She Is A Stupid Boy. escrita por minyoungie


Capítulo 3
Dois amores em comum.


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora para atualizar, huh? Deveria compensar com algo digno ao invés desse capítulo bobo - que por acaso foi inspirado no teaser do Minhyun -. keke~
Vamos lá ver um novo lado da nossa queria "garota do moletom cor-de-rosa". ^_^
Enjoy. ♥



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Isso é tudo muito estranho, definitivamente”. Continuava a pensar Minhyun dois dias depois de terem se conhecido. “Muito estranho. Uma garota não deveria falar daquela maneira, não naquele tom de voz e com aquela indelicadeza. De qualquer forma, eu recuso-me a pensar que ela é um rapaz, não pode ser, não pode.”

Era verdade que Ren tinha conseguido enganar Minhyun direitinho, pelo menos até o momento em que abriu a boca. Também era verdade que o loiro não tinha sido nem um pouco simpático com ele. Minki simplesmente não queria saber. Não estava interessado em fazer um novo amigo e não estava nem um pouco arrependido ou com remorsos por ter falado com o outro daquela forma.

Já fazia muito tempo desde que Ren tinha se afastado de tudo e de todos, muito tempo desde que ele não tinha amigos, literalmente. Bem... Ele ainda tinha a sua irmã mais nova. Mas ela não contava muito porque passava muito tempo fora de casa, em Seoul, e por causa disso ele sentia-se sozinho, muito sozinho, mas seria incapaz de admitir isso para quem quer que fosse.

Agora ele iria passar sabe Deus quantos dias sozinho em casa. Não completamente sozinho porque tinha Joohyun, que sempre cuidara dele, até mais que a sua própria mãe. Também tinha a Minnie, a sua porquinha da índia, a sua mais fiel companheira. E agora tinha aquele garoto estranho também, mas esse não ia contar para nada porque Ren não tencionava manter contato com ele, mesmo que se cruzassem todos os dias.

Iria ficar sozinho porque dois dias antes, a sua mãe tinha recebido um telefonema na hora do jantar. Era o seu pai. Minyoung, sua irmã, tinha sofrido um acidente. Não tinha sido nada extremamente grave, nada que justificasse o desespero e as mãos trêmulas de sua mãe. Tinha sido apenas um acidente daqueles normais que as pessoas têm que sofrer pelo menos uma vez na vida quando vivem numa cidade grande. Tinha sido atropelada por um carro.

Ren não aparentava estar preocupado com isso, mas estava. “Ela está viva, isso é que importa”, era o pensamento que mantinha na cabeça para afastar as inquietações. Não era a primeira vez que Minyoung era atropelada, também não seria a última. Antes, quando Ren tinha algum tipo de emoção estampada na cara, ele ficava preocupado quando sua mãe recebia telefonemas do seu pai. Há anos que tinham se separado e desde então só se falavam quando Minyoung quebrava as regras do colégio ou, para variar, quebrava uma perna.

Depois do telefonema sua mãe tinha corrido para fazer as malas e na manhã seguinte, quando Ren acordou, tinha uma mensagem no seu celular. “Não precisa se preocupar, Omma já chegou em Seoul. Minyoungie também está bem. Ela diz que está com saudades. Cuide do Minhyun, ok? Ele é novo no bairro... Beijinhos. Omma~”. Como se ele tivesse ficado preocupado com a curta viagem de sua mãe para a capital... Como se ele realmente fosse dar atenção ao que estava escrito na mensagem e fosse “cuidar” do recém chegado. Ele que se virasse e que o deixasse em paz, tinham a mesma idade afinal.

Seria ótimo. Dias sem sua mãe significavam dias de descanso. Dias sem ter ninguém no seu pé lhe dizendo para aproveitar o dia de sol e ir à praia, dias sem ter ninguém lhe dizendo vezes sem conta para ligar para os seus “amigos”, dias sem ter ninguém querendo o arrastar para fora de casa, para fora da sua zona de conforto.

