Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Queria primeiramente agradecer à todos que leem a fanfic e deixam reviews, posso não responder, mas olho todos e ama muito recebê-los. *-* poucos capítulos pra fanfic acabar ou então, esse pode ser o penúltimo.



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O mundo caiu e o chão desmoronou.

Bom, a última parte foi verdade, de certo modo. Luvye não se lembrava de muita coisa, apenas de correr e de alucinações, como sempre. Ela devia ter desmaiado junto com Jordan. Deveriam ter batido em algo, ou talvez não.

Olhou para Jordan deitado no chão, dormindo.

Ele estava com alguns cortes no rosto, ainda tinha a faixa sangrenta na barriga e atualmente respirava com certa dificuldade. Mas agora, dormindo no chão de barriga pra baixo, parecia até que estava bem. Como se eles não estivessem em uma floresta sendo perseguidos.

Como se eles não tivessem que morrer.

Ou vencer, apenas um deles.

Levantou-se lentamente, cada movimento era sofrido; a dor se instalava em todo canto do corpo. A dor que ela nunca imaginou sentir, pelo menos não no Distrito 1, apesar de sua vida não ser fácil. Nunca foi, mas agora estava mil vezes pior do que antes. Mil vezes.

Conseguiu ficar em pé e ficou surpresa com isso, pensou que quando ficasse de pé cairia logo em seguida, não aguentando o próprio peso.

Luvye estava muito magra, havia perdido muito peso na arena e agora parecia estar alguns passos da anorexia. Ela queria vomitar, mas não tinha nada na barriga para por para fora. A dor da fome, dos cortes e das poucas queimaduras que conseguiu na noite passada eram terríveis. Mas ela suportava, não tinha escolha, tinha que suportar.

Começou a andar lentamente, não muito longe, não podia deixar Jordan sozinho. Claro, ela sabia que ele poderia muito bem se defender. Mas não queria se afastar. Andava muito lentamente, mas ainda possuía suas facas e mesmo neste estado miserável, conseguia manusear muito bem elas.

Você vai morrer.

Não, ela não poderia morrer. De jeito nenhum.

Perder, fracassar. O que sua família acharia disso?

Você não tem chance. Eles vão te pegar e você irá falhar.

— Não! – ela começou a gritar para a voz dentro de sua cabeça.

Luvye LeFray. Deveria honrar esse nome, não é mesmo?

— Eu estou honrando... – ela murmurou, insegura.

Fracassou. Olhe para o seu estado.

— Para! Para! – ela caiu no chão, colocando as mãos nos ouvidos, murmurando sem parar: - Para. Para...

Você vai sangrar até a morte.

Dex olhou para Túlio que acabara de acordar.

— Desmaiamos.

Bom, isso era óbvio. Túlio olhou para ele cansado, com as pálpebras pesadas e com uma espécie de aviso na cara que cairia no sono a qualquer momento. Cansaço. Exaustão. Estava estampado na cara dele agora. Na cara onde sempre estivera um sorrisinho travesso. Aquela cara de conquistador.

Agora era apenas um garoto cansado.

Garoto, apenas um garoto, como todos aqui.

— O céu ainda está escurecendo. – eles olharam para cima. – Rápido demais.

Dex assentiu.

 — Alguma coisa vai acontecer.

Halee encontrou Kieran sangrando.

Não estava necessariamente jorrando sangue dele, apenas pingando uma quantidade mediana do braço aonde havia um pequeno corte.

— Oh, você foi ferido.

Na fala dela não tinha nada de pena ou surpresa, apenas uma espécie de sarcasmo incomum, depois começou a rir.

— O psicopata da arena foi ferido.

Então começou a gargalhar enquanto Kieran a encarava com o cenho franzido.

— Foi aquela garota, não é? É, aquela menina do Distrito 12, a mesma que te jogou uma lança na sua mão. – ela abriu o sorriso. – E agora ela te fere no braço. Pelo jeito, ela é melhor que você.

— Halee, cala essa droga de boca. – disse Kieran tentando controlar a voz.

— Primeiro a mão, depois o braço, depois barriga, depois enfia uma lança no seu coração...

Kieran se levantou subitamente e pegou Halee pelos cabelos e a jogou contra uma árvore.

— Que diabos deu em você?! Ficou louca, foi?!

Halee se fechou e parou de gargalhar.

— Não, Kieran, calma. – ela disse agora suavemente, apesar de estar com o rosto vazio. – Só fiquei surpresa de você ter sido ferido, por menor que tenha sido o machucado. O fim tá chegando, não é mesmo? Não é hora pra ficar por aí ferrando o corpo inteiro.

