Werewolf escrita por Rae B


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Medilobo = médicos lobos, médicos que sabem como tratar lobos...
Jew = judeu/judia. Logo, Jewbabe = bebê judia, Jewbro = irmão judeu...
Divirtam-se!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212381/chapter/4

Rachel

À medida que Quinn se afastava, Rachel se sentia enfraquecer. Ela tentou não demonstrar. Ela realmente odiava parecer fraca, principalmente quando cercada por tantos desconhecidos e possíveis inimigos. Mas parecia haver uma pressão em seu peito que tornava difícil respirar. Sobre todos os cortes e queimaduras, era a distancia da loira o que mais causava dor. A morena não entendia de onde isso estava vindo.

Pouco depois das duas loiras sumirem dentro da casa, Rachel assistiu uma latina furiosa aproximando-se, e previu que essa seria uma distração interessante. Ela só precisava manter-se firme até que tudo fosse esclarecido. Se suas deduções estavam corretas, a garota que havia salvado fazia parte desta alcatéia e estava sendo caçada por inimigos. Isso significa que Rachel só precisava se segurar de pé até ter a chance de explicar que ajudou a loira, e que não estava junto com os outros lobos como a alcateia parecia acreditar.

A latina se aproximou com uma expressão irritada. Ela tinha uma mão descansando na cintura e caminhava em direção a Rachel dando passos ameaçadores "Você sabe quem eu sou?" a morena balançou negativamente a cabeça "Eu sou Santana Porra Lopez. Eu sou a princesa de Lima Heights. Você sabe o que acontece em Lima Heights?"

Rachel olhou divertida para a latina "Não, eu não sei."

"Cosas malas."

A morena não conseguiu se controlar e começou a sorrir alto. Essa garota lembrava-lhe Noah e como ele costuma falar de si mesmo na terceira pessoa por achar que isso o faz parecer mais impressionante.

Santana tomou a risada pelo caminho errado. Ela achou que Rachel estava rindo dela e isso foi como combustível para a raiva da latina. "Oh, inferno!", gritou. "Puta, você está prestes a conhecer as lâminas que eu guardo no meu cabelo." a latina estava quase tocando seu rabo-de-cavalo, quando a voz de Frannie soou repreensiva:

"Santana, acalme-se." ela comandou. Santana não poderia desobedecer a uma ordem direta, não de alguém superior na hierarquia da alcatéia "Você já tem muitas explicações a dar por ter agredido nossa convidada sem receber ordens para isso."

"Frannie, você não..." ela tentou protestar, mas a loira a cortou.

"Guarde para quando o Alfa voltar."

A latina empalideceu e decidiu calar-se. Ela não queria piorar ainda mais sua situação.

Rachel tentou continuar acompanhando a conversa das duas, mas seus olhos estavam achando difícil continuarem abertos. Apesar da troca divertida que a morena teve com Santana, ela não se sentia bem e estava gastando uma energia bastante necessária tentando esconder isso. Ela já havia perdido uma quantidade significativa de sangue e estava ficando cada vez mais fraca. Rachel mal registrou quando caiu em colapso no chão. Tudo o que ela sabia era que em um minuto estava de pé e, no seguinte, estava deitada olhando para olhos castanhos assustados enquanto algo macio apoiava sua cabeça. Rachel foi surpreendida por quão entorpecido ela se sentia no momento. A mão descansando em seu rosto parecia quente contra a sua pele fria.

* * *

Frannie

Frannie correu para a morena quando a viu caindo e conseguiu segurá-la antes que chegasse ao chão. A loira levantou a adolescente sangrando e se alarmou com o quão pouco ela pesava em seus braços. Ela entrou na casa carregando a morena e foi direto para um dos quartos. Deitando a garota na cama, Frannie procurou os olhos chocolates agora fechados, e assistiu a coloração avermelhada do corpo da morena. Seu pai certamente não iria gostar disso, mas sua raiva não seria nada comparada a reação de Quinn quando tomasse conhecimento do quanto prejudicaram seu “Anjo Caído”. Frannie suspirou, cansada.

Alguns minutos antes

Frannie ajudou a irmã a deitar e virou-se para deixar o quarto, mas Quinn segurou sua mão a impedindo de saír. Com uma voz sonolenta, a caçula pediu-lhe:

"Cuide do meu anjo enquanto eu estiver dormindo, por favor."

