Para Sempre Shadow-Kissed escrita por liljer


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Cheguei!! Sábado, dia de postagem... Eu não ia atrasar. Não com tanta coisa por vir e eu começando a me incomodar com o tamanho dos capítulos e os cortes.
Enfim, vamos lá... Espero que gostem do "principio".
Boa leitura, e se cuidem. Até sábado que vem. Ou antes...



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Eu fechei a porta atrás de mim, deixando para trás a carta que eu acabara de escrever. Eu esperava que Lissa viesse a entender. Aquela talvez fosse à hora de voltar para casa. E enquanto eu me perguntava se não havia sido um erro ter vindo para a Corte, eu atravessei o salão, de encontro ao Moroi que sempre costumava ficar na recepção do prédio de visitantes onde eu habitara nas últimas semanas.

Ao sair pelos pesados portões da Corte, tentando ao máximo não ser muito vista — o que era impossível para a quantidade de bisbilhoteiros daquele lugar — eu senti como se um grande peso tivesse sido tirado das minhas costas. Peso que não parecia meu... Assim como eu sabia que eu sentiria falta de todos ali. Eu ainda tentava encontrar uma excelente desculpa para dar à Lissa. Talvez ela não entendesse a verdade. O que era complicado. Para nós duas...

– Hey! Me deixe ajudá-la – escutei. Me virei para ver um dos guardiões que estiveram no shopping, no dia do ataque contra a Marcy. Yuri. Ele pegou duas malas que eu equilibrava e caminhou comigo.

– Obrigada. – agradeci.

– Uh. Posso lhe perguntar algo? – eu assenti, ainda não sabendo o que esperar. – Você está saindo da Corte?! Quero dizer... Não que seja da minha conta, mas eu pensei que você e Belikov estivessem juntos e-

– Entendo – sorri, tentando não demonstrar minha impaciência ou ser mal educada. – Não. Não estamos juntos... São apenas boatos. Eu preciso ir, Yuri.

Colocamos as malas no porta-malas do taxi. Eu esperava arduamente que ninguém mais soubesse a tempo da minha partida. O taxista fechou a porta de trás, e voltou ao banco da frente. Eu tinha tantas coisas para resolver...

– Boa viagem, Rose. – ele sorriu e acenou, enquanto voltava para os portões da Corte. Eu enfiei minhas mãos nos meus jeans. Estava frio. Um dia após a Ação de Graças. Todos provavelmente ainda dormiam.

– Tchau. Se cuida. – sorri. Assim que não mais o vi, entrei no taxi.

– Para onde quer ir? – perguntou o taxista. Um homem nos seus setenta anos. Eu queria poder dizer a ele que para um lugar calmo... Mas eu duvidava que para onde eu iria teria alguma maldita coisa a ver com calmaria.

– Aeroporto. – eu disse.

~Vʎ~

Eu soquei a porta. Estava quente. Muito quente para um final de tarde. O que deveria ser quase uns trinta graus do lado de fora, sob o sol. Eu não consegui não pensar em como um Moroi se sentiria mal se estivesse ali. Com um suspiro pesado, eu me aconcheguei sob a proteção de plástico que muito provavelmente viria a derreter se continuasse fazendo aquele sol.

A porta a minha frente foi aberta por uma senhora na casa dos seus sessenta. Ela tinha um longo cabelo branco — quase que platinado. Rechonchuda e usava um vestido florido de tecido leve sobre as meias que os idosos costumavam usar. Ela sorriu, de forma simpática ao me ver. Provavelmente, acreditando que eu não passava de uma vendedora.

– Hey, docinho. O que posso fazer por você? – perguntou ela, me examinando com aqueles grandes e cautelosos olhos azuis.

– Braddy está? – murmurei. Minha testa começava a repingar o maldito suor de Connecticut. Ela vacilou por um instante.

 – Você é Rose, certo? – perguntou ela, de uma forma em que tomou todo o espaço da porta, para que eu não passasse. Eu apenas esperava que Braddy não tivesse contado coisas ao meu respeito aos seus tios.

