Werewolf escrita por Rae B


Capítulo 5
Capítulo 5




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Ela tinha Sam.

A quem Quinn estava tentando convencer? Sua relação com o loiro era nada menos que fraternal. Eles até tentaram um envolvimento mais romântico durante um tempo (desde pequenos sabiam que um dia teriam de se casar para fechar o acordo feito entre suas famílias, o tratado que pôs fim a guerra), mas não conseguiram. Quinn sempre veria o loiro como um irmão, e Sam sentia-se da mesma maneira sobre ela. Além dos mais, nos últimos meses o garoto vinha demonstrando um interesse especial por Mercedes Jones. Quinn tinha certeza que se não fosse pelo seu compromisso, ele já teria feito uma jogada com a Black-diva. A loira não podia deixar de se sentir culpada por isso. Mesmo que o pacto tenha sido firmado antes de seu nascimento, ela sentia como se estivesse privando Sam de uma vida real.

* * *

Quinn entrou na sala e encontrou o noivo andando nervosamente de um lado a outro do cômodo, a mão direita coçando distraidamente a nuca em um gesto ansioso. Ela suspirou quando viu a expressão preocupada que dominava o rosto do garoto.

O som fez Sam parar no meio de um passo, finalmente percebendo a presença da loira, e correr rapidamente para ela.

“Como você está?” perguntou apressado, enquanto a puxava para um abraço apertado.

Ela se deixou relaxar contra o corpo quente e musculoso do atleta. Depois de Brittany, Sam era quem dava os melhores abraços. Quinn sempre se sentia segura quando estava com ele, como um irmão mais velho protetor.

E, por um tempo curto, Sam podia apenas sentir a respiração lenta que vinha do corpo da loira, isso era reconfortante. Ele ficara tão preocupado quando soube sobre o ataque. Mesmo com as garantias de que estava tudo bem com Quinn, ele só poderia voltar a respirar normalmente quando pudesse vê-la com os próprios olhos.

“Está tudo bem, Sam.” a loira sorriu no ombro do noivo, respirando profundamente para absorver o cheiro familiar que vinha dele. Em seguida, de forma relutante, ela se afastou um pouco do abraço para que pudesse olhá-lo nos olhos, e então assumiu um tom repreensivamente brincalhão: “E eu disse a você para não interromper sua viagem, a Convenção não acaba até amanhã, e sei o quanto você estava animado sobre isso. Tenho te ouvido falar dessa coisa por meses.”

Quinn se referia a Convenção Anual de Star Wars, que acontece todos os anos em Columbus (Ohio). Ela estava tentando parecer divertida, mas o brilho estranho de melancolia em seus olhos foi suficiente para Sam saber que havia tomado a decisão certa ao voltar.

“Besteira.” ele rejeitou com um aceno de mão “Minha loira favorita foi ferida, eu tinha que vir verifica-la.”

Os dois terminaram definitivamente o abraço e se sentaram calmamente no sofá, suas mãos ainda interligadas.

O loiro parecia visivelmente mais relaxado agora.

“Gostaria de poder ter vindo antes, mas eu era o Luke na recriação da cena em que ele descobre ser filho do Darth Vader,” seu olhar era um tanto envergonhado, mas era impossível não perceber o traço mal contido de animação que dominava sua voz “e não consegui encontrar um substituto.”.

Quinn zombou com um rolar de olhos, o garoto às vezes era muito nerd.

“Eu entendo, Sam.”

Ele sorriu para a compreensão da loira. E agora que havia comprovado que Quinn está bem, Sam lembrou-se de um aspecto menos sério que levantou seu interesse.

“E então, quando vou conhecer sua heroína misteriosa?”

Quinn desviou o olhar.

“Acho que as apresentações terão que ficar para outro dia.”

"Problemas no paraíso?" o loiro perguntou lentamente, um pouco decepcionado, mas acima de tudo curioso. Porém, pelo olhar irritado que brevemente brilhou no rosto de Quinn, Sam sabia que havia escolhido mal o tom de conversação. Talvez Quinn ainda não estivesse pronta para reconhecer o quanto a morena misteriosa a afetara.

"Não há problema." a loira murmurou exasperada, em uma voz que transmitia que tudo estava errado incluindo ter que explicar o que era esse tudo. “Rachel está ocupada agora, recebendo o namorado no quarto.” completou com um sorriso falso.

