Entre a Luz e a Escuridão escrita por zariesk


Capítulo 19
Capítulo 16 - Justiça ou Vingança.


Notas iniciais do capítulo

acho que esse cap não está tão bom quanto os outros, mas definitivamente o proximo será melhor.



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Uma das coisas que o deus serpente mais gostava era conferir pessoalmente o resultado de algum plano arquitetado por ele, nada lhe dava mais prazer que conferir de perto o desespero de suas vitimas, o estrago que suas estratégias faziam e principalmente ver uma alma mergulhando na escuridão.

Nesse momento observando das sombras o foco de sua atenção era a jovem Isawa, aquela que por um breve momento abandonou sua humanidade e se entregou a uma fúria diabólica contra quem lhe fez mal.

 

- “E Tenebra achando que eu não conseguiria” – pensou Sszzas se gabando.

 

O deus da corrupção estava tão entretido que quase não notou quando Keen surgiu ao seu lado.

 

- Eu desconfiei que foi você o responsável – disse o deus da guerra – você guiou os ex-soldados de Azgher até aqui não foi?

- Eles pediram informações a um “sábio” que estava disponível na fronteira – revelou o deus serpente – eu apenas disse a verdade.

- Tenebra ficará furiosa quando souber disso, ela ama seus anões como filhos de verdade.

- Pequenos sacrifícios pelo bem do nosso plano, Isawa não guerreará contra as outras nações a menos que odeie seus inimigos, e eu estou cuidando pra que esse ódio cresça.

 

O deus da guerra mais do que ninguém sabia que o ódio era o principal instrumento da guerra, nada motiva mais uma pessoa ou mesmo nações inteiras a mergulhar de cabeça num conflito do que o ódio pelo inimigo.

 

- Por que tanto interesse em obter a alma dessa menina? Ela nem vale tanto assim já que corromper uma alma só tem valor quando ela é pura!

- Não é pelo valor que essa alma tem – revelou Sszzas – almas como a dela eu obtenho quase todos os dias, faço isso por que Tenebra disse que sua menina não sucumbiria a minha corrupção.

- E isso é uma ofensa a você não é? – brincou Keen – o deus da corrupção em pessoa não conseguir corromper uma alma seria uma vergonha e tanto!

- Vergonha seria o deus da guerra não conseguir fazer uma menina começar uma briga contra um país – rebateu Sszzas – sem minha ajuda ela poderia estar pensando em fazer uma trégua com Azgher.

 

Sszzas desapareceu deixando pra trás um deus da guerra extremamente furioso, e quando o ódio de Keen crescia a fúria dos mortais envolvidos em batalhas também crescia, nesse momento muitos jovens anões desejavam vingança por seus entes queridos mortos.

 

******************************************************

 

Isawa descansava em seu quarto depois da ultima luta, ainda estava em sua forma draconica perfeita com asas, cauda, chifres e escamas, seu ódio já havia passado mas continuava transformada, deitada na cama enrolada com suas próprias asas ela pensava em como foi prazeroso esquartejar seus inimigos, e se arrependia por isso.

 

- Você gostou do que viu pai? – perguntou ela olhando a gema vermelha incrustada na espada – ou você queria ter participado?

 

Ela sentiu sua armadura se apertando um pouco, talvez fosse uma resposta ou somente um abraço.

Sentindo um cheiro familiar ela se apertou mais em suas asas, seus sentidos também estavam mais apurados e ela reconhecia quem vinha lhe visitar.

 

- Você fica muito bonita assim – disse Fou ao entrar.

- Quer dizer que antes você me achava feia? – perguntou ela rindo da ironia.

- Não consegue voltar ao normal?

- E o que seria “normal” pra mim? – perguntou ela – já nem sei se a outra aparência é a correta ou se essa sou eu verdadeiramente.

- Depois de tudo o que me disse é engraçado que você tenha perdido o controle e chacinado quase 100 homens.

 

Ela nada disse sobre esse comentário, era verdade que um dia depois de criticá-lo por agir feito um monstro ela tenha feito igual, o pior é que ela estava consciente dos seus atos, nada justificaria tal comportamento.

 

- Quantas pessoas acha que já matei por diversão? Quantas garotas acha que já estrupei quando saqueava uma vila? Quantas crianças deixei órfãs enquanto lutava com seus pais? E olha que sempre tive consciência do que fazia.

- O que está tentando me dizer? Que a diferença entre eu e você é ter escolhido ser assim?