A Fabray mais velha concordou e saiu. Chegando ao quintal, deparou-se com Santana ameaçando o tal Anjo com o clássico “Eu sou de Lima Heights e posso fazer coisas más para você”. Frannie ficou um pouco tensa, mas logo relaxou quando percebeu que a desconhecida não parecia intimidada com o discurso da latina, pelo contrário, ela parecia levemente divertida. A loira seguiu em direção as duas.

* * *

Russel

Russel estava furioso. Os outros alfas não tinham uma única informação a oferecer. Todos pareciam verdadeiramente surpresos e preocupados quando ele contou como sua filha caçula fora atacada em seu próprio território. Eles prometeram entrar em contato caso descobrissem algo, mas Russel não achava que sairia algo daí. Ele voltou para casa esperando que a garota capturada pudesse fornecer informações mais úteis. O Alfa se sentia levemente enjoado em pensar que teria de interroga-la. Ela não parecia ser muito mais velha do que sua filha Quinn, mas ele precisava fazer o que fosse necessário para garantir a segurança de sua alcatéia.

Russel entrou com o carro na garagem de sua casa e viu que Frannie o esperava. Ela parecia preocupada. Isso não era um bom sinal.

* * *

"O quê?" Russel perguntou colérico após ouvir tudo que Frannie relatara.

"Acalme-se, papai." ela pediu "Está tudo sob controle agora."

"Sob controle, Frannie?" ele perguntou incrédulo "Além de minha filha quase ter morrido, você está me dizendo que a nossa melhor pista por pouco não escapou e que a minha Quinnie se colocou em perigo para protegê-la, pior ainda, que você deixou!" Russel acusou.

"Papai. Quinn é grandinha o suficiente para fazer suas próprias escolhas. Eu não deixei nada, ela decidiu assim." a loira esclareceu "E quanto a nossa garota misteriosa, creio que nós entendemos sua participação nisso tudo de modo equivocado. Pelo pouco que a Quinn falou, e pelo modo como vi as duas interagirem entre si, me arriscaria a dizer que a garota foi a única a salvar minha irmã. Você sabe como Q. a chama?"

Russel negou com a cabeça.

"Meu Anjo Caído" Frannie disse com um sorriso divertido. Uma lembrança veio a sua mente. "Na verdade, papai, pensado melhor agora... Lembro que quando nos aproximamos das duas a garota colocou o seu corpo na frente de Quinn, no momento eu não dei muita atenção a isso, mas agora acho que ela estava tentando protegê-la."

"Isso é interessante" Russel cedeu, até que ele percebeu algo "Droga!"

"O que foi?"

"Se você estiver certa, nós acabamos de perder nossa melhor pista."

"Talvez ela tenha visto algo." Frannie ofereceu.

"Sim, só nos resta torcer por isso."

* * *

Quinn

As suspeitas de Frannie se confirmaram quando Quinn acordou na manhã seguinte. Qualquer um que tivesse um pingo de amor à vida estava correndo para o mais longe possível da caçula Fabray. Ela estava furiosa.

Depois de explicar ao pai e a irmã como o ataque acontecera, ela recusou-se a sair de perto da desconhecida que salvara sua vida, se estabelecendo em sua cabeceira de cama como uma enfermeira particular. Quinn não saia mesmo para se alimentar, ela teve todas as suas refeições ali e tomava banho no banheiro daquele quarto. O medilobo garantiu que a morena estava bem, seu corpo só precisava se recuperar de todos os ferimentos causados pela prata. Na verdade, o doutor ficou impressionado pela velocidade de sua recuperação.

Lobos normalmente têm um tempo de recuperação muito acelerado, mas quando os ferimentos são causados por prata tudo costuma dar-se de forma mais lenta e dolorosa. Mas pelo modo como a morena estava reagindo, o médico previu que em dois ou três dias ela já estaria plenamente consciente e pronta para sair da cama.

Quinn parecia um pouco cética, vendo como a garota só acordou umas poucas vezes e parecia confusa demais para ter uma conversa real ou mesmo para tomar ciência de onde estava. A única coisa que tranquilizava a loira era ver como seus ferimentos estavam se curando, alguns já haviam desaparecido completamente, outros, no entanto, eram profundos o suficiente para Quinn prever que deixariam cicatrizes. A loira se sentia culpada sabendo que era a responsável por isso.

