Secret Love escrita por grazidiasss


Capítulo 29
O GALPÃO DA MORTE




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— Interessante.
Foi a unica frase de Klaus antes de um de seus assustadores sorrisos.
Damon soltou minha mão, e, pela primeira vez, ficou sério diante de uma situação séria.
— E o que você esperava?
Klaus levantou as sobrancelhas, sorrio, andou até a cabeceira da cama e se olhou no espelho. Virou sorrindo e tomando um gole de wiski do frasco que pegara do bolso.
— Eu, meu amigo? Eu esperava por uma ótima transa com uma gata que parecia selvagem no meio da multidão.
Damon respirou fundo ao meu lado e colocou a fita no bolso da jaqueta.
— Não, não, amigo. Isso fica comigo.
Klaus deu um pulo rápido, e, como se ninguém soubesse, Damon foi mais rapido e lhe deu um soco na boca.
E por incrível que pareça, Klaus levantou a cabela sorrindo ironicamente.
— Você sempre foi meu Salvatore preferido, Damon. Stefan sempre foi emburrado e sem graça... você fazia piadas, pegava as namoradas dos outros, chegava em casa na hora do almoço. Você sim era alguém que Katherine deveria ter amado...
— Limpe sua boca antes de usar o nome de Katherine, entendeu?!
Foi uma atitude surpresa para mim, e Klaus não pareceu animado. Ele sorriu, mais de um seus sorrisos e mantéu aquele olhar como se nada o abalasse.
— O que você acha que sabe sobre Katherine?
A pergunta de Klaus pegou Damon desprevenido, e era algo que eu também adoraria perguntar. Ninguém sabia tudo sobre Katherine, e ainda assim, as acolheram como se nada mais importasse.
— Tudo que eu sei, é que ela sabia algo sobre você e você a matou por causa disso.
— Ahhh, o irmão do assassino na busca implacável por um culpado. Eu já vi esse filme.
— Stefan não é culpado de nada. — Digo, e pela primeira vez o olhar de Klaus se torna indiferente para mim. E eu fico lisonjeada por conseguir uma emoção dele.
— E o que você sabe? Você é o novo brinquedo de guerra dos Salvatores, tudo o que você acha que é, é exatamente o que não é.
— Você é que deveria fazer essa pergunta para sí mesmo, Klaus. Então o que vai ser? Vai nos deixar sair ou vai nos torturar a mais algumas horas de sarcasmo e perguntas sobre transtornos de personalidade no seu adorável quarto?
Outro barulho na porta. E os dois monstros que andavam com Klaus aparecem.
— Ótima pergunta, Katherine 2.0. Mas nós... eu, você, Damon e meus amigos, iremos á um lugar bem distante daqui. Bons sonhos, queridinha....
E no segundo em que suas mãos brancas rolam por minha vista, um braço forte me segura com força e um liquido amarelo sobre um pano branco preenche minha vista. E então, tudo fica escuro.

Sonhar deveria ser tecnicamente algo bem mais plano. Quero dizer, no sonho tudo pode acontecer. Mas quando as coisas realmente acontecem, você simplesmente acorda.
Minha mente está em um lugar verde e calmo, o sol preenche minha pele em um misto de prazer e felicidade plena. Tenho Damon e Stefan ao meu lado, e estamos encarando a realidade. E aquele momento poderia ser tão intenso, mas, aos poucos, uma cena embaraçada e morta toma conta da minha vista e eu estou de volta para a miserável e triste realidade.
— Elena... ei... — A voz de Damon aos poucos me parece mais humana, um encontro com a desgraça depois da maravilha ensolarada do meu sonho.
— Onde estamos? — Fico surpresa com a rouquidão da minha voz, e como meu corpo parece realmente cansado, mas minha mente está a 100%
— Parece um galpão. Estamos presos.
O balcão escuro fedia a barata e carne podre, o chão estava coberto de lama e fragmentos de vidro cobertos por algumas sacolas. No canto, próximo a janela, uma cadeira de madeira apodrecida estava molhada em sangue e lama, a mesa ficava a alguns centímetros e continha um dvd e uma mini tv.
