Born To Be Together escrita por Julia A R da Cunha


Capítulo 10
Gale




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{15 de março de 2006}

Agora eu realmente começaria a treinar. Antes eu mal conseguia carregar uma arma qualquer em minhas mãos, porém agora, com dez anos, era só pegar nada muito grande e estava ótimo. Mas por enquanto, ainda não havia conseguido nada do tamanho certo. Droga.

Enquanto um amigo meu do chalé de Atena, um pouco mais velho, procurava uma arma para mim, estava sentado do lado de fora, com um barbante em minhas mãos. Esquerda, direita, esquerda, direita, um nó.

- Nada ainda? – perguntei.

- Nada. Desculpe-me, mas tudo parece grande para você. Talvez tenhamos que pedir para um filho de Hefesto criar uma para você. Pode valer mais a pena. Depois é só procurar alguma outra maior enquanto crescer.

Suspirei e fiquei por ali mais uns minutos, fazendo nós no barbante até que este não tivesse mais espaço nenhum para isso. Decidi ir embora, e até mesmo meu amigo depois de um tempo desistiu e foi embora.

Então vi como olhava para baixo, perninhas magrelas se aproximando de mim, com uma bermuda jeans, um sapato marrom e uma meia de um azul desbotado. As pernas pararam à minha frente e levantei os olhos para encontrar os chocantes olhos azuis de Jodelle, as ondas negras do cabelo que não iam muito além dos ombros, o nariz fino e aquele sorriso típico dela, que sempre parecera um tanto macabro, porém nada ruim. Os maiores pareciam até ir de orelha a orelha, mostrando todos os dentes. Alguns diziam que tinham medo, mas eu gostava ainda mais daqueles sorrisos.

- Oi! – disse ela. – Está sozinho por que?

Dei de ombros. Ela apenas diminuiu o sorriso, mas não o retirou, e balançou o corpo para lá e para cá.

- O que foi? – perguntei.

- Quer… Andar um pouco?

Abri um sorriso com o pedido. É, eu não tinha mais nada para fazer, e era legal ficar perto dela. Assenti e me levantei, andando ao seu lado. Depois de alguns passos, percebi que estávamos de mãos meio dadas. Olhei e comecei a corar levemente. Ela percebeu e olhou, só então também vendo, e olhou imediatamente em outra direção.

Continuei olhando-a, podendo até parecer meio bobo. Ela me olhou de canto de olho e segurou uma risada. Percebi uma querendo sair e também a prendi dentro de mim, olhando para frente. Olhei de canto de olho para e ela, e Jodelle fez o mesmo. Começamos a rir de nós mesmos, do jeito que estávamos.

Mas não soltamos as mãos.

Continuamos andando por mais um caminho. Como sempre, o clima eraagradável. Paramos então na área dos chalés. Jodie estava do lado de fora do chalé 11 e nos olhou assim que chegamos, focando em nossas mãos. Um sorriso um tanto esperançoso e com um pouco de malícia lhe enfeitou o rosto e apenas a encarei enquanto ela ria de meu olhar.

Jodelle foi me conduzindo até a porta do chalé de Hefesto. Olhei-a, curioso. Ela apenas me lançou um olhar enigmático e um sorrisinho antes de bater na porta. Não demorou muito até um garoto do chalé abrir a porta.

- Ei, Jodelle! Oi, Gale.

- Já está pronto? – perguntou ela.

- Sim, sim. Entrem – e lá se foi ele para dentro.

Olhei-a de cenho franzido.

- O que está pronto?

- Você verá.

Aquilo estava ficando suspeito para mim. Entramos no chalé enfim, e fiquei surpreso com aquilo. Não parecia exatamente um local para dormir, mas sim para trabalhar incansavelmente em uma oficina.

O garoto foi caminhando até a nossa direção com a mão atrás das costas. Chegando perto, colocou uma espada em minhas mãos, feita de bronze celestial. Notei um dispositivo quase imperceptível e um local que parecia ser uma cobertura para algo, bem pequeno e estreito. Passei a mão ali e ela se abriu. Haviam ali barbantes e barbantes.

- Você adora fazer nós – disse Jodelle, me olhando com um sorriso.

- E esse dispositivo foi feito justamente para quando você crescer. A arma vai crescer junto e se ajustar com você, não ficando nunca pequena demais, e nunca grande demais – explicou o filho de Hefesto. – Ficamos sabendo que estava tentando achar uma arma, mas nada se adequava à você.

Fechei onde haviam as cordas e a olhei. Estava boquiaberto, mas depois, só pude sorrir. Não resisti e a abracei.

- Obrigado – falei em seu ouvido. – Obrigado mesmo.

- De nada – ela disse depois de nos afastarmos.

Olhei para o garoto e murmurei um agradecimento e ele assentiu. Então, saímos de lá e imediatamente olhei para o chalé 11. Jodie não estava mais lá. Ótimo, mas poderia estar conversando com qualquer um sobre isso, o que não era tão bom assim. Detestava boatos. Olhei para Jodelle.

- Quer andar mais um pouco?

Ela sorriu e assentiu e novamente estávamos caminhando lado a lado. Quando passamos por perto da floresta, ela olhou e franziu o cenho.

- Tem uma pessoa ali.

Virei-me quase que involuntariamente para olhar. De primeira não havia ninguém, e pensei que Jodelle estava brincando comigo. Mas depois olhei de outro modo, meio de canto de olho e pude ver o vulto de uma pessoa. Aquilo era um… fantasma?

Eu só conseguia ver se olhasse de relance e ainda era um vulto, mas Jodelle olhava de frente, fixamente. Como poderia ver assim? Só então entendi e olhei-a, sorrindo.

- O que foi? – ela perguntou.

- Muito prazer, Jodelle Le France… Filha de Hades.


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