Castigada escrita por Lucas


Capítulo 5
3 gotas de felicidade


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, esse capitulo é mais neutro, na verdade é bem neutro, porém bastante importante para o decorrer da histórias, espero que vocês identifiquem a metafora do titulo, e divirtam-se.



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Tenho certeza que tem algo por trás dessas folhas vazias,  aquela agenda aparentemente tão simples esconde algum segredo. Primeiro ela aparece do nada, do além, na mesa “sagrada” da mamãe e agora sou praticamente arrastada pelo meu instinto até ela, como algo predestinado, como se alguma coisa (ou alguém) quizesse que eu a leia de qualquer forma. Viro a agenda, toda coberta em couro legitimo e já envelhecido. Fico analisando por horas até notar que há um esconderijo tão bem elaborado na capa que uma onda de energia tão confortante toma meu ser, correndo pelas minhas veias, meu sangue, fazendo com que eu me sinta de certa forma, poderosa.


- Eu sabia. – Respiro aliviada e ansiosa para descobrir o que tem escrito em meio àquelas folhas vazias, estou pronta. – Sempre soube, desde o momento em que a vi, ela esconde algo, que necessita ser urgentemente desvendado.
 

Vasculho o esconderijo apertado sob a capa e encontro uma navalha, velha e manchada de sangue seco, fico assustada mas ignoro o fato de estar mexendo com coisas que nem sei o que são, e muito menos o porque da existência das mesmas. Seguro a navalha percebendo já tarde demais o quanto ela está afiada.

 Vejo meu sangue escuro e consistente pingar três vezes na agenda. Uma luz tão forte e calorosa irradia a sala, forçando-me a fechar os olhos. Quando os abro finalmente, fico surpresa ao ver a agenda abrindo-se e uma série de palavras começam a se formar, a letra é a mesma da carta que encontrei a alguns dias atrás. A letra da mamãe. Começo a ler a espalhafatosa confusão de letras ilegíveis. Sem entender nada. Decido parar.

Olho no relógio e percebo que já são 05h33min, fiquei aprisionada àquela agenda por mais de 5 horas, o sono não chegou nem a encostar-se a mim, não vi o tempo passar, nem o dia clarear. Subo as escadas ainda no meu estado zumbi, decido tomar remédios para dormir se for preciso, mas quando olho pela janela, encontro com aqueles olhos tão ávidos e hostis que me fitam por um simples minuto e logo depois desaparece.

Ele desapareceu tão rápido, me deixando abandonada, desprotegida.

Corro.

Para em meio as folhas e árvores, o vento soprando forte meus cabelos negros, lavando minha alma. O vento agora tirou de mim mais alguém, ele soprou minhas esperanças. Arrastando-as para longe.

Avisto o carro da tia Sally de longe, um Touch preto, brilhando, os vidros baixados enquanto Peter acena para mim, Camile emburrada como sempre, e minha “tia”-tão super-protetora buzina sem parar (acordando toda a vizinhança). Aceno de volta com o sorriso quase batendo nas orelhas, uma sorriso que não costumo dar, a muito tempo não me sentia tão feliz como me sinto agora, estou feliz em ver a tia Sally, meu tão querido primo Peter, e até mesmo a Camile, a garota que implica comigo por algum motivo que desconheço.

- Achei que quando disse “chegamos de manhã” seria bem mais tarde sabe? Umas 4 horas da tarde. – Digo rindo pela minha brincadeira infantil ao assistir aqueles saltos tão altos tocarem no chão umedecido,  e o cabelo leve, pintado de castanho ao vento.

- Pois é, era para ser uma surpresa, mas e você? O que faz acordada a essa hora, ainda na de camisola na rua deserta? – Ela diz mudando de um tom de voz alegre para um realmente sério, enquanto me observa ignorando a parte em que ela falou sobre minha camisola.

- Não era nada, só vim tomar um ar e varrer a porta. – Minto.

- Bem, varrer a porta sem uma vassoura? – Sua voz me deixa envergonhada, e por mais que eu odeie mentiras dessa vez foi necessário, não posso envolver ninguém nesse bando de esquisitices que tem sido minha vida ultimamente.

Somos interrompidas por Peter que ao gritar meu nome vem correndo em minha direção, chamando-me para um abraço e sem pensar por mais de um segundo corro para também abraça-lo. Um abraço é tudo que preciso agora, Um paraíso confortante. Um meio de me encontrar. Um esconderijo emocional para eu fugir desse turbilhão de confusões que tem me assolado desde que esse mal passou a habitar um ser.

- Olha só como você cresceu quanto tempo que não nos vemos. – Ele diz sorrindo e fazendo comigo um toque de mão que inventamos quando éramos ainda crianças, a época em que tudo era mais fácil. – Será uma longa semana de Halloween. – Afirma enquanto sobre as escadas cheio de bagagens.

Abraço tia Sally e faço um breve aceno para Camile indicando um “olá”.

- Ei vocês duas, peguem as caixas com as decorações no porta-malas e, por favor, tentem fazer isso sem uma matar a outra. – Ouço-a ordenar no mesmo instante em que aperta o botão que está em uma das suas mãos fazendo a porta do porta-malas levantar.

 - Quais eu pego e quais você pega? – Fico sem graça por estar falando com minha suposta prima que sempre deixa bem claro que me odeia.

- Olha não fala comigo, e se está tentando ser gentil comigo por causa da minha mãe pode ir parando! Não quero estar aqui mas sabe né? Se é aqui que mora a  bruxa,  é aqui que tenho que estar, afinal, é semana de Halloween não é Laurie? – Ela para, passando por mim bem devagar, me provocando e sai andando com sua calça preta de couro bem colada, uma bota linda, também de couro, aparentemente legitimo, uma espartilho preto e rosa contornando seu corpo perfeito, e seu cabelo irritantemente preto preso um rabo-de-cavalo. Ela vai diminuindo os passos até parar, olha para trás e continua:

- Onde está sua vassoura Laurie? – Ela desaparece porta a dentro me deixando vermelha de tanta raiva com suas provocações altamente perturbadoras pelo fato da minha mentira (sobre estar varrendo) e me chamando de bruxa ao mesmo tempo.

Será uma longa semana de Halloween.


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Notas finais do capítulo

Pequeno, mas espero que tenham curtido. Reviews?