Certamente que ela tinha deixado instruções com Joohyun, ela fazia isso sempre. Mas, para a sua felicidade, Joohyun não se preocupava muito em obedecer essas instruções quando se tratava dele. Numa das primeiras vezes que eles tinham ficado sozinhos em casa, Ren tinha deixado bem claro que não precisava ser tratado como um bebé. A partir daí foi amizade à primeira vista, digamos assim. Era menos uma tarefa com que Joohyun tinha que se preocupar e era menos uma pessoa a chateá-lo. A verdade é que ter Ren dentro de casa era o mesmo que nada, ele nunca dava sinais de vida, o que no começo chegava a ser inquietante para a senhora. Ele ficava trancado no seu quarto, falando com a Minnie, tocando piano ou escutando música até adormecer, só aparecia quando
estava realmente entediado e na hora das refeições ou, como sua mãe costumava dizer “Quando a fome batia à porta”.

Estava realmente satisfeito com essas férias que teria da mãe. “Ninguém irá atrapalhar a minha paz, ninguém! Mas peraí... Eu vou ficar sozinho. Mas que raio... Por que ela não me levou com ela? Ela sabe que eu não gosto de... Ah, espera... Joohyun está em casa. E o... Como é o nome dele mesmo?

Haviam trocado apenas meia dúzia de palavras, com a memória fraca, ou melhor, fraquíssima que Ren tinha para as coisas que não lhe interessavam, era normal que não se lembrasse do nome de Minhyun. “Mas para quê eu quero saber o nome dele? Nós não vamos nos falar mesmo”, pensou, dando de ombros.

Dois dias depois da sua mãe ter ido para Seoul e de os garotos terem se conhecido, Joohyun disse que iria fazer compras. “Ficarei sozinho em casa... Literalmente.”, pensou Ren, mas logo viu toda a sua tristeza acabar quando se lembrou de Minhyun. “Esquece, agora tem aquele estranho dentro de casa”. Mas ele não estava incomodado com a presença de Minhyun. Assim como ele, Minhyun não dava sinais de vida. Desde o dia em que tinha chegado, Ren não o tinha visto nem uma única vez mais. E ao mesmo tempo que isso era bom porque mostrava que Ren não teria que se preocupar com a falta de privacidade que o outro poderia lhe causar, também era mau porque não ajudava em nada a curar a sua solidão.

Então, numa tentativa de cruzar-se com ele, ou pelo menos vê-lo de longe só para ter a certeza de que realmente existia, o garoto loiro resolveu sair do quarto e fazer aquilo que fazia tantas vezes quando estava entediado: Sentar-se à beira da piscina. Não, Ren não queria cruzar-se com ele. Ele simplesmente queria algo que o distraísse, como um brinquedo. Quem sabe o outro aparecesse por aí, resolvesse abrir a boca e perguntar coisas mais interessantes do que “Quantos anos você tem”? E mesmo que não fizesse esse tipo de perguntas, Ren tratá-lo-ia da mesma maneira que tinha feito dois dias antes. Ele gostava de ser rude com as pessoas, gostava de descontar nelas toda a raiva e tristeza que guardava dentro de si há tanto tempo, com Minhyun não seria diferente... Pelo menos era isso que ele pensava. E foi isso que fez, foi sentar-se à beira da piscina à espera do outro.

Mas o que ele esperava que acontecesse não aconteceu. Minhyun não apareceu. E quando finalmente cansou de ficar ali a espera e resolveu voltar para o seu mundo, isto é, o seu querido quarto, ouviu um som bastante familiar. Um som que reconheceria em qualquer lado, a qualquer hora. Por um momento pensou que aquilo era coisa da sua cabeça, mas o som continuava. Não podia ser. “Mas o quê...” foi a última coisa que pensou antes de sair correndo em direção ao seu quarto.


–x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

Minnie, eu tenho que sair, ok? Daqui há pouco eu volto. – Disse a senhora enquanto vestia um casaco.

O quê? Vai me deixar aqui sozinho, Omma? – Minhyun, que estava desenhando uma coisa qualquer numa folha de papel, parou imediatamente o que estava fazendo para olhar para a sua mãe.

Eu não vou demorar mais que 1 hora, eu só preciso ir no mercado comprar algumas coisas.

E eu não posso ir com você?

Não, não, você fica aqui, fica com Ren. Qual é o problema? Você já tem quase 16 anos!

Minhyun suspirou e voltou a concentrar-se no seu desenho abstrato.