- Que eu escolhi ser um monstro, você se torna um monstro quando é forçada, se existe um motivo bom o bastante pra odiar alguém eu creio que seja ver esse alguém matando pessoas inocentes na sua frente.

- Turok-san disse quase a mesma coisa – comentou ela – quando eu faço esse tipo de coisa eles sempre dizem que fiz bem.

- Então levante-se daí e pare de chorar! Eu decidi seguir você pra ver o que fará pra parar essa guerra, se desistir na primeira batalha eu te mato!

- Me levantarei quando me acostumar a ter uma cauda – respondeu Isawa um pouco mais alegre – e esses chifres na cabeça me deixam louca!

 

Fou começou a gargalhar dela, era a primeira vez que ela se transformava completamente e estava tendo dificuldades em lidar com as diferenças.

 

- Mas quando estava matando aqueles caras você se mexia muito bem!

- Isso por que eu nem tinha reparado que um rabo estava nascendo da minha bunda – respondeu ela – além disso minha calça rasgou!

 

Fou a olhou de cima a baixo, reparou que ela usava as asas pra ocultar o corpo semi-nu por que suas roupas rasgaram durante a transformação, estava começando a achar ela mais bonita ainda.

 

- Vai ficar me secando com os olhos ou vai me passar aquela toalha ali? – disse Isawa irritada.

 

Ele pegou a toalha que Isawa pediu e se virou, logo depois ela já estava usando a toalha como saia, ela se levantou devagar se acostumando aos seus pés com garras e a cauda que teoricamente deveria ajudar no equilíbrio.

 

- Vou ter que te ensinar a andar nessa forma? – zombou Fou.

- Eu prefiro voltar ao que era antes, quanto tempo eu vou ficar assim?

- Como vou saber? Já nasci assim, deve ter algum mecanismo natural que reverte a transformação ou sei lá o que!

 

Parando pra pensar sobre isso Fou ficou imaginando se ele também teria o tal mecanismo pra mudar de forma, não seria nada mal ter uma aparência mais humana que nem ela.

Na cidade dos anões os estragos e perdas eram avaliados, no total 28 anões morreram no ataque, vitimas de soldados ensandecidos que não destingiam inocentes, as perdas de entes queridos causou luto na vila.

 

- Tudo isso por que eles estavam atrás de nós! – reclamou Turok.

- Se não fossem vocês seria outro motivo – disse o líder dos anões – ficamos de fora da perseguição deles por que Khalmyr nos protege, mas cedo ou tarde eles encontrariam uma desculpa pra vim aqui.

- Por que isso? Por que eles não aceitam quem nasce diferente deles? – reclamou Karin perante tanta injustiça.

- Por que eles se acham do lado certo – respondeu o velho anão – mesmo um anjo despreza um demônio apenas por ele existir, enquanto existir escuridão a luz continuará tentando expurga-la.

- Da mesma forma que a escuridão tenta engolir a luz – continuou Daneth – sempre existirá essa batalha entre o bem e o mal, a diferença e saber quem está de que lado ou se há mesmo uma diferença entre os dois lados.

 

Enquanto pensavam nisso eles notaram que Isawa chegava com Fou, Turok se sentia um pouco ofendido por ele ter conseguido tira-la daquela depressão quando ele mesmo não conseguira, mas a felicidade por ver sua princesa melhor superava isso.

 

- Obrigado por me esperarem – disse Isawa andando com dificuldades.

- Estamos nessa com você minha princesa, nunca a abandonaríamos – disse Turok.

- Nee-chan já ta melhor? – perguntou Karin abraçando Isawa.

 

Isawa ficou feliz com o abraço de Karin, ela não a rejeitava por sua atual aparência e nem sentia medo.

 

- Senhor Houmorin, eu sinto muito por todo o estrago causado por nossa causa – disse Isawa sentida.

- Já disse aos seus amigos e direi a você: em momento algum consideramos a visita de vocês a causa dessa tragédia, se existe algum culpado está naquela pilha ali.

 

Ele disse isso apontando pra enorme pilha de soldados mortos, os corpos estavam sendo reunidos pra serem entregue as formigas gigantes que serviam pra se livrar do lixo, quanto a esses mortos não havia qualquer respeito ou lamento.

 

- Nós não enterramos nossos mortos – revelou Houmorin – nos os cremamos, mas nossos inimigos vão viram comida de formiga!