Uma porta se abriu e a súbita branquidão fez com que fechasse meus olhos, meus sapatos foram tirados e um lençol velho e encardido fora colocado por debaixo de nós. Os dois mesmo homens apareceram e Klaus não estava com eles.
— Eu estou morto, cara. Não aguento mais dirigir. — Disse um deles, jogando uma fita na mesa e duas sacolas. O outro colocou uma maleta e a deixou lá.
— É, a viagem de Mystic Falls até Virginia deve ter cansado, cara.
O outro olho seriamente para o amigo, que fez uma cara feia para si mesmo e nos encarou. Damon bateu no meu braço e eu entendi. Ele nos disse onde estamos, é um começo, não é?
— Você é um completo idiota — Disse o outro e andou até a TV, pegou a fita e colocou. A tela ficou em "Aperte Play" por uns cinco minutos até que ele recebeu uma mensagem.
Ele apertou Play, e então, boom.
A tela me levou até o hospital, na noite em que colocaram o corpo de Katherine desacordado. Ela passara na imagem caída na maca. E então, estava lá, ao lado dela, como um parente preocupada parece estar. Vestido de medico e com seu belo rosto transtornado.
— É o Klaus! — murmurei.
— Sim... é ele...
A fita foi adiantada para sua saída, Rebekah saia a seu lado e ele estava calmo. Nenhum vestígio de sangue, mas, Katherien foi morta asfixiada Minutos depois Rebekah voltou segurando uma jaqueta, meu deus! A jaqueta que matou Katherine, a jaqueta que me incriminou!!
— Rebekah matou Katherine!!!! — Não foi uma frase qualquer, foi um grito. Oco e sem cor, veio de Damon.
— Não, Damon. Olhe novamente. Ela não a matou, só é burra demais para fazer algo que o irmão mandasse. Ele estava tentando incrimina-la, mas Stefan foi primeiro. E então...
— Ele roubou a fita.
Um passo exasperado do fundo do galpão escuro. Uma risada sarcástica, e olhos amedrontadores.
Damon estava puro ódio quando olhou para Klaus.
— Vocês são muito espertos. Deduziram a historia toda sozinhos.
Ele disse, e os outros continuaram calados. Mas algo havia mudado na atmosfera do lugar. Um rosto amargo virou para Klaus e disse:
— Como você pôde, cara? Katherine era nossa amiga. Você jurou que foi Rebekah. Jurou para os seus amigos.
Klaus virou um olhar sério para eles.
— Não me venham com esse papo agora, fiquem queto. Ninguém chamou vocês.
E voltou para nós.
A essa altura do campeonato, eu já havia sentido uma fraquesa. Mas eu precisaria de uma forcinha, e pensei que Damon notaria se eu entregasse seu movimento de aviso de volta. Então bati em seu braço com a ponta do cotovelo.
Acho que ele notou que eu precisava de tempo, porque começou um interrogatório.
— O que ela fez para que a matasse? Ou melhor, qual segredo podre Katherine sabia sobre você que era tão sério a esse ponto?
Klaus deu alguns passos e sentou na cadeira podre da sala, aquela altura, eu só podia acompanhar tudo pelo canto do olho, minhas mãos trabalhavam e a escuridão do lugar ajudava.
Fiz bastante esforço para tentar lembrar como mexer na tela do troço sem acender uma luz, e continuei a prestar atenção na conversa.
— Existe muitas coisas que você morrerá sem saber Damon. Mas se tem algo que eu sentiria um prazer enorme em contar para você é que Katherine adorava esse lugar. Costumava ser seu refugio feliz quando não estava preocupada demais com os irmãos Salvatores. Ela vinha pra cá e... ria... gritava... ela era Katherine Pierce aqui.
— Você está me dizendo que Katherine, KATHERINE, se sentia bem em um lugar desses?
— Não seja estupido, Salvatore. Esse lugar nem sempre foi como é. Aqui costumava ser do jeito dela, até um... pequeno incidente acontecer.
