Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 27
Capítulo 22 - Laços Inquebráveis


Notas iniciais do capítulo

antes de tudo deixe-me exclarecer o motivo da demora: um virus FDP detonou meu PC e fiquei 4 dias parado, só recentemente que consegui consertar o problema e agora eu to postando.
portanto a fic de naruto vai demorar mais um pouco, até lá divirtam-se com essa^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/21264/chapter/27

Os céus trovejavam com a fúria da tempestade que descarregava no céu, os relâmpagos cortavam as nuvens como uma espada e os trovões rugiam ferozmente, tudo isso no alto da montanha e com varias testemunhas assistindo.

O que as pessoas presenciavam era mais um treinamento noturno de Isawa batalhando contra seu mestre atual Shinmon, aquelas pessoas que decidiram segui-la e que agora serviam na cidade que estava sendo erguida nesse tempo.

Na verdade esse foi o preço que Shinmon cobrou pelos seus serviços, um reino próprio para governar ao lado de suas esposas, a maioria das pessoas concordaram, afinal já testemunharam antes os benefícios de se ter um regente dragão, já o próprio Shinmon se sentia um soberano nessa montanha com centenas de servos a sua disposição.

 

- Você pode ter ficado mais forte pirralha, mas nem que tivesse sangue puro poderia superar a velocidade de um dragão azul!! – Shinmon se gabava enquanto perseguia sua aluna pelos céus.

 

Isawa já estava dominando a capacidade de voar, tudo graças a Fou e Kaoru que lhe ensinaram tanto sobre como se adaptar a essa forma, agora ela conseguia lutar em sua forma completamente transformada sem dificuldades, porém ainda não chegava aos pés do seu mestre Shinmon.

 

- Você ainda se lembra que isso é um treino não é?! – perguntou Isawa enquanto desviava de mais um relâmpago.

- “Pegar leve” não existe pra nós dragões! – respondeu Shinmon disparando raios como uma metralhadora – acostume-se ou morra aqui mesmo!

- ENTÃO VOCE TA TENTANDO ME MATAR MESMO SEU CRETINO?? – perguntou ela desviando dos ataques.

- Esqueça os detalhes e preste atenção nos meus ataques! Eu só estou começando!

 

Em meio aos ataques um relâmpago a acertou, Isawa despencou do céu como um avião abatido e caiu no meio da floresta se chocando contra as arvores.

 

- Vagabundo maldito! – reclamou ela – acho que quebrei algo!

 

Enquanto ela tentava se levantar Daneth apareceu pra ela, parecia muito preocupado com o estado dela.

 

- Você está bem princesa? Não está na hora de fazer uma pausa?

- Só me resta 2 meses, não posso ficar parando a cada vez que me machuco.

- Mas se não repousar não lhe sobrará forças pra treinar adequadamente, é importante também treinar com sua força máxima.

- Ele está certo, vá descansar e depois terminamos isso – disse shinmon se aproximando e pairando no ar.

 

Quando Shinmon disse isso tanto Isawa como Daneth ficaram a encará-lo como se não acreditassem em uma única palavra, por fim eles apenas se entreolharam.

- O que foi? Que cara de bestas são essas que estão fazendo? – perguntou Shinmon sem entender.

- Por acaso eu bati com a cabeça no chão forte demais? – perguntou Isawa para Daneth.

- Não é alucinação sua princesa, eu também ouvi.

- Preferem que eu continue? – perguntou Shinmon irritado apontando o tridente.

 

Antes que mais uma faísca elétrica percorresse o tridente Daneth ajudou Isawa a chegar ao grande templo que era a morada das esposas de Shinmon, precisavam tratar Isawa logo antes que Shinmon decidisse voltar a torturá-la, lá chegando Leila logo se dispôs a curar os ferimentos de Isawa.

 

- Parece que você tem melhorado bastante – comentou Leila – antes você chegava aqui bem acabada.

- Vou aceitar isso como um elogio – disse ela com um meio sorriso.

- Mas eu achei estranho o Shinmon lhe dar um descanso – continuou Daneth – geralmente ele só para de atacá-la quando a senhorita fica inconsciente.

- Isso era antes, agora ele se preocupa com a senhorita – disse Leila sorrindo – ele já a vê como uma afilhada de verdade.

- Então eu estou “só um pouco quebrada” por que ele gosta de mim? – disse Isawa de forma sarcástica.

- É mais ou menos isso – disse Kaliope entrando no recinto.

 

A mulher demônio sempre aparecia de forma misteriosa, ultimamente ela parecia muito entediada como se faltasse algo no seu dia a dia.

