A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey! To aqui, cheguei!
E além disso, trouxe comigo o maior capítulo da fic! HAHAHAHA.
Alguém ansioso para saber o que vai acontecer na festa da Hermione? Hmmmmmmmm, espero que sim!
Tentei fazer o mais diversificado possível, colocando uma pitadinha de cada emoção. Jesus, isso até parece uma receita culinária, kkkkkk.
Bem, fora as minhas viajadas "totalmente normais" nas notas finais dos capítulos, acho que está tudo bem.
Bora ler o capítulo?
Aêêê!
E GEEEEEENTE, TENTEM LER ESTE COM AS MÚSICAS, POR FAVOR! DÁ EXATAMENTE O SENTIMENTO QUE EU QUERIA PASSAR!!!
Boa leitura, chuchus! ♥



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[Troublemaker - Olly Murs feat. Flo Rida]



– Ai meu Deus, eu não acredito que concordei com isto!


Hermione andava de um lado para o outro em sua sala de estar, e eu não ficaria surpreso caso ela acabasse abrindo um buraco no chão.

– Sossegue um pouco – eu tentei acalmá-la, sentado no sofá à sua frente. – Esta noite vai ser demais!

– E se quebrarem tudo, Nott? Meus pais voltam amanhã à noite e...

– ...e a gente limpa tudo antes de eles chegarem. Sem estresse!

Então aqui estávamos. Sábado à noite, na casa de Hermione, só esperando o pessoal chegar. Ela estava histérica, é claro, mas não podíamos voltar atrás nessa altura do campeonato.

– Nott! – Blaise entrou na sala com uma pilha de discos nas mãos. – O Draco chegou com as bebidas e está pedindo pra você ajudá-lo a trazer tudo para dentro. Ele está todo atrapalhado lá na garagem.

– Finalmente! – eu me aliviei, levantando de onde estava. – Jurei que ele não ia conseguir.

– Já estou até vendo... Eu vou ficar de castigo até os meus oitenta anos, depois dessa – Hermione ia surtando mais um pouco.

Fui andando pela casa até chegar a um corredor que levava à garagem. Logo vi Draco descarregando várias sacolas do porta-malas, colocando tudo no chão a sua volta.

– Deus, Draco – meus olhos se arregalaram assim que eu vi a quantidade de sacolas que ainda restavam dentro do carro. – Como você conseguiu tudo isso?

– Adivinhe... – o loiro sorria de um jeito maroto enquanto continuava descarregando.

– Ahn... identidade falsa?

– Nop.

– Você roubou um bar? – perguntei, irônico.

– Menos, Nott!

– Não me diga que você...

– É. Pedi tudo em nome do meu pai. Foi só o entregador chegar lá em casa que eu me mandei pra cá.

– Você só pode ter pirado, sério. Ele vai te matar quando descobrir.

– Foda-se. Ele é um puto e não estou ligando nem um pouco.

– Vocês ainda estão em guerra? – perguntei olhando para ele, que estava ocupado demais tirando tudo de dentro do carro.

– Rá, e quando é que não estamos? – ele riu, mas percebi que isso o deixava um pouco chateado.

– E sua mãe? Como ela está... você sabe.

– Lidando com isso, você quer dizer? – disse ele, espiando dentro de uma sacola antes de colocá-la no chão. – Como sempre, ela me defende, mas também não vai contra meu pai. É estressante, essa coisa de ela amá-lo acima de tudo ao ponto de sempre passar a mão na cabeça dele e perdoá-lo. Dá raiva.

Fui pegando algumas sacolas do chão, não sabendo ao certo o que dizer.

– E o seu pai? – Draco perguntou, e foi como se eu levasse um tipo de fisgada no estômago.

– Está na mesma – respondi, desconfortável.

– E você chegou a ligar pra ele, depois daquele dia? – Draco se encostou no carro, depois de fechar o porta-malas.

– Não. E nem vou ligar.

– Te entendo – ele afagou meu ombro de leve e foi pegando algumas sacolas também. – Certo, agora me ajude a levar isto pra dentro, já deve ter gente chegando.

Quando conseguimos levar tudo para a cozinha, Luna e Gina já haviam acabado de decorar a varanda com luminárias chinesas e copinhos com velas. Blaise, que estava encarregado das músicas, já tinha se espalhado em um canto com vários fios e caixas de som e conectava tudo na tomada. Hermione, que ainda estava nervosa, dava os últimos retoques na mesa onde ficavam algumas tigelas de salgadinhos e balas de gelatina.

– Será que isso dá pra todo mundo? – ela perguntou, olhando para a mesa.

– Dá – Blaise, Draco e eu respondemos juntos.

– Quantas pessoas vocês convidaram? – ela nos olhou alarmada.

– Algumas... – respondemos juntos novamente.

– Por acaso mais da metade do colégio vai aparecer aqui? – ela colocou as mãos na cintura, seus olhos mais pareciam duas bolas de pingue-pongue assustadas. – Porque se for, eu...

A campainha tocou naquele segundo, não dando chance de Hermione terminar sua frase. Luna colocou a cabeça pelo vão da porta da cozinha, enquanto Gina abria uma janela mais ao canto. Todos nos olhamos, um sorriso de ansiedade se formando nos lábios.

– E a festa começa – Draco riu, indo até o hall de entrada para abrir a porta.

Hermione o seguiu enquanto Gina vinha até mim, arrumando uma alça do seu vestido. Ela estava linda, como sempre, só que desta vez, seus olhos tinham um pouco de maquiagem, o que os deixava mais intensos.

– Ela vai pirar até isso ter um fim – disse-me a ruiva, enquanto eu a abraçava por trás.

– Nah, até lá o Draco dá um jeito de fazer com que ela tome alguns drinques.

– Nott! – Gina me deu um beliscão, indignada.

– Que foi? – eu ri, a apertando um pouco mais.

– Vocês não vão embebedar a garota à força.

– E quem disse que ia ser à força?

Gina suspirou.

– Quero só ver...

– - -


[Don't Stop The Party - Pitbull feat. TJR]



Vinte minutos mais tarde a casa já estava cheia.


Cedrico chegou acompanhado de três garotas: uma loira, uma morena e uma ruiva. Pansy apareceu com Astória, o que foi um choque para Draco e eu. Já Dino trouxe Simas e - por mais inacreditável que pareça -, Neville.

