Santana P.O.V

Vamos ao clichê: e o tempo vôo. Mas é um clichê verdadeiro. Rachel já está de 8 meses e meio, e o médico acha que ainda essa semana nasce.

Com isso vocês devem imaginar que a Rachel está quietinha, na dela, sem fazer sexo ou bagunça... Que nada. Hoje vamos ter um encontro com o pessoal da escola, para comemorar o um ano da formatura.

E ela VAI! Uma festa, em uma chácara a quase 4 horas da civilização e a Rachel VAI! E não tem santo que mude a idéia dela. Agora me diz o que essa maluca tem nada cabeça, porque se a bolsa rompe não tem um hospital no raio de duas horas!

_ Vocês se preocupam demais. – disse ela, quando tentávamos persuadi-la uma ultima vez a ficar – Vai ficar tudo bem e...

Ela parou e olhou para a porta, e eu e Jesse seguimos seu olhar. O que a Quinn tá fazendo?

_ Fabray, você não tava estudando jornalismo? Ou mudou pra Medicina e se esqueceu de avisar? – perguntou Jesse.

_ Não. Mas fiz um curso de parto pelo YouTube. – disse ela, fechando a mala cheia de panos, tesouras e afins – Caso a Rach entre em trabalho de parto eu assisti 465 vídeos, além de umas 200 horas de Discovery Home and Healt e... – tirou um espiral da bolsa – Uma apostila encadernada com o passo a passo.

_ Você tem problemas Quinn. – murmurei e ela me mandou a língua.

_ Sou prevenida. – disse indo pra cozinha – Será que tem alguma loja de artigos farmacêuticos aberta? – gritou de lá e apareceu na porta – Precisamos de um bisturi.

_ Quinn, não surta! – disse Rachel rindo.

_ Ok, é a sua perereca que vai rasgar, não a minha! – disse a loira dando de ombros – Mas pelo menos aquela bombinha de limpar nariz. Tá na primeira ou segunda gaveta do quarto da bebê?

_ Segunda. – disse Jesse, levantando – Deixa que eu pego vai.

Quinn veio saltitante até o sofá, onde sentou e começou a quicar no lugar. Rachel a observava, olhando para mim de canto de olho, segurando a risada.

_ Que foi? – perguntou ela, nos encarando – Tá, eu paro. – ela cruzou os braços em frente ao peito e fez bico.

_ Aaahhh vem cá minha fofinha! – eu gritei, puxando-a e abraçando. Rachel sentou no colo dela e ficamos lá abraçadas.

Quinn P.O.V

_ ELA CHUTOU! – gritou Rachel, quase se dobrando no meio – Santo Pai de Misericórdia, essa vai jogar futebol.

_ Essa é minha Annie! – disse colando o rosto da barriga dela – Dá uma bicuda pra titia Quinn.

E não é que ela deu? Ah, esqueci de mencionar. É uma menina! *-* Anabella Caroline St. James. Caroline, foram os pais da Rach que escolheram e Anabella foi depois de duas horas e meia de briga entre Anna e Isabella.

Pra mim será Annie, pro Jesse Bella, pra Rach depende do humor e pra Sant será Anna. Do resto do mundo, we don’t care.

_ Vamos logo que se quisermos chegar no máximo uma hora atrasados, temos que sair agora. – disse Jesse, descendo e me jogando o ‘sugador’ – E Fabray, foi no banheiro?

_ Sim.

_ Ótimo, isso quer dizer que teremos pelo menos 45 minutos se viagem ininterrupta. – disse ele. Ei, isso ofende!

_ Ainda acho que devíamos comprar o bisturi. – eu disse enquanto entravamos no carro.

_ Quinn, dorme vai. – disse Sant, deitando a cabeça no meu ombro. Vai pau né?

Rachel P.O.V

Foi uma viagem tranqüila, com só 7 paradas pra xixi, mas pelo menos a Q e a Sant dormiram a maior parte, e não ficaram implicando com o Jesse, comigo, ou sei lá com quem. Mas a Quinn berrava pra toda vaca que aparecia quando ela estava acordada:

_ SUA MÃE É UMA VACA E SEU PAI É UM CHIFRUDO, E EU ESTOU SENDO POLITICAMENTE CORRETA.

