Farewell escrita por Luxury


Capítulo 3
Lyo


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Lyo Graylake.. Hm, espero que curtam.



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Hoje você levará uma espada no lugar de seu arco, Lyo, dissera seu pai pela manhã. Como diabos ele esperava que ela matasse um veado, criaturas estas tão ligeiras, com uma espada? Logo ao se aproximar deste, iria correr, fugir dela, com certeza.

Era ágil, em seus plenos quatorze anos de vida, porém nem mesmo isso seria suficiente para matar um animal com uma espada, ela sabia bem.

O que lhe ocorrera para pedir que sua filha caçasse com uma espada? Não sabia ele que grandes caças eram feitas à distância, e espadas eram armas utilizadas para se lutar de perto? Ora, mas é claro que sabia. Fora ele que lhe ensinara isso.

Lyo sempre caçara com seu arco e flecha, e sempre obtivera sucesso. Apesar de sempre ter preferido adagas como armas, estas não eram tão eficientes à distância, principalmente em se tratando de animais selvagens. Draiko dizia que deveria aprofundar suas habilidades não apenas no arco e flecha, mas o melhor jeito de o fazer não seria lutando com um humano?

– Logo verá que um homem pode ser tão ligeiro quanto um animal. Deve aprender a matar ambos. - dissera ele.

Nunca havia utilizado uma espada para caçar antes. Tentava imaginá-la como uma adaga, só que bem maior e mais pesada. É claro que esta não poderia ser assim lançada com tanta facilidade.

Observava sua vítima à distância, pensando num plano para trazê-la para mais perto de si. Se pelo menos alguém estivesse ali, na floresta com ela, para correr atrás da criatura, influenciando-a a ir na direção de Lyo...

Portanto, não fora preciso. Tão logo uma ideia lhe ocorrera.

Aproximara-se o quanto foi possível, subindo num dos galhos de uma árvore, e ali se acomodou, esperando. Deve sempre ter paciência, as palavras de Draiko ecoavam em sua mente. Concentrava-se em fazer o mínimo de barulho possível, enquanto seus dedos percorriam os arabescos desenhados em sua espada, cravando aquela imagem em sua mente.

Pareceu levar uma eternidade para que o veado se pusesse a comer as folhas que se localizavam logo embaixo da colossal árvore em que Lyo repousava.

Saltou de lá com elegância, parecendo leve com uma pena. A espada foi à sua frente. De modo com que, logo que caiu ao chão, ao lado da criatura, atingiu a cabeça da mesma. A lâmina afiada desceu da nuca até o pescoço do herbívoro, cortando sua cabeça com uma suavidade desproporcional.

O animal nem mesmo vira o que o havia atingido, e nem mesmo havia berrado, como acontecia quando atingia algum deles com seu arco e flecha. Aquilo sim era uma morte silenciosa.

Lyo pegou a cabeça do veado em suas mãos, admirando-a. O pelo do animal era macio e agradável ao toque, apesar da grande quantidade de sangue que vazava do ferimento.

. . .

Havia adentrado o grande salão do castelo real de Farewell com o veado atrás de si, arrastando-o por meio de cordas que havia amarrado em suas patas. A cabeça, no entanto, Lyo a carregava nas mãos.

Os olhos de seu pai a percorreram de cima a baixo, ao mesmo tempo impressionado e curioso. Suas sobrancelhas estavam erguidas.

Draiko estava sentado em seu majestoso trono com uma expressão de monotonia em seu olhar negro. Seus longos cabelos pretos que pendiam até sua cintura caíam por sobre seus ombros. Apesar de já ter lá seus plenos cinquenta e poucos anos, aparentava muito menos. Tinha o rosto de um homem de trinta, e o físico de um ainda mais novo.

Lyo jogou a cabeça do animal a seus pés, com desprezo.

– E então? - questionou, esperando pelo veredicto.

Seu olhar adquiriu o tão comum tom pensativo e melancólico de sempre.