Já fazia dois dias que Rachel estava de cama. O medilobo veio vê-la e garantiu que ela deveria desperta ainda hoje. Quinn estava no quarto lendo para a morena, quando Frannie e seu pai entraram trazendo chá. Ela se serviu e os três iniciaram uma conversa... bem, os dois. Quinn ainda estava um pouco antissocial pelo modo como seu anjo foi tratado. O pai e a irmã tentaram várias formas de aproximação, mas a loira rejeitou cada uma delas.

Quinn viu Rachel se mexer, e rapidamente levantou-se para pegar um pouco de água da jarra que havia deixado na mesinha do quarto, supondo que quando a morena acordasse estaria com sede. Ela viu a garota dando sinais de estar acordando e esperou ansiosa para finalmente saber quem era ela.

* * *

Rachel

Sua cabeça latejava. Calor irradiava de contusões que pareciam cobrir todo o seu corpo. Seus músculos doíam e se contorciam de exaustão. Ela tentou abrir os olhos, apenas para ser aconselhada a tomar um tempo e continuar respirando.

"Você pode querer esperar um pouco mais antes de testar o seu corpo, senhorita...?" uma voz forte, mas gentil, recomendou-lhe.

Rachel levou as mãos ao rosto analisando suas palmas, pelas marcas ali descobriu que ficou inconsciente por cerca de dois dias. Levantando a cabeça, apesar dos protestos do desconhecido, a morena olhou para o dono da voz. Ele estava sentado em uma cadeira, confortavelmente bebericando chá. O homem tinha cabelos castanhos claros, não aparentava ter mais de 50 anos e, apesar da visão limitada de seu corpo, Rachel quase podia apostar que ele apresentaria um físico atlético e em forma para a sua idade. Mas o que realmente chamou a atenção da morena foram os olhos. Os mesmos olhos castanho-avelã que a garota loira da estrada e a mulher que gritava ordens possuíam. Esse não podia ser outro senão Russel Fabray, concluiu.

Desviando os olhos do Alfa, Rachel tomou nota de si mesma e percebeu que estava usando uma camisola branca imaculada. Ela quase teve vontade de sorrir imaginando quão pura e inocente devia estar parecendo, essas com certeza não são palavras que normalmente podem ser usado para definir Rachel Berry. Voltando sua atenção para o homem, ela percebeu seu rosto cansado e ligeiramente em alerta. Seu olhar caiu para a figura loira sentada a sua esquerda, a menina das ordens estava aqui também, ela parecia um pouco pálida. E, em seguida, Rachel olhou para a menina a direita do homem. A morena já imaginava quem seria e tentou se preparar para a visão, mas ela ainda se sentiu atordoada quando encarou a beleza loira que havia salvado na estrada. Uma inspeção mais aprofundada no ambiente disse a Rachel que ela estava de volta para o quarto onde havia acordado na primeira vez. Uma leve onda de receio começou a infiltrar-se em sua barriga e fazer caminho até seu peito.

"Berry" ela falou tão suavemente quanto pode.

"Desculpe?" Russel pediu confuso.

"É senhorita Berry, Rachel Berry." esclareceu, e percebeu uma pequena luz de reconhecimento brilhar nos olhos dele ao ouvir o seu nome. Ela já devia ter sabido que sua mãe não conseguiria ficar sem interferir. Rachel se sentiu levemente frustrada, mas tentou não demonstrar. Ela não queria que os outros ocupantes do quarto se sentissem culpados por seu aborrecimento.

"Srta. Berry, se quiser..." Russel apontou para a beleza loira. Ela estava segurando um copo.

Uma mão morena levemente trêmula estendeu-se para o pequeno frasco de vidro e agarrou-o. Ela hesitou em sorver o conteúdo.

"É apenas água" a garota tentou tranquiliza-la. Rachel queria acreditar nela, mas se havia uma lição que suas mamães e seus papais lhe ensinaram, era para nunca aceitar nada de estranhos, e por melhor que fosse a reputação de Russel entre os lobos, ele ainda era um estranho.

A garota percebeu que não conseguiu convencê-la, então tomou um gole da água para mostrar que estava tudo bem antes de entregar novamente o copo a Rachel.

Trazendo-o aos lábios, ela finalmente bebeu. Quando o líquido tocou sua língua, ela sentiu uma onda surgir a partir do beijo gelado da água em seu interior. O receio que tinha começado a encher-lhe afastou-se e ela foi deixada em um estado de paz.

