Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

O maior capítulo da fanfic! Cheguei finalmente ao 10! Yeaaah!



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Túlio rolou para o lado.

Não tinha tido tempo nem de completar sua frase ao ver diversas árvores caindo como se uma mão gigante invisível estivesse as empurrando. Dex embora foi mais rápido, virando seu rosto para cada lado percebendo um som distante, mas também alto. Como de uma grande explosão há alguns quilômetros.

Então o chão começou a balançar enquanto as árvores caiam em ordem, uma espécie de mini terremoto, até verem as rachaduras se formando no chão. Dividindo. Tudo estava se dividindo.

— Dex! Dex! – Túlio gritava enquanto corria para escapar das árvores. – Fala comigo! Onde você tá?!

Dex havia simplesmente sumido ao ver as árvores caindo. Era rápido demais, ágil demais e pequeno, podia se enfiar em qualquer lugar facilmente. Mas diante de tudo isso, podia ser morto facilmente também.

Então fogo começou a se instalar nas árvores caindo; tudo estava virando um grande circo pegando fogo. No meio do fogo subindo e a fumaça tomando conta de forma devastadora de seu pulmão, encontrou uma pequena forma se movimentando entre as chamas e árvores caídas.

Dex ainda estava vivo, então. Mas agora mancava, talvez alguma coisa tenha caído em cima de sua perna enquanto corria ou seja lá o que. Pelo menos ainda conseguia andar e ia diretamente a Túlio com as mãos na boca.

— Me segue, achei um lugar seguro. – disse Dex, tossindo.


Aquilo não era um sonho ou uma ilusão.

Estava bem longe de ser aquilo. Sonhos e ilusões queimam? Sonhos e ilusões quase te esmagam? Sonhos e ilusões te sufocam? Acho que não.

Jordan segurava o braço de Luvye com força, ela ainda estava fraca, poderia cair a qualquer momento ou tropeçar. Segurava tão forte que Luvye provavelmente na manhã seguinte acordaria – isso se ela dormisse – com um roxo no local em que ele apertava.

Mas ele não poderia soltá-la. De jeito nenhum.

— Árvore! – gritou Luvye.

Eles viraram para a esquerda desviando de outra árvore que caía. Os dois meio que andavam em zigue-zague, desviando de cada coisa que caía, além do chão tremendo. O que piorou foi o fogo; o fogo causou poucas queimaduras na pele, deixando-as apenas levemente vermelhas, o fogo não iria matá-los.

O que iria matá-los era a fumaça.


Halee acordou.

Não sabia se tinha dormido ou se tinha desmaiado. Se bem que a única coisa que se lembrava era o chão indo pra sua cara e Kieran batendo a cabeça em alguma coisa.

Ela estava simplesmente um lixo. Cabelos louros com sangue e bagunçados, olhos verdes com olheiras, roupas cheias de sangue e vários cortes pelo corpo.

Agora sim, a filha do prefeito, tinha cicatrizes.

Olhou para o lado vendo seus dois machados no chão. Ótimo. Olhou para o outro lado lentamente. Nada. Ótimo também.

Kieran apareceu logo depois, entre galhos e árvores destruídas no chão, na mesma situação que ela. Sangue estava estampado em sua camisa, que antes era branca, agora era totalmente vermelha. Olhos mortos e frios, cicatrizes percorrendo sua pele e seus braços gigantes.

Halee agora o enxergava como uma espécie de anjo demoníaco, um anjo caído ou algo assim. Era o que mais pensava agora, depois de ter visto aquele monstro enorme comendo Jace, Alexa e Jhon.

O sangue deles ainda estava na roupa dela. E na de Kieran também, mas ao contrário dela, ele mal se importava com isso.

Era apenas sangue mesmo.

— Oito.

Halee levantou a cabeça para encarar intensamente Kieran.

— Oito tributos?

— É. – ele assentiu. – Contando com a gente.

Hm, isso era bom. Poucos tributos, quer dizer, mais ou menos pouco. Ainda era muito para Kieran.

— Por enquanto, de noite será apenas quatro. – ele sorriu de orelha a orelha. – Se tudo for conforme ao meu plano, apenas um.


Noah olhou para Astrid.

— Já saquei. Esse negócio de explosões, arena sendo dividida; tudo para nos juntarem e acontecer um verdadeiro banho de sangue. Agora sim.

Fazia sentido, arena sendo dividida, árvores caindo e apenas um lugar intacto que levava o começo da Floresta perto da Cornucópia. Uma boa área foi destruída e a outra estava quase intacta.

— Então devemos ficar espertos. – e foi tudo que Astrid disse.

Ela não sabia ao certo que fazer, nem sabia se estava pronta para um combate assim, passaram a maior parte escondidos. Pelo menos, desde ela lançar aquela lança que foi na mão de Kieran. Ele a odiava por isso e na primeira oportunidade iria matá-la, estava óbvio.

Mas ele também odiava Noah.

Odiava os dois; se batesse o olho neles, não importava o que acontecesse, ele iria atrás deles e depois de uma longa tortura, matá-los. Provavelmente com a ajuda da menina loira filha do prefeito. Como era o nome dela mesmo? Ah, Halee. Ela também era perigosa com aqueles dois machados gigantescos.