 

O líder anão encarou Isawa que se sentiu intimidade com o olhar firme dele, parecia que ele lhe queria dizer algo.

 

- Nós sempre nos mantivemos longe dessa batalha, mesmo quando Houran caiu preferimos não nos envolver – começou ele – mas se Azgher faz questão de trazer essa guerra até nós então responderemos a altura! A partir de hoje estamos do seu lado para servi-la como deveríamos ter feito com Kyara!

 

Vários anões apareceram ao redor do grupo, todos trajando armaduras perfeitas e portando todo tipo de armas, como já fora dito antes os anões também são guerreiros por natureza.

 

- Estamos a sua disposição princesa – disse o líder dos anões guerreiros.

- Esse batalhão não dará nem pro começo! – disse Sszzas surgindo das sombras.

 

A primeira reação de todos era temor por pensarem se tratar de um novo inimigo, mas tão logo o poder divino se revelou eles compreenderam que ali estava algo muito pior.

 

- Quem é esse ai? – perguntou Isawa.

- Já que perguntou terá a resposta: sou Sszzas, o deus da corrupção, da traição e das serpentes.

 

Quando a identidade da divindade foi revelada muitos recuaram, o temido deus da corrupção era conhecido entre os anões como aquele que pode destruir a alma do mais puro santo.

 

- Já estou cansada de vocês aparecendo assim! – reclamou Isawa – deixem a gente em paz seus deuses de uma figa!

- Tal como tenebra disse, você não compreende o que significa estar diante de um deus – zombou ele – eu gostaria de conversar com você um pouco, a sós de preferência.

- Péssima idéia senhorita – avisou Daneth – mesmo os clérigos de Sszzas são especialistas em corromper pessoas, ninguém tem idéia da capacidade do deus em pessoa.

- Por que eu ia querer bater um papo contigo? – perguntou Isawa – com as credenciais que mostrou aqui acho que não da pra confiar em você.

- Por que eu tenho a resposta pra única coisa sobre essa guerra que você não sabe: o verdadeiro motivo do reino da sua mãe ter sido atacado e seus pais terem sido mortos.

 

Com certeza Sszzas agora tinha a atenção de Isawa.

 

***************************************************

 

 

Quando Khalmyr queria falar com algum deus ele geralmente o convocava em seu reino, mas dessa vez ele fez questão de visitar Azgher em seu próprio reino.

Solaris era o reino de Azgher, um mundo essencialmente desértico com dunas do tamanho de montanhas, planaltos rochosos e florestas de palmeiras, nesse mundo onde não existe uma única sombra sempre é meio-dia e a sobrevivência era extremamente difícil, no entanto aqueles abençoados por Azgher desfrutavam de um verdadeiro paraíso que eram os oásis gigantesco e fartos, reservados apenas para aqueles que em vida agradaram ao deus do sol.

No centro desse reino existia um mar de areia liquefeita, lá onde o deus morava em sua pirâmide o calor era tão extremo que derretia a areia formando uma superfície de vidro liquido, tal calor só podia ser suportado por deuses e seus servos, quando Khalmyr finalmente encontrou o deus do sol este estava cercado por seu harém de esposas.

 

- Seja bem vindo Khalmyr – cumprimentou Azgher – desfrute da minha hospitalidade um pouco.

 

Khalmyr não estava de bom humor mas suas normas e etiquetas lhe faziam aceitar a hospitalidade do deus do sol, sentando-se sobre uma grande e confortável almofada ele foi servido pelas esposas de Azgher com frutas e bebidas da melhor qualidade, após experimentar um pouco de tudo ele voltou ao assunto principal.

 

- Você faz idéia do motivo que me trouxe aqui Azgher? – perguntou Khalmyr sem mostrar qualquer emoção.

- Desconfio que seja referente ao meu velho assunto com sua esposa – ironizou Azgher – mas o ponto exato está além da minha compreensão.

 

Khalmyr encarou Azgher com sua visão divina, o deus mais poderoso de todos odiava não ter um senso de humor desenvolvido pra compreender qual era a graça em fazer piadas, percebendo que Azgher realmente não fazia idéia do que aconteceu ele decidiu abandonar qualquer sutileza.

 

- Seus servos renegados tentaram matar Isawa – avisou Khalmyr.

- Eu realmente lamento que meus servos tenham desobedecido as suas ordens – disse Azgher se fingindo de sentido sobre esse assunto – mas não tenho controle sobre as decisões deles, apenas garanto que serão punidos por tal afronta.