Quando der 5 horas, vá até o sótão e deixe lá essa bandeja com o
lanche, huh? Se Ren estiver dormindo, ótimo. Se não... Ponha isso em cima da mesa e saia correndo.
– Disse a senhora enquanto ria. Ela sabia que Ren não gostava de visitas no seu quarto e tinha medo de se arrepender do pedido que tinha feito ao filho. “Oh, Joohyun, que exagero, até parece que Ren seria capaz de fazer algum mal a alguém... Ele nem consegue matar mosquitos!”, pensou a senhora.

Sua mãe tinha saído, Ren não ia lhe dar atenção... Na verdade, Minhyun nem sequer sabia se “a garota” ainda existia ou se tinha sido apenas uma miragem. Minhyun não sabia o que fazer para acabar com aquele tédio. Ainda faltava algum tempo até que as aulas começassem e até lá ele teria que ficar trancado no seu pequeno quarto. Sua mãe tinha lhe dito que, caso quisesse, poderia ajudá-la na cozinha, mas isso não era algo que Minhyun estivesse mesmo disposto a fazer. Naquele dia tinha resolvido distrair-se, ou pelo menos tentar, com desenhos sem sentido e era o que estava fazendo quando sua mãe disse que ia sair.

O desespero dentro de si era mais do que óbvio, Minhyun tinha começado a bater o pé e a morder a tampa da caneta. Tinha ficado sozinho em casa, ou melhor, tinha ficado com Ren. E se se cruzassem por aí? Se Ren resolvesse aparecer na cozinha ou ele estivesse acordado quando Minhyun fosse no seu quarto? Ele o trataria da mesma forma que tinha feito dois dias antes? Só saberia se tentasse.

E foi movido pela vontade de vê-la - ou vê-lo – novamente que pouco depois de sua mãe ter saído, Minhyun já dirigia-se para as escadas que ficavam ao fim do corredor dos quartos com uma bandeja na mão.

Subiu a escadas e bateu à porta. Não houve resposta. Bateu mais uma vez. Silêncio. Resolveu tentar abrí-la e ao perceber que estava aberta, empurrou-a devagar e pôs somente o rosto dentro do cômodo.

Ren? – Chamou. Esperou alguns segundos mas não ouviu nenhuma resposta. – Eu trouxe o teu lanche. – Disse, com o receio estampado na voz. Mais uma vez não houve som algum vindo do outro lado e por isso Minhyun resolveu entrar. “Seja o que Deus quiser!”, pensou ao entrar no quarto.

E só depois de entrar e se certificar de que realmente não tinha ninguém ali é que pôde reparar na divisão onde se encontrava. Era claro que aquilo tinha sido nada mais nada menos que um sotão aproveitado pois o teto era inclinado. E que sotão. Aquilo não era um simples quarto, aquilo era um mundo. Um mundo branco e cor-de-rosa, repleto de ursos de pelúcia e livros coloridos nas prateleiras e terrivelmente organizado que nada tinha haver com a fria garota, ou garoto, de dois dias atrás.

Depois de uns belos minutos a contemplar o espaço, Minhyun lembrou-se de que ainda mantinha a bandeja com o lanche da princesa na mão. Resolveu pousá-la numa mesinha de centro que havia ali e quando já estava se preparando para ir embora, seus olhos se pousaram naquilo que tinha sido o seu escape durante muito tempo. Um piano, um lindo piano branco.

O garoto não conseguiu conter-se e quando deu por si, já se encontrava sentado no banco e a levantar a tampa que cobria as teclas. Ele estava mudo de espanto. Passou os dedos pelo teclado e o som ecoou entre as paredes da casa vazia. Ele não deveria estava fazendo isso, sua mãe o mataria se soubesse, e Ren... Ele não queria saber o que aconteceria caso fosse pego ali quando a sua mãe fez questão de dizer que saísse correndo caso Ren estivesse acordado. Era claro que ela, ou ele, não estava dormindo pois o quarto estava vazio até o momento em que Minhyun tinha entrado ali. “Mas o que é que isso importa? Quero lá saber se aquela criatura de sexo indefinido está acordada ou não. Há quanto tempo eu não tinha uma coisa destas debaixo dos dedos?”, pensou enquanto punha-se a tocar e a cantar a primeira música que lhe veio à cabeça, aquecendo a casa com o som que saia de dentro do piano. Minhyun prolongava as notas, desvanecido, como se debaixo daquela tampa tivesse reencontrado um grande amor, e tinha.

