A Little Help escrita por giuguadagnini


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Geeeente, que saudade!
Como estão, meus queridos?
Espero que esteja tudo bem :)
Bom, eu demorei um pouquinho para postar este capítulo. Problemas e mais problemas aqui e ali.
Mas o que importa é que eu caprichei e fiz este grandão, para vocês poderem matar a saudade desses personagens que são tudo, hahaha.
Carol, meu anjo. Obrigado pela recomendação. Lá em baixo tenho mais umas coisinhas para falar sobre você, se é que me entende.
Bom, meus amores, espero que curtam o capítulo 16.
Neste aqui acontece um pouco de tudo, desde acontecimentos engraçados até uma mini briga. Ah, e também uma coisa que algumas leitoras estavam ansiosas por ver.
Elas me deram a ideia pelos reviews, e eu amei poder adaptá-las para a fic.
Enfim, vou parar de falar agora, kkkkkk.
Boa leitura e nos vemos lá em baixo ♥



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[Hello - Martin Solveig ft. Dragonette]

– Eu fico com a de casal.

Draco, Blaise e eu estávamos no elevador do hotel, nos espremendo ali dentro, cada um com sua bagagem, até o momento em que Draco falou aquilo.

A verdade era a seguinte: no nosso quarto teria três camas, sendo duas de solteiro e uma de casal. Obvio que isso iria trazer problemas.

– Ah, mas não fica mesmo – retrucou o Blaise, sorrindo convencido.

– Quero ver quem vai me impedir – Draco empinou o nariz, vendo a numeração dos andares ir subindo em uma luzinha vermelha no painel do elevador.

– Então quem se deitar em cima da cama primeiro fica com ela? – disse eu, vendo o sexto andar - o nosso - se aproximar na telinha.

Ninguém respondeu nada, o que confirmou a minha pergunta. O que eles não sabiam era que eu tinha uma vantagem.

Quarto andar. Blaise respirou fundo. Draco estalou o pescoço. Olhei para a porta do elevador, podendo ver minimamente o reflexo de nós três ali parados.

Quinto. Draco deu um passo para frente, encostando o nariz na porta. Blaise o puxou para trás, e acabou que eu me encostei ali. Os dois me puxaram pela gola da camisa, e acabou que ninguém ficou mais perto de nada.

Sexto.

Todos paramos de nos agarrar no mesmo instante, quando as portas de aço deslizaram uma para cada lado, revelando um corredor com uma musiquinha ambiente tocando ao fundo.

Estava na hora da matança.

Draco se lançou para fora no mesmo instante em que Blaise trancava uma mão de cada lado da abertura, me deixando trancado lá dentro. Lhe dei um chute na panturrilha e tentei passar, mas acabei ficando por último.

– Pega ele – eu gritei para Blaise, que estava em segundo lugar na corrida.

Concentrei-me em correr mais rápido enquanto Draco foi derrubado no chão por uma voadora de um certo Blaise. As malas foram ao chão, formando mais barreiras para me fazer tropeçar. Pulei por cima dos dois que se agarravam e se estapeavam, feito um atleta em uma corrida de obstáculos, mas Draco segurou meu pé.

– Nem vem, neném – disse ele, quando caí de cara no chão.

Blaise levantou primeiro. Eu e Draco lutamos para ver quem seria o segundo. Ele ganhou.

Os dois saíram correndo na minha frente, o que me fez sentir um desespero gostoso - se é que isso existe.

Subitamente me lembrei de uma coisa importante. A minha vantagem.

– Vocês podem até chegar primeiro na porta – eu gritei, pegando minha mala do chão na maior tranquilidade -, mas eu que estou com os cartões de entrada!

Os dois pararam na mesma hora, freando o passo feito dois personagens de desenho animado, e voltaram a olhar para trás. Eu sorri, mostrando os três cartões na mão, sacudindo-os como um leque para me abanar.

– Pega ele – disse o Blaise, dando um tapa no braço de Draco.

Draco saiu correndo na minha direção, com Blaise logo atrás, o que me fez sentir mais daquele desespero, só que dessa vez não era nada gostoso. Eles iriam me dar uma bordoada se eu não entregasse aqueles malditos cartões.

O que foi que eu fiz?, você deve estar se perguntando.