- Não se preocupe quanto a punições, eles estão mortos, Isawa matou todos – avisou Khalmyr sem perceber que acabou sendo irônico.

 

Uma pontada de ódio pode ser sentida emanando de Azgher, ele esperava que pelo menos o sacrifício dos seus subordinados não fosse em vão, mas ele sentiu que tinha algo errado nessa historia, sejam traidores ou não ele deveria saber quando seus servos morressem.

 

- Eles foram mortos por Isawa quando invadiram a nação anã no subterrâneo – continuou Khalmyr – isso depois dos seus homens matarem 28 anões inocentes que nem sequer tentaram lutar! Eles não só quebraram o pacto, eles estenderam a batalha pra quem não tinha nada haver com isso!!

 

Se ouve algum momento em que fez frio no reino de Azgher foi agora, Azgher ficou gelado ao saber que seus subordinados traidores fizeram uma burrada sem tamanho, os anões nunca foram seus inimigos e ele jamais pretendia envolve-los nessa guerra, e apesar do seu ódio pelas criaturas sombrias Azgher jamais desejou que inocentes fossem envolvidos.

 

- Se eu soubesse que isso aconteceria eu...

- Você os teria detido? E por que não o fez antes? – perguntou Khalmyr – a resposta é que era muito conveniente pra você que eles conseguissem eliminar Isawa, na verdade você estava feliz com a traição deles.

- Está me acusando de ser conivente com essa tragédia? – perguntou Azgher furioso.

- Estou dizendo que você permitiu que acontecesse – informou Khalmyr inflexível – e aquele faraó é pior ainda por fingir se importar e mandar um grupo tentar “captura-los”

 

Azgher parecia furioso, abatido e transtornado com os acontecimentos, ele jamais imaginou que a situação ficaria tão ruim e as coisas se encaminhariam pra esse desfecho.

 

- Você deu a Tenebra o direito de retaliar, e você sabe que ela é mais vingativa que uma cobra – avisou Khalmyr lembrando dos surtos de fúria de Tenebra – e você escolheu o pior dia pra isso, ou não lembra que dia é hoje?

 

Azgher se amaldiçôo por ter deixado tantos detalhes escaparem de suas mãos, como um deus poderia cometer tantos erros num único dia? Ele estava começando a achar que estava velho por não lembrar a data do mundo dos mortais.

 

- Hoje começa a semana das trevas, o feriado favorito de Tenebra – disse Khalmyr – provocá-la hoje foi o pior erro que você poderia ter cometido.

 

A semana das trevas marcava a época em que Kyara conseguiu transformar Tenebra na deusa principal do país, uma semana em que os poderes sombrios estavam mais fortes do que nunca, na verdade esse foi o motivo principal de Isawa ter se transformado completamente em meio-dragão.

 

- Aquela bruxa maldita vai se aproveitar disso com certeza! – disse Azgher cabisbaixo – você tem que manter-la sobre controle Khalmyr!

- Eu farei o que puder, mas mesmo que eu consiga controla-la você sabe que não posso controlar tanto ela como Ragnar e Keen.

- Ragnar? Ele se aliou a Tenebra?

- Ainda não, mas hoje o exercito de Ragnar entrou em conflito com as nações do oeste, e ao lado dele está o deus da guerra, você sabe que isso não é mera coincidência.

 

Ragnar era o deus da morte, um deus obcecado em destruição, se ele e o deus da guerra estiverem agindo juntos com Tenebra significa que ele está sozinho contra 3 dos mais perigoso deuses desse universo.

 

- Mais alguma coisa pra “alegrar” o meu dia? – perguntou Azgher sentindo pela primeira vez que ele podia perder essa guerra.

- Lamento informar que Sszzas nesse momento está tendo uma conversa com Isawa, eu temo que quando ele terminar ela se tornará um flagelo descontrolado louco pra exterminar cada um dos seus servos.

- SÓ ME FALTAVA ESSA AGORA! – gritou Azgher furioso.

 

*****************************************************

 

- Isso é ruim demais pra ser verdade – disse Menefer após ouvir os relatos de Dalap.

- É a pura verdade mestra – confirmou a fada – os anões nem deixaram o segundo esquadrão entrar nas cavernas, disseram que se eles dessem um único passo dentro da terra o próximo passo seria direto pra suas covas.