– Sim. – admiti, me sentindo exausta. – eu preciso falar com ele. Ele está?

– Ok. Venha. – ela fez uma careta. Nós seguimos por um corredor até uma sala, onde o som da TV alta era predominante. Um senhor que parecia ser ainda mais velho do que a mulher a minha frente, nem ao menos olhou em nossa direção. E enquanto continuávamos seguindo, eu me perguntei se eu não estava sendo estúpida. Talvez. Mas certamente, não havia mais tempo para voltar atrás.

Nós subimos um lance de escadas, indo para o final do corredor. Eu sabia, de alguma forma, que aquele era o quarto de Braddy. Eu me voltei a senhora.

– Pode deixar. – sorri o mais simpática possível.

– Claro. – resmungou ela, enquanto dava as costas e voltava a descer o lance de escadas. Eu respirei fundo, encarando a porta a minha frente. Braddy e eu tínhamos muito o que conversar. Eu bati sobre a porta insistentemente. Todas as minhas fibras berravam o quão encrencado Bradley Huston estava.

– Jesus Cristo! Será que nem tomar banho direito eu poss- – ele abriu a porta, então parou tão abruptamente, me notando no lugar de sua tia. Braddy estava estático. Seus olhos me estudaram, à procura de algo que eu pudesse segurar... Uma arma, talvez. – Rose. O que... O que faz aqui?

Ele me deu espaço para entrar em seu quarto que cheirava ao seu perfume e limpeza. Ao contrário de mim, Braddy sempre fora o mais cuidadoso com a limpeza. O que sempre me veio a calhar.

– Você parece assustado, Bradley. – sorri o mais inocente que pude.

– Deus! E eu estou! – ele disse, tomando uma distância segura. Antes que ele pudesse dar mais algum passo, eu pulei em sua direção, jogando-o contra a parede e pressionando meu braço contra sua garganta. Ele levantou suas duas mãos em rendição. Obviamente, ele sabia quem podia vir a ser mais perigoso de nós dois.

– O que você disse a Dimitri? – silvei.

– O que... O que você quer dizer com isso? – balbuciou.

– Não se faça de inocente. – rosnei. – Ele veio aqui. Você realmente acha que eu não sei que ele veio aqui? O que você contou a ele?!

– Você veio da Pensilvânia para me perguntar o que aquele cara veio fazer aqui? – ele soou ofendido. Eu soltei meu aperto, tomando uma distância dele. Braddy tocou seu pescoço, parecia dolorido. Ótimo, pensei. – Seja lá o que vocês têm. O que eu sei que tem alguma coisa entre vocês...

– Eu já disse a você que não é da sua conta. – soltei.

– Assim como não é da sua conta seu passado?! Estamos juntos há quase dois anos, e você nunca me contou sobre o seu passado, Rose! Sempre escondeu todas as coisas de mim... Todas as vezes que eu te perguntei, você dizia que não havia nada para saber. Mas você nunca ligou se eu queria saber! As portas da minha casa e da casa da minha família sempre estiveram abertas para você! Mas você nunca sequer se dignou a me apresentar a sua!

– Você sempre soube que eu não tenho família! – nós estávamos gritando. Eu nunca havia gostado de brigar com Braddy. Eu tinha medo do que poderia acontecer caso eu surtasse de vez. E por Deus, nada bom poderia vir a acontecer. – Eu sempre disse a você que era mais seguro se não soubesse sobre mim! Você disse não ligar! Eu acreditei nisso.

– Não! – levantou um dedo para me parar – você achou melhor decidir por mim, Rose. Você sempre quis decidir por mim! Eu aceitei porque você parecia desolada demais. Sozinha demais para eu exigir o que fosse de você. Eu estou cansado, Rose...