Neville Longbottom em uma festa! Aí está uma coisa que não vemos todos os dias.

Até o Potter e o Weasley deram as caras, o que todo mundo meio que esperava, já que esses dois não perdiam uma curtida. Eles logo deram um jeito de se juntar às líderes de torcida mais inocentes, àquelas que eu tinha certeza que esperavam encontrar o seu príncipe encantado.

Coitadas.

Bem, a casa já estava tomada, e todo mundo já parecia ter bebido um pouco antes de vir para a casa de Hermione. Ah, e por falar nela, é obvio que estava cada vez mais paranoica.

– Ai meu Deus, aquele garoto vai arrancar a cortina que a minha mãe adora.

– Granger – Draco a agarrou pelas costas assim que ela fez menção de se aproximar daquele garoto. – Você precisa parar com essa nóia toda! Você não vai curtir nem um pouco com a gente?

– Eu não vou deixar essas pessoas destruírem a minha casa, Draco. Não vou!

E ela saiu batendo o salto no chão, mas felizmente Luna e Gina a interceptaram no meio do caminho e puxaram-na para a cozinha.

– Você vai ter de dar um jeito de acalmá-la, Draco – eu lhe dei uma leve cotovelada no braço, tomando um gole da garrafa de cerveja que segurava.

– Ela tem que beber um pouco – ele concordou.

– E como isso vai acontecer? Ela é Hermione Granger!

Draco sorriu daquele jeito, o jeito que indicava que ele havia tido uma grande ideia.

– Já sei.

– O que você vai fazer?

– Você vai ver.

E ele saiu andando, me deixando sozinho, encostado na parede. De lá eu podia ver Blaise mixando e organizando as músicas com um headphone no pescoço. Ele pulava com a mão para cima, dando uma de DJ famoso, e todos na volta dançavam conforme a batida.

Cumprimentei alguns garotos que conhecia de vista e fiquei no meu canto, só apreciando um pouco aquela atmosfera de festa. Era bom sentir a música de Blaise vibrando no meu peito, sem contar que eu já começava a ficar levemente surdo. Normal.

E foi então que Astória passou por mim, rindo e balançando o cabelo. Ela estava bonita, não vou negar, e fiquei até meio desconfiado de ela não ter olhado para mim. Isso sim era esquisito. Logo ela, que não perdia uma oportunidade de puxar um papo comigo, agora me ignorava.

O que será que ela estava planejando? E será que ela estava mesmo planejando alguma coisa?

Certo, Nott. Agora é você que está paranoico.

Ao levar o bico da garrafa novamente à boca, notei que a cerveja havia acabado. Desencostando da parede, segui até a cozinha para pegar outra bebida. Lá encontrei Luna, que estava encostada ao lado da pia, comendo uns ursinhos de gelatina.

– E aí, o que está achando? – eu parei ao lado dela, procurando uma garrafa de Ice na pia que estava tomada de cubos de gelo.

– Legal – ela respondeu cabisbaixa, colocando um ursinho vermelho na boca.

Larguei o Ice no balcão e parei para encará-la.

– Você não parece legal – eu contrariei, cruzando os braços.

Luna sorriu levemente, balançando a cabeça em negativa.

– Abra a boca – ela mandou.

Abri, curioso. Ela colocou um ursinho azul na minha língua. Era bom, doce, mas ao mesmo tempo parecia diferente.

– Tem vodca neles – disse ela, sanando minha dúvida.

Ri, achando engraçado o modo que ela tinha escolhido para tentar se embebedar.

– É o Neville, não é? – eu tirei uma mecha loira de cabelo da frente dos seus olhos.

– É e não é – ela levantou o rosto e riu da minha expressão confusa.

– Certo – eu concordei, sabendo que não ia conseguir entender o conflito da sua cabeça. – Mas você não vai ficar aqui sozinha com esses ursinhos só por causa desse “é e não é”.

– Não vou? – ela colocou mais um ursinho na boca.

– Não, não vai. Você vai lá pra sala comigo, se divertir com os seus amigos.

Luna sorriu e colocou mais um ursinho na minha boca. Peguei minha bebida com uma mão e com a outra fui puxando-a junto comigo para fora da cozinha.

– - -


[Gentleman – PSY]


Pelo caminho até a sala, fui dançando com ela enquanto desviávamos de todas aquelas pessoas. Luna parecia melhor, um sorriso permanente começava a surgir nos seus lábios.

– Olha só, aí estão eles! – Pansy levantou do sofá e veio me abraçar. Seu perfume era muito bom, algo parecido com maçã.

– Oi Pansy – Luna cumprimentou assim que a morena a abraçou também.

– Como vocês estão? – ela perguntou, roubando a garrafa de Ice da minha mão.

– Bem – Luna sorriu.

– Já eu estou me sentindo um pouco roubado – eu inclinei o rosto, dando um sorriso irônico para Pansy, que havia se adonado do meu Ice.

– É, eu deixo essa sensação nas pessoas – ela deu um grande gole da bebida e eu percebi que teria de pegar outra.

– O Blaise está detonando – Luna confessou.

Olhei para trás, onde o moreno balançava a cabeça no ritmo da música eletrônica que tocava. Ele parecia estar se divertindo muito.

– Até que esse seu amigo não é uma total perda de tempo – Ron passou por mim de mãos dadas com uma garota loira. – Até que ele serve para colocar umas músicas pra tocar.

– É, e você nem pra isso serve – eu provoquei. Odiava ver alguém falando desse jeito dos meus amigos.

Ron riu.

– Você sabe – ele mostrou a mão que estava presa a da garota. – Eu tenho coisas mais importantes pra fazer, se é que você me entende.

– Ah sim, eu entendo. A Lilá é que não deve entender...

A garota parecia envergonhada, pois não tirava o olhar do chão por nem um segundo. Ronald a agarrou bem na nossa frente, passando suas mãos pela cintura da menina de uma forma nada comportada. E o pior foi que, enquanto a beijava, ele ficava olhando para mim de um jeito que esbanjava sarcasmo.

Agora me diga: quem é que fica com uma garota ao mesmo tempo em que encara alguém?

