Chasing Treasures escrita por pseudowriter


Capítulo 6
Estragos permanentes.


Notas iniciais do capítulo

ALOOOOOOO~~~~



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"Um beijo, oras." Clare balançou a mão, me dispensando.

"Isso eu pude ver. Não imaginava que o Brandon tivesse, você sabe, uma namorada." Torci o lençol da minha cama entre meus dedos.

"Namorada?" Clare explodiu em uma gargalhada. "Jamais!" A mulher sentou-se em uma poltrona azul. "O Don é como um irmão para mim!"

"Wow. Se é assim que se trata um irmão, tenho medo de como você trata seu namorado em público." Dei um sorriso amargo.

"Aquilo era só uma velha brincadeira!" Clare riu e percebi que algo em seu olhar era familiar. "Quando se passa muito tempo com uma pessoa é normal adquirir alguns costumes estranhos. Ainda mais sob aquelas circunstâncias." Percebi o que era familiar em seus olhos: a capacidade de intensificar ou diminuir o tom de azul. Uma coisa que Brandon fazia a todo momento e que tornava tão fácil mas ao mesmo tempo tão difícil ler sua expressão. Os olhos de Clare estavam em um tom profundo de azul. "Você pode perguntar. Consigo ver que está com meio milhão de perguntas formuladas." Ela deu um sorriso fraco.

Era verdade. Sou curiosa até a medula de meus ossos, o que até hoje não sei se é exatamente bom ou ruim.

"Que tipo de... Circunstâncias?" Perguntei cautelosamente.

"Direta ao ponto. Gostei de você." Os olhos de Clare clarearam um pouco. "Ache uma posição confortável e eu te contarei minha história."

Coloquei o travesseiro apoiado na cabeceira da cama e me sentei apoiando minhas costas nele.

"Eu tinha 12 anos. Não vou enfeitar os fatos, quando vi o corpo de meus pais não era uma noite chuvosa e sinistra, mas sim um quente e ensolarado dia de verão. Eu morava em uma casa decente em uma cidadezinha portuária pacífica e estava voltando de uma feira quando cheguei em casa. Eu estava alegre, louca para contar as novidades para minha família, poder sentar no colo de meu pai e cantar as músicas mais legais dos concertos, enrolar os cachos dourados de minha mãe entre meus dedos e contar tudo sobre as pessoas, as cores, os cheiros, tudo." Seus olhos agora eram quase negros. "Mas eu não tive essa oportunidade. A porta estava escancarada, os móveis derrubados, papéis estavam espalhados por todos os lados.

'Mamãe?' Perguntei parada em meio ao caos. 'Papai? Irmã?'

Um cheiro forte me atingiu. Algo metálico, pesado, denso. Minhas pernas se dirigiram para o quarto de meus pais, e aquela visão fez algo romper-se dentro de mim. Nenhuma criança de 10 anos vê o cadáver de seus pais e sai ilesa.

Você aprende que o mundo não é feito só de bondade. A cena toda é muito deturpada para qualquer um entender, uma criança exposta àquela situação perde um pedaço de sua alma, perde a sua inocência."

Clare interrompeu-se por um momento e olhou para mim com um olhar estranho no rosto. Percebi que eu estava chorando.

Ela esperou alguns instantes para que eu limpasse as lágrimas, meneou a cabeça e continuou:

"Eu não achava minha irmã em nenhum lugar. Me lembro de girar o corpo de minha mãe para ver se Nie estava se escondendo embaixo dela. De murmurar desculpas a meu pai quando tropecei em sua perna e... Bom, você entendeu. Não achava minha irmã e meus pais estavam mortos.

Enchi você falando sobre meu passado, mas agora vamos pular para quando conheci o Don.

Os ladrões tinham invadido minha casa para roubá-la cerca de 2 meses após a tragédia e eu tinha perdido as esperanças de que minha irmã voltaria pra casa. Fugi durante a noite levando uma pequena mochila com uma blusa, alguns biscoitos e um bichinho de pelúcia. Eu tinha 10 anos, nunca imaginaria que fosse precisar usar uma faca e meu ursinho era meu bem mais precioso."

Clare se empertigou e deixou um sorriso atravessar seu rosto.

"Meu plano era ir para a casa de minha vó que ficava ao norte da minha cidade, mas os piratas já haviam passado por lá e reduzido a cidade à cinzas. Fiquei perambulando por cidades durante um tempo, pedindo comida para pessoas e dormindo em bancos e becos. Seis meses após a morte dos meus pais eu me meti em um problema.

Eu era uma criança desabrigada, recorria a ajuda dos Âncoras frequentemente, mas os homens da marinha não são exatamente gentis. Os piratas estavam começando a ganhar força no país e muito deles se infiltravam na marinha para conseguir privilégios.

'Moço, o senhor tem um pouco de dinheiro para me ajudar?'

O Âncora olhou para mim e riu, seus dentes eram podres, sua barba era áspera e suja.

'Eu tenho uma coisa muito melhor, 'grotinha' O homem estendeu sua mão em minha direção e me agarrou pelo braço.

'Ô BAFO DE CERVEJA, viu que as garotas não queriam mais você e agora quer agarrar uma menininha contra a vontade?' Uma voz aguda ecoou pela rua, vi que alguns vendedores saíam de suas lojas para ver o que acontecia.

'PESTE! Eu sou da marinha, vou botar esse seu couro fedido atrás das grades!'

'Uma visita à sua casa? Terei que recusar ao convite, tenho um encontro marcado para mais tarde!' Brandon entrou em cena, alto para a sua idade, seus cabelos crescendo rebeldes e olhos verdes que pareciam brilhar com várias esmeraldas. Pose de valentão, cicatrizes de quem se metia frequentemente em brigas e um sorriso displicente. 

Um pirralho de nove anos.

O Âncora desembainhou seu sabre e Brandon veio correndo na direção dele.

'Hm, arma bonita.'

O homem ficou parado por um momento, resistindo ao impulso comum a todos os homens do mar quando tem algum equipamento elogiado, o de se gabar.

'Que tal se eu pegá-la para mim?' O garoto ainda sorrindo deu um tapa na mão do Âncora, pegou o sabre pelo punho e deu um passo rápido para o lado. Brand deu um soco no braço do homem, o que fez com que ele soltasse meu braço, me segurou e saiu correndo. Fui meio correndo e meio tropeçando atrás dele e só depois de um ou dois quilômetros correndo entre becos e vielas que paramos.

'Você é nova por essa região, não devia saber que não se mexe com os Âncoras.'

'D-d-desculpe.' Murmurei, ainda assustada com o que tinha acabado de acontecer.

'Sem problemas! Qual o seu nome?'

'C-clare S-s-sutcliff.'

'Clare Sutclif... Meu nome é Brandon Quaid e é um prazer conhecê-la!'

Daquele dia em diante a minha vida nunca mais foi a mesma, e sei que você me entende quando digo que uma vez que Don exerce a mínima influência sobre você, não há como voltar atrás.

Ele causa estrago permanente."

Clare piscou pra mim e eu fingi não entender.

Ela pigarreou e recomeçou a contar a história.


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