Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores,
boa leitura, espero que gostem :)



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Nós corríamos para chegar a tempo.

Edward nos levou a uns cinqüenta metros dali, numa caverna estreita estava o carro comum que nos trouxera até ali. Ele abriu o porta malas, tirando alguns objetos de lá enquanto eu entrava no lado do motorista, a excitação queimando nas minhas veias enquanto eu revia o plano formado entre ofegos enquanto tropeçávamos pelo terreno pedregoso.

O jipe passaria por uma faixa estreita e meio cavernosa antes de chegar até a fábrica, nós teríamos que usar aquela passagem e agir antes que eles saíssem dela, senão seria impossível tirar o menininho dali. Nós discutimos se seria seguro levar mais alguém conosco e Edward concordou que poderíamos levar até três pessoas, além do menino. Aquilo me entristeceu, significava que uma pessoa não iria conosco, ficaria ali para sofrer, mas Edward disse que era o único modo seguro e depois ele me explicaria por quê, por enquanto bastava eu fazer minha parte direitinho. Aliás, minha parte era absurdamente mais fácil do que a dele, pois Edward teria que jogar bombas de fumaça na passagem, retirar os prisioneiro para fora, se livrar dos soldados armados, explodir parte da passagem para impedir que eles nos alcançassem enquanto eu esperaria no  carro, pronta para fugir assim que o último de nós entrasse.

No inicio eu pensei em não aceitar, mas estava mais do que claro quem poderia fazer aquele trabalho entre nós dois. Eu ainda tinha muito a aprender, Edward era a pessoa certa para aquilo e eu teria que confiar na sua capacidade.

-Bella – ele chamou batendo no vidro e me fazendo pular do banco.

-Tudo pronto? – perguntei olhando para a bolsa que ele carregava.

-Sim, vamos rápido, senão não vai dar tempo.

Eu dirigi com cuidado até sair lentamente da caverna, a entrada era muito estreita e por pouco eu não quebrei o retrovisor. Nós esperamos atrás de uma das elevações rochosas até que Edward disse que eles haviam entrado na passagem e eu acelerei. Era hora da ação.

Eu parei na boca da passagem, só então percebendo que o carro era estranhamente silencioso para seu modelo antiquado. Edward pulo para fora antes que eu parasse completamente e correu para dentro, todos os meus dedos cruzados enquanto eu tentava manter o maior otimismo possível.

Não demorou muito para eu poder ouvir a confusão, ouve alguns tiros de metralhadora e eu desejei ardentemente que Edward não fosse atingido por aquele capricho meu…

Mas não era um capricho, era um ato de amor, amor ao que eu era e ao que eles eram. Éramos humanos, e como tais devíamos nos unir para nos proteger.

Respirei fundo e esperei que alguém despontasse na abertura, de preferência uma cabeleira vermelha e ardente. Entretanto foi uma menina assustada e de olhos arregalados que saiu primeiro, corria desesperada sem direção até que viu o carro e estacou, aterrorizada. È claro que Edward não teria tempo de explicar para onde eles deveriam ir, eu teria que fazer isso. Abri a porta e acenei para ela, gritando:

-Vem, vou tirar você daqui.

Ela parece indecisa, mas o som do tiroteio recomeçando decidiu por ela e ela correu, se jogando no banco de trás do carro.

-Você está bem? – eu gritei, os olhos fixos na abertura.

Ela murmurou um sim entre soluços, estava aterrorizada, prestes a ter uma crise de histeria, mas eu não tinha tempo a perder com aquilo, um garoto adolescente vinha correndo da abertura, uma menininha parecida com ele, provavelmente sua irmã mais nova, vinha logo atrás, as mãos dos dois firmes uma na outra enquanto ele puxava a menina.

-Aqui – eu gritei de novo, abrindo a porta para que eles entrassem.