 

- Está preocupada com a Karin-chan? – perguntou Isawa.

- Você deixou que ela fosse a um dos lugares mais perigosos desse reino sozinha, claro que estou preocupada!

 

As palavras de Kaliope eram como gelo pra Isawa, ela já tinha se apegado a menina e não gostava de vê-la correr riscos, mas nos últimos dias Karin parecia insatisfeita com algo, como se houvesse uma necessidade não concretizada e então procurou Isawa, fez um pedido e esse pedido foi aceito, Isawa mesmo preocupada confiava na menina para cumprir essa missão.

 

- Eu sei que não foi sensato aceitar o pedido dela Kaliope-san, mas eu precisava fazer isso – respondeu Isawa.

- Você sabe que ela não vai voltar viva! – disse a demônio – não se ela realmente encontrar aquele cara!

- Eu sei disso! Mas eu quero acreditar nela! Quero acreditar que ela voltará sorrindo como sempre e dizendo que conseguiu falar com ele.

 

Nisso Yoriki estava ouvindo tudo num canto, ela não pode deixar de comentar sobre o assunto.

 

- Você deu a ela uma missão suicida, mas se tivesse recusado ela preferiria estar morta – disse a mulher de cabelos rubros antes de sair – ela pediu sua confiança, só lhe resta confiar nela.

 

****************************************

 

 

 Os ventos fortes no meio dessa noite tempestuosa era o que mais assustava Karin em sua viagem, ela estava voando sobre um corvo gigante invocado por ela mesma e rumava em direção as cordilheiras sangrentas, dito ser o pior lugar desse mundo, uma verdadeira filial do inferno, mesmo que agora sua magia negra já fosse consideravelmente forte ela ainda sabia que isso era muito arriscado.

O que ela achava estranho foi ter sido voluntaria pra isso, ela própria procurou Isawa e pediu para que deixasse isso em suas pequenas mãos por que ela queria provar que tinha algum valor, que não era um peso morto que devia ser protegido e cuidado como um animal de estimação, ela queria se sentir necessária a alguém.

 

- Ainda da tempo de voltar – disse uma voz sobrenatural ao lado dela.

 

Karin olhou pro lado onde uma pequena pedra azul flamejante voava sempre próxima, a chama que cobria a pedra também era azul e flutuava a curta distancia da menina.

 

- Sei que posso voltar, Isawa nee-chan ficaria feliz se eu voltasse salva, ela me aceitaria e não me repreenderia por ter ficado com medo e voltado.

- E então? – insistiu a pedra flamejante.

- É justamente por isso que não posso voltar sem ter feito nada por ela – respondeu a menina – nunca poderia encarar a Isawa sorrindo pensando só em minha segurança e conforto, eu tenho que estar disposta a fazer um sacrifício por ela assim como ela faria por mim sem hesitar.

- Essa é uma boa resposta... minha filha.

- Aprendi com ela mamãe, por isso vou seguir em frente sem medo!

 

A pedra azul com quem Karin conversava era a mesma composta pelos restos mortais de sua mãe que amaldiçoada reviveu como um espírito sinistro e destruidor que queria proteger sua filha, foi Isawa que conseguiu fazer o espírito dela descansar em paz prometendo cuidar de Karin como se fosse sua irmã, promessa que ela cumpre não só por obrigação como por desejo próprio.

Recentemente Karin aprendeu a magia negra capaz de trazer uma parcela de um espírito e prende-lo nesse mundo através de algo que fosse significante pra ele, nesse caso a jóia serviu perfeitamente, Sansara apesar de ser apenas um espírito ficou satisfeita em poder acompanhar sua filha e observar seu crescimento, Karin ficou mais satisfeita ainda por ter sido capaz de trazer parte do espírito de sua mãe de volta, foi quase como se ela estivesse agradecendo a Isawa a oportunidade de chegar tão longe.

Enquanto pensava em tudo isso ela checava o mapa que recebera e olhava ao redor buscando as indicações, a partir dos pontos de referencia ela encontrou as cordilheiras que procurava e ordenou ao seu corvo que voasse naquela direção.

Definitivamente o local era extremamente perigoso, mesmo do alto ela podia ver grandes feras no chão se estraçalhando em batalhas sangrentas, no céu alguns dragões menores voavam e lutavam entre si, era como essa região fosse a materialização do instinto destruidor e tirânico presente no coração das bestas, sentindo que estava em perigo voando a céu aberto ela decidiu seguir o resto do caminho pelo chão.

