Blood And Fire escrita por chasseresse b


Capítulo 6
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Recadinhos lá embaixo (: boa leitura.



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Acordei com as batidas leves de minha mãe na porta.

- Kaylah, já é tarde. Você vai se atrasar! - Ela falou.

- Já acordei. - Respondi, fitando o forro de madeira.

Ouvi os passos de minha mãe descendo as escadas, e me obriguei a sair da cama. Evitei tentar lembrar dos sonhos. Me concentrei nas coisas fúteis da manhã.

Tomei um banho bem demorado. Demorei mais que o necessário escolhendo uma roupa. Me maqueei pela primeira vez em meses.

E, como ainda me restava tempo, organizei e reorganizei minha mochila.

Infelizmente, como em todas as manhãs, meus olhos automaticamente foram parar na floresta. Comecei a sentir que uma certa lembrança queria sair do fundo da minha mente, e comecei a lutar contra isso.

- Kaylah! - Minha mãe me chamou, interrompendo minha pequena batalha mental.

Peguei a mochila e desci ao primeiro andar.

- Você está atrasada. - Ela falou, me entregando um pequeno pacote. - Venha direto para casa.

Peguei o pacote, dei um beijo rápido em sua bochecha, e saí correndo porta afora.

Como sempre, peguei o ônibus que me levaria até a escola. Me sentei no último banco, e comecei a olhar para o nada. Pela primeira vez no dia, deixei que as lembranças do sonho viessem à minha mente.

Eu tentava ir até a clareira, mas sempre havia algo a me impedir.

Na primeira, a trilha se fechava. Mas eu nunca precisei da trilha, pois eu conhecia as árvores.

Então, as árvores mudavam de lugar. E de repente, estava na beira do riacho, ao lado da cachoeira. Eu fitava o outro lado, as grandes rochas.

As Grandes Rochas eram um conjunto de cinco rochas enormes que formavam a cachoeira do riacho. Elas se sobrepunham umas às outras, formando degraus gigantes. Quando pequena, eu gostava muito de ir até lá e escorregar de uma rocha à outra. Claro, eu só havia ido lá uma única vez. Diziam que lá era a toca dos lobos, portanto, eu não poderia estar lá.

E era disso que eu me lembrava. Eu via no sonho uma menina de talvez três ou quatro anos, vestindo um vestido rosa de rendas com mini botas de caça. Ela pulava de um lado para outro, subia e descia das rochas maiores, quase caindo no riacho diversas vezes. E eu reconhecia a garotinha rechonchuda com os cabelos loiros-escuros puxando para um castanho avermelhado. Era eu, no meu aniversário de quatro anos. A única vez que fui para o lado de lá do riacho.

Mas, agora, o que me chamava a atenção não era me ver mais jovem. Era a silhueta de um cão acima da rocha maior. Ele uivou, chamando a atenção da criança (chamando a minha atenção) e a atenção dos adultos. Meu pai gritou para que eu descesse das rochas, e se preparou para atirar no lobo acinzentado. Tio Mark - agora eu havia percebido ele - impediu meu pai de atirar. Disse que era perigoso. Se a alcatéia se sentisse ameaçada, atacariam a todos.

Então, fez um gesto para o lobo, que desceu imediatamente da rocha.

No sonho, voltei a correr até a clareira, mas eu estava perdida. Nunca havia ido para aqueles lados, portando, não sabia como chegar até meu destino. Mas no que entrei em uma área conhecia, tio Mark apareceu, me impedindo de passar. Disse que eu deveria voltar. Que prosseguir era perigoso. Eu o mandava para o inferno, e voltava a correr.

Então, quem me impedia agora era Kaleb.

Ele murmurava algo, mas eu não o entendia. Não era um outro idioma; na verdade, parecia mais como um ganido... Desistindo de me fazer entender, ele me ofereceu sua mão. Eu a peguei, e ele me conduziu até a clareira.

Antes não o tivesse feito.

A clareira estava repleta de lobos. Não lobos como aqueles que citam em livros, grandes, peludões, fofões e que parecem bichos de pelúcia. Olhares dóceis e atitudes vergonhosas para a estrofe metamórfica.

Estes lobos eram como lobos comuns da neve. Fortes, grandes e com olhares selvagens. Alguns cravavam as unhas na terra, como se estivessem se segurando para não atacar alguma coisa. Outros, rosnavam para Kaleb e eu. E um deles, o maior de todos eles, com pelo acinzentado e negro, rosnou e atacou. Kaleb se colocou na minha frente, e murmurou "não".

O lobo parou na frente dele, rosnando, pronto para atacar.

- Ela está comigo. - Kaleb falou. E ao que saía da minha frente, o lobo me atacava, mordendo meu ombro, e meu sonho foi interrompido aqui.

- Oi, Kaylah. - Ouvi alguém me chamar, e abri os olhos rapidamente. - Não pudemos conversar muito bem ontem.

- Kaleb. - Falei em um murmúrio. - Não sabia que você pegava o mesmo ônibus.