Sam a encarou, seu olhar deixava claro que ele não havia sido enganado pela atuação da amiga, no entanto, se há uma coisa que o loiro aprendeu em todos os seus anos de amizade é que não é produtivo pressionar Quinn Fabray, isso só serve para fazê-la se trancar ainda mais rápido. Ele decidiu deixar o tema ir, por hora.

“Isso não é justo, Quinn! Eu te conheço desde que usávamos fraudas e ainda tenho que escalar uma árvore maldita para entrar escondido no seu quarto.” choramingou, mudando de assunto, e percebeu o sorriso travesso da loira “Por que você esta sorrindo como o gato Cheshire?”

“Bem,” ela começou desinteressada “pode ser que o papai tenha dado permissão para que você entre no meu quarto. Desde que a porta fique aberta, claro.”

Os olhos do loiro se arregalaram de surpresa, por essa ele realmente não esperava. “Quando ele disse isso?”

“No meu aniversario de 13 anos.”

“O QUÊ?” seus olhos ficaram ainda maiores com a nova informação. “Você me fez escalar aquela monstruosidade por três anos quando que eu poderia simplesmente subir a escada e entrar pela porta da frente?”

Quinn assentiu.

Ele não podia acreditar.

“Por quê?”

“Porque era divertido. Seu pé sempre prende no último salto e você acaba caindo de cara no chão.” ela sorria livremente agora, lembrando-se das inúmeras vezes que isso aconteceu “Não se deve abrir mão de boas gargalhadas. Era diversão garantida.”

Sam a encarava, perplexo.

“Agora eu entendo por que você e Santana são amigas.” ele definitivamente não havia absorvido bem tudo que ouviu “Vocês são do mal. Vocês são como as irmãs malvadas da edição 57 d-”

“Eu não tenho ideia do que você está falando.” a loira interrompeu, se levantando do sofá “Agora vamos lá, boca-de-caçapa. Já está tarde. Vou preparar um dos quartos de hospede pra você.”

“Mostre o caminho Ice Queen.” respondeu, seguindo a noiva para fora da sala.


* * *


“Papai, o senhor não pode seriamente ignorar o que aconteceu naquele quarto.” Frannie argumentou, fechando a porta do escritório e virando-se para encarar Russel.

“Eu não sei do que você está falando.” ele tentou desconversar.

A loira zombou “Por favor, não se faça de bobo, não combina com o senhor.”

“Quinn é noiva.”

“Em um casamento arranjado” Frannie destacou “quando ela ainda nem tinha nascido.”

“Isso não muda o fato de que ela é noiva.”

Russel se moveu para o outro lado da mesa de carvalho que dominava o ambiente e deixou-se cair contra a cadeira que estava ali, soltando um muxoxo de dor quando sentiu uma leve fisgada na coluna. “A idade chega para todos”, pensou com uma pontada de ressentimento, lembrando-se de quando era jovem e podia se jogar sem problemas sobre qualquer superfície.

Ele encarou a filha. Pela aparência de sua primogênita, Russel concluiu que nem sua poltrona favorita seria confortável o suficiente para aguentar o discurso que Frannie estava preparando. O patriarca Fabray sorriu ao lembrar-se de sua poltrona e de como Frannie odeia aquela velharia. A loira já tentou joga-la fora várias vezes. Essa pequena ratinha traiçoeira, da última vez ela quase teve sucesso. Se a reunião de Russel não tivesse acabado mais cedo, ele não teria chegado antes do Exército da Salvação levar sua velha companheira de guerra.

“O senhor não notou a química entre as duas?” Frannie questionou, arrancando o pai de seus devaneios “O senhor devia ter presenciado como Quinn a acalmou na outra noite. Eu já vi isso apenas entre companheiros.”

Russel bufou em zombaria. Mas se mexeu desconfortavelmente na cadeira, seu corpo revelando que ele não achava a declaração da filha tão descabida como tentou demonstrar.

“Você sabe que não é assim, Frannie. Não é como naquele filme idiota de vampiros que não bebem sangue humano e brilham no sol em vez de virar cinzas.” ele parecia enojado com o fato “Aliás, que tipo de vampiro é esse? Não morre com estaca, não dorme em caixões. Drácula deve se sentir ultrajado.”

“Papai.” Frannie interrompeu “O senhor está saindo do tópico.”

“Ah, sim, desculpe.” Russel olhou levemente envergonhado “Quinn me obrigou a assistir Aurora na semana passada.”

“Acho que o senhor quis dizer ‘Crepúsculo’”

“Isso.” ele assentiu “Mas, do que estávamos falando?”

Frannie revirou os olhos “Quinn e Rachel.”

