Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 31
Capítulo 26 - O Confronto Destinado.


Notas iniciais do capítulo

a fic está chegando a reta final, a batalha mais importante de todas está se aproximando e o rumo da guerra está nas mãos dos mortais e os deuses não podem (ou não querem) fazer nada!



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A deusa branca atravessava as areias do deserto de solaris com a leveza do vento direto pro lar do deus do sol, Azgher precisava de ajuda e ela como deusa da paz tinha o dever de socorrê-lo, mesmo que essa ajuda fosse apenas um consolo ou uma mera informação, mas em hipótese alguma ela deixaria seu grande aliado desamparado.

Penetrando no templo solar misturando-se a luz ela não demorou a encontrar o grande deus do sol, para sua surpresa ele estava sem sua mascara e sua face flamejante era visível, ela era a única que não poderia ficar cega ao contemplar a face de Azgher por ela própria ser uma deusa da luz, mas contemplar o rosto de Azgher não era uma novidade pra ela, a novidade era ver lagrimas em seu rosto.

 

- Eu não quero que me veja nesse momento de fraqueza! – disse Azgher cobrindo o rosto com a mascara rapidamente.

- Chorar pelas mortes de seus súditos não é fraqueza – afirmou ela sentando-se ao lado dele.

- Como espera que meus súditos confiem em um deus que chora? Nesse momento eles precisam de força e coragem e não de piedade ou lamento!

- Quando vai entender que essa é uma guerra sem vencedores?! – questionou ela – hoje eles irão vencer, amanhã será você a se vingar e no dia seguinte eles estarão lá de novo pra vingar-se outra vez! Esse ciclo nunca vai ter fim!

- E você espera que eu fique aqui sem fazer nada? – gritou ele em fúria – espera que eu deixe Tenebra dominar esse e todos os mundos com sua escuridão?

- Nunca mencionei nada sobre deixar Tenebra vencer – respondeu ela – mas desafiá-la com batalhas não é a solução!

 

Azgher abrandou sua fúria, odiava demonstrar seu pior lado para a deusa que amava, a deusa que lhe conquistou o coração desde o momento da sagrada criação e que jurou proteger para que nunca precisasse lutar, mas hoje ele apenas luta e deixa Marah cada vez mais triste, as lagrimas da deusa da paz podiam destruir almas mortais tamanha a tristeza contida nelas.

 

- Até mesmo nossa filha está lutando – constatou ela aflita – mesmo a deusa da vida está lutando nessa guerra.

- Lena não está destruindo nenhuma vida! – disse ele para tentar acalmar Marah – ela está no campo de batalha para proteger a vida e apenas destruir a escuridão!

 

Embora alguns estudiosos afirmem que todos os deuses nasceram ao mesmo tempo e que todos são irmãos na verdade eles próprios não afirmam ou negam essa teoria, entre alguns deuses eles se intitulam irmãos de uns, filhos de outros mais velhos ou novos que outros, era incoerente que a deusa da paz pudesse ser mais velha que a deusa da vida se não poderia existir o conceito de paz antes de existir algo que desejasse a paz ou que começasse uma guerra, de onde veio a deusa da humanidade se o ser humano é a raça mais jovem do universo? Entender os deuses era algo impossível pros mortais, talvez nem eles se entendam.

 

- Mesmo que ela ou seus clérigos não matem ninguém ainda assim ela estará contaminando sua pureza, essa guerra tem que acabar!!!

 

Azgher queria por fim a guerra, mas sua condição como deus do sol lhe impedia de sequer cogitar se render a Tenebra, um deus não tem escolha quanto ao seu próprio destino, assim como Marah jamais aceitaria a violência como uma alternativa mesmo que todos aceitem, por isso ela continuaria buscando uma solução pacifica para essa disputa, mesmo que tivesse que se rebaixar, se humilhar ou implorar por piedade.