Bom, eu fiz algo realmente inteligente ou totalmente idiota. Na minha percepção, eu deveria surpreendê-los ao invés de fazer o óbvio, que era sair correndo para o outro lado, fugindo deles. Mas eu fiz o contrário. Eu corri na direção deles, como, de fato, não era esperado.

Pensei que eles pudessem ficar impressionados e me deixasse passar por medo de mim, mas...

Não deu certo.

Eles até tiveram um momento de deslumbramento por me ver correndo na direção deles, mas logo depois me seguraram cada um por um lado, me trancando pelo meio.

Como enfiei os cartões no bolso traseiro da calça antes de arrancar em uma corrida, os dois logo começaram a me bolinar feito dois tarados.

– Vão se foder vocês dois! Tirem a mão da minha bunda!

– Me dá um cartão – Draco enfiou a mão no meu bolso, mas Blaise não deixou que ele pegasse um cartão, mantendo a mão dele lá dento.

Afinal, quem pegasse primeiro tinha mais chances de chegar à porta e abri-la.

– Parem com isso! – eu berrei, me contorcendo no chão. – SOCORRO! ESTOU SENDO ABUSADO!

Draco calou minha boca com a mão, e eu o mordi.

– Merda! – ele reclamou, me soltando o suficiente para que eu desse uma rasteira no Blaise e jogasse o próprio loiro contra a parede.

Levantei correndo, ajeitando as calças para que eu não aparecesse de cueca na frente da porta errada. Draco me seguiu. Blaise veio voando logo atrás.

Parei na frente de uma porta com o número 632, que era o número do cartão que eu tinha acabado de puxar do bolso. Assim que ia passá-lo, senti dois braços ao redor do meu pescoço.

– A cama é minha – Blaise subiu nas minhas costas, tentando arrancar o cartão da minha mão.

– Isso é o que veremos – eu joguei o cartão no chão e o chutei por baixo da porta.

Blaise me largou, vendo que agora só tínhamos dois cartões. Draco arregalou os olhos, colado na porta.

– Me dê um cartão, Nott – disse ele. - Eu não quero ser acusado de estupro por colocar a mão na sua bunda.

Fiquei em um empasse. Afinal, se eu tirasse os cartões do bolso, as chances de Draco e Blaise de roubá-los eram quase certas. Mas eu também não podia ficar com eles ali, guardadinhos no bolso traseiro. Tinha de fazer alguma coisa.

– Tá, e aí? – Draco abriu os braços, levantando-os em um sinal de dúvida. – Vamos ter de dormir aqui fora?

Naquele momento, o elevador abriu mais uma vez no nosso andar. Algumas risadas femininas ecoaram pelo corredor e, quase que instantaneamente, eu reconheci a voz de Luna.

– Tudo bem, vamos achar essa porta... – ela dizia a si mesma, calma daquele jeito de sempre.

Quando senti que Blaise já estava esgueirando a mão até a minha calça, decidi agir.

– LUNA!

Ela se virou tão rápido para o fundo do corredor - onde nós três estávamos – que até pensei que ela seria capaz de torcer o próprio pescoço. Saí correndo até ela, com Draco e Blaise ao meu encalço. Eles fariam tudo para ter aqueles cartões.

– Nott, oi! – ela sorriu, ajeitando a bolsa sobre um dos ombros. – Acho que ficamos no mesmo andar, garotos.

Eu sorri o meu sorriso mais verdadeiro e coloquei as mãos nos bolsos traseiros. Proteção nunca é demais.

Olhando mais para o outro lado do corredor, vi Pansy e Astória procurando o seu quarto. Elas deviam ter vindo com Luna no elevador.

– Isso é ótimo – eu disse a ela. – Mas Luna, você precisa nos ajudar com uma coisa...

– Ela precisa? – desconfiou o Draco.

– Eu preciso? – Luna me olhou interrogativamente.

– Ahn... é, eu preciso de ajuda em uma coisa. Na verdade, nós três precisamos.

Blaise franziu as sobrancelhas. Draco ainda me olhava desconfiado. Ninguém tinha a menor ideia do que eu estava fazendo.

– A situação é a seguinte – eu enlacei um braço sobre os ombros de Luna, para que ela me acompanhasse pelo corredor. – Nós três não sabemos passar o cartão para abrir a porta do nosso quarto...

– Não sabemos? – Draco fez de novo.