Coitada, é retardada (N/A e N/Q: EEEEEEEEEI! N/R: Desculpa autora, esqueço que a Quinn é sua personificação! N/A: Perdoada vai).

Chegamos só uma hora e meia atrasados, mas não faz mal, porque ainda faltava gente. Esse lugar aqui é o cu do Judas! Não é possível! Mas enfim, Anabella está inquieta. Não parou de chutar o caminho todo e ainda me fez fazer xixi na calça.

_ Raaaach, como sua barriga tá enorme! – berrou Kurt, chegando de mãos dadas com o Blaine. Eu sorri abraçando a ambos, enquanto Kurt se ajoelhava em frente a minha barriga – E decidiram afinal o nome dela?

_ Anabella Caroline St. James. – disse Jesse sorrindo – Ou Bella. Mas esse é exclusivo meu.

_ E Annie é meu, ninguém tente não! – gritou Quinn, enquanto mandava ver num prato de batata frita.

_ O mesmo pra Anna! – gritou Sant, enquanto se pegava com Dave, que havia ido com os rapazes.

_ Acabou-se as variações! – resmungou ele – Então está bem, vou chama-la de Nina.

_ Então, você levou isso até o fim mesmo? – eu ouvi uma voz amarga atrás de mim e vi Quinn largar as batatas e Santana soltar Dave, enquanto Jesse me abraçava e Kurt mordia a boca. Me virei só pra confirmar, apesar de já saber. Ali estava Mercedes, Shane ao seu lado, parecendo abatido. Trovões ressoavam, estava começando a chover.

_ Isso não te interessa Jones. – disse Tina, a voz fria como gelo. Mercedes pareceu pega de surpresa pelo tom dela, assim como todos nós – Se não me engano, a Quinn disse pra você não se meter nesse assunto.

_ Foda-se o que a Quinn disse. – respondeu Mercedes – Afinal, é culpa dela tudo isso. Claro que ela vai querer impedir que qualquer um mude o que ela quer.

_ Mercedes, porque você não vai pro inferno? – disse Quinn, parando ao meu lado – E entende de uma vez que não sou Deus pra obrigar ninguém a nada. A Rachel deu continuidade à gravidez porque ELA quis. Ela e o Jesse.

_ É verdade mesmo que vocês casaram? – perguntou-me Mercedes, aparentemente ignorando a Quinn.

_ Sim. – disse Jesse. Por Deus Ann, para de chutar a mamãe.

_ E eu posso saber o porquê de não ter sido chamada? No papel de melhor amiga da Rachel?

Nessa hora eu ri, em coro com Quinn e Santana. Rimos até doer a barriga. O que no meu caso foi rápido.

_ Melhor amiga? – perguntei, minha voz fria como o vento que começara a açoitar a casa. A chuva estava forte – Uma melhor amiga apóia a outra, independendo do que aconteça.

_ Uma melhor amiga quer o melhor para outra. – gritou ela – E o melhor pra você não é ter esse filho.

_ COMO VOCÊ PODE SABER? VOCÊ É DEUS? NÃO MERCEDES, NÃO É! – eu gritei de volta, com mais força, e me segurando, porque os chutes estavam mais fortes – VOCÊ É UMA MENINA MIMADA MERCEDES, SEMPRE FOI E SEMPRE SERÁ! VOCÊ TEVE CORAGEM DE DESEJAR A MORTE DA MINHA FILHA!

Quando ela foi erguer a voz pra responder, eu gritei. A dor no meu ventre estava cortante. Jesse me amparou e Quinn e Santana se abaixaram na minha frente.

_ De quanto em quanto tempo? – perguntou Santana.

_ Que? – perguntei, arfando, antes de sentir outro chute.

_ 30 em 30 segundos. – disse Quinn - To contando faz tempo. Mas ela não ia admitir até que estivesse evidente.

_ Pera, do que vocês tão falando? – perguntou Jesse.

_ Annie tá nascendo! – disse Quinn. CUMA?

Quinn P.O.V

EU FALEI PRA COMPRAR O BISTURI!

Santana: Quinn, cala a boca e me deixa narrar.

Quinn: Tá bom...

Santana P.O.V

_ Okay Fabray, o que fazer? – eu perguntei e ela me olhou.