 

- A partir daqui eu vou a pé karasu-chan – disse Karin para seu corvo gigante.

 

O corvo foi invocado por ela e se tornou seu animal de estimação, quando Karin perguntou a Isawa sobre um bom nome pra ele ela sugeriu esse que foi prontamente aceito pela pequena feiticeira, depois de um granar da ave Karin usou sua magia pra enviar o corvo de volta para o reino de Tenebra de onde ele foi invocado, agora ela seguia a pé tendo apenas a companhia de sua mãe Sansara em forma de espírito.

 

- Você deve tomar muito cuidado Karin – pediu ela – mesmo aqui nessas fendas existem muitos monstros perigosos e “ele” não vai recebê-la de braços abertos.

- Eu sei disso mãe, mas eu tenho que fazer isso pelo bem da nee-chan.

- Se você está decidida siga em frente – disse a jóia flamejante.

 

Karin seguiu em frente por entre as fendas e trilhas naturais somente contando com seu bastão de fogo, seu manto negro que lhe permitia ficar invisível por um curto período de tempo e sua magia negra, somente com isso ela procurava um dos seres mais perigosos do mundo cuja a própria Kyara ou Zariesk não podiam enfrentar, ela teria que contar com a sorte ou quem sabe a proteção dos deuses pra voltar com vida.

Depois de um tempo andando pelas fendas Karin ouviu um som de algo se aproximando, escondendo-se atrás de uma grande pedra ela ficou a observar o que espreitava na curva: um grande réptil de 6 patas com olhos amarelos e brilhantes.

 

- Aquilo é um basilisco – informou Sansara – esse monstro transforma suas vitimas em pedra com seus olhos, você deve evitá-lo de qualquer maneira.

- E como vou passar por ele? Ele está bloqueando o caminho completamente!

- Vou distraí-lo, como sou um espírito sem corpo seu olhar petrificante não me fará mal, você use alguma magia que aprendeu e passe por ele.

 

Dito isto a jóia azul flamejante vôo até o basilisco dançando no ar a sua frente chamando atenção da fera, o basilisco tentou abocanhar a jóia que se esquivava e atraia sua atenção em uma direção oposta onde Karin estava, aproveitando a distração do monstro Karin usou uma magia que lhe dava a habilidade de escalar superfícies solidas, com essa magia ela subiu pelo paredão evitando a vista de fera e atravessando rapidamente o obstáculo, quando Karin já estava a salva Sansara fugiu do basilisco e se encontrou com sua filha.

 

- Muito bem querida – elogiou Sansara – você aprendeu bem a magia negra, estou orgulhosa de você.

- Quando eu voltar vou contar tudo pra senhora Kaliope, ela vai adorar saber de tudo!

 

A empolgação de Karin parecia ter afastado o medo, ela estava mais confiante e segura de que conseguiria completar a missão, seguindo em frente a jovem continuou procurando o esconderijo “dele”, mas os perigos da cordilheira sangrenta nunca cessavam e ela se deparou com mais um monstro terrível, uma nova criatura reptiliana com varias patas curtas e um corpo longo como de uma serpente só que dessa vez era muito maior, mais esperto e perigoso.

A fera azul abriu sua bocarra e dela saiu um relâmpago crepitante que só não atingiu Karin devido a barreira mágica que ela fez num momento de desespero, a explosão que se deu pelo choque das duas forças jogou-a longe.

 

- Essa criatura é um Behir, ele tem parentesco com os dragões e é quase tão forte quanto um – avisou Sansara.

Mas a menina mal tinha tempo de ouvir explicações, a criatura começou a procurar por ela, o Behir se movia igual a uma serpente e olhava em todos os cantos, e diferente do basilisco ele era inteligente, ao avistar Karin fugindo por outro canto tratou de persegui-la rapidamente, a feiticeira viu que não teria outra escolha alem de lutar.

 

- Bastão de fogo! Traga as chamas do céu! – ela conjurou a magia.

 

Erguendo seu bastão pra cima começou a chover fogo do céu, as chamas atingiam tudo exceto Karin mas o Behir se abrigou embaixo de uma grande pedra curvada pra não sofrer nenhum dano.

 

- Você não pode enfrentá-lo filha! O melhor a fazer é fugir!

- Não posso fugir! Se eu não puder lutar contra esse monstro jamais serei capaz de seguir até o final.