– Bem... Daria um belo enfeite... - refletiu, mais para si mesmo. - Diga-me, Lyo, como o matou utilizando de uma arma tão rudimentar quanto uma espada? Achei que só o fazia com arco e flecha.

Seu tom distraído zombava dela silenciosamente.

Lyo contou-o detalhadamente sobre a morte do animal. Dissera o quão silenciosa e bem calculada fora, esperando que o pai se orgulhasse.

– Pois bem... Agiu com sabedoria... - comentou. Olhou-a nos olhos por alguns segundos antes de sua expressão tornar-se ameaçadora. Segurou a garota pelos cabelos, aproximando-a a uma distância assustadora de seu rosto. - Mas eu achei que tivesse dito que espadas são armas para se lutar a distâncias próximas, e não para se fazer armadilhazinhas estúpidas, minha cara.

Seu tom era completamente frio e desprovido de emoção.

– O que você esperava que eu fizesse? Que corresse atrás do animal com uma espada? Acha que ele ficaria parado, esperando para ser morto?! - grunhiu ela.

Ele a soltou.

– De certa forma. Ou acha que será assim com os homens que matará? Que fcarão imóveis, esperando pela morte certa? Deve correr mais que o animal, não importa o quanto seus pés sangrem. - disse. - Não faz ideia do que lhe aguarda em outros reinos. Homens são crueis, e te farão sofrer e provar de dores inigualáveis. Nestas horas, correr é algo crucial. Me espanta que você ainda não o saiba.

Ela abaixou o olhar, envergonhada, notando que o pai, inevitavelmente, tinha razão.

– Tem razão. Lamento que não o tenha feito como desejado. - desculpou-se, e sua voz escondia uma amargura implacável.

– O fará de novo amanhã. Quero a perfeição desta vez, hm? - ordenou. - Em poucos dias faremos uma visita à Shadowland. Sabe do que se trata, e deve estar preparada.

Assentiu com a cabeça e virou as costas para Draiko, com o objetivo de deixar o castelo, quando a voz de seu pai a parou.

– Não está se esquecendo de nada? - questionou, gesticulando para o animal ao seus pés.

Segurou a cabeça do herbívoro em uma das mãos e arrastou o corpo deste para fora do castelo, jogando-o em um canto qualquer. Caminhou até seu Salão de Treinamento, onde praticava as mais diversas lutas, às vezes com seu Draiko, e, na maioria destas, com Ersio.

– Achei que já tivesse parado por hoje. - comentou o último, ao vê-la.

Lyo ignorou o comentário.

– Já está de saída? - indagou.

– Não. Por que a pergunta, posso eu saber?

Olhou para ele desafiadoramente.

– Vamos lutar, Ersio.

Ele sorriu, zombeteiro.

– Parece que Draiko a irritou outra vez, sim?

– Calado. - ordenou.

Lyo sempre gostara de Ersio. Já não era mais tão novo, porém era tão ágil quanto um garoto de sua idade, e havia transmitido à ela todos os seus conhecimentos sobre luta.

A menina entrou na Sala de Armas e voltou trazendo duas adagas. Ersio observou-a com olhos arregalados.

– O que foi? - questionou Lyo.

– Quer mesmo usar isso contra mim?

– Qual o problema? Eu sempre as usava em nossas lutas.

– Sim, sim... Quando tinha cerca de sete anos e a força de um pássaro, e, receio admitir, uma péssima pontaria. - comentou.

Ela revirou os olhos.

– Ah, Ersio, não seja tão medroso. Não vou te machucar.

Ele recuou um passo.

– Nada disso. Se quer usá-las, - seu olhar foi direcionado às adagas. - use-as com Draiko.

Lyo bufou.

– Tá bem. - concordou, contrariada, deixando as adagas caírem no chão, logo ao lado de seus pés. - O que sugere, então?

Os olhos de Ersio brilharam.

– Ah, sinto falta de uma luta corporal... Sem armas. - contou.


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Notas finais do capítulo

E bem, é isso.



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