– Não, Draco. Nós não sabemos, lembra?... – eu lhe cutuquei com o cotovelo do braço livre. - Acabamos de tentar e o cartão escorregou por de baixo da porta.

Ele pareceu pensar por um minuto e, muito lentamente, seus olhos foram mudando.

– Ah é – ele acabou dizendo, assentindo com a cabeça como se assim tornasse sua frase mais verdadeira. – Você tem razão.

Blaise pareceu entender também.

– O que precisamos é que você abra a porta para a gente – disse ele, vindo no outro lado de Luna. – E não se preocupe se nós entrarmos muito rápido lá, está bem?

– É que a gente adora quartos de hotel – disse o Draco, totalmente sem noção.

Luna parecia totalmente desconfiada, mas nos acompanhou até nossa porta do mesmo jeito. Quando paramos ali na frente, eu lhe entreguei um cartão e torci eternamente que Draco e Blaise não inventassem de pular em cima da menina para pegá-lo.

Graças à Estátua da Liberdade, eles continuaram onde estavam.

– Então... eu só tenho de abrir a porta? – ela perguntou antes de encostar o cartão no leitor, olhando-nos por cima do ombro.

– É – disse o Blaise, enquanto eu e Draco só fazíamos que sim com a cabeça. – E saia do caminho assim que puder.

Luna pareceu ainda mais confusa. Quando ela ia questionar, Draco abriu a matraca.

– É que a gente precisa checar a cama de casal – disse ele e, quando todos o lançamos um olhar do tipo que perguntava “o que haveria de errado com a cama de casal?”, ele completou. – É que somos superchegados naqueles tabletes de chocolate que eles deixam em cima do edredom.

Luna concordou com a cabeça, mesmo que eu quase pudesse ler seus pensamentos. “Não acredito que sou amiga desses três”, era o que eles diziam.

– Eu também amo chocolate de hotel – disse ela, enfiando o cartão no leitor e contrariando toda a minha tese sobre o que ela talvez achasse. – Na verdade, acho que todo mundo gosta, mas não ficam falando por aí e...

Naquele momento, uma fresta da porta ficou visível. Olhei rapidamente para Draco e Blaise, que estavam com os olhos colados na pequena vista da fresta. Luna abriu a porta e, quando dei por mim, os dois já tinham a empurrado para dentro do quarto e haviam ficado entalados no vão da porta, por tentarem passar ao mesmo tempo.

Luna quase caiu, ao que Blaise e Draco responderam do mesmo jeito, quando finalmente conseguiram adentrar ao quarto. E eu fiquei ali atrás, me sentindo mal por a) ter metido Luna nisso; e b) com vergonha pelos meus amigos serem completamente brutamontes.

Blaise e Draco puxavam um ao outro no chão, não deixando que o outro encostasse um dedo na cama de casal.

Fui até Luna, que se encostou à parede do quarto, com os olhos totalmente arregalados.

– Tudo isso por chocolate de hotel? – ela murmurou, vendo Blaise agarrando Draco pela barra da camisa e o puxando mais uma vez para o chão.

Meu Deus, que confusão! Eu nem estava mais me importando com quem ficaria a cama. Tudo o que eu queria era que os dois ficassem inteiros para o jogo de amanhã. E também que parassem de agir feito duas crianças birrentas na frente de Luna.

– É, eles gostam mesmo de chocolate – eu disse à Luna, me encostando à parede, junto dela.

Que merda.

– GANHEI!

Olhei para a cama novamente, onde Draco estava todo descabelado, mas deitado por ali. Blaise tacou um pedaço de chocolate na orelha do loiro, que o tacou de volta no meio da testa do moreno.

Eles estavam prestes a começar uma guerra de chocolate quando decidi interferir.

– Gente! – eu gritei, fazendo com que os dois parassem. – Acho que vocês devem um pedido de desculpas para a Luna.

Ela me olhou surpresa, meio que dizendo não com a cabeça.

– Vocês dois quase a derrubaram no chão, seus birutas! Podiam ter machucado a garota.

– Olha, não precisa... – disse Luna, sorrindo levemente, como que não querendo se meter nisso.

Fui até a cama e cacei os dois pela orelha, levando-os até uma Luna impressionada.

– Peçam desculpa – eu exigi.

Luna estava mais perdida do que nunca. Ela revezava o olhar entre Draco, Blaise e eu, que segurava as orelhas dos dois.

