Ela olhou para os lados desesperada, parecia alguma pegadinha. Todos estavam parados, na mesma posição. O pote estava de lado, com seu conteúdo saindo, porem ele não caia, estava apenas parado no ar, como se esperasse que ela o pegasse. Ela passou a mão na frente do loiro ao lado, ele não se moveu, ela cutucou ele para ver se ele reagia. Nada.

Ela pegou o pote do ar receosamente e devolveu ele na bancada. Nesse instante todos voltaram ao normal, como se nada tivesse acontecido.

—Como... O pote... Estava caindo — murmurou Draco mais pálido que o comum.

— Você só pode estar louco Malfoy — respondeu Hermione voltando à atenção para o professor.

Ele percebeu que ela estava mentindo, mas não perguntou. Não agora.

Ela estava entrando em pânico dentro de si. Já ouvira falar de feitiços que parassem o tempo, mas não assim. Ela simplesmente abrira as mãos. Ela, disfarçadamente, fez o movimento novamente.

Todos ainda se moviam.

A morena reprimiu o pensamento. Talvez ela tivesse feito um feitiço involuntário afinal.

Talvez.

Era provável.

Não era?

Não, não era. Ela sabia disso. Mas resolveu acreditar.

Ela e o loiro fizeram a poção em silencio. Cada um em seu caldeirão. No final da aula ele saiu sem dizer uma palavra, e ela foi ao encontro do amigo e do namorado.

—MERLIN, eu vou ter que aguentar a Parkinson — resmungou Rony

—E eu o Malfoy. Empatou — disse Hermione apoiando seu braço nos ombros do ruivo.

—Eu vou aturar uma lufa-lufa que está tentando se jogar para cima de mim.

—Ela é gata Harry, fique feliz. — disse Ronald sem pensar.

Hermione se desvencilhou dele e deu um tapa no braço do menino.

—AI! Desculpa! Ela não é tão perfeita quanto você — disse Rony

—Melhor — respondeu Hermione empinando o nariz, mas recolocando os braços no ruivo

Era a ultima aula do dia. Hermione foi direto para a biblioteca, adiantar todas as lições passadas, já que passaria as noites de segundas, quartas, sextas e sábados com o Malfoy.

Já eram 20h30 quando a menina fechou os livros e guardou o material para ir jantar. Quando chegou nenhum de seus amigos ainda estavam lá, então ela jantou sozinha e foi em direção ao salão comunal.

—Obrigada mesmo por me esperar garotos — disse Hermione se jogando entre Harry e Rony

—Não é nossa culpa se você passou à tarde na biblioteca — disse Gina, aparecendo atrás de Harry.

—Ah, oi Gina! Não te vi o dia todo. —disse Hermione sorrindo

—Culpe o Dino — falou Gina dando risada

Ela se sentou perto dos amigos, e eles começaram a conversar.

—MERLIN! Eu tenho que ir! Beijo gente.

Então a menina saiu correndo, em direção ao ponto de encontro.

—Você está atrasada — murmurou Draco quando ela chegou

—Eu sei — disse a morena suspirando — descul...

Mas ela não terminou a frase, Malfoy agarrara seu braço e a puxara para uma sala vazia.

—Hey! O que está fazendo!

—Sh... — ele murmurou — eu quero saber como você fez aquilo.

—Aquilo o que? — ela perguntou confusa

—Eu sei que você parou o tempo na aula de poções.

Ela empalideceu e as palavras jorraram da sua boca antes que ela pudesse as deter.

—Eu.... como....eu não sei! Eu simplesmente fiz assim com as mãos — então ela repetiu o ato mas nada aconteceu. —e eu nem devo ter parado o tempo...

Então ela percebeu o que falará e se corou.

—Então você fez algo! E eu preciso saber como

—Eu não fiz nada!

Ele levantou uma sobrancelha olhando descrentemente para ela.

—Você ouviu um barulho? —ela perguntou der repente

—Não mude de assunto Granger, eu conheço esses truques. Eu sou ótimo eu mudar de assunto.

—Sério? Não acho você muito bom nisso não!

Ele sorriu escárnio e Hermione notou que precisaria de muito mais do que aquilo para enrolar ele, diferentemente de Rony ou Harry.

—Não adiante Granger, você não vai me enrolar. Fale como você fez aquilo!

—Por que você quer saber? — ela perguntou

—Só responda logo Granger!

—Não. Uma resposta pela outra.

Ela cruzou os braços e levantou uma sobrancelha ao dizer isso. Ele bufou e passou a mão no rosto encostando-se a uma mesa.

—Você é irritante Granger. Se não quer me contar, não conta.

Ela deu de ombros e saiu da sala. E pelo canto do olho o viu passar a mão no cabelo freneticamente, irritado.

—OK Granger, você venceu.

Ela deixou um sorriso convencido pintar seus lábios.

—Ótimo. — disse Hermione virando para o loiro e andando até a mesa na frente dele.

—Alguém já disse que você se daria bem na sonserina? —perguntou Malfoy

—O chapéu seletor cogitou todas as casas no meu caso. Mas ficou entre grifinória e corvinal no final.

Ele revirou os olhos.

—É claro... Então, me fale como fez aquilo.

—Você primeiro.

—Não Granger, o trato não foi esse.

—É claro que foi! Você primeiro!

—Você!

—Você! —Ela bufou irritada

—Macacos arco-íris. — ele disse der repente

Ela parou uns segundos avaliando a frase dita. Macacos arco-íris, por Merlin, o que isso significa?

—Malfoy você bebeu? A gente estava falando do fato de eu ter parado o tempo sem ter ideia como, e eu estou aqui pensando se isso tem algo relacionado com aquele maldito sonho que eu tive, e com a maldita voz sinistra e você me vem com macacos arco-íris.

Ele sorriu convencido e ela fechou a boca ao notar o que tinha feito. Ela caiu exatamente no plano dele.

—Muito obrigado Granger, fico feliz em saber. — ele se levantou e se dirigiu a porta.

—Espera ai! Nem vem, eu te falei o que você queria saber, agora fale você!

—Bem... Não

A menina respirou fundo enquanto ele sorria vitoriosamente.

—Então pelo menos me diga qual foi aquela dos macacos.

Ele deu uma risada sarcástica e fria.

—Genial não é? Descobri que se você fala a coisa mais bizarra que vier a sua cabeça, a pessoa conversando com você fala o que ela estava pensando.

—Isso é estupidez... mas funciona. E a primeira coisa que te veio à cabeça foi macacos por que...

—Por que seu namorado me lembra um.

—Bom saber que você pensa no Rony enquanto fala comigo

—Impossível não pensar se bem na sua boca tem essa mordida enorme. Dada por ele provavelmente

Hermione passou a língua no lábio inferior e percebeu que havia um machucado. Ela corou.

—Seu filho da mãe!

—calminha Granger, eu não... — então ele começou a rir — fui... eu não fui? Que mordi seu lábio?

Ela corou ainda mais, e Malfoy entendeu isso como um sim.

—Devia imaginar que seu namorado nunca faria isso.

—Você é um idiota Malfoy

—Mas eu sou um idiota que beija bem. —ele concluiu

Ela revirou os olhos

—Vamos logo para nossa ronda Malfoy.

Então aconteceu de novo:

A voz.

O escuro.

Os olhos.

E, dessa vez, os gritos.

Gritos de pessoas, mulheres, crianças e homens, eram as únicas coisas que Hermione podia ouvir.

Até vir a risada.

Uma risada fria, escárnio, maléfica. Não parecia sequer humana.

Então... Parou.