O Coração de um Caçador escrita por Joanna


Capítulo 45
As amoras


Notas iniciais do capítulo

Cap em dedicação á
*Elyon
*LuliMel
com as lindas recomenções e á leitora nova que comentou,
*Caele.



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O tempo passara. A final dos Jogos seria dali a pouco, eu já podia ouvir gritos de socorro de lugares imaginários.

Aquele dia não seria na floresta. Hoje, todo o distrito estaria assistindo. Todos queriam saber o que aconteceria. Eu não. Eu preferia apenas que Katniss voltasse para casa.

O dia já estava acabando na arena. Um arrepio conhecio me acompanhou desde o fundo da espinha até minha mente. É nessas horas que tudo começa, ou termina.

- É, parece que eles querem apressar as coisas, - Diz Katniss. Não consigo não rir. O nervoso me toma conta e eu estou agora sacudindo a perna, e rindo como se não houvesse amanhã. E como se minha melhor amiga não estivesse nos Jogos.

Eles chegam na Cornucópia. Os dois passam os olhos pelo local e eu não vejo nada ameaçador. Até a hora que um animal asco pula em Peeta e ele agonize de dor completamente. Katniss o acerta com uma flecha e ajuda Peeta a se levantar. Seu braço tinha marcas de arranhões e algo me diz que o alvo do animal era seu pescoço. Os dois mal tem tempo de respirar antes que Cato e as outras aberrações apareçam. Katniss abre os olhos mais do que poderia e corre. Peeta está coxeando e pula mesmo assim pelo cadáver de um dos animais lupinos. Ele coloca o pé para que Katniss suba na Cornucópia, o que ela faz sem demora. Ele não possui a mesma sorte. Assim que ela o puxa, vê o talo enorme de cor escarlate. O sangue de Peeta em sua perna.

Cato subiu com a habilidade de um carreirista, pelo outro lado da Cornucópia. A luta final seria ali, e os lobisomens passaram a arranhar. Ninguém ali havia visto a familiaridade dos cães. Eram os tributos. Eles tinham todas as características dos tributos e vejo Clove rosnando para Cato. Talvez eles o fizessem assim para que fosse mais doloroso saber que ele seria morto por ela. E talvez para martirizá-lo. Porque você não veio me salvar? Porquê? Penso que esse seria o significado dos latidos ameaçadores.

Mal vejo quando Cato segura Peeta em uma gravata. Katniss pega uma flecha e mira lentamente nele, como se soubesse que era fim. Mas não é.

- Atire em mim e ele cai comigo. - Ele está certo. Se Katniss atirar nele e ele cair sobre os cães, é certo que Peeta vai morrer com ele. Chegamos a um beco sem saída. Katniss não pode atirar em Cato sem matar Peeta, também. Ele não pode matar Peeta sem a garantia de uma flecha no seu cérebro. Ficam todos parados como estátuas, procurando por uma saída.  O maxilar de Katniss está evidentemente cerrado com força. Os lábios de Peeta estão ficando azuis.

Como se fosse seu último esforço, Peeta levanta seus dedos, pingando sangue de sua perna, até o braço de Cato. Em vez de tentar se livrar do aperto, seus dedos mudam de direção e fazem um deliberado X sobre a parte de trás da mão de Cato. Cato percebe o que isso significa exatamente um segundo depois dela. Posso dizer pelo modo como seu sorriso desapareceu de seus lábios. Mas é um segundo tarde demais porque, nessa hora, minha flecha está perfurando sua mão. Ele grita e por reflexo liberta Peeta, que bate contra ele. Por um momento, penso que os dois vão cair. Eu corro para agarrar Peeta enquanto Cato perde o equilíbrio no chifre úmido de sangue e cai no chão. O ar sai de todo o seu corpo e posso sentir a queda no solo duro e seu arquejo quando os cães atacam. Eu não assisto, mas posso ouvir o ranger dos dentes, os rosnados, os uivos de dor tanto humano quanto de besta enquanto Cato avança sobre o bando de cães. Não posso entender como ele pode estar sobrevivendo até que me lembro da armadura o protegendo dos tornozelos até o pescoço e percebe como a noite pode ser longa. Cato deve ter uma faca ou uma espada ou alguma coisa, também, alguma coisa que ele tenha escondido nas suas roupas, porque de vez em quando há um grito de morte de um cão ou o som de metal quando lâminas colidem com o chifre de ouro. O combate continua ao lado da Cornucópia, e sei que Cato deve estar tentando fazer uma manobra que pode salvar a sua vida – voltar para a cauda do chifre e se reunir a nós. Mas no final, apesar das suas força e habilidade notáveis, ele é simplesmente derrotado. Não sei quando tempo se passa, talvez uma hora ou mais, quando Cato cai no chão e ouvis os cães o agarrando, levando-o para dentro da Cornucópia. Agora vão acabar com ele. Mas ainda não há nenhum canhão.

Ele vai sofrer um bom tempo.

Katniss e Peeta se abraçam antes dela passar a mão pela perna úmida de sangue de Peeta. É claro que ela usa a última flecha para salvar sua vida, e ele cerra os lábios com a cor recém-adquirida depois da quase morte.

