As Verdades E Mentiras De Anne Stiller escrita por fernandaflores


Capítulo 1
Capítulo 1 - Meu nome é Anne Stiller


Notas iniciais do capítulo

No one can make you feel inferior without your consent.
― Eleanor Roosevelt, This is My Story



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Sexta-feira, 30 de Março de 2012 – 12:23


Olá. Meu nome é Anne Stiller...

...Mentira. Meu nome é Anne-Marrie Elizabeth Smith. “Marrie” com dois “erres” mesmo. Um nome horrivelmente longo e cafona. Minha mãe achava que se colocasse um nome complicado de princesa, ela mudaria o meu destino de ser apenas mais uma plebéia “Smith”, como os “da Silva”, que se proliferam pelo mundo mais do que baratas. E os mexicanos. Certamente é um nome complicado digno de uma garota complicada. Portanto, “Anne Stiller” é meu nome de guerra. E você deve estar se perguntando que guerra é essa? A Guerra do Mundo do Entretenimento.

Eu sou uma figura famosa: modelo, atriz e cantora que faz muito sucesso em Hollywood. Eu moro em um condo em Bervelly Hills com minhas outras amigas da agência.

...Mentira.

Que merda! Acho que estou começando a odiar esse negócio de diário... Por que porras d'água eu não posso nem mentir no meu diário? Você acha o quê? Que as pessoas realmente tão a fim de ouvir a verdade? Que nada! Mentiras são correções da realidade, como uma obra de arte que precisa de polimento. É como a Lady Gaga diz “Eu conto as minhas mentiras, milhares de vezes, na esperança de um dia elas se tornem a minha grande verdade.”

Ela também diz que temos de ser genuínos e verdadeiros, porque só assim seremos únicos e reconhecidos. Mentira. A Industria da Moda exige meninas jovens, magras e de beleza superior. Somos o “Exército da Perfeição”, é o que sempre diz Dorah, minha agente. Dai a palavra “Modelo”. Todas as outras garotas querem ser uma de nós. Gordinhas? Nah. Elas não tem vez, nem voz. É como a Marjorie, minha assistente. Eu vou falar dela um dia com detalhes... quando estiver com tempo e bom humor. Porque na maior parte do tempo, Marjorie é o meu pesadelo.

Marjorie conhece muitas das minhas verdades. Quer saber de algumas delas? Eu não nasci em Manhattan, NY, como eu gosto de dizer. Na verdade, só morei lá por seis meses quando entrei na Agência, e passei muito mais tempo fora do país em desfiles que realmente na cidade. Eu nasci no Hopital Geral de Manhattan, no Kansas mesmo - mas cresci com minha família em Louisville, uma cidadezinha de pouco mais de duzentos habitantes. Imagina crescer num ovo desses, onde todo mundo sabe de todo mundo? Tédio. Eu sempre soube que aquela cidade era pequena demais para mim!

Tenho um irmão seis anos mais velho, o Richard. Ele tem paralisia cerebral e um coração de ouro. Ele é um dos meus tesouros, mas eu vou falar um dia dele quando eu estiver com o coração mais leve. Ele merece que escreva sobre nossas memórias com toda a honra e pompa que ele merece. Bem, eu cresci então numa cidade-ovo no meio do Kansas, num rancho que era de minha avó, com a tia Bertha e tia Juliet. Minha mãe morreu de câncer de pulmão, sentada na varanda em sua cadeira de balanço esperando meu pai voltar. E ele nunca voltou. O jeito era mesmo sair desse fim de mundo e buscar o meu lugar ao sol.

The Agency” é uma das maiores agências de talentos de Nova York, que agencia modelos, cantores, dançarinos, atores e uma série de outros pajens do entretenimento. Somos como bonecos numa vitrine, ninguém quer ser visto no seu pior ângulo. Por isso nos esforçamos tanto para aparentar o nosso melhor. Eu fui agenciada com quase dezesseis anos, mas é assim mesmo. Muitas modelos começam aos 13 ou 14 anos até, eu era apenas mais uma.

Quer saber outra verdade? Eu tenho 23 e não 25 anos. Menti a minha idade para poder participar do concurso de Miss Kansas. Eu poderia ter concorrido para o Miss Teen, mas não! Sempre fui ambiciosa! Eu já dirigia desde os quatorze anos, queria pular as etapas e concorrer ao Miss Kansas aos dezesseis. cheguei em Manhattan, de Kansas e não de Nova York, com o nosso chevrolet azul-capenga e me inscrevi para o concurso de Miss Kansas e disse que teria 18 anos na data, e não 16. Bem, eu não ganhei o concurso, mas ganhei visibilidade e um convite da Agência para um teste de câmera em Nova York. Foi assim que torrei os meus míseros U$1.372,05 da poupança que minhas tias tinham economizado a vida inteira para poder um dia me mandar para a universidade.

Eu também não sou formada pela UCLA em Teatro e Performance, como eu sempre comento. Los Angeles City College, uma universidade comunitária, essa que é bem a verdade.

Pra ver como uma pequena mentira se torna uma grande verdade: a garota de 16 anos de Louisville, KS, filha de uma ex-garçonete e atriz falida e de um vendedor de sonhos que nunca mais deu as caras, com um irmão “retardado” (é como as crianças da vila sempre o chamaram) e um nome complicado, eu virei Anne Stiller, modelo, cantora, atriz e celebridade de Hollywood, um dos maiores talentos da Agency, vinda de Manhattan, Nova York, para abrilhantar as passarelas e telonas da cidade dos sonhos.

Eu também não moro em Bervely Hills, mas logo eu vou morar! Assim que finalmente assinar o meu contrato com o Canal 5, como apresentadora de um programa de entretenimento. De atriz B-rated vou passar a apresentadora de TV, e assim, aos poucos, mentindo e sonhando, eu vou conquistando aos poucos o meu lugar no céu das estrelas hollywoodianas. Até o dia em que o cafajeste que um dia abandonou minha mãe no fim do mundo nunca mais possa andar na rua ou trocar de canal sem ouvir o meu nome e ver o meu rosto. E toda as vezes que ele me vir, ele vai se lembrar do sorriso de Grace Kelly Smith, minha mãe, que morreu aos 41 de câncer e de desgosto.

Bem... Minha psicanalista mandou que eu escrevesse um diário para que eu pudesse tentar entender o que me levou à beira de um ataque de nervos. Blah! Eu sei o que me levou à beira de um ataque de nervos! Foi o cretino do Jake que estava estava se pegando com a horrorosa da Claire nos bastidores da entrevista. E porque simplesmente eu não pude me controlar, eu voei em cima daquela oferecida... e... bem, o contrato de apresentadora de TV não vai mais rolar.

Você acha que eu desisti? Jamais. Jake Blake, Clarie Johansson e o Sr. White do Canal 5 entraram oficialmente para a minha lista negra. E eu vou usar as minhas armas para dar o troco nesses três... e vai ser logo! Escreva o que eu tou falando! Ou eu não me chamo... Anne Stiller, de Manhattan, NY. ;)



“No one can make you feel inferior without your consent.”  

― Eleanor RooseveltThis is My Story


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Notas finais do capítulo

Essa personagem foi criada e idealizada por mim mesma, portanto é como uma filha para mim - ou seja, eu sou uma mãe ciumenta! Não plageie nem repasse o meu texto sem o link de referência da história original.



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