– Nossa, que cavalheiro – Pansy fez uma cara de nojo me puxou pela mão para sentar no sofá, e então acrescentou de um jeito mais baixinho: – Não vai inventar de arranjar briga, hein. Você sabe que é exatamente isso que ele espera.

– Vou buscar mais ursinhos – Luna levantou e sumiu através da multidão que dançava.

Fechei os olhos, tentando controlar minha raiva. Pansy tinha razão, eu não iria brigar com Ronald de novo. Já fora o bastante na festa de 16 anos dela.

– Vou procurar Gina – eu levantei, respirando fundo.

– Acho que ela estava lá em cima – Pansy me auxiliou. – Me lembro de tê-la visto subindo as escadas, mas isso já faz um tempinho.

– Obrigado. Vou dar uma olhada.

Voltei a atravessar o mar de pessoas até conseguir colocar o pé nos primeiros degraus. Pra se ter uma ideia, até lá tinha gente se pegando. Fiquei imaginando caso eles caíssem da escada e acabei rindo sozinho.

E aconteceu de novo. Astória vinha descendo e eu, subindo. Ela mantinha o olhar em algum ponto que não me incluía, enquanto eu tentava fazer o mesmo. Ela até chegou a bater o ombro no meu, mas não me olhou diretamente.

Estranho.

Quando cheguei ao segundo andar, comecei a procurar por qualquer cabelo ruivo que conseguisse botar os olhos, mas não estava assim tão fácil.

– Será que você pode parar de ser tão certinha e me dar um pouco de atenção?

Draco estava segurando o braço de Hermione a alguns passos de onde eu me encontrava.

– Ah, me desculpe se eu me importo em manter minha casa inteira – Hermione ironizou, tentando se soltar da mão de Draco.

– Não aconteceu nada até agora, Granger! Sabe, às vezes você podia tentar se divertir.

– Eu estou me divertindo! – ela interveio, a voz um pouco mais esganiçada do que o normal.

– Estou vendo – Draco riu, sarcástico.

– Só porque eu não estou bebendo não quer dizer que eu não esteja curtindo a festa.

“Oh meu Deus, solte a cortina da minha mãe!”, “Ei, largue esse vaso de flores!” – Draco tentou imitar a voz dela. – Isso não me parece divertido.

– Ugh, você é inacreditável – Hermione saiu andando, mas Draco a puxou de volta.

– Duvido que você consiga beber o que eu beberia nessa festa.

Hermione ficou encarando-o por uns bons segundos e, do nada, arrancou da mão de Draco o copo que ele estava segurando. Ela o virou de uma vez, deixando o loiro surpreso.

– Você ainda vai se arrepender por duvidar de mim – Hermione amassou o copo vazio contra o peito de Draco e saiu andando, decidida. Ela ainda passou por mim e me deu um grande beijo na bochecha.

Assustado, fiquei olhando Draco vir até mim e, estranhamente, ele estava sorrindo.

– Viu? – ele sorriu convencido. – Hermione Granger está prestes a ficar divertida.

– Você não existe, Draco – eu balancei a cabeça. - Mas tome conta dela, não vá deixar a garota solta por aí, ainda mais quando ela está com raiva de você.

– E você acha que eu sou idiota? – ele deu um tapinha na minha bochecha, de brincadeira. – Eu vou é grudar nela!

– - -


[Pop Danthology 2012 - Mashup of 50 pop songs]


Depois de procurar Gina por todo o andar de cima e ter visto cenas que eu preferia não ter visto – tipo o Potter se trancando no banheiro com a Chang -, desci as escadas novamente e voltei ao sofá onde Pansy estava. Gina estava lá, só que dessa vez com outro vestido.

– Ei, você chegooooou – ela se agarrou em meu pescoço. Acho que já estava um pouco alegrinha.

– Estava te procurando – eu segurei seu rosto e lhe dei um selinho demorado. – Por que mudou de vestido?

– Aaaaaah, você nem vai acreditar! – Gina ficou indignada de uma hora pra outra, e o seu “Aaaaah” foi realmente engraçado de ouvir. – Um maldito de um garoto derrubou vodca em mim! Fiquei puta da cara!

Ri, adorando vê-la solta daquele jeito.

– E aí a Hermione me emprestou um vestido dela, oooooolha! – ela deu uma voltinha.

– Tá linda – eu a puxei para perto de novo, e dessa vez não aguentei não beijá-la de verdade.

– Ai, isso está sem graça demais – dizia Pansy, entediada ao lado de Luna. – Acho que devíamos fazer um jogo, sei lá... Hmmmm, já sei! Um jogo de sedução!

– Como é que é? – Luna riu.

– Um jogo de sedução, oras! Eu quero ver como vocês seduzem os garotos desta festa.

Vocês? – eu desgrudei meus lábios de Gina, mas a agarrei mais forte pela cintura.

– Ah, pare de ciúmes, Nott! – Pansy levantou. – Vamos fazer assim: duas de nós escolhem um garoto para a outra seduzir. Podem fazer o que quiserem, usem a tática que acharem melhor.

– E quem vai primeiro? – Luna perguntou.

– Você – Pansy e Gina olharam para a loira, que deu um sorriso nervoso.

– E quem vocês querem que eu...

– O Blaise! O BLAISE! – Gina gritou animada. Pansy concordou.

– O Blaise.

– Tá – Luna cedeu, vencida. – Mas uma de vocês vai ter que ir comigo!

– Ihhhh – Pansy enrugou o nariz. – Ah, tá bom. Eu vou contigo.

Elas saíram andando juntas para o meio das pessoas que dançavam bem na frente da mesa que Blaise estava mixando as músicas. Luna falou alguma coisa no ouvido de Pansy, que sorriu e concordou com a cabeça.

– O que você acha que elas vão fazer? – Gina perguntou, olhando para a pista.

– Não faço a menor ideia.

E então elas começaram a dançar meio coladas, rebolando e fazendo caras sedutoras. Gina começou a rir e enterrou o rosto no meu pescoço. Pansy encaixou o quadril no de Luna e elas foram descendo até o chão.

Blaise, que estava todo concentrado encaixando uma música na outra, perdeu seu olhar nas duas. Pansy se afastou um pouco de Luna, dando espaço para que ela dançasse sozinha na frente de Blaise. O coitado só faltava babar, de verdade.

– Eu vou querer ir ao casamento desses dois – Gina concluiu, me abraçando forte.