 

A tarde estava próxima do fim e Dalap retornou para sua mestra após acompanhar o grupo que tinha como missão recuperar os cavalos roubados e prender o grupo que deserdou do exercito, depois do que ela ouviu sobre o estrago que o primeiro grupo fez Dalap sabia que tinha que contar a Menefer tudo o que ouviu, e como já esperava sua mestra não ficou nada satisfeita com o relatório.

 

- Isso é um péssimo sinal – avaliou Naziah – os anões são muito unidos, se essa comunidade solicitar ajuda das outras com certeza todos os anões do continente marcharão em guerra!

- Temos que tentar manter a situação sobre controle antes que nada mais possa ser feito – disse Menefer preocupada.

 

Ao lado dela os soldados que anteriormente foram resgatados por ela de um dragão do deserto compartilhavam da preocupação de sua princesa.

 

- Se quiser princesa podemos acompanhá-la até o continente – disse um dos soldados.

- A prioridade é garantir o retorno de vocês – disse ela – soldados leais que arriscaram suas vidas pelo nosso reino, quanto ao problema causado pelos traidores cabe ao meu pai resolver.

 

Ela estava nitidamente zangada com a atitude do seu pai quanto a esse problema, provavelmente tudo poderia ter sido evitado se ele não visse uma oportunidade de eliminar Isawa nesse incidente.

 

- Ficarei com vocês até o reforço chegar para levá-los – avisou Menefer – depois partirei direto pra casa e questionar meu pai sobre o que ele pretende fazer em seguida.

 

A princesa sentou em uma pedra admirando o por do sol, a partir dessa noite e durante uma semana inteira seria feriado importante pra Tenebra, embora ninguém mais comemorasse a data isso não muda o fato de que em Houran Tenebra havia se tornado a deusa mais importante nessa época, desafia-la nesses dias era um péssimo negocio.

 

- “Que Azgher nos proteja da fúria da deusa negra” – rezou Menefer preocupada.

 

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Tenebra precisou esperar o anoitecer para visitar o reino dos seus amados anões que tanto precisavam dela, sua presença se tornou visível para todos quando ela surgiu em pleno centro da cidade anã e caminhou calmamente entre eles, para os anões o simples vislumbre de sua deusa já lhe dava forças para se erguerem contra aquele que lhe fez mal.

Tenebra cruzava as ruas observando o que foi destruído e também os corpos reunidos, parou para “abençoa-los” com sua dádiva de levantar após a morte e os 28 anões se ergueram como morto-vivos, a partir de agora eles defenderiam seu lar eternamente.

Satisfeitos e felizes os anões agradeceram sua deusa, mas ela não ficou parada após isso pra receber os agradecimentos, continuou seu caminho até aquela que procurava, atravessando portas e paredes como se fosse apenas uma sombra ela chegou em frente a porta do quarto de Isawa onde Vulthar parecia montar guarda.

 

- Sszzas saiu agora pouco – avisou Vulthar – ele contou tudo a Isawa.

 

Tenebra observou um dos seus servos mais leais, antes o couatl que sempre se mostrava revoltado com a “missão insignificante” agora parecia mais atencioso com sua protegida.

 

- Eu sabia que aquela cobra velha agiria, mas não esperava que fosse tão cedo – Tenebra só percebeu o olhar de Vulthar depois, ele não gostou do comentário sobre cobra velha.

 

Vulthar abriu caminho pra sua mestra que entrou no quarto, encontrou Isawa ainda transformada chorando deitada na cama, sendo uma deusa das trevas e escuridão ela não sabia o que é sentir dor, na verdade dor e sofrimento alimentam ela lhe deixando mais forte, porem mesmo estando acima disso ela podia sentir que sua menina estava num estado deplorável.

 

- Você também veio se divertir as minhas custas? – perguntou Isawa notando a presença de Tenebra.

- Vim ver como você estava, como está se sentindo?

- Como acha que estou me sentindo? Como acha que uma pessoa fica quando descobre que sua família morreu por nada?

 

Não que fosse mais fácil antes quando Isawa acreditava que sua mãe e pai morreram por serem odiados, mas agora ela descobriu que os motivos por trás dessas mortes era muito mais negativo.

 

- Os deuses não podem mentir para os mortais, o mesmo se aplica a Sszzas – disse Tenebra sentando ao lado dela – mas Sszzas é um gênio em distorcer a verdade mesmo quando não mente.