– Desculpe – disse o Draco, com a boca cheia de chocolate.

– Sentimos muito – completou o Blaise, oferecendo um pedacinho do seu tablete para ela.

Luna aceitou, ainda surpresa.

– Na verdade – disse o Blaise, fazendo aquela cara como de quem teve uma grande ideia. – Eu sei o que vamos fazer hoje à noite. E – ele pegou a mão de Luna -, para me desculpar – plantou um beijo nas costas da mão dela -, eu estou lhe convidando para vir aqui daqui a uma meia hora.

Olhei para Draco, que parecia tão confuso quanto eu e Luna. O que Blaise estava tramando, agora?

– Se vocês não me derrubarem de novo... – Luna impôs a condição.

Blaise sorriu.

– Palavra de escoteiro – ele bateu continência na testa.

– Você nunca foi escoteiro – disse o Draco, franzindo as sobrancelhas.

Blaise olhou para Draco de um jeito tão voraz que eu não tive opção se não rir dos dois. Luna riu também e, depois, colocou o chocolate na boca.

– Hmmmm – ela fechou os olhos. – Chocolate de hotel.


– - -


[I’m All Yours - Jay Sean ft Pitbull]

A noite começou com um problema. Espere! Um não. Vários.

Primeiro: a grande ideia de Blaise era fazer um jogo da garrafa.

Segundo: Ele convidou Astória.

E terceiro: Draco estava prestes a beijar Gina por causa desse jogo idiota e eu não podia fazer nada para impedir.

Tudo bem, deixe-me explicar como tudo isso aconteceu, caso você tenha ficado perdido: o maluco do Blaise saiu de corredor em corredor procurando o pessoal mais chegado, bateu de porta em porta e acabou chamando Gina, Hermione, Pansy e Astória. Segundo ele, sua intenção era chamar só a Pansy, mas como Astória estava no mesmo quarto, ficaria chato não convidar.

Chato.

Ahã.

Luna já estava convidada, fora eu, Draco e o próprio Blaise.

Tudo bem, agora junte essa gente toda em um quarto de hotel não tão grande assim, onde o maior espaço é ocupado por três camas e alguns sofazinhos.

A zorra estava feita. E todo mundo estava apertado, fazendo uma roda torta no chão. Joelho encostando em joelho.

Astória ficou do meu lado, só para deixar claro que o universo conspira contra mim. Não só o universo, mas também a própria Astória, que se aproveitava do aperto para deixar seu braço em cima da minha perna.

Estou me sentindo usado.

Por uma garota.

Ih, isso não era ao contrário, não? Não era assim há um tempo? As garotas que reclamavam disso quando os caras as dispensavam.

Eu não sou uma garota, caramba!

Ah, e eu ainda nem expliquei a parte que deve ter deixado todo mundo de queixo caído. Draco (sempre o Draco) girou a garrafa que roubamos do frigobar, onde só tinha água mineral e refrigerante, dizendo que estava se sentindo sortudo, e ela foi diminuindo a velocidade gradativamente, até parar apontando justamente para Gina.

Sortudo? Tá bom! Esse cara nasceu com a bunda virada para a lua, não é possível. Aliás, sua cabeça também devia estar na lua, pois se estivesse aqui, ele certamente teria notado que sentando-se ao lado de Hermione, as chances de eles se beijarem eram menores que zero. Seria fisicamente impossível que a garrafa apontasse para os dois ao mesmo tempo.

Tudo bem, não vou mais remediar. Draco estava prestes a ficar com Gina. E o filho da puta ainda estava olhando para mim. E rindo. RIN-DO.

– E se caírem duas mulheres ou dois homens? – tentei atrasar a tragédia mais um pouco. – Sei lá, pelo visto não tem ninguém aqui que curta ficar com alguém do mesmo sexo.

Draco se ajeitou no seu lugar. O imbecil já estava pronto para se inclinar até Gina.

– Vamos deixar as coisas mais picantes – disse Blaise, esfregando uma mão na outra.

– Picantes?! – eu e Hermione fizemos coro, decididamente apavorados.

– Como assim, picantes? – Hermione prosseguiu, olhando desconfiadamente para Blaise.

– Tenho uma ideia – o moreno continuou. – Caso isso aconteça, vocês sabem... se duas pessoas do mesmo sexo forem escolhidas. Se não quiserem se beijar, podem tirar uma peça de roupa.

