Quase Sem Querer escrita por Loly Vieira


Capítulo 3
Capítulo 3 - 1º dia. Um pouco depois da madrugada




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212327/chapter/3

Suas pernas doem. É isso que acontece quando você passa 4 horas com um golden retriever em seu colo. Suas pernas doem imensamente.

-Eu ainda não acredito que você só trouxe essa mala. - Ela falou. Abrindo a mala do carro que estava lotada.

Mal ela sabia que ali tinha quase meu guarda-roupa inteiro.

-Pois é. - Eu estava segurando Doug pela guia enquanto a Gabi era encarregada de ajudar nas malas. - Trouxe o mínimo.

-Eu vou te emprestar algumas roupas, não se preocupe.

-Não vou me preocupar. - Assegurei-a, deixando um tremor percorrer pelo meu corpo.

Ela estava pegando uma gigante mala rosa de rodinhas, colocando-a no chão.

-Gabi?  - Uma voz rouca soou. Eu olhei pra trás e me deparei com um dos caras mais lindos que eu já vi na minha vida... Brincadeira, era um senhor de meia idade fitando nós duas. Sorri educadamente, esperando não ser um pedófilo. Aqueles sorrisos que você sabe de cor como usar. - Querida?

-Oi tio Kyle! - ela falou com a voz fina e infantil. Eu tinha que avisar a ela que essa voz não era algo decente. 

Eu dei dois passos para o lado, para dar passagem ao homem, mas Doug entendeu isso como um ato muito mais alegre em seu dicionário ambulante. Algo como... Passear!

Então ele forçou algumas patadas para frente e eu prendi o calcanhar no chão, mas isso era só o começo para o cachorro enorme, ele queria muito mais que apenas passear, ele queria se divertir, se divertir com a minha cara.

-Na-não Dougie - o puxei pela guia. Sua cabeçorra virou pra mim. Os pelos esvoaçaram e então ele sentou. Deixei um suspiro aliviado escapar, voltando à atenção para a conversa dos parentes.

-Você está cada vez mais linda. - Porque nenhum dos meus parentes me dizia isso?

-Ah, que nada tio.

-Está sim, assim como a sua mãe. - A loira soltou uma risada nasalada. - Que bom que minha irmã te convenceu a vir até aqui, a família precisa ficar unida. Os velhos e bons tempos... Lembra quando seus primos pirraçavam com você, porque você só queria ficar ao lado dos gatinhos, os enchendo de mimos?

-Eu lembro - ela soltou uma risada fina. - A família do Sr. Bigodes.

-É, é assim que você os chamava. - O senhor riu juntamente e eu soltei uma risada teatral, que não foi muito bem encaixada na conversa já que os dois me encararam.

-Tio Kyle, essa é a minha amiga Marina, ela veio passar uma temporada conosco.

Um miado fraco rompeu timidamente a conversa. Foi totalmente despercebido por nós, seres humanos, mas não para o cachorro ou vampiros como Edward Cullen. As orelhas do Dougie ficaram instantaneamente alertas, sem que eu notasse. O miado soou mais uma vez, eu virei à cabeça minimamente, junto com os dois parentes, bem a tempo de a Gabriela clamar sorridente:

-Senhor Bigodes!                                                 

E pelo visto, a loira não era a única a querer cumprimentar o felino recém visto. Doug também ficou super feliz em falar com o anfitrião, tanta felicidade que no segundo seguinte ele me arrastava até o gato que se encontrava do outro lado, em meio a algumas plantas.

-DOUG! - gritei, tentando pará-lo, puxando a guia, freando com os pés. Ele continuava a me empurrar até que eu também corresse juntamente com ele para não ser levada.

-Dougie! - chamou Gabi, batendo palmas e soltando assobios. Mas nem para trás o cachorro olhou, ele estava disposto a farejar o gato, que a essa hora também já corria.

-Quem é aquela garota com o cachorro? - ouvi alguém perguntar.

Mas nem por isso eu soltei a guia, continuamos na nossa corrida. Dougie atrás do gato, eu atrás do Dougie e ninguém atrás de mim (que me fazia lembrar muito aquele filme O Casamento do Meu melhor amigo e me fez sentir um pouco deprimida como a Julia Roberts), até que um assobio cortante e chamativo fez o cachorro parar, bem, o assobio o fez parar, mas não a mim, que com medo de atropelá-lo, tentei parar e embolei os pés, atropelando a mim mesma.

-Ai - gemi baixinho, esparramada na terra preta.

-Mah! - chamou-me a voz fina da minha melhor amiga.

-Aqui. - Respondi, erguendo uma das mãos, enquanto Dougie avaliava meu estado facial, se é que vocês me entendem.

-Oh Deus, Mah - pude ouvir passadas mais fortes até mim e Dougie ser afastado a força. O senhor de meia idade, tio Kyle, encarou-me.

-Você está bem, menina?

-Só um pouquinho cansada. - Falei, ainda deitada.

-Venha que eu te ajudo a levantar - ofereceu-se minha amiga, espalmei sua mão erguida, esperando que ela me puxasse, mas eu que a puxei e ao invés de me levantar, ela caiu.

-Gabi! - a voz rouca voltou a soar, ajudando a loira que estava um pouco ao meu lado, recém chegada, a se levantar. E Dougie voltou ao seu trabalho interior, lambendo meu rosto todo.

-Aw Doug, sai - tentei tirar seu focinho de cima de mim. - Sai!

-Quer uma ajuda, menina do cachorro? - alguém sugeriu. Afastei a cara do cachorro de cima de mim e pude ver um par de olhos azuis me encarando, divertidos.

-Aqui não parece ótimo? - fingi um sorriso, ele gargalhou, estendendo-me a mão.

-Você já experimentou aqui em cima? É bem melhor, eu garanto.

Ele me ajudou a levantar e eu tentei tirar as toneladas de areia que tinha em mim, mas nem São Pedro descarregando toda a chuva do mundo, aquilo sairia.

-Então, menina do cachorro... - O garoto oprimiu um sorriso. - Primeira vez que vem aqui?

Pude ouvir mais um miado e no mesmo instante eu relaxei os ombros, detonada.

-Bem, pelo menos já conheço o Sr. Bigodes. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a Nathalia que comentou no outro capítulo ^^
Comentem por favor, nem que seja um 'oi eu gosto de chocolate', eu vou responder na maior felicidade 'temos algo em comum'.
Vem cá e me faz um tico feliz.
E feliz páscoa pra vocês :3