O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 48
Capítulo 49


Notas iniciais do capítulo

Heeey, mais m capítulo feito para vocês E uma tristeza para os shippers de Gadge )): Não espero que vocês gostem, porque é completamente triste.



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Eu senti o ar pesado no meu peito. Eu sinto agora como se ele fosse feito de sangue.

- Sr. Hawthorne, pode me acompanhar por favor?

- Por quê?

- Você vai me ajudar a educar esse distrito.

Eu vi um chicote na mão do homem ao seu lado. Ele tem um sorriso cínico nos lábios e não pude fazer nada. O que eu posso fazer com a minha irmã ao meu lado? Mal pude pensar em vê-la me acompanhar.

Mas eu fui.

Não posso resistir na frente dela.

Assim que viramos a esquina em direção até a praça, pude imaginar o aglomerado de pessoas. Eu tentei me defender, eu tentei rendê-los em uma última tentativa desesperada, mas eu nõ pude fazer nada. Também não pude fazer nada quando senti o primeiro lanho de sangue nas minhas costas. E o segundo. E os diversos que se seguiram, que atraíram a multidão, mesmo quando eu não emiti um ruído de dor. As pessoas se entreolhavam mas eu sou a atração principal.

- Já chega. - Eu nunca ouvi essa voz tão séria. Nem sendo um pacificador ele foi sério. Eu nunca ouvi Darius soar um homem tão digno de respeito quanto agora. Mas eu só penso assim porque ele tentou me salvar. Esse foi o meu entorpecente para o som que se seguia. Um corpo caindo no chão. Eu não sabia como ele estava, só poderia pedir para que ele não estivesse morto. O tempo frio anestesiou minhas feriadas enquanto o castigo não voltava. Mas ele voltou com velocidade. Eu ouvia burbúrios, eu podia sentir a careta torcida de satisfação e nojo do homem que me batia.

Eu deixo os joelhos fraquejarem. Eu deixo de fechar os olhos com força porque a dor está sumindo. Os murmúrios das pessoas também, tal qual a minha consciência.

~*~

Eu abri os olhos e me deparei com Katniss. Foi tão fraco, e eu a vi tão bonita que fechar os olhos de novo só foi possível por causa da dor. Cada traço no meu corpo parecia desenhado pela perversidade. O que aconteceu? Minha irmã foi levada da sala antes que alguém pudesse responder sua pergunta. Tudo era enevoado e inebriante, eu sentia o frio me invadir enquanto ela pressionava algo gelado no meu corpo, e senti uma onda de alívio. Eu fecharia os olhos se eles já não estivessem fechados. Eu não perco meu tempo descrevendo a dor que restou, e sim o alívio que me desenhou quando ela e eu começamos a conversar. Ela está com o olho inchado e pasta no rosto. Um arrepio me percorreu achando que ela poderia ser punida também. Ela é uma vitoriosa, mas é frágil. Ela é vulnerável em visão do governo.

Eu não me lembro sobre o que conversamos. Eu lembro da boca doce dela junto da minha. Esse beijo foi o melhor anestésico, eu não me concentrei em mais nada. Assim que ela abriu os olhos viu alguém, que eu não sei quem era. Não reconheci a voz. Sei que não me importa, porque eu voltei a dormir.

A luz é branca e ilumina toda a floresta. Está mais escuro do que as madrugadas, é noite. Mas é uma noite clara, onde a lua deixa tudo claro. Eu a vi na noite, e ela está com o cabelo solto. Eu nunca vi Katniss de cabelo solto. Na verdade, já vi, mas enquanto ela refazia a trança. E ela correu. Uma névoa encobria todos os meus pensamentos e uma neblina se dissipava com meus passos, mas porque eu prestaria atenção? Ela é a unica coisa que merece ser vista. Ela me beijou.

- Vou cuidar de você. Pra sempre.

~*~

Tempos depois...

Katniss mira a flecha na barreira da arena e acerta, instantes depois ouve-se um estrondo e a tela da televisão começa a tremer. A imagem perde o foco e a poeira do distrito se levanta de uma vez. O chão está tremendo e eu posso senti-lo vagamente. O foge cruza o limite da floresta de queima os prédios mais importantes. O que é preocupante, porque eu moro perto da praça. A praça é um lugar importante.

O segundo estrndo me deixa no chão. Todos estamos abaixamos e eu pego a colcha que cobria o sofá e o protegia da poeira. Cobrindo o rosto eu seguro minha irmã e a embrulho no cobertor. Todos saímos em polvorosa da casa antes que ela comece a desabar e as cinzas a cubram. Minha garganta vira puro sangue com a secura do ar. Olho para os lados e todos correm por suas vidas, e eu estou parado. Eu corro. Corro como se estivesse nos Jogos ao lado de Katniss, corro pela vida da Posy deitada em meus braços. Corro torcendo para encontrar conhecidos e saber que estão bem.

O terceiro barulho me faz desabar e cair em cima da minha irmã. Ela chora compulsivimente e viro para ver um dos maiores prédios ruindo, em chamas.

A casa de Madge, penso. Continuo correndo e olhando ás vezes de relance para trás, rezando para que ela tivesse se salvado. Meu peso é maior a cada passo, porque eu sei que meu impulso seria voltar para resgatá-la. Ou resgatar seu corpo sem vida, seu coração sem batientos, seu peito sem movimento de uma respiração. O seu rosto de pele tão clara agora preta e corbonizada, definitivamente o melhor é continuar correndo. As lágrimas que rolam depois disso, eu nunca soube dizer se foram por causa do ar seco, ou porque eu sabia da verdade.