Certamente os hormônios naquela roda deram sinal de vida. Era um jogo de strip beijo.

Hermione e Luna, que estavam uma do lado da outra, se entreolharam. Elas, com toda a certeza, não deviam ter feito nada assim na vida.

Pansy parecia confortável com a ideia. Astória tinha um leve sorriso no rosto.

Então tá.

– E – Blaise acrescentou -, se resolverem fazer isso, as duas pessoas não podem tirar a mesma peça. Tipo, se eu e Draco formos escolhidos, ele não pode tirar a camisa se eu fizer isso primeiro. Ele vai ser obrigado a tirar outra coisa. Algo diferente do que eu tenha escolhido.

– Mas espera aí – disse Draco, inconformado. – Nós, homens, estamos com no máximo três peças de roupa.

– E nós estamos entre cinco mulheres – Pansy devolveu, mostrando uma mão inteira aberta. – Certamente vamos ficar peladas antes de vocês!

Blaise gemeu. Pansy tirou a rasteirinha do pé e jogou nele.

– Menos uma peça para você, Pansy – disse Blaise, jogando a sandália no outro lado do quarto.

Pansy lhe lançou um olhar de olhos apertados, como se quisesse fuzilá-lo.

– Tá bom, agora que decidimos isso – Astória se pronunciou -, Draco e Gina tem que se beijar.

Virei a cabeça para Astória tão rápido que quase fiquei com torcicolo. Ela me deu um sorriso angelical, inclinando a cabeça um pouquinho para a direita. Draco riu da minha situação.

Ele estava rindo. De novo.

O loiro se apoiou para frente da roda novamente, para chegar mais perto de Gina, que se mantinha no lugar, parada. Ela desviou os olhos até mim rapidamente, como se não soubesse o que estava fazendo ali. Quando Draco estava quase chegando ao seu destino, ele me lançou um olhar. Meu Deus, quantos olhares! E ele não era provocativo, posso dizer. Era um olhar travesso, divertido.

No mesmo instante, ele fez uma curva com o pescoço, voltando-se para a garota que estava sentada ao seu lado. Hermione não podia estar mais surpresa.

Draco a beijou com urgência, como se sentisse saudade daquela sensação. Hermione, que de início estava com o rosto todo contraído de surpresa, foi suavizando a expressão, e posso até dizer que a vi sorrir um pouquinho durante o beijo.

– Ei! – Blaise levantou a mão. – Os beijos extras vêm depois. Por enquanto ainda estamos seguindo o cronograma da garrafa. E tenho certeza que ela nunca apontaria para vocês dois.

Depois de um bom tempo, Draco parou de beijar Hermione.

– Nunca? – ele se sobressaltou. Pegou a garrafa pet e a amassou no meio, dobrando-a. Colocou no chão mais uma vez, e agora ela apontava exatamente para os dois. – Acho que acabei de desafiar as leis da física.

Hermione lhe deu um tapa na parte de trás da cabeça, ao que todos respondemos com risadas.

Sorri, aliviado. Gina também parecia mais calma, como alguém que acaba de levar um susto e tenta levar na brincadeira.

– Minha vez! – disse Blaise, desamassando a garrafa e girando-a bem forte.

Astória se apoiou um pouco mais em mim. O que ela achava que estava fazendo? Ela apertou meu joelho e o arranhou por cima da calça com suas unhas vermelhas. Respirei fundo.

Essa não era hora de um escândalo.

– Venha, Pan! Venha pro seu gatão! – Blaise a chamava com as pontas dos dedos.

Subitamente notei que a garrafa apontava para Pansy, que tinha a boca aberta em um sorriso irônico.

Gatão? – ela revirou os olhos. – Não deve estar falando de você.

Mas mesmo assim ela se inclinou para frente. Blaise a capturou no caminho, selando seus lábios com os da garota.

Isso era definitivamente estranho.

Pansy e Blaise viviam brincando e tudo mais, conviviam na base do empurrão e do tapa, mas também na dos abraços e risadas. Acho que eles nunca se beijaram, são amigos e nada mais. E agora eles estavam no maior amasso, aqui, no meio de todo mundo.

Depois de uns trinta segundos, ela o empurrou para trás.

– Já chega, gatão! – Pansy voltou a se sentar em seu lugar. – Quero poupar meu fôlego para alguém que realmente mereça beijar esses lábios – ela apontou para a própria boca, que estava levemente avermelhada.