_ Precisamos de água quente, toalhas, algum lugar pra deitar ela... – começou Quinn, mexendo no celular – E SINAL NO CELULAR! Alguém tenta ligar pro 190 e pede o resgate!

_ Nessa chuva mesmo helicóptero vai demorar pelo menos 40 minutos! – disse Brittany.

_ EU NÃO TENHO 40 MINUTOS! – vociferou Rachel, agarrando os cabelos de Jesse, que fez uma careta – TO SENTINDO ALGUMA COISA NO MEIO DAS PERNAS E NÃO TÁ LEGAL!

Quando é o do Jesse ela curte né? A Quinn deu uns berros e deitaram a Rachel em uma cadeira de piscina forrada de cobertores. Nós paramos em frente as pernas dela e cobrimos, tirando a calçinha dela e puxando o vestido para cima.

_ CRENDEUSPAI DE MISERICÓRDIA! – berrou Quinn – MEUS OLHOS ESTÃO QUEIMANDO.

Ali estava a ‘burorinha’ com algo CABELUDO saindo dela. E sangue, muito sangue.

_ TÁ RASGANDO! – berrou Rachel, agarrada no braço do Jesse.

_ NINGUÉM MANDO NÃO QUERER COMPRAR O BISTURI! – berrou Quinn de volta.

_ Ok Fabray, o que fazer agora? – perguntou Jesse. Quinn parou e olhou pro nada. Ah não.

_ Não lembro. – disse ela, num fio de voz.

_ COMO NÃO? VOCÊ VIU UNS PARES DE VÍDEOS! E SEU MANUAL ENCADERNADO? – berrei. Ela pegou na bolsa e deu uma folheada. Ela suava frio.

_ Okay, foda-se! – disse ela – Vamos na raça. Berry, ponha seus pés sobre meus ombros e da Santana. – ela o fez – Ótimo, agora respire e quando vier a contração empurre como se estivesse cagando, o que é provável que aconteça e só pare quando eu disser, entendido?

Rachel acenou com a cabeça e Quinn se virou pra Jesse.

_ Sente-se atrás dela e lhe de sustentação. Sempre segurando a mão dela, okay? – ele fez o que ela pediu e ela olhou pra mim – Quando ela empurrar, faça pressão na perna dela, porque senão ela vai se mover.

Acenei afirmativamente e começamos. A cada empurrão, Rachel proferia uma torrente de palavrões e as mãos de Jesse já tinha um tom arroxeado. Por quase dez minutos ficamos assim, enquanto Mike procurava sinal no celular. Tina, Britt e Sugar estavam ali, dando força, enquanto Mercedes era mantida longe pelo resto da nossa antiga turma escolar.

_ CHEGA! – gritou Rachel – EU NÃO AGUENTO MAIS! SE ELA NÃO QUER SAIR, QUE FIQUE AI DENTRO! PORQUE EU NÃO TENHO MAIS FORÇA!

_ Tem sim. – alguém falou de trás da gente. Santa Mãe de Deus, o que ele faz aqui?

Quinn P.O.V

EEEEEEEEEEE minha vez de narrar!

Enfim, nos viramos e Finn estava ali. Pra entendimento geral, quando Jesse e Rachel se envolveram pela primeira vez, ela e Finn meio que se gostavam. Então, depois de um tempo, Rachel e Jesse terminaram e ela e Finn namoraram. Mas não deu certo, ele a traiu e ela voltou com o Jesse há pouco mais de um ano e meio. Não muito depois, obviamente, ela engravidou.

Mas Finn e Rachel não se falavam desde o rompimento e o choque de todos foi visível naquele momento. Ele se aproximou junto de Artie e ajoelhou-se ao lado dela, estendendo a mão. Ela segurou e o olhou, sem entender nada.

_ Eu falhei como seu namorado Rach, mas eu te conheço bem e sei que você é forte, a pessoa mais forte que eu já conheci. Então, eu quero tentar agora como seu amigo, se você me permitir. Você me fez tão bem, fez bem a minha pessoa. E eu sinto sua falta, das nossas conversas de antes do namoro.