 

- Se você não está disposto a encerrar esse conflito eu procurarei alguém que possa – avisou Marah antes de desaparecer num facho de luz.

 

**********************************************

 

A cidade do sol queimava enquanto resistia ao avanço do exercito sombrio comandado por Isawa, as criaturas circulavam por toda a cidade e matavam todos que encontravam, as pessoas que se refugiavam em casa ficavam encurraladas e quando tentavam fugir eram dilaceradas assim que pisavam os pés na rua, a vingança da escuridão pela derrota de 17 anos atrás era sem duvida impiedosa e maligna.

Isawa sabia que a escuridão em seu coração estava lhe dominando, muitos a advertiram que quando se usa o poder das trevas esse poder pode influenciar seu coração e mente e leva-la pelo abismo profundo, não era a toa que quase todos os usuários de poderes sombrios era também seres malignos em seu coração e por isso os seguidores da luz tinham uma certa razão em querer extermina-los.

Andando a passos apressados pelos corredores ela foi barrada novamente por mais soldados, essa já era a terceira vez em menos de uma hora, desembainhando sua espada ela já estava pronta pro combate, eram apenas três que tombariam tão rápido quantos os outros.

 

- Venham quando quiserem – convidou ela – ou fujam enquanto podem!

 

Os soldados avançaram contra ela com suas lanças e escudos, num movimento de meia lua ela cortou as pontas das lanças que caíram no chão, os soldados recorreram as espadas que estavam na bainha mas essa foi a brecha que Isawa aproveitou, antes que eles pudessem sacar as espadas ela saltou sobre um deles derrubando-o no chão, o segundo soldado a atacou de cima para baixo mas ela aparou o golpe com o próprio braço que só sofreu um leve corte, antes que lê pudesse fazer um novo movimento Isawa enfiou a espada em sua barriga e o acido começou a lhe corroer as tripas, com isso o soldado caiu morto vomitando sangue e com a barriga espumando e borbulhando.

 

- Seu monstro! Ele era meu irmão! – gritou o terceiro soldado atacando.

- Você ousa falar de família comigo seu desgraçado?! – gritou ela aparando o golpe inimigo com sua própria arma – meus pais foram mortos na guerra passada! Esqueceu?

 

Isawa socou o terceiro soldado e o murro o derrubou, enquanto isso ela se voltou para o primeiro soldado que ainda estava caído no chão com ela pisando sobre ele, Isawa se agachou e olhou bem fundo em seus olhos, ela só via medo e pânico nos olhos do soldado que não devia ser muito mais velha que ela.

 

- Você tem família? – perguntou ela enquanto lhe segurava pelo pescoço.

- Si-sim, mi-minha mãe e minha irmã menor! – respondeu ela suando frio.

- E como você se sentiria se eu as matasse hoje? – ela tinha tanto a voz como um olhar frio.

 

O rapaz não respondeu, ele apenas começou a chorar como se acreditasse que ela estava afirmando que faria isso.

 

- Vá pra casa e fique com elas até o amanhecer – ordenou Isawa – não volte a aparecer na minha frente ou ergue sua espada contra o meu povo!

 

E assim que Isawa saiu de cima dele o rapaz correu como nunca tinha corrido na vida, esteve cara a cara com a morte e somente agora a vida lhe parecia tão importante, dali em diante ele jamais voltaria a empunhar uma arma, já o terceiro soldado que Isawa tinha derrubado com um soco estava se levantando e a encarava ferozmente enquanto alisava o próprio queixo sentido dor.

 

- Você pode ir também – avisou ela.

- Eu não sou um covarde! Eu vou te matar e depois aquele desertor!

 

Ele nem chegou a ver quando Isawa passou por ele e lhe cortou a garganta com as próprias garras, somente quando um jato de sangue foi expelido pela veia cortada é que ele se deu conta que já estava morto.

