O carro não estava tão rápido, pois, Nessie sabia que havia alguém “frágil” ali. Eu. Quil e eu estávamos abraçados enquanto Jacob mudava as estações do rádio. Nessie bateu na mão de Jacob, fazendo com que ele deixasse naquela estação. Tocava uma musica conhecida.

- Quem está cantando?  Perguntei aguardando a resposta de alguém.

- Nick Minaj.  Respondeu Nessie.

Silêncio. Olhei pela janela enquanto passávamos pela floresta que dava a minha casa. Meus pensamentos foram de encontro para meus tios. O que será que aconteceu com eles? Senti uma dor estranha, um aperto no coração. Arfei encostando minha cabeça no vidro do carro.

- Estou nervozo.  Disse Jacob quebrando o silêncio.

- Por quê?  Perguntou Nessie.

- Estou indo conhecer meus sogros.  Respondeu ele.

- Você ainda não conhece os pais da Nessie?  Perguntei.

- Não, acho ate que eles não sabem sobre mim.  Disse Jacob virando o rosto e fazendo bico.

- Claro que sabem! Eu contei a eles sobre nós, ok?!  Respondeu Nessie aumentando um pouco mais a velocidade do carro.

- Ah, menos mal.  Disse Jacob.

Fechei meus olhos logo adormecendo.

Acordei no quarto de Nessie, deitada em sua cama. Olhei ao redor e não tinha ninguém. Sentei-me na cama e logo Nessie entrou no quarto.

- Bom dia, bela adormecida.  Disse ela sorridente.

- Bom dia?  Perguntei confusa. Já passavam das onze e meia da manhã quando saímos da escola, já deveria ser de tarde.

- Sim, são exatamente oito e meia da manhã.  Respondeu Nessie. Arregalei os olhos, assustada. 

- Mais... Quer dizer que eu estou dormindo desde ontem à tarde?  Perguntei assustada.

- Sim, estranhamente sim.  Respondeu ela sentando-se ao meu lado.

- Uau! E os meninos?  Tirei a coberta de cima de mim.

- Foram para casa ontem à noite. Mas Quil voltou hoje cedo e está lá embaixo conversando com meus pais.

- E eu vou ter que ficar trancada por dois dias?  Perguntei já sentindo o tédio.

- É, isso mesmo senhorita Young.  Respondeu Nessie, e aquilo me fez lembrar de meus tios.

- Nessie, e meus tios, deram notícias?  Perguntei esperando alguma notícia. Eles já estavam fora á dois dias sem ligar ou dar nenhum tipo de notícia.

- Não Clar, estamos todos preocupados. Quil disse que avisou aos Clearwater e eles nem sabiam que Sam e Emily estavam sumidos.

- Nessie eu estou com medo de, sei lá, ter acontecido algo com eles.  Meu coração estava acelerado. Eu não podia, e nem queria imaginar o pior.

- Calma Clar, vai dar tudo certo. Logo eles estarão aqui, você vai ver.  Ela disse me abraçando sem me machucar.

Depois de uma manhã chata sem nada para fazer, me cansei de ficar trancada no quarto. Quil e Nessie me levaram para a sala. Eu parecia mais uma boneca frágil que tinham que ter o maior cuidado para não quebrar. Eu odiava isso, ate porque não gostava de depender de ninguém. Sempre consegui me virar sozinha. Mas toda vez que eu ficava doente ou algo do tipo, eu ficava tão frágil.

 Já era noite e estávamos assistindo um jogo do Arsenal na tevê. Meu time favorito. Eu não gostava muito de futebol, mas sempre que o meu time jogava, eu ficava eufórica e não perdia um segundo sequer do jogo. O jogo estava empatado. 2x2 Arsenal e Barcelona. Acabou o segundo tempo, indo para o intervalo. Emmett foi para a cozinha pegar uma cerveja. Nessie estava em outro canto abraçada em Jacob e eu estava com a cabeça deitada em uma almofada no colo de Quil.

- Boa tarde meninos.  Disse tio Edward chegando do trabalho. Sorri acenando para o mesmo. Eu me perguntava como um homem exemplar e responsável deixava sua única filha agarrada com o namorado em sua própria casa. Se fosse tio Sam já teria tirado Jacob e Quil dali aos tapas. Ah, tio Sam... Senti um aperto em um peito.

- Papai! Como o senhor está?  Disse Nessie levantando e indo ate seu pai, o abraçando.

- Estou bem princesa. E você?  Perguntou ele olhando atentamente para a filha.

