

A filha de Afrodite tenta acalmar Percy. Mas não, esse é o lugar de Annabeth. 

A garota sai em direção a briga.

- Vadia. - murmura a loira de modo que só a garota possa ouvir. Ela dá uma cotovelada na barriga da garota. - Isso é pra saber quem tem namorado.

A morena sai cambaleando. Annabeth corre em direção a Percy.

- Percy, Percy! - grita ela. - Para com isso.

- Porque, Annabeth Chase? - diz ele - Por-que?

- Porque sim!

- Uma resposta digna de uma filha de Atena. - diz, em tom debochado. O nariz sangra, assim como o lado esquerdo do lábio inferior. 

- Digna mesmo, Perseu. - diz ela, em tom frio. 

- Ah, cla... Quer saber? - diz ele. - Vai cuidar do Myke. Tenho mais que me preocupar. 

- Como eu vou cuidar dele... - diz Annabeth, num tom de voz elevado, apontando para o garoto, mas encarando Percy. - se eu tenho que cuidar de você? - grita. 

- Tá, sei. Vou beijar filhas de Afrodite, que eu estou cuidando de você. - Ele beberica um cantil de néctar, fazendo os cortes se fecharem quase que imediatamente. 

Annabeth dá um passo a frente. Ela é mais baixa que Percy - uma pouca diferença - então, encara o peitoral do garoto. A loira levanta o olhar, com os olhos marejados. 

- Você... - a garota diz, batendo a ponta do dedo indicador no peito do garoto. Ela engole o seco, numa tentativa falha de controlar as lágrimas - começou tudo isso. 

Ela vira as costas para o garoto, mas é segurada pelos pulsos. 

- Annie... - ela se vira, para encarar Percy, que passa o polegar pela bochecha dela, procurando lágrimas que insistiram a cair. - Não... Não chora. 

Ele a puxa para perto de si. 

- Nunca mais. Nunca mais faça isso... - ele lança um olhar de desprezo para o filho de Apolo no chão. -...comigo.

Ela afunda o rosto em seu peito e aproveita o calor dos braços do menino. E mais uma briga é esquecida no tempo. Porque o amor dos dois é verdadeiro, e nenhuma tempestade, furacão ou filhos de Apolo ou Afrodite podem derrubar. É pela raíz. E cresce sem fim. Até que a morte... Até que a morte? Não. Claro que não. É pra sempre. Ao infinito e além.