O rapaz sorriu abertamente quando nos avistou, pegou a suposta irmã nos braços e correu para minha direção, colocando a pequena dentro e entrando em seguida, fechando a porta com fúria.

-Vamos sair daqui – ele gritou feliz e com pressa.

-Não – eu respondi friamente – Vamos esperar os outros.

-O que? Está louca? – ele berrou irritado – Sabe quanto tempo vai durar até ele nos alcançar?

-Menos tempo se estiver a pé do que num carro – eu revidei, a voz ainda fria – Eu não vou tirar a gente daqui antes que meu amigo volte.

Ele estava prestes a retrucar, ou provavelmente lutar para roubar minhas chaves quando a menina parecida com ele se pôs a chorar, o susto demais para a pobre criança, ele me deixou de lado e a abraçou com força.

Eu suspirei aliviada quando vi um ponto vermelho surgir, um estrondo grande de precipitação rochosa acompanhando sua corrida elegante e firme. O terreno pedregoso se esmiuçava sobre seu passo firme, o corpo preparado para percorrer grandes distâncias. O menininho por quem eu estava fazendo tudo aquilo vinha em suas costas, as mãos segurando firmemente ao redor de seu pescoço largo. Eu abri a porta do carona, fechei a minha e girei a chave, pronta para sair assim que ele sentasse.

Edward desabou no banco, um braço trazendo o menininho para frente de seu corpo enquanto ele fechava a porta com violência. Eu já acelerava, partindo reto e fazendo a poeira subir e encobrir nosso rastro. Edward me guiava, vez ou outra me mandando virar e fazer um caminho serpenteado por elevações. Eu entendi o porquê: estávamos escondendo os rastros da fuga.

Na primeira hora de fuga, só a voz dele soou, havia o choro das meninas no banco de trás, mas ninguém falava nada, nem o adolescente irritado e apressado. Todos nós estávamos sérios, os olhos fitando o redor hostil, procurando qualquer ameaça humana. Mas felizmente não houve nenhuma ameaça, ninguém tentou ou conseguiu nos seguir, a passagem do tempo nos deu essa certeza. Respirei aliviada quando a sensação de segurança me inundou, e isso trouxe uma avalanche de tranqüilidade para os outros, até mesmo a menina mais nova parou de chorar.

-Agora você vai reto Bella – Edward orientou, a voz cansada e feliz.

Ele olhou curioso para trás, vendo nossos novos companheiros de viagem. O adolescente foi o primeiro a falar, seu tom menos irritado, mas fortemente desconfiado.

-Quem diabos são vocês?

Edward riu, pelo visto eles acabariam se dando bem.

-Remanescentes, gente como você que percebe o quanto as coisas estão erradas – Edward explicou.

O adolescente ficou em silêncio, me dando espaço para pensar na palavra que Edward usara para nos descrever: Remanescentes. Mas era isso mesmo, Edward e os outros eram o resto, o que sobrara de são e bom no nosso país. Uma onda de calor e satisfação me inundou quando eu percebi que ele me englobara naquele grupo.

-Eu sou Seth – o adolescente se apresentou estendendo a mão para Edward – E essa é a filha do meu irmão, Laura.

Pelo retrovisor, eu vi a menina abrir um sorrisinho e dar um oi para o ruivo ao meu lado.

-E você? – perguntou Seth olhando a adolescente retraída no canto, trêmula.

-Alice – ela disse sem se virar.

-Meu irmão e a mulher dele foram capturados, meus pais já haviam morrido antes de velhice, não tiveram que passar por aquele inferno, mas muitos primos meus foram levados embora – Seth contou.

-Levaram meu papai e minha mamãe – choramingou o menininho no colo de Edward.

Foi a primeira vez que ele falou, sua voz infantil, cansada e aterrorizada carregava uma dor muito grande, dor demais para um pequeno. Eu percebi que cada um dali tinha perdido seus entes amados, pais, irmãos, provavelmente amigos. Como eu pude ser tão cega por tanto tempo? Por que ninguém falava que estava acontecendo de verdade? Eu mesma me respondi: por que ninguém queria ir parar numa daquelas fabricas horrendas.