 

Karin estava decidida a enfrentar o Behir de qualquer jeito, a fera percebeu que não estava diante de uma presa indefesa e se tornou mais cautelosa avançando devagar, serpenteando em frente a menina que ficava com a mão em frente ao rosto como se aguardasse algo, concentrando sua magia na mão ela estava pronta pra lutar.

O Behir não estava disposto a se arriscar, ele concentrou uma nova rajada elétrica na boca e disparou contra Karin, mas esta apontou a mão para frente e uma massa negra se formou, a massa negra absorveu o relâmpago e começou a se contorcer, de repente a massa negra se transformou num relâmpago negro e Karin disparou contra o Behir que recebeu a explosão de frente, a fera tombou logo em seguida.

 

- Eu consegui! – comemorou a jovem – eu realmente consegui!!!

 

Ela saltitava de um lado pro outro, apesar de estar mais madura que antes ela ainda era uma criança inocente, mas sua alegria desapareceu quando o Behir com dificuldades se levantou.

 

- Preste atenção no inimigo Karin! – gritou Sansara – ele ainda está vivo!

 

Karin praguejou sua má sorte em não ter abatido o monstro com um golpe, levando em conta que aquela era sua melhor magia e dependia de um ataque inimigo ela sabia que não poderia fazer nada, mas o Behir não sabia desses detalhes e com medo de um novo ataque recuou para dentro de uma caverna.

 

- Ele era esperto mas nem tanto – brincou Sansara.

- mamãe!

- Desculpe filhinha, mas você tem que concordar que dessa você não passava!

 

A menina não sabia se estava mais frustrada por sua mãe dizer isso ou se por isso ser a mais pura verdade, inconformada ela apenas seguiu em frente.

 

 

***************************************************

 

Bem longe das cordilheiras sangrentas mesmo durante a noite um exército marchava orgulhoso pelos campos e planícies, um exército de 5000 guerreiros de diversas regiões de Houran e além, um exercito com cavalaria, lanceiros, arqueiros, magos de combate, clérigos das mais variadas divindades e até mesmo criaturas sobrenaturais invocadas, e esse exército ainda não estava completo, faltava muito mais.

Cavalgando a frente desse exército estava a princesa Menefer e sua comitiva, ela estava mais orgulhosa do que nunca e sua fé inabalável, de sua terra natal recebeu a noticia que mais 2000 soldados estariam sendo enviados para se juntar a linha de frente e combater as forças inimigas que se uniam em nome de Tenebra, ela sentia que podiam vencer e trazer a luz de volta para esse continente.

 

- Você está sorrindo mais que o normal – comentou Naziah ao lado de sua namorada – o que te deixa tão feliz?

- Esse exército se formou da vontade das pessoas em lutar pelo que acreditam, pessoas que rejeitam as trevas que dominaram esse país por um século – ela suspirou fundo antes de continuar – mesmo com todas as disputas internas essas pessoas se uniram por um bem maior, não acha isso incrível?

- Com certeza é algo incrível e maravilhoso – respondeu ele sorrindo – e você foi a responsável.

 

Menefer ficou encabulada, ninguém discordava que foram os argumentos da princesa que conquistaram a confiança dos regentes e nobres desse reino, por onde ela passava conseguia aliados para a guerra e para o futuro depois dela.

 

- Eu... só cumpri meu dever, nada mais que isso – respondeu ela rubra.

- Você foi além do seu dever minha princesa – disse ele cavalgando emparelhado a ela – você trouxe uma solução para um problema que afeta a todos, uniu nossos povos e conquistou de vez a confiança daqueles que não acreditavam em nós.

 

Não faltava muito para que o povo do deserto fosse aceito nesse continente integralmente, desde tempos remotos eles eram excluídos e confinados a sua terra natal em meio ao deserto, Menefer tinha orgulho de poder abrir as portas entre os dois reinos.

 

- E o melhor de tudo é que seu pai está mais do que satisfeito com você – continuou ele – ele nunca esteve tão orgulhoso da filha como está agora.

- Eu só queria que não precisássemos de uma guerra pra que ele me reconhecesse – disse ela triste – mas eu entendo que uma princesa deve demonstrar seu valor perante seu povo.

- E qual é seu valor princesa Menefer? – perguntou uma voz suave vinda das trevas.

 

Um vento gélido percorreu a planície por onde o exército marchava, um vento frio de puro medo e morte que gelou as almas dos anteriormente orgulhosos soldados, todos exceto aqueles que serviam Azgher tremeram de medo e desesperança, e quando a figura sensual porém sinistra de Tenebra se materializou a frente deles os mais fracos tiraram as próprias vidas ao serem engolidos pelo desespero.