Isawa não olhou pra trás e prosseguiu, a pessoa que ela procurava ainda não tinha sido encontrada e ela precisava terminar com isso para descobrir s ainda lhe restava algum traço de humanidade, diante de grandes portas do que parecia uma biblioteca ela empurrou as portas e viu muitas pessoas refugiadas na biblioteca, toda ao que pareciam eram meros servos ou escravos, pessoas comuns e até crianças, ao verem a garota de armadura negra todos começaram a berrarem desesperados acreditando que ela estava lá para matá-los.

 

- É melhor que não saiam daí mesmo – disse ela fechando a porta.

 

Isawa não queria os civis inocentes, ela desejava vingança e justiça ao mesmo tempo e matar inocentes não fazia parte do seu plano, mas ela mataria qualquer um que ousasse lutar contra ela ou que fosse uma ameaça ao seu desejo.

Assim que ela se virou viu uma bola de fogo vindo em sua direção, uma magia lançada por um dos poucos clérigos de Azgher que sobreviveram e agora se interpunham entre ela e seu objetivo.

Isawa avançou contra ele com fúria, ela não teria piedade para com os servos de Azgher que destruíram seu lar e lhe tiraram tudo, se dependesse dela a ordem de Azgher seria extinta desse mundo, quando o clérigo tentou conjurar outra magia foi impedido por Isawa que lhe empurrou derrubando-o no chão, ela virou a espada pra baixo afim de crava-la nele quando foi impedida por outra espada que bloqueou a estocada, Isawa olhou para o rosto daquele que lhe impedia de saborear sua vingança e viu um rosto conhecido embora não lembrasse quem ele era.

 

- Você está bem diferente da ultima vez que a vi – comentou Naziah quando a afastou do clérigo caído.

- Você é o namorado da Menefer não é? – Isawa finalmente lembrou-se dele.

 

O rapaz sorriu cordialmente pra ela, Isawa não sabia dizer o que isso significava.

 

- A Menefer está lhe procurando por toda parte – começou ele – ela quer lutar contra você de qualquer jeito!

- É o que eu mais quero também – disse Isawa – nós prometemos uma a outra que teríamos essa luta e finalmente colocaríamos um ponto final nessa historia.

- Eu não permitirei isso, se você a matar eu perderei a mulher que amo – disse Naziah erguendo novamente a espada – e se ela a matar perderá uma amiga de verdade e parte do seu coração.

- Então você pretende me matar para impedir que ela tenha que fazer isso?

- Faço o que for preciso para protegê-la!

 

Naziah a atacou com tudo e se mostrou muito mais habilidoso que todos os outros que ela já enfrentou até agora, Naziah lutava com fúria mas ao mesmo tempo de forma controlada e precisa forçando-a a se defender constantemente quase sem lhe dar chances para revidar, ele já sabia que não teria chances se ela usasse toda a sua força.

Novamente desviando ou bloqueando os ataques Isawa fazia de tudo para derrotá-lo, mas por algum motivo ela não estava lutando tão bem quanto antes, mas enquanto lutava ela percebeu que o que estava limitando sua força era a falta de interesse em matá-lo.

 

- Você parece ser diferente dos outros – comentou ela avaliando o homem a sua frente – você não parece um fanático alienado.

- Eu jamais concordei em atacar os inocentes apenas por causa de suas crenças – revelou ele.

- Eu não tenho mais tempo a perder com você – avisou Isawa – então eu peço desculpas pela grosseria.

 

Isawa transformou-se completamente e a atmosfera ao redor dela mudou completamente, Naziah temeu a verdadeira aparência dela e recuou assustado.

 

- Você pretende lutar como um monstro? – questionou ele – vai abandonar sua natureza humana?

- Eu também odiava isso, acreditava que eu era um monstro por dentro – confessou ela – mas depois que passei a compreender minha origem eu já não me considero um monstro, já vi “humanos” que eram piores que demônios, e quando essa guerra acabar você verá a realidade por trás desse brilho dourado!