Mianhan mam ilgeoya... Nan ajig geunyeoreul saranghaji anha (Provavelmente é porque me sinto mal... Eu ainda não a amo). – E ele estava tão imerso nos seus pensamentos, na sua música, que não se apercebeu da silenciosa chegada de Minki. Este último, assim que entrou, esteve prestes a intervir, mas para sua própria surpresa, não o fez. – Gyesog banbogdoeneun haru, geu aneseo geujeo saragago itneunde (Estou apenas vivendo cada dia, que se repete por si só)...

O que pensa que está fazendo? – Perguntou Ren, supreendendo Minhyun que com o susto levantou-se muito depressa e, numa tentativa de sair de perto do piano, tropeçou no banco do mesmo e caiu, fazendo com que Ren recuasse pois também tinha se assustado com a forma atrapalhada que o moreno tinha reagido. Ele não queria que o outro parasse de cantar, mas o seu gênio falou mais alto.

Ren-sshi... Mianhaeyo (Me desculpe)... Eu vim trazer o seu lanche e... E...– Ele estava visivelmente assustado.

E vai ficar aí no chão eternamente? Ande, levante-se. – Disse Ren estendendo a mão direita para o ajudar. – Eu não mordo. – Completou de forma mais carinhosa ao ver que o garoto hesitava.

Claro que não. – Disse Minhyun sorrindo enquanto agarrava na mão de Ren, levantando-se com um impulso. – Me desculpe mais uma vez. – Fez uma pequena vénia. - Eu não consegui resistir.

Eu não gosto de estranhos no meu quarto. – O olhar levemente amável que Ren tinha feito quando ajudou Minhyun tinha sumido. – A Minnie também não... Ainda mais a tocarem no meu piano.

E peço desculpas, Ren... Pela terceira vez. – Minhyun estava sendo sincero e estava tentando melhorar a comunicação com Ren, mas a única coisa que ouviu da parte do outro foi o “Hum” baixo antes dele virar as costas. – Mas onde está a Minnie? Eu entrei aqui e não vi ninguém... – Perguntou o mais alto tentando iniciar algum assunto.

– Ela deve estar por aí... Ela não gosta de ficar presa, gostar de andar pelo quarto. Deve estar atrás de alguma coisa ou enfiada em algum buraco. Ela gosta de brincar de esconde-esconde com os duendes, gosta de me ver preocupado e quer sempre que eu vá atrás dela. – Ren revirou os olhos, como se estivesse cansado de “ir atrás dela”.

– Preocupado, huh?

– Sim, preocupado. Eu antes me preocupava mas agora eu só finjo... Ela não é muito inteligente, esconde-se sempre no mesmo lugar. – “Preocupado”... Minhyun tinha feito aquele pergunta propositadamente com a esperança de que o outro corrigisse e dissesse “preocupada“, tal não aconteceu.

– Mas a Minnie é uma duende?!

– Claro que não! De onde tirou isso? Acha mesmo que eu iria ter um duende de estimação? Bem que eu queria, mas...

– Mas...?

– Eles morreriam de tristeza se vivessem trancados nesse quarto. Por isso eles só vêm de vez em quando para comerem o meu lanche e brincarem com a Minnie.

– E a Minnie é o quê mesmo? – Para Minhyun, as palavras de Ren já não faziam o menor sentido.

– É a minha porquinha-da-Índia. – Nesse momento um porta-canetas caiu de cima na secretária onde estava o computador. – Ali está ela. – Disse Ren, apontando para o local de onde surgiu uma porquinha-da-Índia skinny cor-de-pele, gorda e com um laço cor-de-rosa amarrado em volta da barriga.

Isso é incrível... – Minhyun não podia estar mais surpreso.

O que é incrível? – Ren já tinha a porquinha-da-Índia nas mãos e olhava para Minhyun com uma expressão confusa de criança, com a cabeça pendendo levemente para o lado.

Tudo. Quero dizer... Eu também tenho um porquinho-da-Índia, é o meu melhor amigo. – Ren indireitou a cabeça e olhou para Minhyun com os seus grandes olhos bem abertos.