- Também estou bem. Como foi seu dia?  Perguntou ela a ele. Passei a deixar de prestar atenção nos dois quando vi uma cena estranha na tevê. Era um carro preto massacrado em uma estrada não tão longe daqui.

- Foi bom minha filha, com alguns contra tempos mas foi bom.  Respondeu tio Ed.

- Gente, espera ai. Olhem aquilo.  Disse atraindo atenção de todos, ate de tia Bella que estava na cozinha lavando alguns pratos. Todos olharam para a televisão.

- A polícia achou a identidade de uma das vítimas. É de um homem de quarenta e cinco anos, Sam Uley. A polícia está buscando pistas do que resultou ao acidente. Disse o repórter na tevê. Não pode ser! Lágrimas já rolavam por meu rosto. Me levantei fitando a foto da identidade de tio Sam na tevê.

- Claire...  Sussurrou Quil.

- Não! Não, não pode ser, meus tios não! NÃO!  Gritei, chorando desesperadamente. Quil me apertou contra ele, me consolando.

- Oh meu Deus!  Escutei a voz de sinos de Alice chegando no local. Senti uma mão pequena em meu ombro. Logo essa mão me puxou levemente para seu colo. Era Nessie.

- Nessie, me diz que é mentira vai, diz pra mim que isso tudo não passa de uma brincadeira de mal gosto.  Á abracei chorando, deitando minha cabeça em seu ombro.

- A outra vitima não identificada não resistiu e morreu. Já o homem encontra-se em estado grave.  Escutei a voz na tevê. Aquilo me desfez em pedacinhos. Estava tudo rodando. Eu tombei e por fim, não vi mais nada.

Tudo estava tão escuro, tão sem razão. Ate que aquele lindo rosto cicatrizado apareceu, sorrindo para mim. Sorri de volta, mas eu não conseguia andar ou me aproximar dela. Eu estava presa ali, distante dela, e tudo que eu mais queria era um abraço de minha tia. Minha tão amada tia Emily.

- Claire, você precisa se cuidar. Promete para mim que vai comer mais, que vai se dedicar mais aos estudos?  Pediu ela sorridente.

- Claro tia, eu prometo. Mas por favor, volte para mim. Eu preciso tanto da senhora.  Respondi já chorando. Ela se aproximou, enxugando minhas lágrimas, mas não pude fazer nada. Eu estava congelada ali.

- Claire, a vida é assim. Uns vem, outros vão... E agente tem que se acostumar com isso e seguir enfrente. Se cuide minha princesa. Não tome decisões antecipadas. Lembre-se que tudo tem seu tempo e cuide bem do Quil, ele é um garoto de ouro e precisa de você.

- Tia... Não vá, por favor.  Eu chorava, implorando para que ela ficasse.

- Eu te amo Claire. Se cuide.  Ela disse se afastando de mim, sumindo na escuridão. Meu coração se apertou, parecendo diminuir.

- NÃO! TIA EMILY, NÃO SE VÁ! FICA!  Eu gritava desesperadamente.

- Claire, Claire. Acorda! Claire!  Acordei dando de cara com Quil e Nessie. Eu suava e respirava ofegantemente.

- Está tudo bem Claire, volte a dormir meu amor.  Disse Quil me abraçando.

- Minha tia Quil, ela se foi para sempre. Eu nunca mais verei aquele sorriso denovo.  Disse em meio aos choros. Nessie se deitou ao meu lado, acariciando meu cabelo.

- Oh Claire, não chora se não eu choro também.  Disse Nessie já chorando. Doía tanto saber que nunca mais eu veria Emily.

- Claire, você tem que ser forte! Ainda tem o Sam que está internado. Você precisa ser forte por ele. Você tem que tentar anular a dor. Eu sei que dói e muito! Mas você tem que saber que Emily não iria gostar de lhe ver assim.  Disse Quil fazendo com que eu olhasse para ele.

- É difícil Quil. É difícil...  Disse deixando minha voz sumir.

- Clar, tenta dormir. Amanhã será outro dia e iremos todos visitar Sam no hospital, então você precisa se recuperar para ir ver seu tio, ok?  Disse Nessie afagando meus cabelos. Assenti tentando engolir o choro e deitando minha cabeça no travesseiro.

- Fiquem comigo ate eu dormir?  Pedi olhando para eles.

- Claro meu amor. Eu prometo não sair do seu lado, nunca.  Prometeu Quil beijando minhas mãos. Sorri fraco e fechei meus olhos, aguardando a escuridão tomar conta de mim.

