Pov. Edward

         No dia seguinte me acordei mal-humorado e irritado. Não conseguia acreditar que havia abraçado a Swan e chorado nos braços dela. Agora eu estava à mercê daquela imunda. Se ela quisesse contar para toda a escola poderia, e talvez eles até acreditassem, pois eu sabia que eu não tinha amigos de verdade. Eles só esperavam o momento certo para me ferrar, pois todos queriam tomar meu lugar de aluno mais popular da escola.

         Fui pra escola mais cedo que o normal e encontrei os meus “amigos”, sentamos na frente da escola e começamos  atirar pedrinhas pro outro lado da rua e competir. E eu me vi esperando por Isabella ansiosamente. A cada ônibus que parava eu olhava para vê-la descer com aquele sorriso que sempre estava em seu rosto. Tentei me policiar e esquecê-la, parar de procurá-la, mas minha cabeça tina vontade própria e sempre a procurava. Mas ela não chegava. Senti-me vazio. Como se o dia não tivesse significado se ela não estivesse perto. Eu estava sentindo falta da Swan imunda? Devia estar maluco!

         -Vamos entrar Edward? – perguntou Jasper.

         -Não... ainda é cedo...

         -Não é não, logo a aula começa – Retrucou Emmett.

           -Vamos matar essa primeira aula – eu não entraria enquanto não visse a Swan chegar. Uma parte da minha mente perguntava: Por que? Essa imunda não importa nada. Mas outra parte perguntava: Por que? Pra quê? Para tratá-la mal e a humilhar ainda mais? Porém eu não tinha resposta para nenhuma das perguntas, só precisava vê-la.

           Nem tive tempo pra pensar muito, logo a vi sair afobada do ônibus, parecendo um pouco nervosa por estar meio atrasada. Vi um sorriso idiota vir até meus lábios ao vê-la, mas logo disfarcei.

            –Vejam a Swan! Vamos ver quem acerta mais vezes nela! – ouvi a voz esganiçada do Mike.

            Vi-me sem saída. Eu precisava fazer isso também, afinal eu era o que mais maltratava a Swan sempre e isso devia continuar assim. Começamos a atirar pedrinhas nelas. Ela e Ângela começaram a correr para dentro da escola. Ri divertido, o antigo Edward estava de volta e eu me divertia com o desespero idiota delas. Eu mirava as pedrinhas nas pernas de Isabella. Ri alto.

             Tudo aconteceu numa fração de segundo. Isabella corria, até que de repente uma pedra realmente grande a atingiu na cabeça, abrindo um corte no mesmo instante. Ela continuou de pé por um segundo, mas no outro desabou. Suas pernas ficaram moles e ela caiu flácida no chão. Nem pensei, só senti meu sangue gelar e meu coração perder uma batida. Olhei pros meus amigos que pareciam meio assustados, exceto James que sorria maldoso e excitado.

           Depois, minha mente começou a trabalhar, assim como meu corpo. Corri na direção de Bella que estava caída enquanto eu via que ela tinha um corte fundo na cabeça e que saía MUITO sangue dali. Por um momento eu pensei que ela estava... Depois vi que ela respirava. Agachei-me até ela e comecei a acariciar sua cabeça com delicadeza. Uma delicadeza nunca vista em mim antes. Ângela parecia prestes a explodir de preocupação e de raiva. Olhava-nos com um olhar de acusação.

            Bella semicerrou os olhos e eu ouvi um gemido de dor escapar de seus lábios. Um som que cortou meu coração.

            –Seus monstros! Olha o que vocês fizeram! – Ângela berrava. – Eu tenho que buscar ajuda! Não machuquem ela!

             E ela saiu deixando eu e meus amigos a sós a não ser pela presença da Bella que estava meio inconsciente.

             –Droga! Por que você atirou uma pedra tão grande, James! Agora nós vamos nos ferrar! – eu ouvi a voz de Jasper.

             Eu não conseguia acreditar que depois de tudo isso meus amigos estavam preocupados com eles mesmos. Bella estava morrendo na nossa frente e eles só conseguiam se preocupar consigo mesmos.

           –E daí nós merecemos! Ela podia ter morrido por causa do idiota do James! – ouvi a minha voz tremendo de raiva e... preocupação? Sim, preocupação.

           –Até parece que você se importa, Edward! – ouvi a voz debochada de James.

              – Cale a boca, James – berrei.  

             –Deixa ela aí Edward, vamos vazar! Ângela não tem provas contra a gente! – ouvi Emmett dizendo. Ele tinha razão era só irmos embora que estava tudo resolvido. Para nós! Mas e Bella? Ela perdia cada vez mais sangue e eu só assistia a isso sem poder fazer nada. Sua face ficava cada vez mais branca pela perda de sangue e eu tremia de preocupação. Eu não podia suportar a idéia de que ela podia estar morrendo...

