Cheguei no hospital. Para não ficar na sala de espera, fiquei em um leito onde algumas pessoas nas camas do lado tomavam soro. De repente, entrou um homem na sala. Era moreno, tinha um moicano como penteado, um brilho no olhar, suas roupas eram extremamente lindas. Senti que o reconhecia de algum lugar. Forcei-me a lembrar, mas seu nome não passou pela minha mente. Assim como eu, ele não parecia estar lúcido.
            -Oi! - ele disse muito meigo.
            -Oi! - respondi.
            -Qual é o seu nome? - ele se interessou.
            -Alice, e o seu?
            -Zayn.
            Zayn, Zayn...Aquele nome se repetiu na minha cabeça. Não adiantava, eu não conseguia lembrar da onde o conhecia. Naquele momento xinguei de todas as formas possíveis os copos de tequila que havia bebido.
           -Por que você está aqui princesa?- depois de ter me chamado de princesa, tive certeza de que ele estava bêbado igual a mim.
          -Estava em uma boate comemorando meu aniversário com minhas amigas, bebi alguns copos de tequila, fiquei feliz demais, fui dançar, escorreguei, cai, e ao apoiar meu braço no chão, o torci. - contei o que havia acontecido resumidamente.
         -Ficou feliz demais? - ele caiu na gargalhada.
         Aquela risada gostosa me fez gargalhar também apesar da dor no braço.
         -E você, por que está aqui?- perguntei.
         -Primeiramente, feliz aniversário.
        -Obrigada. - respondi timidamente.
        -Meus amigos são muito palhaços, bebemos também, acho que um pouco demais. Assim como você, fiquei alegre demais, fui dançar em cima da mesinha de centro do apartamento do Harry, um dos meus amigos. A mesinha era de vidro, e eu a quebrei. Um dos cacos passou no meu braço, e me cortei.- contou ele.
        -Imagino você dançando em cima de uma mesinha de centro- respondi rindo
       -Nem imagine. Meus amigos tiraram fotos, e nem sei para onde vão elas.- ele disse dando gargalhadas.
       A partir daquele momento agradeci ao destino por ter bebido tequila.
       -Conhece a piada do "Não nem eu"?- é claro que se eu tivesse lúcida, saberia muito bem a resposta.
      -Não.-respondi.
      -Nem eu.
      E rimos por alguns minutos como se fossemos crianças.
      -Você é muito divertida.
      -Obrigada, você também.
      -Além de ser uma gata.
      Incrível o efeito que as bebidas causam nas pessoas.
      Zayn me divertiu e muito naquele momento de dor, tinha até esquecido dela. De repente a enfermeira entrou no quarto e encontrou um casal de bêbados rindo como se fossem crianças.
      -Bem que o doutor Felipe disse que vocês tinham abusado da bebida. -disse ela ao analisar meu braço.
      Enquanto ela falava o mal da ingestão excessiva de álcool, Zayn fazia caretas por suas costas. Se eu tivesse com a bexiga cheia, teria a esvaziado ali mesmo de tanto rir.
      -Vou ali pegar uma tala para seu braço e já volto.- disse a enfermeira ao sair do quarto.
     Zayn pegou seu celular no bolso.
     -Adorei ter passado esse momento com você, quero te ver de novo. Acho que estou apaixonado por você. Me passa seu número? Amanhã eu te ligo ou te mando um SMS. Não sou daqueles safados que não aparecem mais, lhe garanto, e pode confiar, mesmo que eu esteja bêbado agora.- ele disse me entregando o aparelho, sorrindo.
     -Claro que sim, me passa o seu também? Acho que também estou apaixonada. - entreguei-lhe meu celular rindo.
     Assim que colocamos nossos números, tirei uma foto dele, assim como ele tirou uma minha para ficar gravado. A enfermeira veio, e colocou a tala em meu braço. A dor que eu havia me esquecido voltou com mais força, as piadas fizeram falta naquele momento.
      -Você não fraturou, somente torceu, por isso vai ficar somente duas semanas com o braço imobilizado, vou passar seu medicamento para sua mãe. Agora você pode ir para casa.- disse a enfermeira ao entrar no quarto segurando uma tala do tamanho do meu antebraço.
      Nunca senti tanta vontade de ficar no hospital. Me despedi de Zayn. E outra enfermeira entrou no quarto para cuidar de seu corte. Saí, e vi minhas amigas se despedindo de outros quatro garotos, que assim como meu companheiro na espera, senti que eram familiares, mas que novamente, não me lembrava da onde os conhecia. Ao ir para o estacionamento, vi o quinteto seguindo para um carro luxuoso, e provalvemente importado.
      Senti por Zayn algo que nunca senti por outro garoto. Minha vontade era de sair daquele carro e ir atrás dele.
      Perguntei às meninas sobre os outros garotos, elas disseram o mesmo quanto ao não lembrar da onde os conhecia, e também falaram que assim como Zayn, eram muito divertidos. Assim como eu e ele, todas trocaram o número de telefone.
     Na manhã seguinte, lúcida, com apenas algumas leves lembranças, eu e minhas 4 amigas tivemos uma surpresa.