Acordei com o sol batendo em meu rosto. Cocei os olhos os abrindo lentamente. Nessie dormia ao meu lado e Quil estava dormindo sentado no sofá no canto do quarto. Levantei-me lentamente andando ate o banheiro. Olhei-me no espelho tomando um susto com meus olhos inchados e vermelhos. Andei sem fazer barulho ate minha mochila e peguei uma roupa limpa para usar. Voltei ao banheiro e tomei um banho demorado e relaxante. Terminei meu banho e me sequei, vestindo minha calça jeans da Cia Fashion e minha blusa coral com uns desenhos de peixinhos na frente. Penteei meus cabelos para o lado e passei uma base no rosto, escondendo as olheiras. Passei brilho nos lábios e por fim uma sombra fraca nos olhos. Sai do banheiro me deparando com Nessie arrumando a cama enquanto Quil continuava a dormir.

- Bom dia Clar, como está?  Perguntou Nessie sorrindo para mim. Sorri fraco para ela.

- Não estou bem, isso é fato. Mas preciso parecer bem para que as pessoas não sofram com o meu sofrimento.  Disse fitando o chão.

- Ah Claire, tudo vai voltar ao lugar, você vai ver.  Nessie se aproximou de mim me abraçando. Segurei-me para não cair no choro.

- Eu sei que vai Nessie. Ei, o Quil não vai acordar, é?  Perguntei enquanto nos afastávamos um pouco. Olhei para o garoto moreno dormindo tranquilamente sentado no sofá.

- Ele passou a noite toda velando seu sono. Foi dormir faz quatro horas.  Disse Nessie bocejando. Ela também deve ter dormido apenas quatro horas.

Caminhei ate o sofá sentando ao lado de Quil e distribuindo um beijo em sua bochecha. Selei seus lábios logo o despertando e sendo surpreendia por um beijo calmo e apaixonado. Pus uma de minhas mãos em seu rosto enquanto ele me puxava pela cintura. Nessie tossia, nos interrompendo. Revirei os olhos a olhando seriamente.

- Eu vou tomar banho. Se quiserem podem ir tomar café lá em baixo.  Disse Nessie caminhando ate o banheiro.

- Ok.  Disse Quil levantando-se e estendendo uma de suas mãos para mim. Sorri e a peguei, me levantando com sua ajuda.

- Eu já consigo andar.  O repreendi antes que me pegasse no colo. Saímos do quarto seguindo pelo corredor e finalmente chegando à cozinha.

Esme estava no fogão preparando algo com um cheiro delicioso. Edward estava na mesa lendo seu jornal. Emmett na sala jogando vídeo game junto com Jasper. Alice estava na máquina de costura na sala. Rosalie e Bella colocavam a mesa.

- Bom dia meninos.  Disse Esme com seu sorriso amistoso no rosto.

- Bom dia avó Esme.  Sim, eu a chamava de “avó Esme” desde quando eu era apenas uma menininha.

- Bom dia senhora Cullen.  Disse Quil educadamente.

- Ora, não me chame de senhora, assim eu me sinto uma velha gagá. Por favor, me chame apenas de Esme. Ou de avó, como as meninas me chamam.  Disse Esme ainda com seu sorriso nos lábios. Ela sabia ser uma dama.

- Ah... Desculpa senho... Esme.  Disse Quil sorrindo.

- Viu, assim é melhor.  Respondeu ela desligando o fogão.

- O que tem para o café, vovó?  Perguntei caminhando ate a mesa e me sentando de frente para Edward.

- Ovos mexidos, bacon canadense, Milk Shake de morango e panquecas. O que vão querer?  Perguntou ela colocando dois copos sobre a mesa.

- Hum... Eu vou querer Milk shake com panquecas.  Disse sentindo meu estômago roncar.

- E você, querido?  Perguntou ela dirigindo-se a Quil.

- Um café bem forte.  Disse ele.

- Nada disso mocinho. Só café não enche. Você vai comer uma panqueca também.  Exigiu ela. Eu ri de Quil.

- Se a senho... Quer dizer, se você está mandando, eu como.  Disse ele sorrindo ternamente. Esme pegou a jarra com Milk shake e colocou em meu copo, me dando um canudo para sugar aquilo. Trouxe o café de Quil e as panquecas.

