Bianca acordou sozinha naquela manhã de sábado, ao olhar no celular viu que era nove e meia. Nem tentou dormir novamente, ela não estava com sono, e as cortinas estavam abertas, fazendo com que o sol iluminasse seu quarto inteiro. Ela se espreguiçou ainda deitada e começou a lembrar da noite passada. Logo um sorriso bobo surgiu em seu rosto, era impossível lembrar-se de Justin e não sorrir, todas as atitudes dele a deixavam encantada, cada vez mais fascinada por ele. Ao mesmo tempo em que Bianca tinha medo de se envolver com Justin, ela tinha uma vontade absurda de beijá-lo, conhecer ele melhor, ganhar abraços mais apertados e mais demorados, só que na mesma hora que essa vontade chegava, ela se lembrava de que ele poderia apenas se aproveitar dela. Como sua mãe havia dito, ela só saberia depois de tentar, mas e o medo de que desse tudo errado? Será que ela não sofreria depois? Era impossível saber. Depois de ficar muito tempo pensando, ela decidiu que só ficaria com Justin depois de conhecer ele melhor, assim ela também poderia entender as intenções dele, porque se ele gostasse realmente de Bianca, ele esperaria por ela.
Olhou no relógio novamente e viu que já eram quase dez horas, então resolveu levantar. Colocou um short jeans e uma blusa branca bem básica. Como estava com preguiça de arrumar seu cabelo, o penteou e depois fez um coque. Foi ao banheiro, lavou o rosto, e depois foi para a cozinha comer. Chegando lá, Claudia já estava começando a preparar o almoço e seus pais estavam no trabalho.

- Bom dia patroinha. – disse Claudia, e deu um beijo em seu rosto.

- Bom dia Claudia. – disse ela sorrindo.

- Dormiu bem? – disse Claudia.

- Dormi sim, e você?

- Também, patroinha. – disse ela. – Quer comer alguma coisa?

- Vou comer um misto quente. – disse Bianca.

- Ok, já faço pra você.

- Não precisa não Claudia, pode continuar fazendo o almoço que eu faço. – disse ela sorrindo.

- Tem certeza?

- Sim. – disse Bianca.

- Ok então patroinha, você que sabe.

Claudia continuou fazendo o almoço e Bianca fez seu misto quente e um pouco de achocolatado. Enquanto ela comia, contou pra Claudia de como havia sido a noite passada; ela a considerava sua segunda mãe e contava tudo para ela, algumas vezes Claudia a entendia melhor do que sua própria mãe.

- Mas patroinha, você acha que ele gosta de você? – disse Claudia depois de ouvir tudo que Bianca havia contado.

- Então Claudia, eu também estou na dúvida, às vezes eu acho que sim, mas eu tenho medo de estar errada.

- Você já contou para sua mãe sobre isso?

- Sim, e ela disse que eu devia tentar ficar com ele para ver o que acontece.

- É, vendo por esse lado ela tem razão, você só vai saber tentando.

- Mas eu já decidi Claudia, eu só vou ficar com ele depois de conhecê-lo melhor, se ele gostar mesmo de mim, ele vai esperar, não acha?

- É, acho que sim. – disse Claudia. – Mas cuidado pra não fazê-lo esperar demais, e ele desistir de você.

- Ah Claudia, acho que se ele gosta de mim, ele vai esperar o tempo que for preciso, não? – disse ela mordendo o lábio inferior.

- Pior que não patroinha, os homens são pacientes mas nem tanto, ele vai achar que você está fazendo ele de bobo e vai te largar rapidinho! Sei disso por experiência própria.

- Verdade Claudia? – disse Bianca.

- Sim, patroinha.

- Ai meu deus, e agora? – disse ela.

- Calma, não se desespere. Faz pouco tempo que vocês se conhecem, então faça o que você disse, acho que ele vai entender. Mas se vocês já estiverem bem amigos, e você continuar enrolando ele, aí complica.

- Entendo. Obrigada Claudia! – disse Bianca sorrindo.