– Nós poderíamos ser os padrinhos – eu sorri, roçando meu nariz no dela.

Gina sorriu, fazendo carinho no meu rosto. Seus olhos perfuravam os meus de um jeito tão caloroso e confortante que eu tinha vontade de ficar olhando-a para sempre.

– Foi demaaaaais! – Pansy ia voltando com Luna e as duas riam muito.

– Ai, que vergonha – Luna escondeu o rosto entre as mãos.

– Agora é minha vez – disse Pansy, passando a mão no cabelo para ajeitá-lo.

– Quem, Gina? – Luna perguntou à ruiva.

Elas começaram a olhar para a multidão que preenchia a sala, mas acabaram demorando demais.

– Querem saber, deixem por minha conta – Pansy sorriu e saiu andando para o meio.

– Então tá – Gina riu, ao que Luna respondeu do mesmo jeito.

Pansy foi dançando de pessoa a pessoa. Muitos garotos já estavam prestando atenção nela, mas nenhum que a parava para dançar parecia ser bom o suficiente.

– O que ela está fazendo? – eu ri, vendo-a desviar de três caras.

– Não faço ideia – Gina respondeu.

Pansy chegou ao outro lado da sala, onde Dino estava encostado com Simas e Neville na parede. Todos conversavam e tinham copos de bebida na mão. Pan começou a dançar com uma garota perto deles, rebolando de uma maneira provocativa. Dino e Simas logo estavam com seus olhos sobre ela, enquanto Neville estava distraído, olhando para uma caixa de som.

– Qual dos dois? – Gina quis saber.

– Acho que é o Dino – eu palpitei.

– Simas – Luna foi do contra.

Pansy continuou dançando e logo Dino e Simas se juntaram a ela. Mas ainda assim, ela não parecia satisfeita.

– Deus, ela já conseguiu os dois, mas porque continua provocando? – eu quis saber.

– Não sei – Gina enrugou as sobrancelhas.

Foi então que Pansy deixou os dois dançando sozinhos e foi andando devagarzinho até Neville.

– Não – Gina estava de boca aberta.

Olhei para Luna, que parecia estar em outro mundo. Droga, droga.

Pansy puxou Neville para dançar com ela, e ele foi, é claro, depois de ela insistir um pouco. Os dois começaram a se balançar no ritmo da música e, Neville, apesar de tímido, dançava bem.

Bem na hora uma parte da música do Justin Bieber começou a tocar, e Pansy cantou olhando diretamente para Neville.

“If I was your boyfriend I'd never let you go”

Ela foi se aproximando mais de Neville, que parecia hipnotizado. Encostou a bochecha na dele e ficou dançando mais de pertinho, até que... BAM! Os dois estavam se beijando.

– Wow – Gina estava chocada.

Luna que eu o diga. Ela permaneceu parada onde estava, apenas olhando, uma expressão indecifrável no rosto. De verdade, tive vontade de levá-la para qualquer outro lugar e lhe dar um abraço. Mas ela não estava chorando, e muito menos pareceu triste quando começou a sorrir. Estranhei, é claro. O que estava acontecendo?

– Hermione, para de beber! – Draco chegou até onde estávamos, tentando tirar uma garrafa da mão dela.

– Ah, agora você quer que eu pare... Meio contraditório, Draco!

Gina se distraiu com os dois, o que pareceu o momento perfeito para ir até Luna e ver o que estava se passando com ela.

– Eu não me importo mais com ele, Nott – ela sorriu. – O ver beijando outra pessoa não me faz querer chorar. Não faz!

Completamente confuso, eu a abracei, porque não sabia outra forma de demonstrar que estava feliz por ela.

– Acho que a nossa conversa no refeitório me ajudou a espairecer as ideias – ela sussurrou ao meu ouvido enquanto eu a mantinha no abraço.

– Isso quer dizer que você vai tentar com o Bl...? – eu me separei do abraço para poder olhá-la, mas bem na hora eu notei que estava gritando.

Luna tapou minha boca, mas estava rindo e assentindo com a cabeça. Abracei-a mais uma vez, feliz demais por pelo menos alguma coisa estar indo bem.

– Vamos comer mais ursinhos! – eu dei a ideia.

– VAMOS! – Luna saiu me puxando até a mesa de doces.

Os outros vieram atrás. Gina estava estranhando minha alegria, mas achei melhor explicar mais tarde. Peguei uma minhoquinha de gelatina e coloquei só metade na boca. A ruiva sorriu, entendendo o que deveria fazer. Com um olhar malicioso, ela mordeu a outra parte da bala, deixando seus lábios se encostarem aos meus.

– Hermione Granger, se você não soltar essa garrafa de vodca agora, eu juro que vou te agarrar à força – disse Draco, irritado.

Ri, vendo que tudo tinha saído do controle dele.

“Hermione Granger, se você não soltar essa garrafa de vodca”, mi mi mi – Hermione falou em falsete, o que o deixou ainda mais irritado.

Todo mundo riu também, vendo que Draco tinha entrado em um problema.

– Você está pedindo – ele sorriu malicioso, encurralando-a contra a parede.

– Você é que está dizendo – Hermione olhou para ele, risonha.

Draco tirou a garrafa da mão dela e a colocou em cima da mesa de doces. Foi chegando seu rosto perto do de Hermione e, quando ia beijá-la, ela fugiu por debaixo do braço dele.

– Deus, eu mereço! – ele reclamou, indo atrás dela.

– Giiiiiiina, é a sua vez! – Pansy vinha animada até nós.

– Vez de quê? – Gina perguntou confusa.

– Só você não seduziu alguém, ainda! – Luna a lembrou, dando uma cotovelada de leve no meu braço.

Gina ficou vermelha, e acho que eu também.

– Sabe de uma coisa – eu puxei a ruiva pela mão. -, acho que é a minha vez agora.

As garotas riram.

– Mas como é ciumento! – Pansy gritou.

– Ué, tem que ver se eu vou conseguir seduzir a garota antes...

– Então ensina pra gente como seduzir uma garota, Nott. Vai lá.

Luna e Pansy ficaram olhando para mim e Gina, esta que estava toda vermelha, mas sorridente.

– Certo, eu vou ser bem direto – eu olhei para as duas, segurando as mãos de Gina ao mesmo tempo.