Comi bem, lembrando-me do sonho que tive com Emily me pedindo para se alimentar bem. Logo Nessie apareceu na cozinha se juntando a nós na mesa e comendo exatamente o mesmo que eu. Tio Edward prometeu nos levar ao hospital assim que escovássemos os dentes. Quil foi para casa tomar banho e trocar de roupa. Assim que saímos, passamos na casa dele para levá-lo conosco ao hospital. No carro estavam Edward, Bella, Nessie, Eu e Quil.

Chegamos a cerca de vinte minutos. Carlisle estava lá. Ele me prometeu que cuidaria de meu tio. Ficamos na sala de espera, aguardando alguma noticia de Sam. Carlisle apareceu com um sorriso fraco nos lábios. Meu coração se acelerou.

- Ele acordou.  Disse ele. Eu sorri e pulei da cadeira, abraçando Quil. Meu tio estava bem. Graças a Deus!

- Eu posso vê-lo?  Pedi com o olhar suplicante. Carlisle respirou fundo.

- Ainda não. Ele acabou de acordar e precisa estar ciente para receber a noticia.  Disse Carlise. É, Sam ainda não sabia da morte de Emily. E é claro que não reagirá nada bem ao receber esta noticia. Minhas pernas vacilaram e eu me apoiei em Quil.

- Calma.  Sussurrou Quil para mim.

Assenti me sentando no sofá.

Passaram-se cinco horas e eu estava quase dormindo no ombro de Quil quando Carlisle apareceu.

- Claire, Sam quer lhe ver.  Disse ele e automaticamente meu coração se acelerou. Levantei-me assentindo para Carlisle.

- Clar, se quiser eu vou com você.  Disse Nessie se levantando também.

- Não Nessie. É melhor que Claire vá sozinha.  Disse Carlisle. Logo ele me guiou pelo corredor ate o quarto onde estava Sam. Entramos e pude ver ele deitado na maca, todo enfaixado. Meu coração se apertou e eu segurei para não chorar. Carlisle sorriu fraco e me deixou ali sozinha.

Caminhei lentamente ate a maca onde se encontrava Sam. Aqueles segundos pareciam uma eternidade. Eu pensava no que falar, como agir com ele. Eu precisava me manter forte para ajudá-lo. Eu precisava cuidar dele. Do meu tio que era mais que um pai para mim. Sorri fraco ate que cheguei perto dele. Ele me olhou. Seu rosto arranhado, ele tinha os olhos banhados em lágrimas. Fiz a maior força possível para não chorar. Peguei em sua mão, acariciando a mesma.

- Oi tio.  Disse com a voz falha.

- Claire... Diga-me que é mentira. Diga-me que ela está viva.  Disse ele chorando. Meu coração pareceu quebrar-se em pedaçinhos. Apertei os olhos respirando fundo.

- Tio Sam... Como eu queria que tudo isso não passasse de um pesadelo.  Disse não conseguindo mais segurar as lágrimas que rolavam por minha face.

- Eu não vou saber viver sem ela, Claire. Eu quero morrer!  Exclamou ele.

- Não diga isso. Olhe, eu vou cuidar do senhor. Vamos continuar a sermos uma família, ok? Só nós dois. Vamos conseguir conviver sem ela, por mais que seja difícil. Pense que ela ficará feliz.  Disse limpando minhas lágrimas.

- Não Claire. Isso não é justo! A vida não é justa comigo! Eu perdi o amor da minha vida Claire, eu não quero mais viver. Se for preciso morrer para ficar com ela, eu morro. Droga, droga, droga!  Ele gritava tirando suas mãos das minhas. Se debatendo na maca. Corri ate a porta a abrindo e gritando por Carlisle que logo apareceu.

- O que está havendo?  Perguntou ele entrando pelo quarto acompanhado de outros médicos.

- Eu não sei, ele está se debatendo.  Olhei para Sam que estava totalmente agitado. Ele chorava, gritando pelo nome de Emily. Carlisle foi ate ele aplicando um sedativo no mesmo. Uma enfermeira me retirou do quarto.

Eu escutava o barulho do aparelhinho mudar, ficar agudo demais. Pela janela de vidro pude ver Carlisle abrindo as faixas no peito de Sam e colocando uns aparelhos que não sei o nome. Fazendo o corpo de Sam pular na cama. Eu chorava. Já havia visto aquilo em muitos filmes. Mas era muito pior na vida real. Senti alguém me puxar dali. Não vi quem, mas eu chorava ate que fui abraçada por algumas pessoas que também não vi. E mais uma vez, eu desmaiei.