"Obrigado" disse sinceramente. A garota enviou-lhe um sorriso triste, e Rachel podia ver lágrimas alcançando a borda de seus olhos antes dela afastar-se da cama e voltar relutantemente a sentar-se perto do homem que Rachel supôs ser seu pai.

Sentindo-se melhor, a morena sentou-se na cama. Ela achou uma posição que não pressionasse tanto seus ferimentos, mas ao mesmo tempo não a fizesse parecer fraca, e virou-se para Russel.

"Srta. Berry" ele começou "permita que me apresente, eu sou Russel Fabray. Esta é minha filha mais velha e sucessora Frannie" ela deu a Rachel um assentimento de reconhecimento "E esta é minha filha mais nova Quinn" Rachel deixou seus olhos caírem novamente sobre a menina. Ela a olhava intensamente e Rachel não conseguia deixar de retribuir "Srta. Berry?" Russel chamou ganhando a atenção da morena, quebrando a troca das duas "Imagino que a senhorita tenha muitas perguntas, e eu prometo tentar elucidar todas elas. Mas antes, eu mesmo preciso esclarecer alguns fatos e creio precisar de sua ajuda para isto”.

"Farei o que estiver ao meu alcance para ajudar" Rachel assegurou "E, por favor, me chame apenas de Rachel".

"Certo, Rachel. Você vê, minha filha Frannie é uma alfa muito intuitiva. Quando nossa caçula demorou a voltar de sua corrida, ela ficou preocupada. Ao que parece, alguns tentaram dissuadi-la de suas apreensões" Russel não parecia feliz com este fato "Mas felizmente ela tem um caráter forte o suficiente para manter suas convicções e partir atrás de Quinn. Ela tomou o caminho que a irmã costuma seguir quando sai para correr e encontrou uma trilha de cheiros de três lobos que não pertencem ao nosso bando ou tem permissão para estar em nosso território, e próximo ao deles o da nossa pequena Quinnie".

"Papai!" Quinn repreendeu, corando envergonhada pelo apelido infantil.

"Desculpe, querida." Russel sorriu carinhosamente para a filha "Continuando. Imediatamente Frannie ligou para mim e iniciamos as buscas. Quando finalmente chegamos ao final do rastro encontramos você pairando sobre a minha filha inconsciente e dois lobos no chão, fora o outro que já havíamos descoberto morto na floresta." Russel fez uma pausa "Eu peço que você seja compreensiva, quando nos depararmos diante dessa cena nossa primeira ação pode ter sido um tanto intensa e superprotetora da minha filha".

"Sim, eu tenho um galo bem grande para comprovar." Rachel resmungou.

"Peço desculpas por isso. Santana pode ser um pouco..."

"Esquentada?"

"Impulsiva?"

"Maluca?"

Três vozes diferentes ofereceram simultaneamente, desnecessário dizer que Rachel forneceu o último.

"Eu ia dizer dedicada a alcatéia, mas suponho que suas sugestões sejam tão verdadeiras quanto a minha." ele estampava um pequeno sorriso "Então, Rachel, depois que minha Quinn despertou e estava bem para explicar o que aconteceu, ela defendeu acaloradamente, devo dizer, que você foi sua heroína." Rachel olhou para Quinn que novamente estava corando "Eu só gostaria de saber se há alguma informação que você poderia nos fornecer. Talvez um novo ângulo sobre tudo".

Limpando a névoa de sua mente, Rachel tentou lembrar-se dos acontecimentos daquela noite. "Sinto muito dizer isso, mas não acho que serei de muita utilidade. Eu nunca tinha visto qualquer um daqueles lobos até os eventos passados. Quanto a minha participação em tudo, ela foi realmente rápida. Eu vi lobos prontos para atacar uma garota indefesa, e deduzindo que eles não estavam aos seus serviços... Pelo que todos conhecem sobre a reputação de Russel Fabray, o senhor jamais mandaria que atacassem uma garota de forma tão covarde." então talvez Rachel tenha esticado um pouco a verdade, mas ela não poderia vir até o território de outro alfa e reconhecer que conscientemente decidiu desafiar sua autoridade "Foi só então que interferi. Eu sinto muito por ter matado em seu território sem pedir permissão. Eu não queria desrespeita-lo, eu apenas..."