 

- O que deseja de nós rainha da escuridão? – perguntou Menefer tomando a dianteira e se aproximando de sua inimiga.

- Belo exército você tem ai – comentou Tenebra sarcástica ao ver um jovem soldado cortar a própria garganta em desespero.

 

Menefer olhou pra trás e viu a maioria dos seus soldados em frangalhos, mas ela como líder tinha que sustentar a firmeza mesmo diante da fonte de toda a escuridão.

 

- Vocês estão marchando para a cidade próxima daqui – começou Tenebra com sua voz melodiosa – mas será em vão continuar esse caminho.

- Até que o dia da grande batalha chegue eu me recusarei a permitir que uma única cidade fique sobre seu domínio! – afirmou a princesa convicta.

 

Tenebra gargalhou ao ouvir isso e mais 5 soldados se mataram, o restante recuou para não ter que sofrer ouvindo aquela risada sinistra, os mais fortes sentiam mais orgulho ainda de sua princesa por ela não se abalar com o poder maligno de Tenebra.

 

- Creio que a população local tenha uma opinião diferente da sua princesa – respondeu Tenebra – mas se está disposta siga em frente, as trevas acolherão vocês com os braços abertos!

 

Antes que menefer pudesse dizer ou fazer algo 50 soldados avançaram contra Tenebra furiosos e dispostos a distruí-la mesmo ao custo de suas vidas, a princesa atônita só conseguiu observar sem reação nenhuma o que aconteceu a seguir.

Os soldados jamais tiveram chance alguma de sequer tocar em Tenebra, antes que eles a alcançassem uma enorme sombra se materializou atrás dela, uma sombra que mais de 10m de altura e carregando uma foice proporcionalmente gigante, a sombra parecia o próprio deus da morte usando um manto escondendo tudo no seu interior que parecia vazio, ninguém escapou quando a sombra moveu sua foice acertando a todos num único movimento, impressionantemente os corpos permaneceram intactos e em pé, mas quando a sombra parou de mover a foice uma aura cinza envolvia a lamina e dava pra ver as almas dos soldados presas em seu interior,aquela criatura ceifara a alma deles.

 

- Todos você recuem! – gritou Naziah tentando controlar a situação antes que tudo piorasse – abaixem suas armas e recuem agora!!

 

Menefer não conseguia dizer nada, ela estava abismada com a criatura monstruosa a sua frente e com o fato que os corpos dos soldados sem almas voltaram a se mover, dessa vez sobre o comando de Tenebra.

 

- Obrigada por me emprestá-los – zombou Tenebra – meu ceifador noturno precisava mesmo de ajudantes.

- Você invocou um andarilho noturno nesse mundo? Isso é estritamente proibido! – gritou Menefer furiosa.

- Eu não o invoquei pequena princesa – respondeu a deusa da noite – foram os habitantes daquela cidade, eles gentilmente fizeram sacrifícios em meu nome e eu os recompensei com um guardião a altura do amor deles por mim.

 

O andarilho noturno era possivelmente a cria da escuridão mais perigosa do mundo, uma massa de escuridão consciente e maligna com forma humanóide gigante, um ser que suga a vida de tudo por onde passa e seu simples toque pode arrancar a alma das pessoas, era um demônio sombrio que não podia ser combatido com força e só magias poderosas podiam afeta-lo, um verdadeiro pesadelo vivo, e como se não bastasse esse era ainda mais forte já que fora criado com o sacrifício de inocentes e agora era um ceifador noturno.

- Você é mesmo um demônio! Corrompeu as pessoas daquela cidade para ter uma vantagem na guerra, já não basta as milhares de aberrações que criou nesse quase um ano?

- Agradeço seus elogios mas não mereço credito por isso querida – disse Tenebra zombeteira – foi o Sszzas que persuadiu o povo a me adorar e fazer sacrifícios por mim, ele gentilmente mostrou os benefícios de se ter uma deusa como eu protegendo-os pela eternidade.

 

A fúria de Menefer diante disso era visível enquanto ela torcia as rédeas de sua montaria, Naziah temendo que ela fizesse alguma besteira logo tratou de ficar ao lado dela.

 

- Não dê atenção a ela minha princesa – pediu ele tocando o ombro dela – Tenebra só está esperando uma chance de matá-la.

- Eu adoraria ter esse prazer meu jovem, mas esse é um direito reservado para minha pequena Isawa, ela se encarregará disso.