-E a menina mandona, quem é? – Seth perguntou

Eu ignorei sua fala, o tom de sua voz mostrava que ele estava apenas brincando.

-Ela é Bella – Edward falou com carinho olhando para mim.

Senti meu rosto corar, mas continuei olhando para frente.

-Você perdeu alguém? – Alice perguntou, a voz violenta e anasalada.

-Meus pais – Edward contou.

Eu me espantei, embora não demonstrasse em meu rosto. Eu nunca vira os pais de Edward, ele nunca me falava neles, sempre desconversava até que eu aceitei que ele não gostava de falar na família. Eu nunca pensei que a verdade é que ele não tinha uma.

-Eu não quis saber de você – a menina cortou sem hesitação – Quero saber da garota. Você perdeu alguém?

Eu não entendi seu tom raivoso, ela parecia estar lotada de ódio, pronta para descontar em alguém. E me queria como bode expiatório.

-Sim – respondi com frieza.

-Quem? – ela insistiu.

-Não te interessa.

Ela bufou, furiosa, mas, por algum milagre, se calou e voltou a olhar o nada ao nosso redor. O menino que vinha no colo de Edward me encarava, seus olhos assustados e desconfiados enquanto eu dirigia sem olhar para os lados.

-Vai me explicar por que foi mais seguro deixar alguém para trás? – perguntei curiosa, sem desviar os olhos da estrada.

-Um deles é do Partido, a idéia é sempre misturar entre os presos alguém do Partido – ele respondeu com ódio.

-Por que? – eu não podia ver a lógica daquilo.

-O enviado do Partido deve ganhar a confiança e descobrir tudo sobre os outros, assim, se houver mais alguém para ser preso, o enviado pode contar ao Partido.

-E como sabia qual de nós escolher? – o adolescente chamado Seth perguntou.

-Simples: na hora da explosão, apenas um do grupo foi protegido pelos soldados, o resto, ou seja, vocês, ficaram sem proteção nenhuma. Por isso tirei vocês de lá.

Balancei a cabeça, compreendendo sua razão, Edward não disse mais nada e continuamos rodando em silêncio, até que a noite chegou.

-Consegue dirigir sem os faróis? – ele me perguntou – Nós estamos bem perto agora.

Eu não podia concordar ou discordar, não fazia a mínima idéia de onde estávamos.

-Não prefere dirigir? Seria mais rápido e seguro – eu sugeri olhando diretamente para ele pela primeira vez.

O que eu vi me fez perder a respiração, Edward suava, gotas cristalinas e salgadas escorriam por sua testa, uma mão segurando firmemente o lado direito de seu peito, quase na região da barriga. O mundo rodou ao meu redor quando eu vi a marca vermelha invadindo toda parte direita da camisa.

-Edward! – eu grasnei, o menino no colo dele quase acordando com meu grito abafado.

-Eu vou ficar bem, Bella, mas não posso dirigir, você tem que conseguir.

-Nós temos que parar, eu tenho que dar um jeito nisso – eu falei começando a ficar frenética.

-Não – ele respondeu com firmeza – Eu agüento até chegarmos. E não tenho nada que vá ajudar nesse momento, a caixa de primeiro socorros está na casa. Só dirija, eu seguro as pontas – e sorriu para mim.

-Não é uma boa idéia – eu resmunguei, mas já olhava com atenção redobrada para a estrada escura.

-Então que bom que pelo menos para isso você confie em mim – e riu.

-Eu confio em você – eu sussurrei, meu rosto queimando com vergonha por não ter conseguido dizer aquilo antes.

-Eu também confio em você – ele garantiu.