"Rachel, acalme-se, está tudo bem." Russel assegurou "Se você não tivesse agido, minha Quinn não estaria aqui agora. Estou em divida com você. O que nos leva a outro ponto. Eu gostaria de oferecer minhas mais sinceras desculpas pela forma como você foi tratada pelos meus lobos. Sua lealdade e cuidado para com a minha a filha não são desculpas para o modo como eles se comportaram com você. Se houver algo que eu possa fazer para nos desculpar, por favor, você só precisa falar".

"Senhor Fabray," Rachel começou "eu entendo perfeitamente o porquê das coisas aconteceram da forma como o fizeram. Todos nós fomos vitimas de um grande mal entendido. Mas, se o senhor insistir em fazer algo por mim, eu apenas gostaria de ter sua permissão para que meu amigo e eu fiquemos em Lima. Seu nome é Noah Puckerman, imagino que ele já esteja na cidade, não?".

"É claro, você e seu amigo serão mais que bem vindos." Russel garantiu "Sua mãe já acertou todos os detalhes para a sua permanência. Na verdade, eu me sinto um tanto contrariado por não tê-la reconhecido, vocês duas são tão parecidas".

"Não se sinta assim" Rachel pediu "Exceto pelos membros da alcatéia, poucas pessoas me conhecem." Ela fez uma pausa olhando levemente preocupada "Senhor Fabray, eu gostaria de pedir-lhe, por favor, que não comente a ninguém sobre..."

"Está tudo bem" Russel interrompeu "Sua mãe já explicou toda a situação, seu segredo está a salvo" dizendo isso, Russel levantou-se "Bem, apesar das circunstâncias, foi um prazer conhecê-la. Agora eu imagino que você esteja cansada e a deixarei para se recuperar. Minha filha Quinn tem cuidado de você nessas últimas 48hs e..."

"Isso realmente não é necessário. Ela também tem muito do que se recuperar, não só fisicamente, mas talvez principalmente emocionalmente."

"Ela garante estar bem e insiste em cuidar de vós".

Rachel viu que não havia nem um ponto em discutir "Bem, se é assim, como eu poderia recusar uma enfermeira tão linda?"

E era isso, Quinn corou pela terceira vez na presença daquela morena misteriosa.

"Certo. Vamos, Frannie. Nós ainda temos algumas coisas a discutir".

"Sim, papai. E Quinn?" ela esperou até que a irmã parasse de corar e olhasse para ela "Não vá dormir muito tarde, Ok?"

"Ok"

"Boa noite, Rachel!"

"Boa noite"

Assim que os dois saíram, a morena tentou verificar-se sem chamar a atenção de Quinn. A camisola branca cobria a maior parte de seu corpo e o lençol estava sobre suas pernas. Rachel não podia ver muito, mas ela sabia que por baixo teria marcas da rede de prata. A pele estaria arranhada, cheia de cicatrizes e contusões pretas e azuis. Apesar de saber disso ela estava calma, serena. Havia sido por uma boa causa. Ela faria tudo de novo se fosse necessário.

"Eu sinto muito, Rachel."

Forçando seu olho longe de seu corpo, ela olhou para os olhos lacrimejantes de Quinn. "Por que você está se desculpando?"

"Se não fosse por mim, você não teria..."

"Ganhado uma das minhas melhores estórias?" a morena completou "Garotas adoram cicatrizes, haverá lotes delas se jogando em cima de mim agora."

Involuntariamente o coração de Quinn acelerou quando ouviu Rachel falar em garotas. Ela era lésbica? Uma mistura estranha de felicidade e... ciúmes? Invadiu a loira. Sua respiração prendeu na garganta, enquanto observava a morena oferecer um sorriso insolente para ela. Mas então os olhos de Quinn desviaram-se para um ferimento no ombro de Rachel, e ela empalideceu.

A morena notou a nova mudança.

"Honestamente, Quinn, eu estou bem... nem está doendo muito..." tentou tranquiliza-la. Mas parecia que suas tentativas de confortar a perturbada garota eram sem sentido, não fez nada para aliviar suas preocupações.

Quinn sentou-se com cuidado na cama e olhou nos olhos de Rachel, ela pôs sua mão sobre a da morena, entrelaçando seus dedos. Seu toque era quente e macio e perfeito.

Rachel não conseguia desviar o olhar dos olhos avelã, nem impedir a expressão abobalhada em seu rosto, a beleza de Quinn a atordoava. A loira estava invadindo sua mente, seu espírito e seu corpo com apenas um olhar.