 

O pequeno instante que Naziah se questionou sobre o que ela disse foi suficiente para Isawa atacar, ela avançou com incrível força e velocidade e Naziah só teve tempo de se defender do golpe, mas sua espada foi cortada e ele estava indefeso, Isawa o agarrou pelo pescoço e ele caiu de joelhos sentindo que com um mínimo movimento ela poderia lhe quebrar o pescoço tão facilmente quanto o pescoço de uma galinha.

 

- Agora me responda: se eu sou mesmo o monstro que seu povo enxerga porque eu deveria poupar sua vida? – perguntou ela.

- Nunca lhe pedi piedade – respondeu ele – eu vim preparado pra viver ou morrer pelo que eu acredito e pela pessoa que eu amo!

 

Isawa estava pensando sobre o que fazer com Naziah, no fim ela não tinha nenhum motivo em particular para matá-lo, isso só faria dela um monstro real que não demonstra clemência mesmo diante de um adversário derrotado, mas quando ela ia abrir a boca para dizer algo sentiu uma presença atrás de si, virando-se pra confirmar a presença ela viu uma pessoa vestindo uma armadura de couro com algumas placas de ouro sobre ela, um turbante com mascara cobrindo o rosto e uma cimitarra dourada e flamejante na mão direita, mesmo sem ver seu rosto ou ouvir sua voz ela tinha certeza absoluta de se tratar de Menefer, um sorriso maligno se formou no rosto de Isawa.

 

- Que bom que apareceu, eu queria mesmo lhe perguntar umas coisinhas.

 

 

*********************************************

 

 

Marah definia o reino de Tenebra como um poço de desesperança e decadência, na verdade Sombria era muito mais que isso, uma deusa radiante como ela quase nunca pisava os pés nesse reino e como seu próprio reino era um mundo de luz e vida Tenebra também nunca a visitava.

Enquanto percorria os corredores de ossos da torre de Tenebra a pouca luz que seu manto branco ainda emitia iluminava o caminho, normalmente essa luz era mais que suficiente para trazer paz aos corações aflitos, mas nesse mundo a luz só trazia dor e medo, isso porque a luz representava a esperança, mas quando a luz se esvaia toda a esperança se acabava e não existia nada pior do que alimentar uma falsa esperança quando nada podia mudar o destino das almas mergulhadas nas trevas.

Ela parou diante de uma grande porta onde dois esqueletos montavam guarda, a presença de Marah os assustou mas seguindo seu dever eles abriram a porta e anunciaram a chegada da deusa da paz para a pessoa que habitava o quarto.

 

- Eu realmente fiquei muito surpresa quando lady Tenebra me avisou que você viria – disse Kyara enquanto tricotava algo – a quê devo a honra da visita da deusa da paz?

- Eu vim pedir sua ajuda rainha Kyara – disse Marah aproximando-se dela – só você pode impedir que aquele massacre continue!

- Minha filha ainda não terminou? O Zariesk vai ficar furioso se ela não acabar essa guerra em uma noite – Kyara sorriu e continuou a tricotar algo.

- Peça a sua filha para desistir dessa guerra – insistiu Marah – essa batalha insana não levará ninguém a uma vitória e só trará morte e sofrimento.

 

Kyara parou de tricotar e deu uma ultima olhada no suéter que ela fazia para sua filha, tentava terminar o mais rápido possível para dar de presente quando ela fosse coroada nova rainha de Daí-Lung , após guardar seu material de tricô numa caixa ela se voltou para a deusa da paz que ainda aguardava uma resposta.

 

- Poderia me dizer por que devo pedir a minha filha que desista de corrigir a injustiça que se abateu sobre nós?

- Acha que essa guerra vai corrigir essa injustiça? Guerra só traz dor e morte, ninguém lucra com ela e todos perdem, não há nada de bom numa guerra!