- Toda essa guerra é uma farsa! – gritou ela revoltada – por que nunca me disse isso antes?

- Não é uma farsa, essa guerra é real e continuará sendo até o final, o motivo que a começou é que são bem diferentes do que você imaginava – revelou a deusa negra – e não lhe contei os verdadeiros motivos por que sua mãe quis assim, ela temia que você ficasse exatamente como está agora.

- Eu quero acabar com todos eles! Quero vê-los sofrerem como o povo de Daí-lung sofreu! Vou acabar com a alegria deles e mostra o que se sente quando se é perseguido por nada!

 

O ódio de Isawa se transformava numa aura densa e terrível, uma aura que poderia afetar qualquer um que não estivesse acostumado a lidar com a escuridão em sua forma mais pura, e Tenebra não escondeu que estava satisfeita com a vontade de Isawa em exterminar cada seguidor de Azgher desse mundo.

- Se esse é seu desejo real cuidarei pra que seja realizado – disse Tenebra mostrando seus belos caninos num sorriso – vá aprender a lutar, aprender a usar seus poderes e no final do prazo lhe darei os meios de tornar seu desejo realidade.

 

Isawa parecia bem determinada sobre isso, sobre acabar com todo e qualquer seguidor de Azgher nesse mundo, Tenebra parecia bem satisfeita com o resultado apesar de não gostar nem um pouco dos métodos de Sszzas para consegui-los, agora que ela já tinha tudo em mãos só bastava começar a maldição que ela jogaria sobre o mundo e colher os frutos que nasceram dessa tragédia sobre seu povo subterrâneo.

Depois que Tenebra se foi Isawa saiu do seu quarto, estava mais forte que antes e já não parecia nem um pouco abatida, suas feições ainda que transformadas exibiam a mesma determinação de sempre, as primeiras pessoas que encontrou foram seus companheiros.

 

- A partir de agora eu não lutarei mais por justiça – avisou Isawa diante dos seus amigos – eu vou lutar por vingança e pra destruir meus inimigos!

- Está nos dizendo isso para saber se continuaremos do seu lado? – perguntou Daneth.

- Acho que vocês não querem continuar ao lado de uma pessoa movida por ódio, mas não posso perdoar nada do que os malditos fizeram!

- Não há necessidade de duvidas minha princesa, a seguirei até o fim – avisou Turok ajoelhando-se diante dela – seja qual for o seu motivo eu continuarei protegendo-a.

- Bem, já que você acabou com minha gangue eu não tenho nada melhor pra fazer – disse Fou com os braços cruzados – eu também não vou com a cara desses fanáticos do sol.

 

As únicas pessoas que não esboçaram qualquer opinião foram Karin e Daneth, a pequena feiticeira parecia muito triste e Isawa percebeu isso, se abaixando para ficar na altura da menina Isawa a observava com uma pequena alegria no rosto que nessa forma intimidava qualquer um.

 

- Eu prometi cuidar de você até o fim da minha vida – disse Isawa acariciando o cabelo da menina – mas acho que agora não sou um bom exemplo pra você né?

- E-e-eu não me importo! – disse a menina abraçando Isawa – eu quero ficar junto de você pra sempre!

- Mesmo que agora eu seja só um monstro vingativo?

- Você vai voltar a ser o que era! – disse Karin – você vai voltar a ser a minha boa irmã!

- Eu também acredito nisso senhorita, não teria graça se você continuasse assim pra sempre – disse Daneth ao lado dela – de qualquer forma eu tinha dito que continuaria ao seu lado pra ver que tipo de mundo você criaria.

 

Isawa ficou surpresa de ver que todos estavam do seu lado, claro que ela sabia que muitos ali não concordavam com seu atual desejo por vingança, então ela prometeu a si mesma guardar seus sentimentos até o dia da batalha final pra decidir o que a moveria: se seria a vingança ou a justiça.

 

***********************************************

 

 

Um campo de batalha já era algo desagradável de se ver, mas um campo de batalha ocupado por goblinoides era uma visão que mais lembrava o inferno.

Goblinoides são humanóides revoltantes, que lembram cruzamento entre homens e bestas, mas diferentes dos licantropos os goblinoides são ainda mais bestiais por que pareciam homens das cavernas e todos eles são voltados unicamente para destruir tudo o que encontram pelo caminho.

