Born To Be Together escrita por Julia A R da Cunha


Capítulo 11
Amber e Sorciére


Notas iniciais do capítulo

A troca de narração no capítulo pode parecer meio confusa, mas antes de lerem, por prevenção para não se confundirem, saibam:
A primeira parte, do dia 10 de abril de 2006 está na narração de Sorciére, e a partir da mudança de data, está na narração de Amber.
Espero que gostem!



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{10 de abril de 2006}

Eu estava assustada, mais do que isso, mas não queria demonstrar, ainda mais perto dela. Ainda mais porque era ela que me assustava. Disfarcei-me por detrás de uma máscara de seriedade e impaciência. Permaneceria assim até parar de seguir os passos de Amber e enfim chegássemos em algum lugar.

Depois do que aconteceu, me proibi de falar qualquer coisa muito além de simples perguntas e respostas com minha irmã. O problema, era que às vezes ela se irritava com isso. Como sabia que acontecera agora, que ela parara de andar, com seus passos duros e virou-se para mim, de braços cruzados. Apesar de ter apenas doze anos, ela tinha um olhar um tanto perverso e poderia meter medo em qualquer um.

Levantei os olhos.

- Por que parou? - perguntei simplesmente.

Amber apertou os olhos para mim. Abaixou-se e com o dedo indicador, tocou meu queixo e virou meu rosto para lá e para cá, analisando-me, e enfim parando em meus olhos.

- Fala!

- Falar o que, Amber?

Ela riu cheia de deboche.

- Você sabe! Desde aquele dia não fala mais comigo direito. - ela fez uma pausa e me encarou. - O que está acontecendo? Fala!

- Nada! - disse. - Não é nada! - parei enfim e sem querer deixei escapar uma frase. - Ele era meu pai… Nosso pai… Nossa família.

Amber começou a rir, gargalhar e apenas me senti ainda mais idiota e inútil. Ora, eu tinha sete anos, é claro que estava assustada e chocada com tudo o que aconteceu. Ao contrário dela, que se divertia com tudo isso.

- Você é tão idiota. Não tem essa de família, pirralha!

- Então por que me trouxe com você?

Ela apertou os lábios e cruzou os braços, me encarando.

- Você viu o que aconteceu. Ou eu dava um jeito com você, ou sumia com você. Agradeça por eu ter escolhido a segunda opção. Não terá segunda vez, bonitinha. Agora vamos! Anda, sua lerda!

Apenas abaixei a cabeça e fui andando atrás dela novamente, observando sua irritação e uma pitada de deboche para comigo. Dali em diante decidi ficar ainda mais calada e Amber pareceu não se importar com isso.

Depois de muito andarmos, levantei a cabeça e percebi que estávamos chegando a algum lugar enfim. Subimos uma colina e quando paramos para olhar o que havia ali, Amber deu apenas um único riso, como se achasse tudo bizarro demais para ser verdade.

O local era todo construído de modo estranho para mim naquela época, pois claro que não sabia de muita coisa sobre arquitetura em suas épocas e locais. Pude ver uma floresta um pouco ao longe, uma praia, uma casa enorme, um conjunto de chalés e várias crianças e adolescentes com uma blusa alaranjada com algo escrito do qual me era impossível ler pela distância.

Amber deu um tapinha em meu ombro e indicou o local com a cabeça.

- Vamos. Pelo menos podem nos arrumar comida e lugar pra dormir - um sorriso perverso preencheu seu rosto. - E poderemos nos divertir um pouquinho se pudermos.

Senti um arrepio percorrendo minha espinha ao ouvir aquilo, então desviei o olhar dela e apenas encarei o local.

- Anda, vamos!

{12 de abril de 2006}

Já era nosso segundo dia nesse acampamento, no qual descobri algumas coisas. Eu sabia que eu e Sorciére éramos semideusas, mas não sabia que todos aqui eram… Bem, quase todos, exceto por aquele gordo inútil do diretor e aquele híbrido de homem com cavalo que todos adoravam. Apenas me enojava vendo toda essa alegria por aqui. Alegre demais, tempo bom demais, tudo perfeito demais.

A noite começava a cair, para meu agrado. Havia deixado Sorciére no chalé de Hermes enquanto andava um pouco. Queria fazer algo com alguém, algo nada bom, pelo menos para com essa pessoa. Para mim seria mais do queprazeroso. Estava dias sem fazer nada que me agradava e aturando aquele encosto de sete anos.

Respirei fundo, deixando o ar noturno preencher meus pulmões. Isso aqui era um saco.

Durante minha caminhada, virei minha cabeça para a lateral e pude ver um sátiro próximo dos campos de morangos com sua flauta. Parei de andar para prestar mais atenção nele. Um pensamento me veio em mente, e sorri com ele.

Virei-me para a direção dele e fui andando até parar à sua frente. O céu já estava escuro, o que facilitaria ainda mais nesse processo.

- Posso ajudar em algo? - perguntou ele.

Eu apenas sorri.

- Sim. - retirei o punhal que carregava comigo desde que saí de casa. - Não chame atenção.

Então derrubei-o para atrás de um arbusto com um empurrão e rindo, comecei minha diversão.


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