- Não posso discordar que guerras são ruins, mas quando você não luta por aquilo que acredita e deseja então sua vontade não significa nada, não se deve tolerar calado tudo de ruim que acontece como você ensina a seus servos!

 

A deusa da paz ensina que nenhum tipo de conflito é bom ou aceitável, para ela e seus servos é melhor sofrer calado do que iniciar um conflito, e se um conflito se inicia o melhor é fugir dele ou não reagir, por que a reação sempre traz uma nova reação por parte do agressor e o conflito se estende infinitamente nesse ciclo de ação e reação.

Talvez seja por isso que a deusa da paz era um dos deuses com o menor contingente de servos no mundo, por que quase ninguém está disposto a colocar a paz acima de tudo.

 

- Quando você aceita que lhe pisem jamais poderá deixar de rastejar – continuou ela – a humilhação continuará pra sempre, você jamais poderá se impor e desejar algo melhor, se você jamais aceita progredir por temer bater de frente contra alguém então o melhor a fazer é morrer de uma vez e deixar o mundo para aqueles que não tem medo de fazer o que for preciso por si mesmo!

- E você espera que caso sua filha vença essa guerra os adversários aceitem a derrota e fiquem quietos? Azgher irá contra-atacar sem duvida!

- E ai estaremos prontos pra isso, não será como da ultima vez! – respondeu Kyara – naquela vez nós só desejávamos viver em paz, mas os servos de Azgher jamais poderiam aceitar algo que divergisse do seu ponto de vista e nos massacraram!

 

A deusa da paz não tinha mais o que falar para tentar convencer Kyara, sua mente divina não aceitaria que uma guerra pudesse resolver algo, ela jamais poderia compreender o que motiva os mortais a lutarem, assim como seu irmão Keen jamais poderia ver um período de paz como algo agradável.

 

- Eu vivi minha vida sem arrependimentos, mas quando me tiraram minha vida eu chorei muito, não por ter morrido, mas porque eu perderia todo o crescimento da minha filha – justificou-se Kyara – eu perdi todos os seus aniversários, perdi todos aqueles momentos em que ela poderia sentar no meu colo pra contar o que aconteceu no seu dia ou para pedir conselhos, eu perdi tudo isso!

- Isso só prova que a guerra só pode trazer dor as pessoas – disse Marah – quem perde a guerra perde tudo!

- Por isso mesmo, quando essa guerra atual acabar os servos de Azgher conhecerão a mesma dor que nosso povo sentiu, se eles forem maduros o suficiente aprenderão a nunca infligir tal dor a alguém, e se não forem o melhor que podemos fazer é apagá-los desse mundo pra que jamais façam de novo o que fizeram a nós, se os causadores do conflito desaparecerem as guerras se acabarão.

 

Marah desistiu de tentar convence-la, era inútil tentar ensinar a paz a alguém que só sofreu com a desgraça da guerra, e como sua própria índole não aceitava discutir com alguém ela preferia se calar do que entrar em atrito com Kyara.

 

- Não precisa ficar assim grande Marah, eu confio em minha filha, você deveria confiar nela também.

 

A deusa apenas acenou com a cabeça e desapareceu, com sua ida a luz que ela emitia desapareceu também e Kyara se sentiu mais confortável para continuar a tricotar, depois de pegar o seu material na caixa ela voltou a tricotar enquanto cantarolava uma canção infantil.

 

 

*********************************************

 

 

A guerra que devastava a cidade era mais assustadora do que Karin imaginava, a primeira coisa que ela pensou quando recuperou a consciência foi em procurar sua irmã e ajuda-la o maximo possível, com essa idéia em mente ela conjurou seu corvo e o fez crescer com sua magia, montando em cima dela ela imediatamente vôo para a cidade e com muita sorte sobrevoava a pirâmide sem complicações maiores, no céu da cidade Vulthar em sua forma gigante lutava contra os grifos e águias gigantes, quando ele avistou a menina foi em direção a ela.