– Ainda bem que eu nunca lhe contei nada. Afinal, o tão pouco que você sabe, você já abriu o bico para contar a Dimitri e Deus sabe quem mais... – eu soltei, me odiando por tê-lo dito. E ver a mágoa em seus olhos fez eu me odiar ainda mais. Eu sabia que em boa parte, Braddy havia tido razão. Eu sabia que eu nunca contara nada a ele por acreditar que a ignorância era a melhor proteção. Eu sempre acreditei nisso... E a verdade seja dita, eu nunca confiara em ninguém além de Lissa. Muito embora, ela não soubesse nem da metade das coisas. E bem, naquele momento, eu comecei a acreditar que mentiras não eram tão boas assim.

Às vezes a autopreservação não passa de uma mentira.

– Eu sinto muito... – balbuciei.

– Vá embora. – disse ele. Ignorando minhas desculpas. – Aquele cara e você têm mais a ver do que você imagina. Vocês poderiam ter punhados de mentirosinhos juntos.

– Não seja estúpido. – rosnei.

– Eu estou sendo estúpido?! Não sou eu quem estou transando com um cara que eu acabei de conhecer! – gritou. Eu cerrei meus punhos. Eu não queria — apesar de ainda estar tentada — socar Braddy.

A ideia, vinda de outra pessoa, de eu estar com Dimitri me pareceu estranha. Diabos, não era mentira... Nós havíamos nos conhecido há tão pouco tempo, embora durante todos esses anos em que eu estava na mente de Lissa, eu o via. Eu não queria pensar no quão bem Dimitri me fazia, mesmo que só sua presença. No emaranhado de sentimentos que eu havia absorvido.

– Você gosta dele – não foi uma pergunta. E o meu silêncio o fez ter certeza da resposta. Eu me afastei ainda mais, caindo sentada na cama bagunçada não muito longe.

– Eu sinto muito. – balbuciei, me sentindo estúpida. Eu tateei pela cama, e agarrei de volta minha jaqueta que havia se soltado da minha cintura. Eu me levantei e caminhei até Braddy. – Foi um erro ter vindo aqui. Tão longe para nada.

– Disponha, Rose Hathaway. Volte para o cara russo... Belikov, não? – eu dei as costas, ainda cerrando meus punhos. – Ou devo chamá-lo de Guardião Belikov?

Num átimo, me virei. Sentindo meu corpo inteiro tremer e gelar.

– C-como você sabe... – gaguejei.

– Não acha que eu passei tanto tempo em plena ignorância, não é, Rose? – seu tom era exasperado. Um sorriso não tão diferente brotou em seus lábios. – Não se preocupe. Eu sei guardar segredos melhor do que imagina.

Em menos de um piscar de olhos — outra vez — eu estava pressionando Braddy contra a parede, meu braço em sua garganta.

– Como você sabe dessas coisas? – exigi. Braddy sorriu desta vez. O que me deixou com mais raiva. – Eu não estou brincando!

Com minha mão livre, eu tateei meus jeans, encontrando ali a peça que eu tanto guardei. Eu apontei a estaca contra o pescoço de Braddy, pressionando de forma que se ele se mexesse um pouco mais, cortaria.

– Você está ficando louca... – resmungou ele.

– Não me faça repetir a pergunta! – rosnei. – Quem é você, Bradley Houston?

Seu sorriso morreu. Sua expressão dura, o fazendo parecer mais velho do que realmente era. Ou era mais velho?!

– Você precisa ir, Rose. – ele sussurrou, quase que inaudivelmente.

– Porque? – questionei. Braddy me afastou, caminhando até a escrivaninha e anotando alguma coisa numa folha de papel. Em alguns instantes, ele me entregou o papel. Eu o encarei.

“Eles estão aqui por você. Volte para casa, não é seguro dentro das Wards, mas é ainda mais do que aqui do lado de fora”

Eu estaquei. Encarando do papel à Braddy que me estudava cauteloso.

– Quem está vindo? – sibilei.

– Marcus. – retrucou ele. Eu estaquei. Foi exatamente quando um barulho soou no andar de baixo. O que deveria ser algo arrombando a porta. – Eles estão aqui. 


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