Antes que Rachel pudesse parar-se, ela se inclinou lentamente para frente. Movendo seu olhar dos olhos marejados para os lábios perfeitos. Ela viu Quinn fazendo o mesmo, e sentiu seu coração pular uma batida.

O momento foi quebrado por uma porta se abrindo e um garoto com um moicano entrou por ela "Ei, jewbabe, vim assim que eu soube. Quando Shelby e Hiram descobrirem, eles vão..." Puck se interrompeu assim que notou como as duas estavam próximas. Ele deu um sorriso idiota à Rachel. A morena teve vontade de se levantar a apagar aquele sorriso com os punhos "Desculpe senhoras, eu não quis atrapalhar."

"Não, está tudo bem" Quinn respondeu, levantando-se da cama nervosa "Eu provavelmente já devia ir, está ficando tarde."

"Tem certeza? Nós poderíamos..."

"O que você está fazendo aqui, Noah?" Rachel cortou antes que o judeu dissesse algo que realmente a faria levantar e bater nele. Ela amava o garoto, mas às vezes ele só não sabia como se comportar. Normalmente Rachel achava isso divertido, mas há certas coisas que não podem ser ditas a alguém tão especial quanto Quinn.

"Aww, princesa, assim vou achar que você não esta feliz em me ver" ela só continuou olhando para ele. Puck suspirou levantando as mãos em rendição "Tudo bem, eu vim porque fiquei preocupado. Ouvi algumas garotas da alcatéia falando sobre o que havia acontecido e pela descrição supus que era você. Eu estava certo, não é?!"

O rosto de Rachel suavizou. Noah só queria ter certeza que ela estava bem. Se as posições fossem inversas, ela agiria da mesma forma. A morena ama seu jewbro.

"Eu estou bem" garantiu a ele. Puck lhe deu um olhar de quem não estava totalmente convencido. Mas não disse nada.

"Ah, Quinn?" o judeu chamou, lembrando-se de algo.

"Sim?"

"Seu noivo pediu pra dizer que está te esperando na sala."

Rachel ofegou.

Noivo? Que porra é essa? Quinn tem um noivo?

Por alguma razão este conceito estava difícil de entrar na mente de Rachel. Quinn era uma garota linda, era de se esperar que ela não estivesse sozinha, mas um noivo? Em que século eles vivem aqui em Lima? Quem ainda fica noivo nos dias de hoje? E por que ela sentiu uma pontada tão forte no peito ao ouvir sobre isso? Ela não veio aqui por Quinn, ela veio por... Outra pessoa. De repente Rachel se sentia muito cansada.

"Acho melhor ir ver o que ele quer então" Quinn falou, não parecendo muito animada. Rachel sentiu uma satisfação mórbida e inexplicável ao perceber isso. "Boa noite!"

"Boa noite! os dois judeus responderam, e a loira saiu do quarto.

Assim que a porta fechou, Noah correu para a judia e abraçou tão apertado quanto podia sem machuca-la. Rachel sorriu "Eu também te amo, Noah" falou, passando a mão nas costas do garoto.

"Nunca mais me deixe de novo" ele pediu, o rosto escondido no pescoço da morena.

"Eu prometo".

Nenhum dos dois percebeu a loira que os observava por uma fresta da porta.

Uma lágrima solitária escapou rolando na bochecha de Quinn.

Parece que ela não é tão lésbica afinal, a loira pensou amarga, sentido uma dor que ela não conseguia entender de onde vinha.

Quinn virou-se e caminhou para encontrar seu noivo. Ela tinha Sam. Ele a amava, ela não tinha porque estar triste. Ela tinha Sam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galera, decidi mudar completamente o rumo desta fic. Acho que a história vai ficar muito mais rica com a nova proposta. No entanto, não será necessário modificar nenhum dos capítulos já publicados. Só há uma coisa que eu gostaria de destacar:
No capítulo um, Rachel usa o termo monstros para se referir a lobos. Essa seria uma palavra-chave para o enredo anterior, mas para o novo já não se encaixa.
Se alguém ficou curioso sobre o que seria esse enredo anterior, eu vou usar partes dele pra escrever uma nova estória, onde a Rachel será uma succubus (não tem nada a ver com O Anjo e a Succubus, fic que escrevo com o nickname RaeRae). Mas vai demorar um pouco até essa fic sair. Quero ter terminado pelo menos uma das que já estão em andamento.
Até o próximo capítulo!