 

Tenebra e o ceifador noturno desapareceram num turbilhão de escuridão, quando ela se foi a presença sufocante que esmagava a vontade e a coragem do exército foi aliviada e eles puderam contabilizar o estrago: incluindo aqueles que atacaram Tenebra no total sofreram 112 baixas.

 

- O que vamos fazer princesa? Seguiremos em frente? – perguntou um dos oficiais ainda suando com a pressão.

- Não há razão alguma para prosseguir e nos arriscamos em vão – respondeu ela suspirando fundo – vamos montar acampamento aqui e só prosseguiremos durante o dia.

 

Todos os soldados esboçaram o quanto estavam felizes com essa decisão, se o que Tenebra disse for verdade a recepção que eles teriam seria a pior possível.

 

- Será que Isawa está seguindo a vontade de Tenebra ou estará agindo segundo sua vontade? – Menefer perguntava a si mesma e não encontrava resposta alguma.

 

 

********************************************************

 

 

Karin agradeceu a todos os deuses por finalmente ter chegado ao local que desejava sem maiores problemas, e ao mesmo tempo amaldiçoava o dia que teve essa “brilhante” idéia de ir até a cordilheira sangrenta, de fato se ela voltasse viva nunca mais iria querer sair de casa.

Seu pensamento ficou ainda mais inconstante quando chegou a entrada da montanha e viu a decoração exótica da entrada: centenas de crânios humanos e semi humanos espalhados pelo chão ou enfiados na parede, alguns crânios ainda tinham restos de carne como se tivessem sido arrancados a pouco tempo.

 

- Agora que chegou aqui não pode desistir – disse Sansara – você está a um passo de terminar o que veio fazer.

- Eu sei mamãe, só estou tentando fazer minhas pernas me obedecerem.

A menina e o espírito de sua mãe riram juntas, era melhor fazer piadas do que entrar em desespero, com sua coragem reunida Karin entrou naquele recinto maligno e prosseguiu pelo seu interior que fedia a carniça, enquanto andava ela sentia claramente que estava sendo observada, mas como a essa altura já seria impossível fugir ela só tinha a opção de continuar em frente, e quando finalmente chegou ao fundo da caverna ela sentiu que morreria de qualquer forma.

O lugar estava repleto dos mais variados monstros possíveis, todos encarando a jovem menina que adentrara seus domínios como se fosse uma pizza encomendada, alguns deles já brigavam pra ver quem tiraria o primeiro pedaço, mas quando um som foi ouvido vindo de outra entrada as criaturas recuaram, uma horda de pequenos escorpiões anunciaram a chegada do anfitrião monstruoso.

 

- É a primeira vez que a comida vem até nós por conta própria! – disse uma voz monstruosa ecoando na escuridão – então vamos mostrar nossa educação e modos a mesa!

 

O monstro supremo se mostrou depois de emergir da escuridão, uma criatura que lembrava um escorpião negro gigante, mas o que mais lhe assustava era que no lugar onde deveria ficar a cabeça do escorpião emergia um tronco humano ligado ao escorpião pela cintura, se um centauro era a mistura de homem e cavalo esse ser era idêntico no que se referia a idéia básica, sua parte “humana” era musculosa e distorcida, sua face era demoníaca e ele carregava uma lança assustadora, as pinças de escorpião batiam como tesouras afiadas e ele se movia de uma forma desengonçada porém ágil em direção a sua presa.

 

- vo-vo-voce é Dislik? – perguntou Karin gaguejando – pod-po-poderia me ouvir só um pouco?

- Você teve muito trabalho pra chegar aqui, ou você veio cometer o suicídio mais incrível da historia ou então tem um assunto muito importante a tratar – comentou ele demonstrando uma falsa compreensão – você tem 5 minutos antes que eu a devore, se bem que nem sei contar, ou será que sei?

 

Dislik era o sumo-sacerdote do deus dos monstros Megalokk, era considerado a criatura mais perigosa desse mundo, tanto pelo seu poder que era gigantesco quanto por sua selvageria e monstruosidade, mas o que mais assustava nele além disso tudo é que ele conseguia ser racional e inteligente mesmo quando agia como uma besta, uma terrível combinação de força, poder mágico e inteligência.

Ele era o monstro que governava a cordilheira sangrenta e muitas vezes sobre suas ordens vários monstros atacaram Houran, Kyara não era capaz de combatê-lo mas devido as restrições que os monstros sofrem ela conseguia proteger seu reino com a ajuda de Tenebra.

 

- Eu venho em nome da herdeira do trono de Houran, aquele reino que faz fronteira com a cordilheira – começou ela tentando se manter firme.