 

- O que está fazendo aqui pirralha? – perguntou ele – aqui não é lugar pra criançinhas!

- Onde está a nee-chan? – perguntou ela.

- Está lá dentro, e você nem pense em ir atrás dela!

 

Uma rajada de flechas cortou o céu na direção deles, Vulthar só teve tempo de usar sua asa como escudo para proteger Karin.

 

- Puta merda! Esses caras não desistem!!

- Eu vou te ajudar senhor Vulthar! – disse Karin conjurando uma magia.

 

Uma nuvem negra se formou em volta deles, essa nuvem seguia os movimentos de Vulthar e lhe dava cobertura contra os ataques a distancia, dentro da nuvem Karin trocou seu corvo por Vulthar e subiu em sua cabeça.

 

- Isawa não quer ajuda pra lutar nessa guerra – avisou Vulthar – ela quer fazer isso sozinha ou jamais poderá se perdoar!

 

E enquanto isso num local bem longe uma figura sinistra observava a destruição, não era a carnificina que lhe alegrava, afinal para ele a força bruta e selvageria era uma estupidez imperdoável, mas o que mais deixava Sszaas satisfeito era que seu plano estava dando certo e no final apenas ele lucraria, dessa guerra apenas ele riria no final.

Dentro da pirâmide Isawa contemplava o olhar aflito de Menefer, os olhos era a única parte visível dela e tais olhos só miravam Naziah que sofria nas garras de Isawa sendo uma criança indefesa diante da força dela.

 

- Você veio aqui para me enfrentar não é? – perguntou Menefer tentando esconder o nervosismo – então venha até aqui.

- Você está morrendo de medo que eu o mate não é? – disse Isawa sorrindo – você realmente o ama muito não é?

- Eu...não sei do que você está falando – respondeu ela desviando o olhar – ele é só mais um soldado do nosso império.

- Então você não se importará se eu fizer isso?

 

Isawa perfurou o ombro de Naziah com sua garra, Menefer deu um grito curto e seus olhos ficaram vidrados no sangue que saia dele.

 

- Escutem bem! Eu tenho algumas perguntas a fazer e quero respostas verdadeiras! – exigiu Isawa – e se por qualquer motivo eu desconfiar que você está mentindo eu farei um ferimento cada vez pior nele!

 

Menefer estava suando frio por baixo do turbante, ela jamais poderia esperar que Isawa fizesse Naziah de refém para um interrogatório, Menefer sabia que devia colocar sua obrigação com o reino acima de um sentimento pessoal, mas ela não conseguia cogitar a idéia de permitir que Isawa matasse Naziah, ele era o homem de sua vida e não desistiria dele por nada.

 

- O que você quer saber? – perguntou Menefer nervosa.

- Quando seu pai deu a ordem para atacar Daí-lung qual foi a justificativa dele?

- Não foi meu pai que deu a ordem, foi o meu avô – respondeu ela – foi a ultima ordem que ele deu em vida, depois que ele tentou chegar a um acordo com sua mãe!

 

Isawa encarou Menefer procurando qualquer sinal de mentira, após certificasse de que ela não mentia continuou a fazer perguntas.

 

- O que você pensa da guerra que destruiu o reino da minha mãe? O que você acha daqueles que devastaram uma cidade inteira matando gente inocente?

- E por acaso o que você está fazendo aqui não é muito pior!? – gritou Menefer – pessoas estão morrendo lá fora tudo por causa de uma vingança idiota!

- Acho que não foi isso que eu perguntei!

 

Isawa pegou a ponta de sua espada e encostou na perna de Naziah que gritou desesperadamente ao sentir o acido lhe corroer a carne, Menefer tirou seu turbante mostrando uma face em agonia.

 

- Pare por favor! – implorou ela – eu era só uma criança quando isso aconteceu, eu não sei o que pensar de uma batalha que eu não vi e só ouvi falar!