Onde eles estariam agora?

— Vou dar uma revistada no lugar.

Os pensamentos travaram e ela olhou para Noah.

— O quê?

— Vou ver se eles estão por perto, isso que eu disse. – ele arrumou o arco e aljava, apenas seis flechas. – Não vou tão longe e se encontrar eles, vou manter distância e então, jogarei uma das minhas flechas neles.

Ele deu um sorriso.

— Nos encontramos em breve. – e então, saiu com o arco e flecha.

Se o sorriso era pra transmitir alguma confiança para Astrid, ele fracassou, pois parecia aquele tipo de sorriso triste. O sorriso que você usa falsamente para disfarçar alguma coisa, um sentimento.

— Espera! – ela disse e correu até ele. – Eu vou com você, não vou ficar aqui parada.

Noah arqueou uma sobrancelha.

— Astrid. E se eu encontrar eles e eles conseguirem te pegar ou sei lá o que? Aí ferrou tudo, entendeu?

— Eles também podem te pegar.

— Ah não. – ele sorriu novamente negando com a cabeça. – Vai, Astrid. Então você vai pelo outro lado ver se tem algum tributo perto da gente por aí, ok? Nós encontramos, em sei lá, vinte ou quinze minutos aqui.

Astrid ficou encarando-o. Ele parecia dizer que ela era uma fraca ou que se fosse com ele colocaria tudo a perder.

— Tá bom.

— Mas não entre em nenhuma briga, certo? – ele disse dando ênfase no “não” e depois suspirou. – Apenas observe.

Ela revirou os olhos, mas depois assentiu.

Arrumou seu arco e flecha e foi na direção oposta de Noah, andando lentamente, tendo cuidado para não pisar em algo que fizesse muito barulho. Era fácil para ela, andar sem fazer barulho, sem nenhum barulho mesmo. Ela e irmão sabiam fazer isso com total facilidade. O pai deles também, talvez seja coisas de caçadores ou coisa e tal.

Mas agora era meio difícil até para uma pessoa como Astrid, com diversos galhos e folhas secas no chão por ontem, fazendo vários barulhos. Tentava não pisar, mas não era fácil, estava por todo o canto. Deu uma bufada frustrada.

Olhou para frente depois, vendo uma espécie de vulto, se escondeu imediatamente atrás de uma árvore – nesse lugar pelo menos, tinha várias árvores espalhadas, mas não como antes – segurando firmemente o arco nas mãos.

Reconheceu a menina dos cabelos loiros dos machados. O quê ela estava fazendo aqui? Essa pergunta tinha uma resposta óbvia. Mas cadê o seu parceiro psicopata? O Kieran? Um frio percorreu a espinha de Astrid ao pensar nisso.

Começou a falar mil palavrões baixinho e a discutir consigo mesma no pensamento e a olhar para todos os lados. Cuidadosamente, claro.

Ele estava a vigiando? Halee era apenas uma distração para Kieran chegar atrás dela e lhe quebrar o pescoço? Congelou.

Halee era ou não uma distração?

Ou eles poderiam ter brigado e se separado, pouco provável, eles teriam se matado e não deixado um e outro sair. Halee parecia bem, entre muitas aspas, apesar de estar coberta de sangue seco por todo o corpo.

Halee parecia distraída demais, cantando uma música que não dava pra saber que língua era. Lembra latim, pensou Astrid. De qualquer modo, Halee não parecia normal.

Depois que finalizou sua canção um pouco estranha enquanto girava os machados, começou a andar para outro canto, se percebeu Astrid ali nem fez nada. Então, obviamente, ela não percebeu.

Ela poderia estar ficando louca, mas não o bastante para deixar Astrid viva. Não mesmo.

Cara, porque ela fez aquilo? Astrid era uma burra, deveria ter matado Halee enquanto ela tinha um de seus delírios imbecis. Fácil e rápido. Uma única flecha com a mira excelente de Astrid matava aquela metida lunática. Astrid começou a xingar mentalmente de novo, só que dessa vez os xingamentos eram para ela mesma.

Então um grito.

E outro e outro.

Não tão alto, mas ela conseguiu escutá-lo muito bem, tão bem que ela congelou por segundos. Poderia ser outro tributo, ela não se importava.

Mas ela conhecia essa voz. Essa era a voz que ela mais ouviu durante o tempo na Arena.

A voz do melhor amigo do irmão dela. Noah.

Os segundos foram de puro horror, aquele frio que percorre todo seu corpo que te deixa paralisado por um momento. Te deixa inútil e com medo.

Ela começou a correr, como corria quando as árvores estavam caindo e o chão estava balançando. Era mais ou menos essa sensação agora.

O que viu foi bem pior quando chegou.

Noah jorrava sangue na barriga. Foi esfaqueado diversas vezes. Ele gemia e gemia de dor. Era uma dor insuportável enquanto ele se contorcia.

Astrid queria desmaiar, ficar inconsciente ou qualquer coisa do tipo, não queria ver nada disso. Com a mente atordoada, olhou para cima.