Kieran ficou encarando-a por alguns segundos.

Ela havia ficado louca e agora só soltava umas bostas pela boca. Mas ele não disse nada por um longo tempo enquanto Halee continuava com uma cara sem expressão. Por um momento, ele pensou o que estivesse passando na cabeça dela. Tanto faz. Halee era de longe um risco. Era apenas uma mimada Carreirista.

Fácil de matar.

Como Luvye.

Jordan estava preso.

Preso em uma espécie de sonho lúcido; sabia que estava sonhando, mas não podia acordar ou fazer nada. Era angustiante. Jordan corria e corria, mas seus pés eram muito lerdos, demais. Não conseguia nem falar, gritar ou xingar.

Forçava e força, mas nada saía apenas uma sensação de desespero tomava conta dele agora. Não iria acordar tão cedo.

Luvye estava acordada; as vozes não deixavam dormir.

Ela não sabia que o veneno poderia ser tão forte ao ponto de vozes estranhas tomarem conta da cabeça dela, além de estar fraca e com algo que parecia um monstro dentro de sua barriga.  Comendo cada parte dela.

Não tem animais por aqui? Fugiram. Ir para a praia em busca de água e de peixes? Nem pensar, ela nem conseguiria andar tanto assim.

Nem sabia o que estava fazendo, mas tinha que ter algo pra comer aqui. Insetos serviriam. Qualquer coisa serviria agora pra comer.  

Nem sentia suas pernas direito, mas conseguia andar, não muito rápido. Mas conseguia.

O céu estava escuro, atualmente, ele sempre estava escuro. Sempre de noite. As sombras tomavam conta de vários cantos, fazendo Luvye estremecer algumas vezes, mas ainda conseguia se manter firme.

A melhor comida que ela comeu foi provavelmente a da Capital. Cupcakes eram simplesmente fantásticos. Seus preferidos.

Não, ela não podia pensar em comida, isso já estava deixando-a com água na boca e fez sua barriga doer. O que não fazia muita diferença, ela já doía toda hora.

 Havia algumas árvores no lugar, bem poucas, mas haviam. A maioria pequenas mas havia algumas bem grandes. Luvye se encostou em uma, só para dar um tempo, já que estava com a respiração levemente acelerada e ruim.

Sibilos.

Luvye piscou.

Tributos não sibilam. Humanos não sibilam.

Virou-se repentinamente para trás encontrando uma cobra – gigantesca – em um galho na árvore onde estava encostada. Arregalou os olhos. Nunca tinha visto uma cobra antes para dizer se tinha medo, mas agora, certamente, ela descobriu que tinha.

A cobra mexia para cá e para lá, quase como se retorcendo, com a língua para fora, sibilando sem parar para a garota. Era negra e deveria ter uns quatro ou cinco metros de comprimento, se desenrolando facilmente do galho e abrindo a boca para Luvye.

Não era uma alucinação, tinha certeza.

Começou a correr – ou algo parecido – para escapar da cobra, que agora já estava deslizando no chão indo atrás dela. A cobra não era extremamente rápida, mas Luvye também não era agora, o que dava muitas vantagens à cobra. Em breve ela chegaria a Luvye.

Enquanto Luvye corria, era um tropeço atrás do outro, se levantava rapidamente e tentava jogar as facas no animal. Algumas vezes ele desviava – talvez Luvye estivesse ruim mesmo ou o animal fosse muito ágil – e outras vezes ela conseguia o acertar. A cobra apenas fazia um som estrangulado e depois continuava a ir atrás dela, dando o bote diversas vezes.

Luvye conseguia desviar, pelo menos isso.

Jogou outra faca no animal indo bem perto da cabeça, de novo ele não parava. Era frustrante. Mas ela ainda não foi picada, isso era bom, o veneno que ela já tinha no sangue não iria ajudar em nada.

Então ela trombou em algo, nem percebeu que estava andando de costas direito, nem se virou para ver o que era. A cobra ainda estava na sua frente e Luvye caiu de lado. Por pouco, a coisa/pessoa que ela trombou não foi pega pela cobra.

Se levantaram.

— Te achei, vadia.

Então rolou para o lado, desviando do ataque da cobra.

Tentou dar um corte em Luvye, mas primeiro a cobra, não poderia matá-la com o veneno da picada.

Halee jogou um machado e foi diretamente na cabeça da cobra, depois disso, chutou as costelas de Luvye. A garota soltou um grito de dor.