- Seus títulos e fronteiras não significam nada pra mim sabia? – Dislik se moveu pra mais perto dela de forma ameaçadora.

- e-ee-ela quer negociar com vocês! – continuou ela tremendo – a princesa Isawa aceitar negociar em troca da ajuda de vocês na guerra.

Todos os monstros presentes começaram a urrar de forma violenta e descontrolada, aquelas que tinham forma humanóide riam alto e batiam suas armas contra o chão, Dislik com sua pinça de escorpião agarrou a pequena menina, ele parecia bem irritado.

 

- É muita ousadia sua e dessa princesa procurar ajuda das crias de Megalokk pra lutar numa guerra entre humanos!! – Dislik a aproximou de sua face deformada – eu vou te devorar bem lentamente pra que possa gritar muito!

- Espere um pouco! – pediu Sansara voando até perto de Dislik.

 

Só agora o homem escorpião reparou na pequena pedra azul flamejante que voava chamando sua atenção.

 

- Quais são os desejos do seu deus Megalokk? – perguntou Sansara tentando ganhar tempo.

- Varrer as raças inferiores desse mundo e dominar tudo ao seu alcance – respondeu ele orgulhoso – só os monstros mais poderosos tem o direito de governar!

- Então nos ajudar nessa guerra só trará benefícios a vocês – continuou ela - ouça a proposta primeiro e decida se vale a pena ou não.

- E se eu não gostar de sua proposta? – perguntou ele interessado.

- Então eu me oferecerei ao seu deus como um sacrifício – respondeu Karin de forma corajosa.

 

Um sacrifício voluntario tinha um valor enorme para uma divindade e seus servos, tal ato fornecia um poder extra para a divindade que recebia a alma e este recompensava seu servo com mais poderes.

 

- Se é assim então Megalokk não reclamará disso – respondeu Dislik sorrindo de forma maligna – vamos ouvir sua proposta.

 

Ele largou Karin no chão, a menina se recompôs do susto e agradeceu internamente que sua mãe interviu a seu favor, e depois de fazer uma rápida prece a Tenebra continuou seu trabalho diplomático rezando pra que Dislik não a matasse assim mesmo.

 

- A princesa Isawa pede a sua ajuda para vencer a guerra contra Azgher, se vencermos a guerra ela promete ceder uma boa faixa de terras para que você e seus súditos governem e possam idolatrar seu deus a vontade.

- E de quanto estamos falando? – perguntou ele interessado.

- Todas as terras que fazem fronteira com a cordilheira sangrenta – respondeu Sansara – e isso inclui as cidades dentro desse espaço, vocês serão soberanos lá desde que não ousem invadir o reino além desse território.

 

As terras que estavam sendo oferecidas eram ocupadas por povos que se recusaram a ajudar Kyara e conseqüentemente Isawa, terras muito férteis e produtivas que enriqueciam seus donos e ainda por cima por ficarem próximas as montanhas fornecia inúmeras minas de metais e jóias, os governantes dessas cidades apoiados pelo povo egoísta e ganancioso se aliaram aos inimigos de Isawa para conservarem seu status e lucro pessoal, portanto para Isawa perder esse território não chega a ser prejuízo.

 

- É uma boa oferta, mas o que nos impediria de tomá-las por conta própria? – perguntou Dislik desafiadoramente – Megalokk proclama que nunca devemos negociar com humanos e ceder a eles.

- Se preferir pense dessa forma: você está usando a guerra entre humanos para tornar seu povo mais poderoso – respondeu Karin sorrindo – se a princesa oferecer essas terras como tributo ao seu deus ninguém poderá contestar.

 

Um perigoso jogo estava sendo travado ali, Dislik não é o sumo-sacerdote de Megalokk apenas por ser poderoso, ele também era muito esperto e sagaz, caso a negociação não estivesse a seu favor ele perceberia.

 

- Vocês lucrarão de qualquer forma – continuou Sansara – se perdemos a guerra seu deus pode ficar com a alma de Isawa como compensação pelos “prejuízos”.

 

As outras criaturas ficaram em silencio, um silencio que não era comum com tantas aberrações monstruosas reunidas, Dislik encarava a menina a sua frente como se estivesse avaliando o peso dessa proposta, embora seu deus odiasse demonstrações de civilização entre suas criações essa proposta era uma oportunidade que nem mesmo ele desperdiçaria.

 

- Diga a sua princesa que aceito o acordo, lutaremos ao lado dela nessa guerra.