Seus olhos ardiam e as lágrimas queriam sair – isso se já não tivessem saído. Ela não perceberia, pelo menos, agora não. Apenas viu um garoto de costas correndo; rápido demais. Mas uma flecha era bem mais rápida e ágil.

As árvores não iriam atrapalhar. Ela tinha a mira perfeita agora.

Agora ou nunca.

Com as mãos tremendo, ela mirou para o garoto que corria rapidamente, sem olhar para trás. Com as mãos pingando sangue.

Um. Dois. Três.

A flecha passou zunindo do lado dele, apenas pegou de raspão o braço dele, o que fez dar um pequeno resmungo de dor e tropeçar. Mas se levantou rapidamente e começou a correr. Astrid fez um som engasgado de angústia, raiva e tristeza.

Ela poderia continuar correndo e caçar e matar o cara. Ela iria fazer isso; mas parou imediatamente.

Noah!

Astrid começou a correr imediatamente até ele. Agora ela já chorava abertamente e ele continuava a reclamar da dor. Olhos azuis arregalados, corpo sangrento e pele pálida. Ela tocou a mão nada dele. Totalmente fria.

— Oi Astrid. – disse ofegante, conseguindo falar com muita dificuldade.

Noah que antes sempre parecia bem, confiante e saudável agora estava morrendo. Estava morrendo. Não, não e não.

Isso não podia estar acontecendo.

— Não, não fala! – ela disse colocando o dedo indicador entre os lábios contorcidos de dor e uma tentativa de sorriso de Noah. – Eu… eu posso arrumar isso, sabe? Eu já vi gente curando outras pessoas…

— Astrid. – ele disse em seguida fez uma careta de dor. – Eu… eu estou morrendo… não dá para você… parar todo esse sangue que está saindo… de mim…

Ele tossiu saindo sangue. Não conseguiria falar mais nada e se falasse, bem, não dá pra saber o que aconteceria. Astrid começou a se desesperar mais ainda. Ela era uma inútil e idiota.

Porque ela não forçou a ir junto com ele? Ela poderia ter evitado isso.

Porque ela não pode saber cuidar de pessoas? Curar pessoas? Nem ela nem nenhuma pessoa de qualquer modo poderiam curar Noah agora.

Então, o que ela poderia fazer agora? O que?

— Seu irmão… me…

Ela colocou novamente o dedo nos lábios dele, cada vez mais gelados, cada vez mais sem vida. Pressionou levemente avisando para não forçar mais nada para falar.

— Eu sei o que meu irmão te pediu. E eu te agradeço eternamente por isso. – ela deu um soluço inesperado, fechou os olhos e respirou fundo. – Mas antes, eu quero cantar algo para você, certo…? Meu pai cantava essa canção para mim e meu irmão quando pequenos, e… – outro soluço. - apenas ouça.

Ele assentiu levemente com os olhos azuis focalizados nela, paralisado.

Então, começou a cantar com uma voz chorosa e meio a sussurros, com uma melodia triste e calma:


Nunca imaginei que pudesse me sentir assim

Como se eu nunca tivesse visto o céu antes

A cada dia eu te amo mais e mais

Ouça meu coração, pode ouvi-lo cantar?

Mas eu amo você até o fim dos tempos


Astrid engoliu um soluço e fechou os olhos, então continuou:

Haja o que houver

Haja o que houver

Eu amarei você até o dia da minha morte

Noah parou brevemente de se contorcer e agora a única coisa que importava não era mais a dor, e sim Astrid. Ele cumpriu o que tinha feito? Proteger Astrid? Seu melhor amigo deve ficar orgulhoso dele e completamente agradecido por ter feito isso. A mãe dele vai entrar em depressão junto com seu irmãozinho pequeno. E o seu pai? Ah, meu Deus, o que aconteceria com ele? Ele era seu orgulho. Mas ele fez o que tinha que fazer. Mesmo que para isso tivesse que morrer.


E não há montanha tão alta

Nem rio tão extenso

Cante esta canção e eu estarei ao seu lado

Nuvens de tempestades podem se formar

E estrelas podem colidir

Mas eu amo você até o fim dos tempos

Ele ouviu apenas metade do último trecho da canção, pois tudo foi se apagando, a dor foi sumindo. A última coisa que viu foi Astrid cantando a choros e sussurros.

Então Astrid desabou, parou de cantar imediatamente e começou a gritar chamando Noah. Não se importava mais se alguém a ouvisse, mataria todos.

Noah, não me abandone. As lágrimas caiam descontroladamente. Noah! Noah!

Mas ele não poderia responder.

Astrid abraçou seu corpo; não se importava com o sangue que agora manchava sua roupa, apenas o abraçou e encostou seu rosto no dele.

Um rosto frio, gélido.

Morto.

Haja o que houver

Eu amarei você até o dia da minha morte.



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Notas finais do capítulo

A música que a Astrid canta realmente existe e pra quem não conhece é Come What May - Moulin Rouge e quero dar os créditos a Julia pro me mostrar a tradução da musica! Só que a Astrid cantou um pouco diferente da original, o ritmo e etc. Enfim... Espero que gostem... Tentei fazer meu melhor...