– Como se alguém aqui beijasse melhor que eu – Blaise rebateu, se espreguiçando de um jeito convencido.

– Vou girar – disse Astória, com um sorriso enorme na boca.

E ela girou. E caiu em Gina mais uma vez.

Elas se olharam por um momento, Astória meio incerta.

– Eu não curto beijo lésbico – Gina disse, com os olhos arregalados, levantando as mãos na altura do rosto.

Astória estava mesmo pensando na possibilidade de beijar Gina! Que loucura.

– Então podem tirar a roupa, meninas! – Blaise bateu palmas.

Lancei um olhar apertado para Blaise, que respondeu mandando-me um beijinho no ar.

Astória puxou a blusa pela cabeça e a jogou em cima da cama. Da minha cama. Já Gina olhou para todo mundo e, devagarzinho, tirou os tênis.

Aí está a diferença, meus caros.

– Sua vez, Nott – Astória me entregou a garrafa, roçando seus dedos nos meus.

Santa paciência.

Girei com a maior força que consegui, torcendo para que Gina fosse escolhida mais uma vez. Difícil. Seria a terceira vez dela na mesma noite.

A garrafa foi parando, parando, parando. Parou. Segui meu olhar para onde ela apontava e me peguei observando Draco, que já estava pegando na barra da camiseta.

Merda.

Tentei tirar mais rápido que ele, pois nós dois estávamos de pés descalços. A única opção além dessa seria ficar de cueca e camiseta. Eu, com toda certeza, não queria ter de ficar sem minhas calças, ainda mais com Astória do lado.

Mas eu não sou um cara sortudo.

Todo mundo estava rindo e apontando para mim.

– Qual é a cor da sua cueca, Nott? – Pansy tirava sarro da minha cara.

– Engraçadinha.

– Aposto que é vermelha – disse o Blaise.

– Cala a boca – eu dei um cascudo na cabeça dele enquanto levantava. – Não acredito que estou fazendo isso.

– Certo que é vermelha – Blaise firmou sua opinião.

Revirei os olhos e levei minhas mãos até o botão dos meus jeans. Ainda bem que eu estava com uma cueca boxer preta. Iriam me zoar pela eternidade se eu usasse roupa íntima vermelha. Já até conseguia visualizar Blaise e Draco me chamando de Super-Homem ou qualquer coisa assim.

– Meu Deus! – exclamou Pansy. – Boxer preta.

Todo mundo olhou para ela, achando tudo muito confuso.

– O que tem a boxer? – eu larguei a calça em cima da cama, em cima da blusa de Astória.

– Atenção, meninos! – Pansy levantou a mão. – Não tem nada mais sexy do que uma boxer preta. Fica a dica.

– Então você me acha sexy, dona Pansy? – eu levantei de leve a camisa, me fazendo de idiota.

Quase podia ver Gina ficar vermelha de ciúmes.

– Não, seu Nott – disse Pansy. – A cueca que faz esse trabalho por você!

– Vou fingir acreditar – eu voltei a me sentar, fazendo o máximo para não me encostar em Astória.

O jogo seguiu. Hermione girou e caiu com junto com Pansy. Draco pareceu um pouco apreensivo. Pansy tirou a blusa, revelando um sutiã rosa com bolinhas pretas.

E então, foi a vez de Hermione. Ela começou a fazer alguns movimentos estranhos com os braços por trás das costas e, em apenas alguns segundos, ela tinha tirado o sutiã sem ao menos retirar a blusa primeiro.

Gina e Luna aplaudiram, junto com Pansy e Astória. Blaise estava estupefato, rindo com a boca retorcida em um completo ‘o’.

– Tira isso daqui – dizia o Draco, olhando pelo canto dos olhos para o sutiã que ela tinha nas mãos.

– Que foi, Draco? – Blaise brincou. – Isso te deixa animadinho, é?

Draco deu tapa na nuca de Blaise. Hermione escondeu o sutiã debaixo da cama.

Luna girou a garrafa pela primeira vez naquela noite. Girou fraquinho, como se estivesse com medo de ousar muito. E adivinhem... parou em Blaise.


– - -


[Cough Syrup - Young The Giant]

Todo mundo ficou em silêncio.

Luna - a garota mais quietinha, mais reservada - junto com Blaise - o completo galinha e o mais infantil de todos naquela roda.