 

A menina teve vontade pular de alegria e gritar de emoção, mas desistiu da idéia quando as criaturas presentes se agitaram novamente, ela se curvou para Dislik em agradecimento.

 

- Mas antes de você ir embora...

 

Dislik com sua cauda de escorpião picou a menina no ventre, imediatamente o veneno lhe penetrou e seu corpo começou a arder e se contorcer em espasmos terríveis, Sansara nada podia fazer além de gritar pela filha.

 

- Entenda que preciso manter minha reputação de selvagem e impiedoso – começou ele vendo a menina vomitar sangue – afinal como eu poderia encarar o grande Megalokk se eu deixasse uma criancinha negociar comigo e sair impune?

- Ela já morreu meu senhor – avisou um pequeno demônio que checou o corpo dela.

- Tão rápido? Nem durou um minuto!

- Seu monstro desgraçado!! – gritou Sansara perto do rosto dele.

- Alguém mande essa peste de volta pra sua dona – reclamou ele – e avisem a princesa que aceitamos o acordo.

 

Um dos muitos monstros presentes pegou o cadáver de Karin e saiu voando por uma abertura no teto, Sansara flutuou atrás da filha, ao que tudo indicava ele sabia onde encontrar Isawa e foi direto até ela.

 

 

**********************************************

 

 

Um dia depois Karin abriu seus olhos, estava deitada numa cama de um quarto branco familiar, era o mesmo quarto que ela ocupava no grandioso templo de Shinmon, a familiaridade a assustou ao ponto dela levantar subitamente, sentindo seu corpo doer por inteiro ela voltou a deitar, foi quando reparou que não estava sozinha.

 

- Bem vinda de volta ao mundo dos vivos – disse Kaliope sorridente.

- Eu... não estava morta? – perguntou a menina confusa.

- Estava sim, mas Tenebra gentilmente ressuscitou você depois que Isawa lhe implorou com todas as forças, não sei o que elas combinaram mas Tenebra aceitou.

- A nee-chan fez isso por mim?

- Claro que eu faria! – disse Isawa entrando no quarto – que espécie de irmã eu seria se não fizesse um esforço pra reviver minha pequena irmã pentelha?

 

Isawa correu para abraçar Karin que foi aconchegada em seus braços, a pedra azul que representava sua mãe também entrou no quarto flutuando lentamente como se observasse a filha gentilmente.

- Você esteve morta por um dia inteiro, deve estar com fome.

 

A forma como ela falou isso fez todos rirem, Isawa quase teve um ataque quando aquele demônio trouxe o cadáver de Karin pra montanha, ele até tinha devorado algumas partes dela no caminho (um pequeno lanche segundo ele), depois que Isawa ouviu que a proposta foi aceita ela tratou de matá-lo em resposta pra Dislik e implorou ajuda a Tenebra, foram 24 horas de vigília e angustia enquanto Karin ressuscitava.

 

- Vou lhe dizer uma coisa nee-chan: morrer é ruim demais! – brincou ela.

- Ta bom, vou tentar não morrer muito daqui pra frente! – respondeu ela se divertindo.

- Eu trouxe uma sopa pra pequena Karin – disse Otsunia trazendo um prato cheio.

 

A noiva de Daneth que agora também morava com os outros aceitou de bom grado toda essa situação, agora ela e Daneth estavam de casamento marcado para depois da guerra.

 

- Muito obrigada por tudo que fez por mim irmãzinha – agradeceu Isawa acariciando a face dela – mas eu continuaria te amando mesmo que não tivesse conseguido.

- Mas é por isso mesmo que eu tinha que conseguir – continuou ela devorando a sopa – ser amada incondicionalmente sem poder retribuir dói muito.

- Parece que minha filha cresceu muito nesse um ano – comemorou Sansara.

- Coma o quanto quiser e depois descanse – pediu Isawa – mais tarde você vai me ajudar com o treinamento de magia.

- Treinamento de magia? – perguntou ela espantada.

- Claro, disseram que tenho capacidade de usar magias, por isso vou treinar muito a partir de agora, e vai ser mais fácil se treinamos juntas!

 

Todos saíram do quarto pra que Karin pudesse descansar em paz, ela por outro lado estava radiante de alegria por se sentir tão necessária pra sua irmã, Karin não tinha medo de morrer por ela sabendo que isawa faria o mesmo, mas acima de tudo desejava continuar viva ao lado dela.

 

 

Continua.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

acho que fica facil de saber de quem vai ser a proxima historia^^
a guerra está perigosamete proxima!