– Isso, seja direto – Pansy aprovou, colocando dois ursinhos coloridos na boca.

– Bem, você começa assim – eu passei as mãos de Gina para as minhas costas, deixando-as sobre minha bunda.

Luna e Pansy se engasgaram com os ursinhos. Gina estava boquiaberta, rindo também. Continuei.

– É nesse ponto que você vê se a garota está afim, entende? – eu fiz com que os dedos de Gina me apertassem, o que a deixou ainda mais sem graça.

Pansy e Luna estavam no meio de um ataque de risos. Elas mal conseguiam abrir os olhos.

– Aí você vai falando pertinho da boca dela – fui demonstrando, roçando meus lábios de leve sobre os de Gina -, passa a mão pela nuca da garota, dá aquele sorriso maroto e, se ainda assim ela não tiver te pegado... bem, ela deve ser lésbica, e você se deu mal.

Luna e Pansy aplaudiram, ainda rindo.

– Ou você é feio, né Nott? – Gina soltou a hipótese, sorrindo de um jeito provocante.

– Droga, eu devia ter malhado mais a bunda – eu me fiz de triste, o que provocou mais risadas das garotas.

– - -


[Dance Wiv Me - Dizzee Rascal]



Bom, acho que eu podia dizer que estava bêbado. Tipo, muito.


Gina e eu estávamos dançando no meio de todo aquele povo e eu podia jurar que ela estava brilhando bem diante dos meus olhos. Certamente devia ser toda aquela mistura de luzes piscando e piscando que havia me deixado desorientado – e todas aquelas doses de tequila -, mas era legal vê-la daquele jeito, quase como um destaque entre todo mundo que decidia ficar na minha vista.

É claro que às vezes eu sentia que era encoxado sem querer, alguém pisava no meu pé e até me dava um empurrãozinho, mas de alguma forma, isso não estava me incomodando. Era bom ficar ali, apenas dançando com aquela garota ruiva brilhante.

– Por que você está me olhando desse jeito? – Gina riu de mim. Acho que eu fiquei encarando-a de um jeito estranho.

– Você está brilhando – eu disse diretamente, como se não tivesse um filtro entre o cérebro e a língua.

Ela olhou para si mesma, analisando o vestido e o cabelo e, vendo que nada estava fora do normal, voltou seus olhos para mim, com um sorriso compreensivo nos lábios.

– Acho que já chega de álcool para você – ela passou os braços em volta do meu pescoço, sussurrando de um jeito alto no meu ouvido.

– É tudo culpa da Luna – eu sussurrei de volta. – Aqueles ursinhos são malignos!

– Ah, é. – Gina riu, me balançando com ela no ritmo da música. – Os culpados pela sua bebedeira são os donos da fábrica de balas de gelatina. Muito compreensível.

Ficamos dançando mais um pouco, desta vez mais agarrados. Gina ria toda vez que eu investia em um movimento mais brusco, o que com toda certeza a deixava surpresa.

– Eu não sabia que você dançava – disse ela, seu rosto parecia deslumbrado.

– Nem eu – eu juntei nossas testas ao mesmo tempo em que balançava meu corpo no ritmo dela. – Só estou improvisando.

– Vou fingir que acredito – a ruiva virou de costas para mim e continuou dançando.

Sorri, pescando-a pela cintura e abraçando-a por trás. Encaixei meu queixo na curva do seu pescoço e ela pareceu gostar, pois me olhou por cima do ombro e segurou minhas mãos de um jeito forte, ao mesmo tempo em que rebolava comigo durante o refrão da música.

– Harry, volta aqui!

– Me deixa em paz, Chang.

Olhei para um ponto às minhas costas e vi o Potter descendo as escadas. Cho vinha atrás dele de um jeito meio desesperado. Parei de dançar e Gina se virou para mim, estranhando. Como continuei olhando para os dois, ela logo seguiu a mesma direção e entendeu.

– Harry, vem cá! Não me deixa falando sozinha – Cho foi atrás dele, ajeitando o vestido na altura dos peitos.

Ele nem pareceu ligar, pois seguiu andando até a mesa de bebidas para pegar um copo de vodca com energético. Algumas pessoas foram parando de dançar para olhar a cena.

– Garota, vai procurar outro cara para encher o saco! Eu já perdi tempo demais com você naquele banheiro – Potter a olhou com desprezo, levando o copo à boca.

Gina fechou seus dedos em torno do meu pulso num gesto bastante discreto e, ao mesmo tempo, Blaise baixou um pouco o som.

– Então é assim? – Chang colocou as mãos na cintura. – Vai me dispensar desse jeito, depois do que fizemos lá em cima?

– Vou – ele deu de ombros, rindo da cara dela. – De verdade, Cho, você já teve mais habilidade nessas mãos – ele fez um gesto impróprio com a mão meio fechada, sacudindo-a para cima e para baixo.

A garota parecia entorpecida de tanta vergonha e, Potter, só para piorar tudo, piscou com um olho para ela, mandando um beijinho no ar e em seguida dando um tchau com uma das mãos, como que dizendo cai fora.

Muita gente riu. Cho parecia prestes a chorar. Olhei em volta para ver se alguém estava ao menos disposto a acabar com aquela palhaçada, mas todos estavam imóveis, só assistindo.

– Potter – eu saí de onde estava. Gina bem que tentou me segurar, mas fui mais rápido.

– Olha só – ele riu com sarcasmo, meio admirado. – Você não perde uma oportunidade de se meter nos meus assuntos, hein. Estou começando a achar que isso é obsessão, Nott.

– Pare de humilhar a garota – eu o olhei sério, mas ele continuou rindo.

Cho também parecia surpresa por eu estar defendendo-a, afinal, nunca fomos próximos nem nada.

– Humilhar? – Potter se fez de idiota. - Só estou falando a verdade, oras. Foi todo mundo que resolveu parar para escutar.

– Nott – Gina chegou ás minhas costas e agarrou meu braço. – Não faça isso.

– Ui, a ruiva precisa ficar te dizendo o que fazer, é? – Potter encarou Gina. – Bem que eu achei que ela era o macho alfa da relação.

Foi a gota d’água. Falar de mim tudo bem, mas meter Gina no meio... Ele realmente sabia como me tirar do sério.