A cobra começou a se contorcer no chão, como se tivesse tendo um ataque e de certo modo, estava. Halee vendo a cobra sem poder ataca-la por esse momento chegou e lhe decepou a cabeça. Depois, retirou rapidamente o outro machado do corpo morto do animal nojento.

Luvye pouco recuperada do chute se levantou e começou a jogar diversas facas em Halee. Uma de raspão no braço, na cintura e na coxa. Halee arregalou os olhos e franziu o rosto de dor murmurando palavrões.

Sem machados ou qualquer outra arma, avançou em cima de Luvye. Isso a pegou desprevenida, assim, uma luta corpo a corpo do nada. Então recebeu um soco na cabeça e um murro na barriga.

Um tapa e com muita força.  

 Luvye iria começar a ver estrelas em breve, o mundo já estava girando e ela não conseguia fazer Halee sair de cima dela de jeito nenhum. Halee era pesada demais, mesmo sendo quase um palito. Ou talvez Luvye fosse fraca demais.

Não dava nem pra pegar as facas ou mexer os braços.

Halee pegou um de seus machados.

— Você fugiu, não é mesmo? – ela disse alisando o machado na cara de Luvye, fazendo-a ficar com manchas vermelhas. – Fugiu e depois o Jordan foi atrás de você. Muito romântico, não é mesmo?

Halee fez uma cara de nojo depois sorriu.

Era divertido, poderia estar no poder novamente, era uma sensação legal. Com apenas dois machados ela julgaria se você viveria ou não. Halee comandava. Ela era o poder agora.

Isso é tão prazeroso!

— Que pena acabar com o romance dos dois, sério mesmo. – ela disse fazendo uma cara triste, depois levou o machado para a garganta dela, apertando mais. – Depois de você, a próxima vítima é ele. Aliás, cadê ele? Cadê o bonitinho do Jordan, hein?

 Luvye cuspiu na cara dela como resposta.

Halee xingou e enfiou ainda mais o machado na garganta dela, agora já cortando. Luvye começou a gritar.

Entrando na carne.

Isso! Bem, bem lentamente.

Foi como um choque acordar.

Ele estava preso em um pesadelo, um pesadelo terrível e agora estava acordado. E a realidade não era muito diferente. Era horrível do mesmo jeito.

Ouviu gritos. E não era muito longe, mas além de gritos, poderia jurar ouvir gargalhadas. Arregalou os olhos.

Jordan levou a cabeça pra lá e para cá a procura de Luvye. Cadê ela? Cadê ela?!

Foi em direção aos gritos correndo; não foi uma corrida longa, ele era muito rápido e os gritos estavam perto.

O machado foi erguido novamente e enfiando cada vez mais no pescoço de Luvye. Jorrando sangue sem parar com o pescoço não totalmente arrancado para fora do corpo. Já estava morta do mesmo jeito.  

Morta.

Halee estava tão concentrada no prazer ao ver a idiotinha ter a cabeça arrancada que nem percebeu alguém se aproximando. Alguém incrivelmente forte. Pegando-a pelo pescoço e levantando no ar, depois a jogando contra uma árvore.

O mundo começou a dar voltas. Sua cabeça doía demais.

Ao levantar a cabeça para ver quem era recebeu um soco tão forte que a fez cair no chão.

Então, foi levantada no ar com mãos potentes agarrando seu pescoço, novamente empurrada contra uma árvore. Agora ela podia ver quem era. Jordan, o garoto do seu Distrito. Sentiu o sangue escorrendo pelo seu nariz.

Começou a bater os braços e pernas, mas já estava perdendo a força. Estava ficando branca; não tinha mais cor. Então se desesperou ao tentar procurar ar. Ar, ela precisava de ar.  

Subitamente, seus pés e mãos pararam de se debater. Não conseguia fazer isso. Não conseguia fazer mais nada.

Ar...

Então parou de se mexer.

Jordan apertou mais ainda o pescoço de Halee; até quando ela não se mexia. Depois a largou no chão deixando o corpo morto cair pesadamente no chão.

Correu para o outro corpo morto próximo.

O de Luvye.

Era aterrorizante, terrível, pior do que seus pesadelos. Lágrimas agora saiam, ele nunca havia chorado assim antes, só quando era criança. Mas ele não era mais uma criança. Ou era? Nada disso importava; só o corpo agora sem vida de Luvye na sua frente. Sangrando e sangrando.

“Você vai sangrar até morrer.”

Caiu no chão no meio de uma poça de sangue.

Enterrou o rosto nas mãos e começou a chorar. 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.