“Ah, certo. Como eu estava dizendo, você sabe que na vida real não é simplesmente olhar alguém e se apaixonar. Você precisa conhecer a pessoa e só depois o lobo a escolhe. Por isso os casamentos arranjados costumam dar tão certo em nosso mundo. O amor de lobos cresce com o tempo e convivência.”

“Sim,” Frannie admitiu “mas deve haver pelo menos uma faísca. Quinn e Sam mais parecem irmãos. Honestamente, papai, é muito cabelo loiro quando os dois estão juntos. Às vezes eu preciso desviar o olhar, o brilho é meio cegante.”

Foi a vez de Russel revirar os olhos.

“Você está sendo implicante.”

Frannie sorriu, mas logo retomou a seriedade que o assunto exigia, e sua expressão tornou-se mais circunspeta.

“Talvez o senhor pudesse falar com Alister e...”

“Não. Eu não posso voltar atrás com o acordo. Você sabe quantas vidas foram salvas com isso? Era a guerra, Frannie. E a única forma de acabar com uma guerra é pelo sangue ou pelo casamento.” Russel apontou sombriamente “Felizmente conseguimos chegar a um acordo com o segundo. Muito sangue inocente foi derramado de ambos os lados.”

Fannie suspirou, triste.

“Deve haver outro modo de acabar com tudo isso.”

“Não há, querida.”

“Eu tomaria o lugar da minha irmã se pudesse.”

“Você não pode.” Russel destacou “É minha sucessora. Se casassem, ele teria tanto direito ao território da Alcateia quanto você.”

“Não é justo com a Q, ou mesmo com o Sam.” acrescentou tardiamente “Ele é um bom garoto, apesar daquele pai, e daquele irmão babaca.”

Russel olhou para a filha.

“Você ainda não superou o que aconteceu no baile?”

Frannie se mexeu desconfortavelmente “Eu não sei do que o senhor está falando.”

“Certo” ele sorriu irônico “Vamos fingir que isso é verdade.”

Ela lançou um olhar chateado para o pai.

“Retiro o que eu disse antes, o senhor é muito bobo.”

“Frannie e Dyson sentados numa árvore, namorando...” Russel começou a cantar.

“Umpf!” a loira tapou os ouvidos e saiu do escritório, batendo a porta com força.


* * *


“Então...” Noah sorriu, olhando sugestivamente para Rachel.

A morena devolveu o olhar com uma carranca irritada.

“O quê?”

“Você e Quinn pareciam muito próximas quando entrei.”

“Não comece, Noah” alertou. Rachel não estava no humor para provocações.

O judeu fez beicinho.

“Eu só estou falando...”

“Você melhor do que ninguém sabe por que estou aqui.” a morena pontuou. Ele hesitou, mas assentiu lentamente “Além disso, Quinn tem um noivo. Ou eu entendi errado?”

“Não. Você entendeu certo.” Noah respondeu despreocupado, acomodando-se confortavelmente na cama, sem perceber que estava destruindo o último fiapo de esperança da amiga “O nome dele é Sam. Ele é um cara legal. Meio aficionado em Avatar e quadrinhos, mas um cara legal.”

Por um segundo, o judeu foi levado de volta ao momento em que conheceu Sam. Era o primeiro dia de aula. O loiro usava uma camiseta vermelha do Flash e veio até Noah, apresentando-se em Na’vi. Normalmente esse era o tipo de nerd que Puck teria jogado na lixeira sem pensar duas vezes, mas algo sobre o olhar entusiasmado e o sorriso sincero no rosto de Sam fez o judeu querer ser amigo dele.

“Bom. Quinn merece alguém legal.” Rachel respondeu depois de um momento, tentando soar satisfeita, porém sua linguagem corporal gritava que ela não estava nada feliz com a situação.

E claro que Noah percebeu, não é à toa que eles são melhores amigos.

Puck pesou os prós e contras de compartilhar o pouco de informação que tinha sobre os loiros. Por um lado, isso poderia animar sua princesa judia. Por outro, nada do que ele tem a dizer mudaria o fato de que Quinn é noiva, e se têm uma coisa que Rachel respeita é uma garota comprometida, exceto se o namorado for um idiota, o que não é o caso...

Dane-se! Ele não aguentava ver sua Jewbabe pra baixo.

“Mas nem tudo são flores com Ken e Barbie.”

Rachel olhou confusa. “Ken e Barbie?”

“Espere até vê-los juntos e você vai entender.”