- Que isso, não foi nada. – disse Claudia sorrindo.
Bianca deu um beijo em seu rosto e a abraçou e depois foi para a sala ver TV, ela se lembrou de que ainda não tinha falado com seus pais sobre o passeio na praia com Justin, perguntaria na hora do almoço.
Sua mãe chegou em casa quando era quase meio dia e seu pai chegou alguns minutos depois, Claudia já havia colocado o almoço na mesa e eles foram comer.

- Como foi no trabalho? – disse Bianca, olhando para seu pai e para sua mãe.

- Ah, foi tudo bem. – disse sua mãe sorrindo. – Hoje chegaram dois alunos novos lá na escola, mas eles não fazem aula comigo.

- E no seu pai? – disse Bianca.

- Ah filha, aquela coisa de sempre, papéis para assinar, documentos para ler, mas fora isso tudo bem. – disse ele sorrindo também.

- Mãe, pai, preciso perguntar uma coisa para vocês. – ela estava um pouco insegura com medo de que eles não deixassem, mas ela só saberia a resposta depois de perguntar.

- Fala filha. – disse sua mãe sorrindo.

- É meu anjo, pode falar. – disse seu pai sorrindo também.
Ela respirou fundo antes de começar a falar.

- Então, um amigo meu que convidou para dar uma volta na praia hoje à tarde, e eu gostaria de saber se posso ir.
Ela engoliu em seco depois de falar, tinha certeza que sua mãe sabia que ela estava falando de Justin e a deixaria sair numa boa, mas o problema maior era seu pai. Ou não.

- Ah, por mim tudo bem. – disse logo sua mãe.

- Não sabia que você tinha amigos filha. – disse seu pai.

- Eu o conheci essa semana lá na escola, pai. – disse ela.

- Hm sei. – disse ele.
Eles ficaram em silêncio durante alguns segundos, Bianca estava ficando cada vez mais aflita.

- Então, posso ou não? – disse ela.

- Ah, se sua mãe deixou, por que vou proibir? – disse ele.
Nesse momento Bianca soltou foguetes e gritou por dentro, mas para seus pais ela apenas mostrou um sorriso, muito maior que o normal, é claro.

- Obrigada, amo vocês! – disse ela ainda sorrindo.

- Mas se cuide né filha. – disse seu pai.

- Pode deixar. – disse ela sorrindo e piscando.

Eles almoçaram e depois disso Bianca foi escovar os dentes e escolher como iria para a praia.
Abriu o guarda e abriu sua gaveta de biquínis. Havia uns quinze modelos, mas Bianca escolheu um azul marinho que era tomara que caia e a calçinha era um pouco maior. Colocou aquele biquíni e o mesmo short jeans que estava usando antes. Não queria colocar a mesma blusa, o sol havia aparecido e estava bem quente. Pegou então uma blusa de alçinha também azul, mas num tom bem claro. Depois de colocar a blusa, pegou uma bolsa de palha para colocar toalha, protetor e essas coisas. Quando terminou de arrumar a bolsa, passou desodorante, perfume, e soltou o cabelo. Viu que ele estava perfeito, bem baixinho, liso até a metade e ondulado nas pontas; se ela soubesse que um coque dava esse efeito lindo, ela já teria feito muito antes. Ela ficou com dó de fazer um rabo de cavalo, mas como iria tomar banho de mar, era melhor estar com o cabelo preso. Assim que terminou de se arrumar, resolveu usar uma rasteirinha que sua mãe já havia comprado há algum tempo, mas ela ainda não havia usado, era preta com um laçinho em cima, também preto. Olhou no relógio e viu que passavam alguns minutos de uma hora, começou a passar a protetor e quando estava terminando, seu celular tocou. Ela foi correndo pegar e viu que era Justin, seu coração bateu mais rápido e ela abriu um largo sorriso.

- Alô. – disse ela.

- Bia? – disse Justin num tom de dúvida.

- Sou eu sim. – disse ela sorrindo.

- Ah, oi! – pelo tom de sua voz, Bianca podia perceber que ele estava sorrindo também. – Então, falou com seus pais?
Bianca pensou um pouco antes de falar e resolveu fazer uma brincadeirinha com ele.

- Então, falei. – disse ela num tom de desânimo.

- Ai, e aí? – disse ele?

- Então Justin. – ela continuava com o tom de desânimo na voz.

- Eles não deixaram? – disse ele, desanimado também.