Gina me agarrou mais forte, mas mesmo assim eu tentei avançar para cima daquele imbecil. Mais um par de mãos me puxou para trás e me impediu de fazer qualquer coisa.

– Ei, ei, ei! O que tá havendo aqui? – Draco chegou a tempo de segurar meu punho.

– Só esse babaca que vive se metendo aonde não é chamado – Potter botou mais lenha na fogueira.

Tentei ir para cima dele de novo, mas Draco e Gina pareciam determinados em me manter onde eu estava.

– Como se eu acreditasse em qualquer palavra que venha da sua boca – Draco nem olhou para Harry.

– Ele estava humilhando a Cho na frente de todo mundo – Blaise chegou também. – Deu pra ouvir lá do outro lado, mesmo com a caixa de som bem no meu ouvido.

Draco começou a olhar em volta, aparentemente em busca de Cho, mas ela já tinha desaparecido.

– Acho que ela foi embora – disse Gina.

– Eu, no seu lugar – Draco mirou Harry, e ele estava bem mais do que sério -, iria embora também.

– Você está me expulsando? – Potter ainda estava achando engraçado.

– Não, Potter – Draco fez uma cara cínica. – Eu estou te chamando para ir ao cinema comigo... É claro que eu estou te expulsando, esperto!

– E por acaso esta casa é sua? – Harry arqueou uma sobrancelha. – Eu acho que não.

– Esta festa é nossa – Draco o agarrou pelo braço. Blaise pegou o outro. – E eu acho que sim, nós podemos te expulsar, princesa.

Eles foram levando o Potter até o hall de entrada, enquanto eu continuava ali, explodindo de raiva.

– Vem comigo – Gina pegou minha mão e começou a me puxar até a escada.

– Mas...

– Você NÃO VAI atrás do Harry. Para de ser impulsivo.

– Impulsivo? Gina, ele falou mal de você! Eu não ia ficar sem fazer nada e...

– Shiiiiu, já chega! – a ruiva subiu e último degrau e começou a me guiar pelo corredor. – Você sabe muito bem como o Harry é.

– Harry? – eu estranhamente fiquei com um puta ciúmes. – Harry?

– Ai meu Deus, não inventa mais essa agora! Desde quando chamar alguém pelo nome ou sobrenome faz diferença?

– É claro que faz! – eu me alterei, mas a ruiva não desistiu de me puxar. – Você o chama de Harry, mas me chama de Nott!

Gina soltou um suspiro cansado.

– Eu me recuso a responder a uma coisa dessas – ela abriu uma porta e me empurrou lá para dentro.

– - -


[Young Girls – Bruno Mars]



Estava escuro, eu mal conseguia enxergar um palmo a minha frente. A música de repente ficou abafada, o que foi bom. Já estava ficando tonto com todo aquele barulho.


Inexplicavelmente, toda aquela pequena discussão do corredor havia saído da minha cabeça. Acho que isso é normal quando se está bêbado. Toda situação, por mais complicada que seja, acaba sendo deixada de lado quando se tem de entrar em um quarto escuro, onde você teme cair por cima das coisas o tempo todo.

– Gina? – eu me perdi na escuridão e quase tropecei em alguma coisa. - Onde está o interruptor de luz?

– Também não sei – disse ela em algum lugar do quarto.

– Então por que você não abre a porta e deixa um pouco de claridade entrar?

Não sei se era só eu, mas se faltava luz em casa quando eu era pequeno, eu deixava os meus olhos o mais abertos possível, imaginando que ao invés de a luz ter acabado, eu que havia ficado cego. Bom, até hoje eu vinha fazendo isso, mas não é uma coisa que se comente.

Gina riu.

– Você tem medo do escuro?

Tremi.

– Não – eu ponderei. – Só de lugares escuros que eu não conheço.

Ela riu de novo, o que me fez sorrir.

– Onde você está? – eu comecei a mexer os braços à minha volta, procurando tocá-la de algum jeito.

Alguma coisa segurou meus pulsos e eu levei o maior susto, mas então ouvi Gina dizendo:

– Estou aqui, te achei.

Respirei fundo. Logo meus olhos começaram a se adaptar à escuridão, me dando a oportunidade de ver o brilho dos olhos de Gina de um jeito inconstante, ora aparecendo, ora desaparecendo.

– O que estamos fazendo aqui? – eu segurei suas mãos.

– Não sei – ela respondeu. – Só queria um lugar para te acalmar.

Ela me deixou por alguns instantes e, então, uma pequena luzinha ascendeu-se no cantinho do quarto. Gina havia ligado um abajur.

Comecei a olhar em volta, meio lerdo nos pensamentos. Devia ser um quarto de hóspedes, pois havia uma cama de casal, uma escrivaninha encostada à parede, uma cômoda de madeira escura à outra e também cortinas com pequenas estampas de flores. Simples, mas bonito.

– Me acalmar, é? – eu fui chegando mais perto dela, que certamente não esperava que eu fosse maliciar suas palavras.

Gina balançou a cabeça de um lado para o outro, não acreditando no que tinha acabado de ouvir, mas estava risonha.

– Você não perde uma oportunidade de me deixar sem graça – ela olhou para o chão, sorrindo de um jeito tímido.

Baixei o rosto até conseguir olhá-la nos olhos, o que ela achou engraçado, pois soltou um riso gostoso.

– Esse é seu ponto fraco – eu encostei meu nariz no seu. – Você se encolhe quando eu falo algo mais malicioso. Fica sem armaduras.

Ela estreitou os olhos, mas pude ver que ficou pensando no que eu disse.

– Você deve ter pontos fracos também – ela sorriu de lado, ainda um pouco acanhada.

De repente, um calor repentino foi subindo pelo meu estômago, meu coração começou a bater mais forte na região do pescoço.

– Tenho – eu admiti. – Mas não vou te contar. Você vai ter de descobrir sozinha.

Ela, meio que aceitando o desafio, foi chegando mais perto, o olhar um pouco desconfiado.

– Bom, se for físico – ela pensou por um instante, um pouco indecisa -, deve ser em algum lugar por aqui...

Gina começou a beijar o cantinho da minha boca, o que me fez fechar os olhos. Aos poucos, ela foi passando pela minha bochecha, me mordendo de leve às vezes, até chegar ao meu pescoço. Ai, o meu pescoço.