Tinha como uma coisa ser mais improvável do que essa?

Blaise, pela primeira vez naquela noite, parecia estar incerto de que seu beijo era mesmo o melhor.

Luna ficou olhando para ele por quase meio minuto antes que ele percebesse que tinha de ir até ela. Blaise foi engatinhando até chegar à frente da loira, que ainda segurava a garrafa nas mãos.

Foi então que, pela primeira vez na vida, eu vi Blaise ser cuidadoso com uma garota. Ser gentil, até respeitador.

Ele deixou o rosto bem pertinho do dela, encostando os narizes um no do outro. Levantou o queixo dela com a pontinha dos dedos apenas o suficiente para que suas bocas ficassem na mesma altura. Luna não havia fechado os olhos, assim como ele. Eles estavam se olhando.

Todos na roda estavam admirando aquele momento. Olhei para Pansy e ela tinha os olhos brilhantes, concentrados nos dois que estavam bem ao seu lado. Draco estava sorrindo levemente, com Hermione deitada no seu ombro, sorrindo também.

Luna pousou sua mão na bochecha de Blaise e, deslizando-a até o pescoço e a nuca, ela o beijou. Ela.

Meus olhos encontraram os de Gina por um momento e eu vi tudo o que estava se passando naquela cabecinha. Ela podia até estar vendo Blaise e Luna naquela hora, mas a ruiva me contemplava como se pudesse me passar lembranças por um olhar.

Logo imaginei nós dois no andar de baixo do ônibus. O sol nascendo, os pássaros voando no céu através da janela, os lábios de Gina nos meus, desesperados, mas ao mesmo tempo tão calmos. Seu rosto tão fresco quanto uma gota de chuva.

Blaise e Luna se desgrudaram muito devagar, com olhares e respirações intensas. Luna, envergonhada, se ajeitou em seu lugar, enquanto Blaise permanecia parado, estupefato, no meio da roda.

Ele chegava a estar boquiaberto. Draco teve de puxá-lo calmamente para trás para que ele desse espaço para o jogo continuar. Mas ele não tirou os olhos de Luna desde então. Não mesmo.

Draco continuou o jogo, vendo que mais ninguém tinha condições de girar aquela garrafa.

Astória foi escolhida.

E lá se foi aquele momento bonito.

Ela ainda olhou para mim antes de ir engatinhando de um jeito rebolado até Draco. Deus, Hermione estava bem ali no lado.

Astória não hesitou nem um segundo antes de agarrar Draco pelo pescoço. Luna segurou o pulso de Hermione, que estava fechado com a mão em um punho. Eu quase podia ver a raiva transbordando naqueles olhos castanhos, tão doces, mas também furiosos.

Olhando de um certo ponto, Draco e Astória pareciam um casal de filme que estavam prestes a transar. Ele sem camisa, ela só de sutiã. Astória quase no colo de Draco.

Nem podia imaginar o que Hermione estava sentindo. Podia até tentar, mas saber?... isso já era outra coisa.

Mas ela não saiu do lugar. Aguentou até que o idiota do Draco percebesse a merda que estava deixando rolar.

Mas ele percebeu tarde demais.

Hermione levantou de onde estava bem na hora em que Draco se separou de Astória. Ela pegou seu sutiã debaixo da cama e marchou até a porta do quarto. Luna levantou atrás dela. Blaise levantou também.

Todo mundo estava levantando, inclusive Draco, que empurrou Astória para o lado e tentou seguir Hermione.

– Me deixa – ela gritou, saindo pela porta. – Ai de você que invente de me seguir!

Puxei Luna bem na hora em que ela iria acompanhar Hermione para fora.

– Deixa, Lu – eu segurei seu braço de leve. – Isso é entre ela e o Draco.

E era mesmo. Draco não hesitou em segui-la para fora do quarto. Todos nós podíamos escutar a briga deles no corredor.

– E o que você queria que eu fizesse? – dizia Draco.

– Ah, não sei! – Hermione ironizou. – Talvez não ter caído de boca em cima dela?

– Mas foi ela que veio para cima de mim – defendeu-se o loiro.

– E você nem gostou, né? Achou tão ruim que até ficou tonto o bastante para corresponder.

– Hermione...

– Tá bom, Draco. Tá bom! – Granger estava irritada.