— O que? Você matou alguem na frente dela assim como matou Katherine?
Eu digo, mas foi uma ironia, Klaus ficou serio e então levantou.
— Exatamente.
— O que você está dizendo é que matou pessoas antes de Katherine? — Fora seu amigo quem perguntara, a essa altura do campeonato, Damon também havia notado a fraqueza ali.
— Bred... — Klaus andou em sua direção e o amigo do lado fez um leve movimento — Você iria adorar ficar calado. Quero dizer, troquei, eu iria adorar que você ficasse calado.
Um soco de leve foi jogado no ar por Klaus, o amigo do lado franziu a sobrancelha e então ficou sério. Bred também, um sorriso torto e sem gosto surgiu em seu rosto.
— Digamos que... matar... — Klaus senta-se novamente na cadeira. — Tem sido um adorável hobbie desde... Ei, Damon, você se lembra do lindo cachorro Poppy que teve quando éramos pequenos e corríamos pelo vale? Lembra quando o encontramos morto, sem ar, na aguá do lago do píer? Eu o joguei lá. Lembra quando a vovó morreu afogada na banheira e eu sumi da cidade, eu a joguei lá. Foram tantas e tantas outras... mas, nesse galpão, uma em especial me fez esquecer o desejo de observar alguém perdendo o ar. Uma garota especial, viva. Ela me disse "Você pode me contar tudo" "Eu gosto de você de qualquer jeito" E eu acreditei. Como todos acreditam nela. Como todos que passam um mísero tempo com Katherine se encantam com ela! E ela prometeu que entenderia... — Klaus parou por um momento — Mas não... ela simplesmente foi embora; se foi; nos deixou; fugiu. E voltou tempos depois, e suas ameaças mexiam comigo... e eu... — Ele estava transtornado. Klaus parecia só agora se dar conta de tudo que havia feito. Seus olhos se encheram de lagrimas e ele começou a socar a própria cabeça com força — Eu matei Katherine.
Eu não pude dar atenção a Klaus, naquele momento, Damon estava repetindo "não, não, não" várias vezes, em um tom baixo e triste, e eu observei.
Chorando, ele resmungou:
— Você está dizendo que Katherine nunca nos deixou?! Que ela... ela... ela foi embora porque... meu deus...
— Do que adianta, Salvatore? Katherine nunca amou você.
— Isso não importa. Katherine morreu sem saber que eu a perdoo. Que Stefan a perdoa.
Klaus vai até a mesa e abre a maleta, de lá, ele tira um enorme rolo de esparadrapo e o expõe.
— Eu não posso deixar vocês viverem depois disso.
— E irá nos matar com esparadrapo?
— Você já viu alguém conseguir comer esparadrapo?
Nós vamos morrer engasgados...
De todas as mortes que imaginei em minha mente, essa fora a unica que não havia pensado antes. Quero dizer, não que eu tenha passado parte da minha vida pensando na morte porque nós nunca fazemos isso, a não ser que tenhamos certos distúrbios... ok, eu passei grande parte da minha vida pensando em como ia morrer. Porque já pensei muito em suicídio e sempre fora uma opção para mim, mas eu sempre fui covarde. Eu temia a dor. E agora estava aqui, a um ponto de morrer da pior forma possível. Perdendo o chão, perdendo o ar, desfalecendo em um desesperado bater de corpos. E então a morte. E eu sempre esperei por ela, certo?
Klaus estava a minha frente, os seus olhos pareciam repletos de um sentimento completamente desconhecido. Ele se sentia culpado. Mas ele tinha que fazer aquilo.
— Está tudo bem. — Eu o surpreendo, a tempo de ouvir a voz abafada de Damon "O que?" — Todos nós temos que pagar um preço na vida, certo? Você pode se redimir, Klaus. Você pode pagar pelos seus erros e então viver uma nova vida. Eu acredito em você. Você pode ser normal, basta se esforçar.
E então ele estava lá, da forma que eu o via, indefeso e solitário, magoado e amedrontado. E enquanto eu o encara, ele abaixou lentamente a arma inofensiva e respirou fundo.


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