Com a ponta das unhas, ela começou a arranhar de leve a minha nuca ao mesmo tempo em que distribuía beijinhos demorados um pouco abaixo da região da orelha. Ela riu quando eu soltei o ar, deixando os ombros relaxarem.

– Acho que sua armadura também está quebrando – ela sussurrou ao meu ouvido.

Pude sentir seu sorriso encostar-se ao meu pescoço quando, sem me dar conta, deixei um leve gemido escapar.

– Achei, não foi? – ela trouxe seu rosto para frente do meu, o que me obrigou a abrir os olhos.

– Você achou um dos – eu sorri, o que a fez fazer o mesmo.

– Ah, então tem mais... – ela me olhou travessa, seus olhos pareciam queimar de encontro aos meus.

– Tem, tem sim – eu segurei sua cintura de um jeito forte, algo que eu já tinha notado de que ela gostava. –, mas vamos intercalar. Você acha um meu e eu acho um seu.

Ela me olhou de um jeito meio inseguro, meio medroso, mas fez que sim com a cabeça.

Ainda com as mãos na sua cintura, fui guiando-a até a parede e prensei meu corpo contra o seu. Beijei seus lábios de início com a maior delicadeza que pude e, assim como ela havia feito comigo, fui escorregando até seu pescoço.

– Vai me imitar, é? – ela perguntou com a voz meio entregue.

– Só estou usando o mesmo caminho, mas isso não quer dizer que o destino seja o mesmo – eu fui respirando fundo no seu pescoço e fiquei feliz em sentir quando ela se arrepiou.

Aos poucos fui investindo mais na sua cintura ao mesmo tempo em que mordiscava sua orelha. Gina soltou um suspiro tão profundo que isso, de algum modo, me fez sentir vitorioso.

– Acho que alguém está ficando de pernas bambas – eu brinquei, ao que ela reagiu rindo e, é claro, dando um tapa forte na minha bunda. – Oh sim, os tapas não podem faltar.

– Você é inacreditável – Gina riu de novo, se agarrando no meu pescoço.

Começamos a nos beijar de novo, só que dessa vez de um jeito mais desesperado. Era como se eu precisasse senti-la a todo custo colada a mim, como se nunca fosse perto o bastante.

Gina arranhou minhas costas por cima da camisa, o que me fez dar outro gemido. Agarrei-a ainda mais forte, tirando-a do chão. Meus lábios já estavam ficando dormentes, mas quem disse que isso era o suficiente para me fazer parar?

Logo eu já estava em cima dela na cama. Gina passava a mão pelo meu cabelo enquanto eu continuava beijando sua boca, minha respiração parecia ficar cada vez mais difícil, mas pesada, quase ofegante.

Levantei de cima dela apenas o suficiente para conseguir me equilibrar com um joelho de cada lado de suas pernas. Fui tirando a camisa devagar, adorando ver que ela me observava. Seus olhos se perderam por alguns instantes em meu abdômen e, quando ela notou que eu havia flagrado seu olhar, suas bochechas foram tingidas de um tom escarlate.

Não dando chance de que ela se envergonhasse ainda mais, eu voltei a mergulhar em seus lábios, apertando-lhe a cintura e fazendo-lhe carinho nos braços desnudos.

Mas Gina, de alguma forma, parecia ir ficando tensa a cada toque, a cada beijo. Tentei fazer com que ela relaxasse, distribuí beijinhos por todo o seu rosto, mas não parecia surtir efeito.

Trouxe meu rosto para frente do seu e, assim que ia perguntar o que havia acontecido, o porquê de ela ter travado de uma hora para outra, ela perguntou:

– Quantas vezes você já fez isso?

BAM!

Uma pergunta aparentemente normal, mas que exigia uma resposta elaborada. Curta, porém elaborada.

Como fiquei olhando para ela sem dizer coisa alguma, ela murmurou:

– Seja sincero. Não precisa mentir para mim.

Sua voz não tinha raiva, muito menos tristeza. Na verdade, eu não saberia dizer se ela queria expressar alguma coisa através disso. Acho que ela só esperava a verdade, pura e transparente.

– Sete – respondi, pela primeira vez me sentindo envergonhado em ter de admitir uma coisa dessas.


[Hall of Fame – The Script (feat. will.i.am)]



Seus olhos se arregalaram levemente, mas ela não falou nada. Ficamos nos olhando por longos segundos, nenhum dos dois parecia capaz de pronunciar uma sílaba sequer.


Ok, talvez eu tenha sido direto demais, não devia ter falado daquele jeito. Gina certamente ficou grilada com a minha resposta.

– Mas no que isso importa? – eu passei meus dedos pela sua bochecha.

– Nada – ela respondeu, novamente tensa.

Pela primeira vez em uma situação como aquela, eu não sabia o que fazer, não sabia o que falar para tentar consertar as coisas. Tudo bem, eu já havia feito sexo algumas vezes, sabia exatamente o que dizer para tentar convencer uma garota a prosseguir, mas desta vez, simplesmente o roteiro não funcionava. Não parecia justo usar as mesmas palavras com Gina. Ela merecia tanto mais.

Mas tudo o que havíamos feito ali, naqueles poucos minutos, foi tão intenso que era simplesmente impossível não ficar pelo menos frustrado em ter de parar deste jeito. Era quase como marcar um encontro com alguém que você gosta, esperar um dia inteiro contendo a ansiedade de vê-la e, então, de última hora, receber uma mensagem dela desmarcando, dizendo que surgiu um compromisso ou qualquer baboseira assim.

E também tinha a coisa de ter um tempo que eu não transava, o que deixava tudo ainda mais excitante para mim. E poxa, eu estava praticamente aguardando por esse momento e, quando ele finalmente começava a acontecer, as coisas travavam desse jeito...

É, eu estava frustrado. E o pior de tudo: bêbado também. Por isso, me pareceu certo tentar começar de novo, pelo menos tentar.

Pois é, só pareceu.

– Nott, eu acho melhor não – Gina foi me empurrando um pouquinho. – Eu...

– Por quê?

– Porque estamos bêbados – ela respondeu, finalmente conseguindo me empurrar para o lado -, e eu não quero que seja assim.

Tá, compreensível, mas tente explicar isso para si mesmo quando tudo o que você consegue pensar era em como conter o volume nas suas calças.

