Os dias que se passaram foram dolorosos. Dolorosos pelo fato que eu continuava mentindo em relação às dores para Edward, dizendo que eu estava bem, quando na verdade não estava. Eu não queria mentir, mas o que eu poderia fazer?

           - Bella... – Alice me chamou, e pelo tom de sua voz, parecia que não era a primeira vez que ela me chamava.

           - O quê? – Me levantei da poltrona do quarto da minha filha, e fui até a parede janela, ergui minha mão para afastar a cortina, e olhar à tarde que dava lugar ao começo da noite.

           - Até quando você acha que vai continuar escondendo a verdade por trás dessas dores?

           Ela era contra eu esconder a verdade de Edward, mas eu não estava pronta, na verdade, eu não sabia quando estaria para ver o sofrimento no olhar do amor da minha vida. Como dizer que eu morreria?

            Alice esperava a resposta, e eu tinha que dizer, por mais que ela já soubesse...

            E foi quando me virei, ficando inerte ao vê-lo na soleira da porta. Alice ainda não tinha percebido a minha feição, por isso continuou com o assunto:

            - Bella, eu sei que vai ser difícil contar a verdade, mas...

            Eu só enxergava Edward, ainda parado na soleira da porta, com o olhar vazio, o mesmo que eu temia. Alice percebeu, mas tarde de mais...

             - Qual é a verdade por trás dessas dores? – Ele perguntou, com a voz diferente, fria, diferente da qual eu me encantava em ouvir.

             - Edward! – Sussurrei, sem ter coragem de prosseguir, e olhá-lo nos olhos.

             - Diga Bella. – DIGA! – Ele gritou a ultima palavra, como se ainda quisesse que eu negasse o que ele ouviu.

             - Edward. Fique calmo! – Alice pediu, indo até o irmão.

             - Não era isso que você queria Alice? Que ela me dissesse a verdade? Então... Estou esperando.

             Em nenhum momento, enquanto ele dizia essas palavras, desviou o olhar dos meus. Mas eu não queria encará-lo, encarar o sofrimento que se formava nos olhos dele.

              Alice olhava para mim com um ar de desculpas, mas não tinha o por que disso, eu era a culpada por ter hesitado em dizer, hesitado infinitas vezes em encarar a verdade que ele tanto que me doía na alma.

             - O que há por trás dessas dores? – Ele voltou a perguntar, mas friamente, ainda me encarando.

             Eu não sei de onde tirei forças – talvez por saber que seria eu a morrer, e não minha filha –, mas falei... Ou melhor, gritei:

              - A morte. É isso que há por trás! – Ainda estática em meu lugar, sentindo as lágrimas dominarem aos poucos os meus olhos.

               A dor era pior do que quando eu soube que iria morrer, sem ver o sorriso de minha filha, e sem compartilhar dos momentos que Edward teria com ela.

               Ele digeriu, pasmo a verdade que ele tano queria.

                Vi, sem saber o que fazer, lágrimas escorrerem pelo canto de seus lindos olhos. Eu não precisava explicar quem morreria, já que eu disse – gritei – e se fosse minha filha no meu lugar, eu não diria isso, pois seria doloroso ouvir.

                Ele se afastou ainda com os olhos nos meus – já que eu não consegui desviar do verde penetrante dele – e seguiu para o corredor, se virando. Consegui alcançá-lo antes que ele descesse as escadas, e o meu coração doeu – sentindo o vazio que se formava – ao vê-lo recuar do toque de minhas mãos em seu braço, quando tentei pará-lo.  

                - Edward, me ouça! – Pedi, sentindo os espasmos de dor vir em abundância. Dor física, que eu sabia, que nem de longe, se igualaria a esta que estava sentindo.

              - Agora você quer que eu te ouça? – Ele disse em forma de pergunta me encarando friamente. Olhos nos olhos.