Minnie-yah! Parece que você arranjou um namorado! – Ao dizer isso, Ren colocou a Minnie na altura da sua cabeça e abriu um largo sorriso. Foi a primeira vez que Minhyun o viu sorrir e não podia ter ficado mais maravilhado.

Mas o Minnie não é muito sociável...

O quem? – Ren ficou subitamente sério.

O Minnie. – Repetiu.

Como assim, o Minnie? Desde quando o seu porquinho-da-Índia se chama Minnie?!

Bem... Desde que o tenho. – Disse Minhyun, encolhendo os ombros, ficando levemente receoso pela mudança de humor repentina do loiro.

Há tantos nomes no mundo! Tinha mesmo que pôr o nome dele de Minnie?

O meu nome é Minhyun, então eu passei a chamá-lo de Minnie...

E o meu nome verdadeiro é Minki! – Minki, claro. Era um nome masculino. “Como eu fui burro”, pensou Minhyun, “D. Choi tinha dito que Ren ficava triste quando Minyoung não estava em casa... Minyoung é um nome feminino! Eu devia ter pensado nisso antes...” Agora era oficial: A garota do moletom cor-de-rosa não era uma garota. E por mais estranho que aquela situação pudesse parecer no momento, o mais velho não tinha se sentido minimamente incomodado com a recente descoberta. Na verdade, ele estava contente por Ren estar dando continuidade à conversa.

E você não pode trocar o nome dele? – Perguntou o mais baixo, formando um pequeno beicinho nos lábios.

Claro que não, ele já tem dois anos! Não reclame, Ren, você não teve uma idéia melhor do que a minha. – Ren apenas suspirou com a última frase dita pelo moreno, ele tinha razão. – Agora é melhor eu ir embora, o lanche já está entregue. – Minhyun não queria ir embora mas também não poderia ficar ali eternamente a ter uma conversa maluca sobre duendes e nomes de porquinhos-da-Índia.

Não! Não, não... Não vá embora. – Disse o mais baixo de forma quase desesperada enquanto agarrava no pulso do outro para que este não saísse do quarto. – Quer dizer... Você pode ir... Se tiver outras coisas para fazer.

Na verdade eu não tenho nada para fazer. – O moreno sorriu.

Então fique, sim, fique. Eu te deixo tocar na Kiki novamente se quiser. – Ren estava nervoso, seu coração estava agitado, mal podia esperar para ouvir um “Eu fico” de Minhyun, mal podia esperar pela confirmação de que não ficaria sozinho. Aquilo não era normal, ele devia estar ficando maluco. Desde quando é que convidava estranhos para ficarem no seu quarto? Desde quando é que falava sobre a Minnie e sobre os duendes com os outros? Desde quando é que deixava alguém tocar na Kiki? Desde quando?

Kiki? – Perguntou o mais velho.

Sim, sim. A Kiki... – Apontou para o piano branco e viu o moreno sorrir e balançar a cabeça.

A Kiki? Por que o piano chama-se Kiki? E por que é uma garota? – Minhyun não poderia estar mais confuso.

Eu já disse que o meu nome verdadeiro é MinKI. – Disse o loiro dando ênfase ao “ki”, fazia todo o sentido... Com o seu próprio nome tinha arranjado nomes para o piano e para o animal de estimação, fantástico. - Além disso, a Kiki é minha e eu é que sei se é macho ou fêmea.

Macho ou fêmea? – Minhyun repetiu as últimas palavras de Ren e logo recebeu um olhar ameaçador dele. - Claro, claro, tens toda a razão... É uma fêmea, uma linda fêmea. – Respondeu ao olhar furioso de forma divertida.

Agora vem, senta-te. – Dizia Ren enquanto puxava Minhyun pelo braço o fazendo sentar-se no banco e sentando-se ao seu lado em seguida. – Estás à vontade.

Minhyun não sabia como deveria agir àquela altura. Não era a primeira vez que Ren mudava de humor durante aquele curto espaço de tempo em que tinham se encontrado. Primeiro tinha dito que não gostava que desconhecidos entrassem no seu quarto e tocassem no seu piano – ou na Kiki – e agora tinha, de certa forma, pedido para que Minhyun ficasse e até estava, também de certa forma, a pedir para que tocasse; Depois a história dos duendes que brincavam com a Minnie... Até tinha havido uma pequena discussão por causa do nome dos dois porquinhos-da-Índia e Ren tinha cedido à discussão de uma forma que Minhyun não estava a espera.