A dor estava muito bem disfarçada na sua voz, mas eu podia ouvi-la. Ninguém comentou nosso estranho diálogo, eu podia até dizer que a maioria dormia depois do desgaste emocional do dia. Senti vontade de rir, desgaste emocional era algo que eu conhecera de perto e que não conseguira me derrotar. Me sentia forte naquele momento, forte por ter ajudado outros seres humanos, por saber a verdade, por ter a confiança de Edward…

Foi mais difícil achar o caminho no escuro, do que se fosse no claro, e, para ajudar, o caminho era difícil, mas finalmente nós chegamos num subúrbio abandonado e Edward pediu que eu parasse na frente de uma pequena casa caindo aos pedaços.

-Alice – eu mandei com a voz alta o suficiente para acordar todos os dorminhocos – Leve as crianças para dentro, Seth, me ajude a levar Edward, ele precisa ir para a enfermaria.

Eles não discutiram, e eu me surpreendi com aquilo. Normalmente era eu quem obedecia, mandar em alguém me deu uma estranha sensação de poder. O garotinho, cujo nome eu ainda desconhecia, pulou do colo de Edward e foi para a mão estendida de Alice, Laura na outra, enquanto Seth passava o braço de Edward pelos seus ombros, tremendo um pouco e quase caindo quando o peso de Edward recaiu sobre ele. Eu me adiantei e envolvi Edward pela cintura do outro lado, conseguindo mais estabilidade para Seth e para mim. Nós subimos os degraus frágeis e entramos pela porta meio arrombada. Com toda certeza os soldados já tinham feito uma busca por ali. Ouvi o som de uma arma sendo preparada para atirar assim que dei o primeiro passo para dentro do cômodo em ruínas.

-Não atire – eu pedi meio assustada – Edward está ferido.

-Está tudo bem Peter, pode nos deixar passar – Edward pediu, a dor mais evidente na sua voz.

-Edward? O que aconteceu?

Peter se aproximou, a arma em punho pronta. Porém quando ele viu o rastro de sangue ele pôs a arma num suporte na sua cintura e me empurrou com cuidado, tomando meu lugar.

-Não foi nada – Edward garantiu com calma – Só preciso tirar a bala, mas estou bem. Temos convidados – ele brincou olhando para trás.

Alice e as crianças estavam um pouco atrás, assustadas. Mas Peter sorriu ao vê-las e pediu para que nós o acompanhássemos. Ele não me questionou nem olhou feio para mim quando eu os segui de perto, então, de alguma forma que eu não entendi, para ele eu não era mais a inimiga. Isso já era uma coisa.

Nós entramos por um outro cômodo, Peter pediu que eu abrisse um alçapão invisível e nós descemos por uma escada em caracol, caretas de dor surgindo no rosto de Edward toda vez que o caminho fazia seu corpo tremer. Fomos direto para a enfermaria, por sorte os corredores estavam vazios naquela hora, provavelmente as pessoas que ficavam ali dormiam, presas a seus sonhos e a seus pesadelos.

-O Carlisle não está aqui – Peter contou, preocupado – Só virá amanhã.

-Quem é Carlisle? – eu perguntei enquanto ajeitava sua perna na maca.

-Nosso enfermeiro. Sem ele não temos como tirar a bala e cuidar dele…

-Tudo bem, eu faço – disse com tranqüilidade.

Eu sabia o que fazer. Meu pai sempre me preparara para tudo. Na época eu achara maçante e exagerado, não queria ser médica, mas agora via que aquilo era absolutamente sublime, como se ele soubesse que eu precisaria daquilo no futuro.

-Você… faz? – Peter parecia descrente da minha habilidade.

-Tudo bem Peter, eu confio nela, sei que ela vai conseguir fazer isso. Leve os outros para os quartos – Edward mandou.

-Tem certeza? – Peter perguntou.

-Absoluta – Edward respondeu com convicção.

Peter consentiu, ele e os outros saíram , deixando-nos em silêncio.