- Então. – disse ela. – Eles deixaram sim!
Ela começou a rir no telefone e Justin também.

- Poxa, você quase me enganou! – disse ele. – Mas que bom que você vai poder ir!

- Verdade. – agora ela estava sorrindo novamente.

- Então, você vai me dar o seu endereço pra eu ir te buscar?

- O que? – disse ela espantada. – Você está doido?!

- Não Bia, é que eu moro longe da praia, e meu pai vai levar eu e meu irmão de carro, por isso quero passar na sua casa para te pegar.

- Ah sim, entendi. – disse ela.
Bianca explicou rapidamente onde morava para Justin e acabou descobrindo que ele morava a apenas um quilômetro da casa dela.

- Nossa, nem acredito que moramos tão perto! –disse ele.

- Pois é, coincidência. – disse ela.

- Ou destino. – disse Justin.

- O que você disse? – ela realmente não tinha ouvido ele falando aquilo, ele falou muito baixo.

- Nada, esquece. – disse ele. – Daqui uns quinze minutos passo aí, pode ser?

- Ok, te espero aqui.

- Está bem. – disse ele. – Beijo Bia, até daqui a pouco.

- Beijo Fe, até. – disse ela.
Desligou o celular e terminou de passar protetor, pegou sua bolsa e foi para a sala, onde encontrou seus pais assistindo TV.

- Mãe, daqui a pouco o Justin vai passar aqui pra nós irmos para a praia ok? – disse ela. – O pai dele vai nos levar de carro.

- Ah, verdade filha? – disse sua mãe. – Acho até melhor.

- Pois é. – disse ela.

- Que horas você volta filha? – disse seu pai.

- Não sei, que horas você quer que eu chegue? – disse ela.

- Vou te dar um desconto porque hoje é sábado. – disse seu pai sorrindo. – Sete horas em casa.
Bianca nem acreditou no que ouviu. Ela poderia passar a tarde inteira com Justin sem problema nenhum!

- Ah, ok então pai. – disse ela sorrindo.
Ela sentou e ficou vendo TV com eles, de repente, ouviu um barulho de buzina e olhou pela janela da sala, viu Justin saindo de dentro do carro.

- Ele chegou. – disse ela. – Já vou indo.
Bianca deu um beijo em seu pai e em sua mãe também.

- Se cuida filha. – disse sua mãe.

- E não se atrase. – disse seu pai.

- Pode deixar. – disse ela sorrindo.
Ela saiu de casa com um pouco de pressa, não queria deixar Justin esperando. Ao chegar na rua, Justin deu oi a ela e já veio abraça-la.

- Você está linda, como sempre. – disse ele em seu ouvido.

- Você também. – disse ela um pouco tímida.
Ela teve tempo de reparar que Justin estava com uma bermuda branca com detalhes cinzas e com uma blusa também branca, mas com detalhes em preto. Ele deu um beijo em seu rosto e a soltou.

- Entra, eu vou atrás com você. – disse ele sorrindo.

- Ah, ok. – disse ela sorrindo.
Ao entrar no carro, viu o pai de Justin no banco do motorista, e um menino no banco do carona, que com certeza era o irmão dele, os dois olharam para trás e sorriram para ela.

- Oi. – disse o pai dele sorrindo. – Sou o Jeremy, pai do Justin, você é a Bianca certo?

- Sou sim. – disse ela sorrindo timidamente. – Prazer em te conhecer Jeremy.

- O prazer é meu Bianca. – disse ele sorrindo também. – Esse mau educado aqui é o Jaxon, irmão do Justin. Diga oi para a Bianca filho.

- Oi. – disse ele sorrindo timidamente.

- Oi. – disse ela sorrindo timidamente também.

- Pai, podemos ir agora? – disse Justin, que até agora estava em silêncio.

- Vamos sim filho.
Durante o percurso até a praia eles nem conversaram muito, Bianca ficou o tempo inteiro de cabeça baixa, estava com muita vergonha por estar junto com Justin, com o pai e com o irmão dele, e mais ainda por ele ter passado o braço sobre os ombros dela, mesmo que seu pai estivesse vendo tudo.
Depois de uns dez minutos eles chegaram à praia, que por sinal estava bem cheia. O pai de Justin tirou cadeiras e um guarda-sol do porta-malas e deu para Justin.