 

Isawa afastou a lamina corrosiva da perna do rapaz, o sangue escorria pelo ferimento e Menefer temia que ele acabasse pegando uma infecção ou tivesse uma hemorragia.

 

- Você acredita que foi justo o que vocês fizeram naquele tempo? – continuou Isawa – você acha certo matarem tanto pra levar o que vocês chamam de justiça?

- Eu não aceito o que fizeram naquele tempo – respondeu Menefer – se eu pudesse tentaria evitar aquele massacre!

 

Um novo olhar inquisitivo de Isawa sobre Menefer, parecia que ela sondava a alma da jovem garota celestial que ficava cada vez mais aflita a cada pergunta e a cada resposta, Menefer temia que Isawa não acreditasse nas palavras dela e despejasse sua ira sobre Naziah.

 

- Por que está fazendo isso? – perguntou Naziah ofegante e suando pela dor – o que você ganha com essas respostas?

- Vocês saberão quando eu terminar – explicou ela – agora me diga Menefer: quando você tentou me matar lá na terra você feriu meus avós, você os mataria se eles ficassem no seu caminho?

- Eu não estava atrás deles, eu não queria fazer mal algum a eles – respondeu a garota.

 

O olhar de Isawa mudou de repente para um olhar furioso e então ela puxou Naziah para lhe estrangular, o rapaz se debatia sobre as garras dela enquanto que Menefer gritou em desespero e chorando muito ela se ajoelhou diante de Isawa implorando que ela não matasse o seu amado.

 

- Eu juro que não queria fazer mal a eles! – disse ela desesperada – eu não tinha noção que você não era um monstro como eu acreditava e achava que eles também eram culpados, mas jamais desejei mata-los!

 

O olhar de Isawa suavizou e ela pouco a pouco libertava Naziah, o rapaz estava inconsciente e com o pescoço vermelho com marcas de garras, a respiração de Menefer estava pesada e seus olhos derramavam lagrimas fartas no chão, por dentro Menefer agradecia pela misericórdia de Isawa.

Depois de deixar Naziah no chão Isawa caminhou até Menefer que permanecia ajoelhada no chão, a princesa do deserto estava tão abalada que não encontrava forças pra reagir e chegou a imaginar que morreria ali mesmo, mas Isawa também se ajoelhou diante dela e lhe acariciou o rosto com compaixão.

 

- Você alguma vez me considerou sua amiga de verdade? – perguntou ela com os olhos querendo chorar também – me considerava uma amiga como eu gostava de você?

- Eu nunca pensei em você como minha amiga de verdade – respondeu Menefer apoiando a testa no ombro de Isawa – mas bem fundo na minha alma eu gostava de você como se fosse minha irmã, eu encontrava paz e alegria ao seu lado mesmo quando minha mente tentava me convencer de que você era minha inimiga e que eu só estava fingindo gostar de você!

 

Isawa sorriu para sua amiga e depois de se levantar ela estendeu a mão para Menefer, toda aquela atmosfera maligna que girava em tornou de Isawa se desfez como se toda a escuridão no coração dela tivesse sido dissipada, mesmo transformada completamente em sua forma dracônica Isawa parecia uma garota inocente.

 

- Ainda temos uma luta para terminar – disse Isawa se afastando um pouco da outra – essa guerra precisa ter um fim de qualquer jeito.

- Lutaremos sem arrependimento e sem ódio – continuou Menefer – lutaremos apenas por aquilo que realmente acreditamos e não por aquilo que querem que acreditamos.

 

As duas estavam decididas a por um fim na rivalidade dos dois lados, se encaravam com uma determinação inabalável no olhar e um único desejo: encerrar a guerra de qualquer jeito, essa seria a batalha final entre elas.

 

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, eu acho que estou exagerando nessa fase dark da isawa mas é por uma boa causa (???) e terá um desfecho impressionante!!