Era a última noite no Recanto elogo iria começar a festa. Eu não tinha visto direito o José no primeiro dia quando ele e mais alguns jovens padres foram até no Recanto explicar sobre a história do seminário. Nos outros dias eu ia sempre la´pra falar com ele e conversávamos pelas aberturas do muro. José agora me mandava mensagens toda noite. Eu nunca estivera tão feliz nos últimos meses. Também liguei pra minha mãe e lhe contei que tinha visto o José. Ela ficou muito feliz e disse pra eu tomar cuidado pra não levar nenhuma bronca nem meter José em encrencas com os supervisores dele. 

Um dia antes da festa Marília e Letícia me viram voltar do seminário e eu tive que contar a elas o que estava acontecendo. Elas ficaram felizes de ser realmente o seminário do José e até pediram para ir lá vê-lo. Eu lhes disse que não dava. Muita gente ia chamar a atenção. Ela disseram que me entendiam. Parecia.

A essa altura eu não sabia o que sentia pelo José. Eu tinha ficado tanto tempo longe dele que agora parece que eu não gostava dele só como amigo. E eu sentia que ele estava do mesmo jeito. Mas sempre que eu pensava nisso me parecia totalmente errado por ele ser padre e por ser meu amigo!

Marília me disse para investir nele enquanto que Letícia  achava que nós dois combinávamos. A novata ainda achava estranho as duas quererem me ajudar. Eu tentava manter meu jeito de esquisita e fechada, por mais que agora fosse mais difícil por eu estar feliz o tempo todo. Eu gostava daquele estilo e não ia mudar porque sabia que quando fosse embora, ainda seria a mesma coisa entre mim e o José.

Me arrumei mais cedo para ir à festa porque as meninas pediram que eu fosse até la para ajudá-las. A festa ia ser no porão do Chalé. Era um lugar grande. quando cheguei lá percebi que eles tinham colocado uma espécie de passarela no centro de tudo.

- Oi Luana! - era Letícia

- oi, o que é isso?

- Ah, gostou? Foi ideia da marília. É uma passarela de dança. Antes dela tem uma cortina, tá vendo?- ela apontou - depois da cortina tem tipo um camarim com roupas e tal pra trocar durante a festa.

Lá no porão estava escuro e quando meus olhos se acostumaram com a escridão eu pude ver que a passarela estava toda envolta por um grade que ia até o teto como se la dentro fosse um ring de luta.

- Letícia o que é isso?

- Ah, essa grade ja tava ai quando chegamos! Nada de mais não!

Era muito estranho, tudo ali tava estranho. Eu queria sair dali, mas quando me virei dei de cara com Marília.

- Olá Luana! Ei, vem cá! Quero te mostrar uma coisa!

Ela me levou até uma sala que ficava dentro do porão. Todas as amigas dela estavam la se arrumando.

- Toma - me ofereceu um copo de refrigerante - um brinde ao nosso terceiro colegial!

Eu realmente, não sei porque estava com sede. Bebi o refrigerante e quando estava na metade do copo senti um gosto estranho. Cuspi um pouco.

- Isso é...

- Vodka. É sim. Misturado na verdade com um pouquinho de droga. - marília respondeu

- O que?

Mas minha vista se embaçou e tudo ficou escuro. Eu não senti mais minhas pernas e a última coisa que ouvi foi o estouro do copo no chão.