A área nobre da cidade está em ruínas. A sapataria, a padaria estavam ao longe e em chamas. O caminho até o burado mais próximo da cerca é atrás do açougue. Corro até lá. Não antes de presenciar uma cena horrível. O padeiro estava preso, com um forno acima de si. O rosto queimado e ele chorava. Tenho a ousadia de chegar mais perto. O calor do forno aceso estava queimando-o por dentro. Chego mais perto. Não consigo parar de tossir, mas me aproximo em um momento de humanidade, para confortá-lo. A casa estava destruída, e os corpos da família também.

- Por favor. - Sussurra ele. Tento levantar o forno, desligá-lo, mas ele me chama até si. - Você viu o meu filho? Na televisão?

- Eu vi, vi sim. - Não paro de repetir minhas palavras. A impressão que tenho é que ele está longe demais para me escutar.

- Ele ama aquela moça.

- Eu sei que sim. - Aperto com mais força sua mão. A casa terminaria de cair. Minha irmã estava ali, assistindo comigo o homem moribundo.

- Ele ama. Eu amei a mãe dela. Mas ela preferiu um caçador. Igualzinho a você. - Ele tossiu novamente. - Por que eu não senti raiva dele?

- Eu não sei.

- Eu a amava demais para sentir raiva de alguém. Não sinta raiva dele.

- Dele quem? Quem?

- Do meu filho. Não sinta raiva porque ela o ama. - Ele disse isso com os ossos fchados de dor. Sua careta cedeu á tranquilidade antes da casa começar a ruir, e eu sair dali.

Chego ao açougue e passo minha irmã pelo buraco na cerca antes de fazer o mesmo. Minha cabeça está enevoada e a tontura me leva a pegá-la pela mão e arrastá-la. Não vejo qualquer rosto conhecido entre aqueles que fogem. Em verdade, não consigo olhá-los tempo suficiente para saber se é alguém que conheço. Aindo penso nas palavras do pai de Peeta, Benjamin*. Como eu senti ao vê-lo morrer. Não queria que ele morresse. Do pior jeito possível, ele morreu queimado pelo forno, torcendo para que a casa ruísse e o matasse antes de sofrer. Não foi isso qe aconteceu. Deixei as lágrimas caírem á vontade enquanto corria até o ponto mais alto da colina, e avistei o distrito. Desenrolei o rosto e olhei cautelosamente para os aerodeslizadores que se afstavam. Um surto de raiva me empeliu, e peuei uma pedra no chão. Joguei tudo o que via pela frente, mas os aerodeslizadores já estavam longe demais. Um sentimento de vingança se apossou de mim, eu gritei para que voltassem. Para que recompenssassem as vidas perdidas e os sonhos jogados fora. Eu queria começar minha própria rebelião. O distrito 12 só morreu, porque ninguém mais se voltou contra eles.

- Voltem! Voltem e encarem a destruição iminente, as mortes dos seus semelhantes. Isso vai nos empelir a lutar! Eu vou lutar e vou trazer minha casa de volta! - Jogo mais uma pedra. - Vamos fazer a Capital ruir tão rápido quanto nossas casas, nós vamos nos vingar! Os nossos filhos terão a paz na mesma quantidade do seu sofrimento! - Chuto um galho caído antes de tomar uma rajada de ar fresco da floresta.

O barulho atrai curiosos, pessoas feridas no atentado, com membros queimados e olhares curiosos. Toda a minha revolta soou como um discurso para todos eles. Algumas param incrédulos, e outros esperam por mais.

- Tragam os feridos. Vamos nos organizar.

Encontro aquela mesma casa onde discuti com Katniss no inverno. É ali que os desabrigados se juntam ara cuidar de suas crianças, enquanto eu reúno um grupo mínimo que tem condições de caçar e colher. Minha mãe ficou com os doentes para ajudá-los, Vick e Rory vêm comigo. Eu ensino todos a preparar armadilhas, e caço com o arco que estavam pretogeido em um tronco oco. Também peguei o arco da Catnip para guardá-lo, e emprestei para Rory, para que ele me ajude a caçar. Prim veio conosco também. Sua mãe pediu diversas ervas que eu não daria conta de colher sozinho. Não escuto qualquer cobversa. Os grupos se dividem entre caçar, pescar e colher. Um ou outro se afastaram para procurar mais sobreviventes. Resisto á uma tentação imensurável de me juntar a eles e procurar por Madge. Mas não. Deixo que vão e procurem por qulquer coisa que posse ser aproveitada no distrito. O grupo volta com algumas panelas, e da casa do boticário imundo, xaropes e algumas bandagens. A mãe de Katniss se encarrega de racionar os equipamentos e dá doses de xarope ínfimas para algumas pessoas, que caem imediatamente no sono, para serem cuidadas.

Olho em volta e todos trabalham caçando, pescandoo, procurando e tratando dos feridos. Eu acabo de criar uma resistência contra o poder da Capital. Todos aqueles que estavam receosos e sobreviveram, estão prontos para lutar.

Eu sou Gale Hawthorne, e sou o mandante do movimento de resistência do extinto distrito 12.

* Benjamin Mellark - Vem das fics Construindo a paz em Panem, e Diário de Aurora Mellark.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, meus bebês.