Devastando cidades inteiras os goblinoides atacam como uma horda incontrolável onde só são detidos por uma força maior, nesse momento a maior legião desses seres estava prestes a atacar uma cidade sitiada e cercada.

 

- Olha só pra eles, desesperados e sofrendo com a agonia do extermínio eminente – o deus da morte parecia extasiado de alegria.

 

O deus da morte é o deus favorito dessa raça selvagem, tanto que a forma mais comum de Ragnar era de um imenso goblinoide muito mais forte que qualquer um, embora ele próprio não possa lutar contra mortais ele sempre estava na linha de frente comandando seus subordinados e se cobrindo com a sangue das suas vitimas, nessa forma Ragnar só pensa em destruir cada criatura viva que encontra no seu caminho.

 

- O engraçado é que essas pessoas acham que tem alguma chance contra seu exercito – comentou Tenebra ao se manifestar na frente de Ragnar.

 

O deus da morte que mastigava um pernil sentiu asco ao ouvir a voz tranqüila e feminina de Tenebra, qualquer coisa que lembrasse delicadeza causava enjôos em Ragnar.

 

- O que a vadia pessoal de Khalmyr quer comigo pra me incomodar em meu maior momento? – Ragnar não respeitava e não temia qualquer outro deus, exceto a deusa da vida a qual ele era indiferente.

- As nações do oeste não respeitaram seu território e acharam que poderiam colonizar estas terras, é uma verdadeira afronta.

- Não preciso que me diga isso puta das trevas, o que você quer? Diga de uma vez!

- A partir dessa noite e por todas as noites dessa semana uma maldição criada por mim terá inicio – avisou Tenebra ignorando a má educação do outro – aqueles que perderem a vida de forma violenta se erguerão como demônios morto-vivos ao meu comando.

- Você tem sorte, ali tem 1.000 futuros defuntos – avisou Ragnar apontando pra cidade que em breve seria arrasada.

- Mas seus homens têm o péssimo habito de desmembrar e devorar suas vitimas, será que por essa semana você consegue convence-los a fazer uma pequena dieta?

- E por que eu te ajudaria?

- Por que cada pessoa que se levantar como um morto-vivo será usado daqui a um ano para causar mais destruição, eles serão o exercito que minha pequena Isawa comandará na minha guerra.

 

O deus da morte gargalhou imaginando a possibilidade, cada pessoa que fosse vitima de seu exercito se levantaria como uma nova legião pra espalhar mais mortes, isso não só era irônico como divertido pra ele.

 

- Isso também inclui aqueles que morrerem do meu lado?

- Isso inclui qualquer criatura inteligente que venha a bater as botas nessas noites, acho que seus monstrinhos ficarão felizes de continuar matando mesmo depois de mortos.

- hahahaahhahah! Então conte comigo pra transformar toda a região oeste numa cova rasa pro seus mortos ambulantes! – disse o deus em alegria absoluta.

 

Ragnar assumiu a linha de frente do seu exercito e diante de centenas de goblinoides furiosos ele começou.

 

- Atenção vermes imundos! A partir de hoje está proibido devorar os cadáveres da nossa pilhagem! Contentem-se em devorar somente os animais!

 

A multidão de goblinoides começou a gritar e reclamar, mas assim quem Ragnar esquartejou um deles todos se calaram.

 

- É por uma boa causa, nossas vitimas marcharão como zumbis pra daqui a um ano começarem outra matança, vocês terão o prazer de lutarem ao lado daqueles que mataram!

 

A ironia contida nas palavras do deus da morte fizeram todos gargalharem, as risadas das bestas selvagens chegaram a cidade que já estava tomada pelo medo antes e agora mergulhava no caos e desespero, e quando os goblinoides marcharam contra a cidade algumas pessoas já antecipavam a morte tirando suas próprias vidas.

E enquanto isso Isawa ao lado dos seus amigos guiados por um grupo de anões começaram sua subida pelo interior da montanha, com o objetivo de chegar ao lar do dragão azul que talvez possa ajudar Isawa a se tornar uma verdadeira guerreira.

 

Continua.


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Notas finais do capítulo

voce não entendeu errado, eu não revelei (pros leitores) o real motivo da guerra, voces só descobrirão isso nos ultimos caps^^
eu tambem quero divulgar a fic de uma pessoa que me inspirou muito e que até hoje eu copio o estilo dela, a joy-sama!

http://fanfiction.nyah.com.br/historia/28244/O_Tempo_E_A_Esperanca