- Não pego, normalmente. Mas perdi minha carona. - Ele deu de ombros. - Posso me sentar?

Retirei minha mochila do banco ao meu lado.

- Há muitos lugares vagos ainda.

- Mas o melhor deles é esse. Como passou a noite?

- Bem. - Respondi. - E você?

Ele deu de ombros.

- Já tive muitas noites melhores.

Voltei a olhar pela janela, e percebi que já estávamos chegando à escola.

- Você não me parece bem. - Kaleb falou.

- Estou apenas pensando num sonho... - Respondi com a voz arrastada.

- Sabe, sonhos são mensageiros.

- Sonhos são apenas sonhos. - Cortei.

- Não. São mensageiros. Você deve ver a mensagem que seu sonho a trouxe.

O encarei, e resolvi falar o que eu estava pensando em falar desde a noite passada.

- Você é filho de Mark Ludwig, certo? - Perguntei.

Ele assentiu.

- Mark Hamzah Ludwig. - Ele murmurou.

- O louco. - Afirmei. - E, conforme meu pai, o metamorfo.

Kaleb arfou.

- Quem é seu pai? - Ele perguntou, uma beirada de histeria em sua voz.

- George. - Respondi. - Lhe disse ontem.

- George Polary?

- George Joseph Polary. - Completei. - O ex-melhor amigo do seu pai.

•••

Kaleb estava estranho comigo desde que eu havia dito o nome completo de meu pai. Na verdade, ele evitava tocar no assunto "família", e ficava me perguntando como eu conhecia tão bem a floresta.

E eu, como uma astuta garota (e repare na grande ironia dessas palavras), não desisti de retirar algumas respostas dele. Não havia me convencido da desculpa de gostar de uma caminhada noturna pela floresta. Não havia me convencido a suposta loucura de seu pai. E, principalmente, não havia me convencido das mentiras que ele havia contado até agora. Ou, não contado. Tanto faz.

- Kaylah, agora tenho aula de música. Nos vemos depois? - Kaleb interrompeu meus pensamentos.

- Claro. - Respondi sorrindo. - Nos vemos depois.

Ele foi pelo corredor leste, e eu entrei no corredor oeste, até a sala 22, para a aula de literatura.

•••

- Bom dia. - Falei baixinho para minha colega de classe, Joanne.

- Você estava conversando com Wade? - Ela perguntou.

- Obrigada pelo "bom dia". - Falei sarcasticamente. - E o nome dele é Kaleb. E sim, eu estava andando com ele. Por?

- Bom dia. - Ela disse. - Como vocês dois se conheceram? Como você conseguiu falar com ele? Ele é tão fechado, tão misterioso... - Joanne tinha um tom sonhador na voz. - Nunca o vi pela cidade, e nunca o vi conversando com ninguém.

- Ele me deu uma carona ontem, após a aula. Isso basta?

- Não. - Ela disse, como se isso resolvesse tudo. - Eu quero detalhes.

- Não somos amigas, Joanne. Desculpe, mas não devo detalhes a você. - A cortei, me levantando daquela cadeira e indo sentar ao lado de uma garota loira que eu não sabia o nome.

- Por que você fugiu para cá? - A loira perguntou.

- Desculpe, eu posso me sentar aqui? Esqueci de perguntar.

- Claro que pode. - Ela me encarou. - Quem é você?

- Kaylah. - Respondi.

- Meu nome é Walyiha. Pode me chamar de Waly. - Ela estendeu a mão. - Por que você fugiu de lá?

Apertei a mão dela, e pensei numa provável resposta pela pergunta dela.

- Joanne tem o dom de me irritar com suas perguntas. - Respondi.

- Ela está perguntando sobre Kaleb? - Waly disse. Assenti. - Vocês estão conversando bastante. - Ela afirmou. Arqueei uma sobrancelha. - Desculpe. - Ela disse. - Esqueci de dizer. Sou a irmã dele.

"Ao lado da casa do caçador, há uma castanheira

Os galhos batem no telhado, enquanto você acende a lareira.

O vento balança os galhos, derrubando as folhas

E você, sozinha, permanece emudecida diante da clareira..."


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Notas finais do capítulo

Em primeiro lugar, gostaram do capítulo? *-* Segundo: eu amo o nome "Walyiha", embora ele seja esquisito (conforme minha mãe - sim, ela acabou de ler o capítulo. Me internem em 5, 4, 3, 2...) Terceiro: os capítulos começarão a demorar mais para serem postados. Motivos: estou desmotivada. Não com a fic, mas com a minha vida. Tentei sair do magistério, mas não deu certo, e isso acabou comigo de vez. E aliás, sair do magistério (tentar sair) fez com que o capítulo demorasse mais. Fiquei quase duas semanas indo de escola em escola nas duas cidades (Gravataí e Cachoeirinha) e não consegui sair desse maldito curso. E falando em curso, vou começar um curso de inglês, e isso vai sugar meu tempo mais ainda. Mas prometo fazer capítulos maiores, e não demorar demaaais. Elogios, críticas, sugestões? Amo receber reviews (: até o capítulo V.



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