Ela o olhou e puxou para um abraço. Suspendi a respiração, com medo da reação de Jesse. Mas ele apenas estendeu a mão e apertou a de Finn. TODOS DÃO GLÓRIAS!

_ Okay, isso foi muito fofo, mas vamos logo porque tá um porre olhar a periquita da Rachel com uma cabeça!

Finn segurou uma das mãos de Rachel, enquanto Tina segurava a outra. Pedi a Jesse para abraçá-la pela cintura e empurrar a barriga dela pra baixo.

Foi preciso dois empurrões. No primeiro o que ainda tinha no intestino dela foi. No segundo, o rosto dela chegou perto do joelho. Jesse empurrava a barriga dela e Finn e Tina a acompanharam.

E foi ai que aconteceu. O mundo parou e tudo o que se ouvia era os gritos da Annie. Eu não sei como consegui erguer meus braços, já que nem respirar direito eu conseguia de tanto que chorava. Santana pegou o sugador lá e limpou a boca e o nariz dela, tremendo tanto quanto eu. Britt nos entregou uma manta com a qual enrolamos a bebê e colocamos sobre a Rachel.

Rachel. Ah, a Rachel. Seu rosto estava marcado pelas lágrimas, enquanto um Jesse chorão a beijava, ambos de olhos fixos na pequena menina. Assim que eu a coloquei sobre a mãe, ela parou de chorar e começou a encarar os pais.

_ Oi mocinha. – disse ela num fio de voz – Bem vinda.

Finn e Artie sorriram, enquanto Kurt vinha correndo de onde todos estavam de olho em Mercedes e caia em lágrimas ao lado de Rachel. As meninas davam pulinhos e gritinhos, enquanto eu e Santana nos abraçávamos vitoriosas.

_ Jesse, quer cortar o cordão? – eu perguntei após alguns instantes. Ele confirmou com a cabeça e eu lhe dei a tesoura, segurando o local no cordão. Ele não conseguia firmar a mão e eu achei que ia precisar ajudar, mas ele olhou para Finn, que entendeu e segurou a mão dele e juntos, cortaram o cordão. Annie começou a chorar e Rachel puxou-a mais para perto.

_ Eu acho que ela está querendo ir no colo da madrinha dela! – disse Jesse – Não é Bella?

_ E quem é? – perguntou Tina.

_ Quinn. – OI? Eu encarei Rachel surpresa, enquanto ela sorria – Vem pegar sua afilhada.

Eu me aproximei tremendo mais ainda e peguei aquele embrulhinho dos braços dela. Novamente Annie parou de chorar e me encarou, enquanto eu chorava sem pudor algum.

_ Hei Annie. – eu disse – Sou eu, a tia Quinnie, aquela que não calava a boca. – eu ri e todos me acompanharam – Cacetada, como você é linda. – eu olhei pro lado – Sant, vem cá. Ela tem que conhecer as duas tias malucas.

Santana se levantou e parou ao meu lado, acariciando o rosto da bebê, que a encarava. Não tinha um olho seco no local e logo nossas amigas estavam ali conosco, todas paparicando a criança. Rachel descansava no peito de Jesse, uma mão dada a Kurt, e outra a Finn.

_ Hei gente, falei com o resgate! – gritou Mike, vindo encharcado – Eles chegam em 10 minutos e... – ele parou vendo a Annie – Er, acho que não vai mais ser preciso.

Nós rimos e eu olhei para Jesse, me tocando de uma coisa.

_ Hey St. James... Não vai segurar sua filha?

Ele pareceu sem graça, mas Rachel praticamente o empurrou pra levantar. Ele veio tremendo, nervoso e admitiu:

_ Eu não sei como segura-la.

_ Eu cuido disso! – disse Santana, pegando os braços dele e colocando na posição – Agora é só encaixá-la.

Ela pegou Annie de mim, sorrindo sem parar e passou para os braços de Jesse, que se desmanchou em lágrimas.

_ Hei meu anjo... – disse ele, acariciando o rostinho dela – Eu sou seu pai. É, aquele que conversava com você no meio da noite. Eu te amo está bem, saiba sempre disso.

Eu e Santana nos sentamos ao lado da Rachel, as três só o pó e nos abraçamos, observando aquele pequeno milagre que havia se tornado de nós todos ali presentes.