A Vitória De Finnick escrita por Beacl
Meus olhos percorreram toda a multidão, procurando os olhos verdes de Annie. Lá de cima do palco, era muito mais fácil ver. Encontrei ela com uma facilidade inimaginável, o que foi bom, porque as lembranças do pesadelo estavam começando a voltar, e como meu primeiro pesadelo havia se concretizado, bem, acabei ficando com muito medo.
Mas ao olhar para ela tudo a minha volta parou. O barulho da multidão enlouquecida, já que o 4 é famoso por seus tributos Carreiristas, a falação da enjoativa Zya, tudo havia se calado. Eu me perdia naqueles olhos.
Me faziam lembrar do passado. Do dia em que vi Annie, um ano antes de entrarmos para o sorteio Colheita. Eu estava realmente apavorado aquele dia. Não mais do que hoje, é impossível comparar. Mas enfim, Annie me falara que ficaria tudo bem aquele dia.
Pelo jeito, não ficou, já que estou nesse maldito palco.
Então Zya se despede e nos leva, escoltados por muitos pacificadores, até o edificio da Justiça. Então, ela se vira para mim e para a outra tributo - Não me lembro o nome dela, por mais que eu tente - e diz:
– Crianças, daqui a alguns minutos vocês subirão para as salas onde se despedirão de seus familiares. Alguma dúvida?
Nós dois viramos a cabeça, fazendo uma negativa, e nos sentamos no sofá atrás de nós enquanto esperavamos. Tentei pensar em algo para conversar com a garota, mas nem mesmo sem nome eu conseguia lembrar. Mas ela mesma me ajudou com isso, tomando a iniciativa de começar uma conversa:
– Então... Finnick... Tudo... Tudo certo?
Ela me dá um sorriso com vergonha. Claro, porque é uma pergunta um tanto rídicula na posição que estamos. Fico imaginando quantos anos ela tem. Cabelos curtos, alaranjados, com os costumeiros olhos verdes do distrito 4. Ela é bem pálida, e parece ter por volta dos 12 anos, imagino como deve ser novinha para algo como os Jogos. Eu mesmo sou.
– Tem como estar bem em um momento como esse? - Rio. - Quantos anos você tem? - Acho que ela percebe que eu não lembro de seu nome, porque logo diz:
– Saphira. É meu nome. - Ela ri de volta. É bom rir um pouco, para aliviar a tensão. Até porque as coisas não estão engraçadas ou boas para nós - Tenho 15. É, eu sei. Sou um pouco... Pequena para minha idade.
Diz ela, vendo que estou impressionado com sua idade. Ela é boa para ver o que os outros estão sentindo.
Sem que ela pergunte, eu digo:
– Bem, tenho 14. Espero que... Bem, sejamos amigos.
Sorrio, e então Zya entra na sala, com suas roupas estravagantes e unhas douradas, e nos conduz até a sala onde nos despediremos de nossos parentes e amigos - Se houver algum para nos despedirmos -, como diz ela.
Em menos de um minuto, mamãe entra na sala e me dá um forte abraço.
– Vai ficar tudo bem, sabe disso, não?
Ela não é do tipo de mãe do distrito 4. Claro que nenhuma mãe quer perder um filho, mas é como uma honra ter um filho nos jogos. Assim como nos distritos 1 e 2, há costume de crianças serem treinadas para irem para a arena aqui no 4, mas mamãe é totalmente contra isso.
– Sei, mamãe - Respondo com confiança. - Vou sair de lá.
Mas não vou. Sou fraco. Nada vai ficar bem. Tudo o que posso desejar é que minha morte não seja lenta e dolorosa. Mas vou tentar sair de lá. Por Annie, por minha mãe. As únicas pessoas que amo na vida. Ela me dá mais um abraço e um beijo na testa. Então alguns pacificadores entram na sala e mandam ela sair.
– Tente conseguir um tridente, Finnick - Diz ela, saindo da sala. Posso ver ela sendo puxada até o fundo do corredor, enquanto grita - UM TRIDENTE! E EU TE AMO, QUERIDO!
Seus últimos gritos são abafados. Queria ter respondido. Ou pelo menos, tido a oportunidade de responder.
Mas eu a obedeceria. Conseguiria um tridente, custe o que custasse.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
É... eu gostei desse capítulo :3 O que será que ele faz para conseguir o tão desejado (e merecido) tridente? huhu...