          –Não, a Swan pode passar mal... Não tão vendo que a porra da cabeça dela não para de sangrar! – gritei, sentindo a minha veia da testa latejando e prestes a explodir. 

         –E daí? Que essa imunda morra! Poupa-nos trabalho! – ouvi a voz de James, ele parecia rir. Eu nunca senti tanta vontade de matar alguém quanto agora. Eu queria matar James! Tinha sido ele que tinha atingido a Bella. Meus amigos começaram a correr.

          –Vamos Edward! – eles gritavam, mas eu não conseguia me afastar de Bella. Ela precisava de mim e eu não a deixaria ali.

         –Não! Pessoal, não me deixem aqui... – eu pedia desesperado, mas os meus “amigos” continuaram correndo. Eles foram embora, me abandonaram. Dei de ombros, eram uns imbecis mesmo. Não ajudariam em nada. Virei-me para Bella e vi que ela continuava perdendo sangue.

        –Bella... me perdoe... – eu sussurrava no ouvido dela. Eu não sabia se ela me ouvia, mas eu precisava dizer essas palavras – Eu... eu juro que não queria que isso acontecesse. Me... perdoe por tudo o que eu te fiz sempre. Por ter te maltratado durante toda a sua vida. Você nunca mereceu nada daquilo. Eu só... descontava toda a minha dor e raiva em você. Desculpe...

           Ela não disse nada. Senti meu coração perder mais uma batida. De repente eu senti como se meu mundo desabasse. Eu não podia suportar a idéia dela morta. Nunca mais vê-la chegar na escola sorridente, apesar de todos seus problemas, nunca mais ver suas bochechas ficarem coradas quando estava com vergonha ou constrangida. Era como se ela fosse importante para mim. Como se eu não pudesse viver sem ela. Isso era loucura. Mas era verdade.

          Eu não conseguiria viver em um mundo em que Isabella Swan não existisse. Ela era meu porto seguro. O único ponto de felicidade nessa vida vazia e maldosa que eu levava. Até mesmo implicar com ela e maltratá-la me fazia bem. Eu descontava meus problemas na garota e isso me deixava melhor. Eu sei que é maldade, mas é a pura verdade. Mas sem Bella nesse mundo, parecia que mina vida não tinha mais significado...

         –Você foi tão boa comigo ontem. Sempre. E eu nunca fiz nada pra merecer tanta... bondade – falei, sentindo lágrimas nos meus olhos e minha voz ficar embargada. Eu não podia suportar o fato de que provavelmente nunca mais receberia um abraço como o dela. Verdadeiro. Carinhoso. Acariciei o rosto dela de leve dei um beijo em sua bochecha macia e perfumada. Ela precisava saber que apesar de eu nunca ter demonstrado ela era importante pra mim.

          Ela tentou se sentar, mas eu não deixei e coloquei a cabeça dela no meu colo. Tirei minha camisa e coloquei na cabeça dela para estancar o sangue. Eu tinha que fazer alguma coisa para que a cabeça dela parasse de sangrar. Qualquer coisa!

          –Bella está doendo muito? – perguntei, sentindo a preocupação me invadir novamente.

         Mas para minha surpresa Bella segurou minha mão e se sentou com os olhos bem abertos e parecendo bem e feliz.

         –Não... – ela disse, me lançando um sorriso afetuoso – Eu me sinto bem agora, só com um leve formigamento na cabeça.

          Acho que ela esperava que eu fosse reagir com felicidade, mas deve ter se surpreendido com o olhar frio que lhe lancei. Apesar de ela parecer estar mal, morrendo ela estava bem e eu falei tudo pra ela. Todos os meus sentimentos mais profundos e ela agora sabia de tudo. Isso não podia ter acontecido. A parte mal de mim pensou: Preferia que ela tivesse morrido! Mas a parte boa, a bem escondida no fundo estava feliz por Bella estar bem, estava calma. Mas eu, Edward me sentia confuso. Não sabia se tinha raiva ou tranqüilidade.

       –Que pena! Você não viu e nem ouviu nada entendido? – falei apertando seu braço com força assim como tinha feito ontem.

        –Sim! – ela exclamou no mesmo tom que eu. Trazia uma expressão de dor no rosto. Soltei-a e me levantei pra ir embora. Eu não podia ser pego na cena do crime. Seria o único culpado. Eu esperei que Isabella não me entregasse. Lancei-lhe um ultimo olhar com raiva, mas logo me senti mal de novo ao ver grossas lágrimas se formando no rosto dela e seu rosto branco e parecendo cansado. Ela disse que estava bem, mas estaria mesmo? Dei de ombros, eu precisava ir embora e não mudaria de idéia. Dei-lhe as costas e fui embora, deixando Swan para trás.