Frus-tra-do!, minha consciência cantarolava.

– E você vai me deixar assim? – eu me referia ao volume nas minhas calças. Só depois que a frase saiu, notei que minha voz tinha um fundo de raiva.

Gina ficou visivelmente incomodada. Ela levantou rápido da cama e ajeitou o vestido, não ousando dirigir um mísero olhar para mim.

Idiota, idiota, idiota! Como pude falar uma coisa daquelas?

– Gina, espera!

Ela parou na porta do quarto, com a mão na maçaneta e, então, voltou dois passos na minha direção.

– Como você pode ser tudo o que eu quero em um instante e, no outro, tudo o que eu mais desprezo? Pensei que você entenderia, Nott, realmente pensei que você iria compreender que eu não estou pronta para isso, ainda!

Foi como se eu levasse um tiro no meio do peito. Não esperava que ela fosse dizer aquilo.

– Mas eu entendo, Gi...

– Então é pior ainda! – ela gritou, a voz saindo um pouco chorosa. – Entende e força a barra.

– Eu não forcei a barra!

– Ah não? – ela parecia incrédula. – Por acaso você não se escuta? Não ouviu o que acabou de dizer para mim?

As palavras pareciam estar entaladas na minha garganta, pois não consegui dizer nada. Nada!

Gina não ficou esperando uma resposta minha. Abriu a porta e saiu, e o pior é que acho que a vi limpando uma lágrima do rosto.

Levantei da cama o mais depressa que consegui e saí correndo daquele quarto, olhando para todos os lados que conseguia a procura dela. Desci as escadas no maior desespero e acabei topando com Draco.

– Ei, calma – ele notou meu estado. – O que aconteceu?

– Cadê a Gina? – eu perguntei, totalmente agitado. – Cadê ela, Draco?

– Acho que a vi saindo não tem nem seis segundos – ele respondeu, preocupado. – Por quê? O que aconteceu?

Foi então que eu comecei a chorar. Eu não estava me entendendo, nunca fui de chorar facilmente. Draco me guiou pelos ombros até um canto mais afastado, pois as pessoas já estavam começando a nos olhar.

– Eu... eu só... – estava simplesmente impossível completar uma frase. Eu não conseguia. – Já é tarde, ela não pode ir embora sozinha!

– Você fez merda, não foi? – Draco compreendeu.

Assenti com a cabeça, limpando todas as lágrimas que consegui de uma vez só.

– Eu vou atrás dela – eu me inclinei para frente, mas Draco me jogou de volta de encontro à parede.

– Não, não vai! Eu sei que parece o mais certo a se fazer agora, mas você está bêbado, sem camisa e, ainda por cima, chorando feito um bebê. Vai acabar piorando as coisas.

– Mas eu...

– Deixa que eu vou atrás dela, não estou tão bêbado assim. Ela não deve ter ido muito longe com aquele salto enorme. Vou achá-la e a levo pra casa, não se preocupe.

– Draco... – eu disse mais em um soluço, e mais lágrimas vieram.

– Calma, eu vou resolver – ele me deu dois tapas de conforto em um dos braços. – Deixa comigo. Sou seu melhor amigo, não sou?

E então ele saiu, batendo a porta de entrada às suas costas. Deslizei pela parede até conseguir sentar no chão e então as lágrimas correram sem pudor.

Eu não me lembrava da última vez que havia me sentido tão mal assim, talvez porque nunca tenha me sentido desse jeito. Eu estava com raiva de mim, das minhas palavras e do que eu havia feito.

Eu fiz Gina chorar!

– Ei – alguém sentou ao meu lado. – O que aconteceu?

Ao abrir os olhos, dei de cara com Luna, que me olhava com preocupação. Como não falei nada e só continuei chorando, ela afagou meu braço e me puxou para deitar no seu colo, o que eu não conseguir negar. Ela começou a mexer no meu cabelo e, de vez em quando, secava umas lágrimas que insistiam em cair, tentando me acalmar, mas nada funcionava.

– Desculpe – eu murmurei, levantando a cabeça do seu colo. – Estou encharcando o seu vestido.

Luna sorriu e me fez deitar novamente.

– Não tem problema – seus dedos passavam como um carinho pelos meus cabelos. – Sabe, uma vez, um cara muito inteligente escreveu: Chorar é diminuir a profundidade da dor. Eu acredito nele.

– Quem disse isso?

– William Shakespeare – Luna respondeu de prontidão.

– Então deve ser verdade.

– Por mim, um mendigo poderia ter falado isso e, ainda assim, eu continuaria acreditando – Luna passou a desenhar círculos invisíveis na minha testa. – Na verdade, eu até tiraria uma foto com ele.

Isso conseguiu me arrancar um sorriso, mas nem de longe aliviava toda a dor que estava sentindo. Eu tinha um buraco enorme no peito, e ele só parecia ficar maior e maior.

Sendo Shakespeare ou um mendigo, eu só esperava que eles estivessem certos sobre chorar, caso contrário, eu era só um garoto estúpido que havia feito uma merda atrás da outra em questão de uma noite.

Sério, dava para isto ficar pior?


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Notas finais do capítulo

Ai ai, já estou até vendo ameaças de morte nos reviews ><.
E aí, como estão se sentindo? Bem? Mal? Morrendo de vontade de descobrir aonde eu moro para me fazer uma visitinha "amigável" junto com umas facas bem afiadas? hahahaha
Me digam, por favor! Quero saber o que acharam e o que esperam ver daqui pra frente.
Eu, particularmente, fiquei com muita raiva do Nott no momento em que estava escrevendo... Deu uma vontade de dar um chega pra lá nele e perguntar "MAS QUE MERDA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO, PROJETO DE GENTEEEE?", mas aí eu lembrei que sou eu que decidi que ele faria o que fez, então... É, tudo minha culpa :x
HAHAHAHAAH
Enfim, comentem e me deixem feliz, porque eu to precisando sorrir ultimamente. Poxa galera, me esforcei um montão nesse capítulo, eu mereço um agradinho né?
Ok, ok, não precisa me empurrar, já to indo embora! hahaha
Beijão Alittlehelpicos de plantão!
Noooooossa, eu ainda vou receber um prêmio pelas minhas pagações de mico, eu sei que vou '----'