Ren não era uma garota, mas os seus gestos eram demasiado delicados para serem descritos como “masculinos”; Ele deu um nome para o piano e enfeitava a porquinha-da-Índia com um laço chamativo, isto para não falar no fato de que acreditava em duendes! Em duendes! Era tudo estranho... Muito estranho.

Tudo bem, começo eu. – Disse Ren vendo que Minhyun não movia um dedo. - Andoeneun geol almyeonseo tto jeonhwal georeosseo... (Apesar de eu saber que não deveria te ligar novamente...) – E Ren começou a movimentar a sua mão direita contra o teclado e Minhyun não foi capaz de resistir mais uma vez, por isso começou a teclar também com a mão direita. Ren sorriu e prosseguiu a música. - Andoeneun geol almyeonseo wae yeonraghaetnyago. Mideojiji anhasseotjiman, chabunhan mogsoriro neoneun naege marhaesseo (Você pergunta “Mesmo sabendo que não devia, porque ligou?” E então, eu não pude acreditar, mas com uma voz calma você me disse:) – Ren olhou Minhyun com os seus olhos grandes, como que a pedir para que o outro cantasse também. E o seu pedido mudo foi concedido. Haengbokaetdeon gieogkkaji geojitmalcheoreom... Cheoeumbuteo eobteotdeon geon anieosseulkka? (“Todos aqueles momentos felizes... Você não acha que eles, como mentiras, na verdade, nunca existiram?”).

Eojireounde... Eojireounde... – (Estou tão atordoado... Estão tão atordoado) – Finalizou Minhyun recebendo um fofo bater de palmas do garoto ao seu lado. O moreno sorriu e disse: – É uma música muito bonita.

A música é bonita... E a tua voz também. – Disse Ren enquanto tampava o teclado. – Se me prometeres que tratarás bem a Kiki e que deixarás o teu porquinho-da-Índia...

– Minnie, o nome dele é Minnie. – Corrigiu.

Ou isso, se deixar ele ser amigo da minha Minnie, eu não me
importarei nem um pouco em te deixar vir aqui mais vezes.
– Ren não sorriu, mas olhou Minhyun com alguma ternura que não passou despercebida aos olhos deste.

Eu prometo! – Disse Minhyun, abrindo um largo sorriso e vendo o garoto a sua frente sorrir também.

Naquela tarde Minhyun tinha descoberto muito mais do que o verdadeira identidade, digamos assim, de Ren, tinha descoberto que ele era muito mais do que um rosto bonito. Não sabia explicar como nem porquê, mas Minhyun tinha a certeza de que o loiro tinha se entregado – Bem, “entregar” talvez não fosse a palavra certa... Ren tinha simplesmente concordado em deixar o recém-chegado conhecê-lo melhor - de uma maneira espontânea e que deixou os dois intimimamente surpresos.

Talvez a sua inexpressividade e desinteresse fossem apenas um escudo de proteção, afinal de contas Minhyun não sabia o que tinha acontecido na vida de Ren antes da sua chegada. Talvez ele não fosse tão forte como a sua cara-quase-sempre-fechada fazia entender, talvez ele até fosse uma pessoa amigável e sorridente. E Minhyun estava certo. Há algum tempo atrás, Ren tinha sido como o recém-chegado o imaginava, tinha sido alegre e brincalhão, mas, naquele momento, ele não passava de uma criança medrosa e solitária.

E além da imagem da piscina, Ren ali, sentado ao seu lado, à distância de um toque, um toque quase irresitível, a sorrir-lhe daquela maneira incrivelmente doce, também foi uma das imagens que ficaram gravadas na sua memória.


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Notas finais do capítulo

Pelos vistos ainda não é desta vez que o Baekho nos presenteia com a honra da sua presença na história, me desculpem aqueles que são loucos por BaekRen e não vêem a hora de vê-los juntos. ;_;
Devo confessar que apesar de adorar o Ren com a sua eterna poker face, adoro mais ainda esse lado fofo e infantil dele. +_+
Para os que não perceberam, a música e é a "I'm Sorry" e é a que NU'EST está promovendo agora.
Espero que tenham gostado! E não esqueçam de comentar o meu excesso ou falta de criatividade! ♥