- Que horas quer que eu venha te buscar?

- Espera. – ele se virou para Bianca. – Que horas você tem que ir embora?

- Meu pai disse que tenho que estar em casa às sete. – disse ela.

- Venha nos buscar as seis pai. – disse ele.

- Ok, até depois. – disse ele. – Tchau, e aproveitem.

- Tchau. – disseram os três juntos.
Eles levaram cerca de cinco minutos para achar um lugar na areia, mas assim que acharam, Justin já armou o guarda-sol e eles se sentaram.

- Jus, vou pra água ok? – disse seu irmão.

- Ok, mas não vá muito no fundo. – disse ele. - O prazer é meu. – disse ele.

- Você fala como se eu não soubesse me cuidar. – disse ele virando os olhos, e logo depois indo em direção à água.

- Esse meu irmão, tenho vontade de espancar ele às vezes.
Bianca apenas riu, o jeito que Justin havia falado aquilo foi engraçado.

- O que foi? – disse ele que já estava rindo também.

- Isso foi engraçado. – disse ela ainda rindo um pouco.

- Ah. – disse ele sem graça.
Os dois ficaram em silêncio durante alguns segundos, mas Justin logo tratou de puxar papo, ele não conseguia ficar muito tempo sem falar com ela.

- Ainda nem te agradeci por ter vindo. – disse ele pegando em sua mão e sorrindo. – Obrigado.

- Ah, não foi nada. – disse ela sorrindo sem jeito. – Aliás, é um prazer estar aqui com você Jus.

Ele soltou sua mão e acariciou o rosto de Bianca, aquele simples toque já a fez estremecer e se arrepiar. Para sua desgraça, Justin percebeu.
- O que houve Bianca? – disse ele.
Ela falou a primeira coisa que achou ser convincente.

- Eu sou muito sensível no rosto, qualquer toque de leve e eu já me arrepio.

- Hm, sei. – disse ele. – Desculpe então.

- Tudo bem. – disse ela sorrindo sem jeito.

- Você já quer entrar na água? – disse Justin.

- Ainda não, mas você pode ir se quiser não me importo de ficar sozinha.

– disse ela.

- De verdade?

- Sim. – disse ela sorrindo. – Vou mais tarde.

- Ok então.
Foi nesse momento que Bianca quase teve um ataque cardíaco. Ela viu Justin tirando a camisa e deixando a mostra um corpo definido que ela ainda não conhecia, e ela realmente gostou do que seus olhos estavam vendo. Ela desviou o olhar rapidamente para ele não perceber que ela estava quase babando.

- Vou lá então. – disse ele sorrindo.

- Ok. – disse ela sorrindo também.
Justin colocou sua blusa em uma das cadeiras e foi em direção à água, Bianca foi acompanhando com os olhos. Depois que Justin entrou na água e mergulhou, ela ficou olhando para as pessoas que passavam, as crianças brincando, o tom alto das conversas ao lado dela. Apesar de ter nascido no Brasil e ter vivido no Canadá a sua vida inteira, ela não costumava ir para a praia, pois sempre estava frio,então não via como algo normal. Estava tão concentrada reparando nas coisas ao seu redor que nem percebeu Justin voltando.

- Demorei? – disse ele.

- Não. – disse ela sorrindo.

- Não quero te deixar aqui sozinha, depois quando você entrar eu entro junto. – disse ele sorrindo.

- Obrigada. – disse ela sem jeito.

- Que isso.
Justin colocou a cadeira encostada na que Bianca estava, sentou e passou seu braço por seus ombros novamente.

- Se importa se eu te molhar um pouquinho? – disse ele.

- Não. – disse ela. – Mas acho que posso te ajudar.
Ela pegou a toalha que estava em sua bolsa e começou a secar o rosto de Justin delicadamente, eles se encaravam enquanto ela fazia aquilo.

- Obrigada. – disse ele sorrindo.

- Não foi nada. – disse ela sorrindo também.
Quando terminou de secá-lo, guardou a toalha novamente e os dois ficaram em silêncio, nenhum sabia direito o que dizer.