~*~

O final não é ao vivo. Sei disso porque as horas passam durante instantes de atenção dos habitantes do distrito, Peeta está desmaiando de dor com a perna machucada e não posso nem mesmo imaginar a dor de Cato ao ver os cães em cima dele. Em especial o cãozinho pequeno de olhos cinzas tão parecidos com a Costura. Não poderiam ser os mesmos tributos de antes. Nenhum deles escolheriam errado novamente, lutar uns contra outros quando não há nada a se perder. Cato está com a armadura cor de carne, tentava tanto defender-se dos cães mas agora apenas fecou os olhos para, de vez em quando, cerrar os punhos com a dor.

E segurar com mais força a segunda armadura, presa em si por algo que não quis saber o que é. Importa que as lembranças de seu passado estão mutilando mais do que o hálito quente e morto das bestas, mas do que o seu próprio remorso. A "noite" passou e no começo da manhã os bestantes mastigavam uma carcaça podre, deformada que antes foi um vitorioso dos Jogos. E é claro que Katniss não poderia assistir isso por muito tempo. A parede de inexpressão que barrava seu rosto deixou transparecer o que ninguém além daqueles que realmente a conhecessem pudessem ver. Compaixão.

O canhão irrompe o som na arena, e o chão se abre para que cada fera lupina voltasse para seus donos e deixassem que o final acontecesse.

- Então ganhamos, Katniss. - ele diz de forma vazia.

- Viva para nós! - Diz ela, mas não há o prazer de vitória na sua voz. Mesmo depois de certo tempo com o último corpo recolhido, as trombetas da vitória não querem tocar. A mulher olha para os lados em busca de algo que estivesse errado, mas não há nada.

- Hey! O que está acontecendo?

- É, melhor nos afastarmos dele.

- Ok. Acha que pode conseguir chegar até o lago?

- Acho que é melhor tentar - diz Peeta.

Os dois seguem até o lago e servem-se de água, lavam seus machucados, mas nada acontece. Uma música irrompe no telão. Fúnubre, mas com um toque diferente, não apenas frio de despedida, mas o fervor de uma batalha, não é o hino, uma das poucas músicas que ainda existem que não sejam canções de ninar.

- O que eles estão esperando? - diz Peeta fracamente. Entre a perda do torniquete e o esforço de andar até o lago, sua ferida se abriu novamente.

- Eu não sei. Seja o que for, não posso vê-lo perder mais sangue. - Katniss se levanta para encontrar um pedaço de pau, mas quase imediatamente encontra a flecha que ricocheteou na armadura de Cato. A voz de Claudius Templesmith explode na arena.

"Saudações aos finalistas do septuagésimo quarto Jogos Vorazes. A mudança anterior foi revogada. Uma análise mais atenta às regras revelou que apenas um vencedor está autorizado. Boa sorte e que as chances estejam em seu favor.”

O silêncio e os entreolhares são a única forma de contato até que Peeta seja o primeiro a se reuperar. Antes de qualquer outra pessoa. Eu memso estou lutando para puxar o ar, como se levasse um soco no estômago, como se o ar fosse puxado para fora de mim.

- Se você pensar bem, isso não é uma surpresa. - Peeta pega uma faca com A calma, e antes que pudesse olhar para ela uma flecha está em sua mira. Atire, eu penso. Não atire, penso logo em seguida, quando a faca é jogada na água. Katniss abaixa o arco com vergonha estampada no rosto.

- Não! Faça. - Peeta manca e coloca a arma de volta às suas mãos.

- Não posso! Não vou.

- Faça. Antes que eles mandem aqueles mutantes de volta ou algo do tipo. Não quero morrer como Cato.

- Então você atira em mim, você atira em mim e vai para casa e viva com isso. - E ela mesma sabe que a morte agora mesmo seria mais fácil que viver com isso.

- Você sabe que eu não posso. Mas ótimo, vou primeiro, de qualquer forma.

Ele se inclina para baixo e retira sua bandagem, eliminando a barreira final entre seu sangue e a terra.

- Não, você não pode se matar. 

- Katniss... É o que eu quero. Se for para salvar você é o que eu quero.

Eu não peguei mais nada. Novamente, eu me avalio na arena e penso se teria a coragem de fazer algo assim por amor. Não pelo meu amor aos ideais de liberdade que tendo a defender, mas sim a minha vontade de amar após a morte. De assistir Katniss abrir os braços para receber outro enquanto meu espírito não pode tocá-la. Eu não sei se teria coragem.

Pisco com força e encaro o telão. Katniss está com comida na mão, os braços cruzados com os de Peeta como dois cônjuges que bebem de uma taça após o casamento. Assim que as amoras venenosas beijam seus lábios, toca a corneta da vitória.

"Parem! Parem! Damas e cavalheiros, tenho o prazer de apresentar os vencedores da septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes! Katniss Everdeen e Peeta Mellark! Dou-lhes – os tributos do Distrito Doze!”


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Notas finais do capítulo

Eu amei escrever esse cap o A fic está em sua reta final, tenho diversas surpresas para o reencontro.
xoxo, district 7