“Hmn, certo. Mas, por que você disse que não está tudo bem entre eles?” ela tentou, sem sucesso, disfarçar o interesse.

“Eu não disse isso. O que eu disse é que nem tudo é tão feliz quanto parece na Barbielândia.” Noah esclareceu. Ele queria animar sua Jewbabe, mas mentir seria inútil “É um casamento arranjado.”

Por essa Rachel não esperava.

“Casamento arranjado?”

“Yep.” Puck pegou um dos travesseiros e deu alguns socos antes de descansar a cabeça em cima “Por que a surpresa? Você já devia saber disso. Shelby ou Hiram não falaram sobre a guerra entre as matilhas Fabray e Evans naquelas suas aulas de preparação de Alfa?”

“Sim, mas o que isso...” Rachel parou. Ela finalmente lembrou a que Noah estava se referindo. “É ela?”

Ele encolheu os ombros. “Sim. O acordo envolvendo os filhos mais novos de cada Alfa em uma união que trouxe paz após uma década de guerra.”

Rachel assentiu para as palavras de Noah, quase as mesmas que Hiram havia dito quando explicou sobre o fim dessa guerra.

Ela só podia imaginar o quanto toda essa situação era difícil para Quinn. Quer dizer, talvez a loira até gostasse do noivo, mas não poder decidir com quem vai casar, isso simplesmente parece demais. Rachel não entendia como Quinn consegue lidar com tudo isso e ainda ser uma garota tão doce. A própria Rachel estava tendo muita dificuldade para aceitar suas responsabilidades com as Alcateias, foi por isso que Shelby e Hiram concordaram em lhe dar um ano longe de tudo. Eles viram como a morena estava ficando cada dia mais ressentida de tudo que envolvia sua posição de sucessora dos Alfas, então os dois concordaram em lhe dar esse tempo e ao termino dele Rachel deve decidir seu destino.

Depois de saber a história de Quinn, a morena nunca mais acharia que seus pais esperam demais dela.

Mas por que Rachel estava se deixando pensar tanto sobre a loira?

Ela não sabia a resposta para essa pergunta.

A presença de Quinn tocara algo profundo dentro da morena. Algo familiar. Algo certo. Algo que a fazia sentir como se as coisas finalmente estivessem se encaixando, como se ela estivesse voltando pra casa depois de um longo período longe.

Inconscientemente, ela mordeu o lábio inferior, lembrando-se o quanto as duas ficaram próximas há alguns minutos. Quinn havia parado e se inclinado mais perto. Seus lábios estiveram há apenas poucos centímetros dos de Rachel. Quase roçando. Rachel podia sentir a respiração quente da loira. Se Noah ao menos não tivesse interrompido...

“E então, quando nós vamos dar o fora daqui?”

A voz de Puck surgiu, tirando a morena de seus pensamentos.

“Não seria educado sair no meio da noite. Vou esperar até amanhã para agradecer a hospitalidade.”

“Hospitalidade?” agora era o judeu quem parecia meio perdido “Eles te atacaram com prata.”

Rachel revirou os olhos. Se as pessoas ao menos soubessem... Entre os dois, Noah era a verdadeira rainha do drama.

“Você sabe o que eu quis dizer.”

Puck assentiu.

“Se eu soubesse que você se liga nisso de dor, teria te apresentado algumas garotas que curtem esse lance.”

“Noah!”

O judeu gargalhou alto.

“Ok, parei.” ele falou sorrindo, e viu o olhar cético de Rachel “É sério, parei. Mas quando você pretende ligar para os seus pais?”

“Amanhã.”

Ele olhou incrédulo. “Sério? Você vai esperar até amanhã?”

“Não acho que Shelby ou Hiram vão fazer algo drástico até lá.”

“Shelby e Hiram? Eu estaria mais preocupado com Leroy e April” Rachel o encarou, assustada “Sim, você ficou tão concentrada nos Alfas de Nova York que se esqueceu de mamãe e papai. Não me surpreenderia se eles pousassem em Lima ainda hoje. Na verdade, estou surpreso que eles já não estejam aqui.”

“Noah, me passa o telefone!”


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Notas finais do capítulo

A título de esclarecimento, Nova York é composta por cinco boroughs (distritos): Bronx, Brooklyn, Manhattan, Queens e Staten Island. Na fic, a Alcateia Corcoran possui o território equivalente a Manhattan e Bronx. Enquanto a Alcateia Connor (Berry) possui Brooklyn e Queens. Staten Island é terra de ninguém.