As vozes dos dois foram ficando cada vez mais baixas, indicando que eles tinham seguido pelo corredor.

Pansy estava vestindo a blusa, olhando para uma Astória que parecia um pouco abalada.

Só um pouco.

– Astória, vista logo sua roupa – dizia ela para a loira. – Acho que devemos ir embora, antes que você resolva beijar o Nott ou e Blaise e estrague tudo mais uma vez.

– Ah, então estamos girando a garrafa e eu não posso beijar ninguém? Francamente...

Astória ia contrariar Pansy mais um pouco, mas esta não o permitiu. Atirou a blusa para a loira e já foi arrastando-a porta a fora.

– Você é tonta ou o que, menina? – Pansy ia dizendo, e depois a porta se fechou atrás das duas.

Ficamos eu, Gina, Luna e Blaise no quarto.

Blaise ainda olhando para Luna daquele jeito abobado, encantado. Gina cruzou os braços e me olhou de cima a baixo.

– Acho que essa é uma boa hora para você colocar suas calças.

Quase morri de vergonha ao notar que eu ainda estava só de cueca e camiseta na frente dela.

– Acho melhor ir pro meu quarto – disse Luna enquanto eu vestia meus jeans o mais rápido que conseguia. – Hermione deve estar chorando. Não gosto quando as pessoas choram.

– Eu posso levar você – ofereceu-se o Blaise.

– Não – Luna disse, rápido demais. – Quer dizer, não precisa. É aqui do lado, mesmo.

– Luna... – chamou Gina, colocando seu all star vermelho. – Tem uma cama sobrando no seu quarto com Hermione? Não estou nem um pouco afim de aturar a Lilá e a Cho falando de garotos e maquiagem a noite toda.

– Claro – Luna respondeu, prestativa. – Sem problemas. Quer que eu te ajude a pegar suas malas no outro quarto?

– Pode ser – Gina concordou, levantando do chão.

As duas já estavam saindo do quarto sem ao menos dar um tchau. Pesquei Gina pelo braço antes que ela conseguisse virar a maçaneta da porta.

– Boa noite? – eu tentei, erguendo as sobrancelhas.

Ela riu um pouquinho.

– Boa noite – ela respondeu, e então me deu um beijo na bochecha.

Juntei nossas testas, podendo mergulhar nos seus olhos claros. Ajeitei seu cabelo ruivo para trás da orelha, ao que ela respondeu com um sorrisinho de boca fechada.

Linda.

– Te vejo amanhã? – questionei.

– Sem sombra de dúvida.

Gina se afastou de mim e envolveu seu braço no de Luna, que a esperava na porta.

– Boa noite, Luna – disse o Blaise, com a voz quase tão doce feito um cupcake.

– Boa noite, Blaise – ela acenou com a mão para ele, e depois para mim também.

Blaise fechou a porta do quarto devagarinho, quase parando.

– Cara – ele murmurou, o peito tão cheio de ar que pensei que fosse explodir em cima de mim. – Acho que estou apaixonado.




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Notas finais do capítulo

HAHAHAHAHAHA
E então, o que me dizem desse Blaise apaixonado?
E essa imagem? Não é a cara da Gina e do Nott nesse último momento? :333
Enfim, me digam o que acharam. É ótimo saber o que vocês sentiram ao ler o capítulo, as partes que mais gostaram, de repente alguma sugestão, como fizeram as meninas que pediram por Blaise e Luna juntos...
Por favor, críticas construtivas também são mais do que bem vindas.
AAAH, já ia esquecendo!
Minha amiga, a Carol, que deixou a recomendação que eu citei lá nas notas inicias, está começando uma fic sobre Draco e Luna.
Alguém curte?
Estou ajudando ela com o enredo e com os primeiros capítulos. Ela já postou dois. Alguém disposto a acompanhar?
Fico muito orgulhosa de dizer que eu fiz a capa pra fanfic dela, e mal posso esperar para que vocês leiam e se apaixonem também.
A fic se chama Break A Leg, e eis o link: http://fanfiction.com.br/historia/332543/Break_A_Leg/
Então, acho que é só isso, hahaha.
Como se fosse pouco, né?
Não deixem de me dizer o que acharam. Pessoas animadas com comentários tendem a escrever mais, sabiam?
Pois éééé :DDD
Beijão, meus anjos.
Eu amo vocês ♥
- Giu