-Não está tão certo que eu conseguirei, está? – eu perguntei rindo.

-Bem, não cem por cento, mas acho que você consegue.

-Não grite – eu pedi séria, pegando numa tigela instrumentos médicos e começando a esterilizá-los.

-Pode deixar.

Eu podia lembrar do meu pai, suas mãos delicadas e suaves, como se fossem as mãos de minha mãe, possuindo uma firmeza singular quando era preciso. Mãos suaves o bastante, feitas para afagar a cabeça dos filhos, e firmes para as cirurgias. Ele sempre aspergia álcool nos instrumentos, mesmo que eles já estivessem limpos. Também aplicava anestesia para que não houvesse dor, mas isso já era complicado demais para nossa situação precária.

Eu limpei as mãos com álcool, checando novamente os instrumentos. Fui até ele, com uma tesoura eu rasguei a parte da frente de sua camisa, os olhos fixos no ferimento, mesmo que meus olhos vez ou outra passassem pelo seu peito forte e macio. Olhei seu machucado, com firmeza eu rasguei um pouco mais a pele machucada, sangue jorrando com o novo corte. Peguei a pinça prateada e cutuquei a carne exposta, tentando ao máximo ser delicada, mas precisa. Achei algo duro e estranho, a bala, com cuidado eu a retirei, colocando em um recipiente pequeno. Joguei um pouco de água oxigenada e passei a limpar o lugar, costurando depois, finalizei com uma pomada antigermicida e secativa, gazes coladas sobre o machucado.

-Sente – eu pedi pegando um pano apropriado para passar ao redor de seu corpo.

Ele me obedeceu, eu coloquei suas mãos no meu ombro, tirando-as do caminho, e passei o pano ao redor do seu corpo, apertado. Dei seis voltas até cortar o pano e colar a ponta solta.

-Acabei.

Ergui a cabeça para ele e sorri, seus olhos encontraram os meus, profundos, hipnotizantes, um mar onde eu afundaria sem a certeza de emergir. As mãos nos meus ombros subiram para o meu pescoço, a respiração concentrada, a testa com um vinco de concentração e determinação. Ele aproximou seu rosto do meu, os olhos grudados aos meus, sua determinação me envolvendo com força. Impossível de resistir.

Com delicadeza sua boca pousou sobre a minha, leve como uma borboleta sobre uma flor, meu coração acelerando com o contato, minha mente embaralhada e confusa, o desejo fervendo em minhas veias. Devagar e com cuidado ele moveu sua boca para mais perto da minha, fazendo, agora, uma pequena pressão sobre meus lábios. Virou o rosto alguns centímetros para os dois lados, os lábios percorrendo toda minha boca fechada, os olhos abertos me olhando, revelando os segredos de sua profundidade.

Senti, ainda paralisada pela confusão dentro de mim, quando ele separou seus lábios devagar, lentamente, observando cada reação que eu pudesse ter. Mas eu não me movi. Não sabia o que fazer, ou a quem ouvir, pois duas vozes gritavam na minha cabeça naquele momento, uma berrava para eu beijá-lo, para eu aproveitar, a outra murmurava que aquilo era errado, que eu era noiva de alguém, e esse alguém não era o rapaz ruivo sentado a minha frente.

Como eu não reagi, Edward afastou a cabeça do meu rosto, suas mãos libertando meu pescoço. Rejeição surgiu das profundezas de seu olhar e ele abaixou a cabeça, envergonhado. Eu olhei para baixo também, a visão da minha aliança me atingindo em cheio.

-Não… Não posso – sussurrei – Eu prometi a ele… – não precisava o atormentar mais dizendo o nome de Jacob, ele sabia de quem eu estava noiva.

-Eu sei – ele sussurrou – Mas me diga uma coisa: você o ama Bella?

-Eu… Acho que sim – disse em dúvida – Tenho que amar.

-Não, não tem!

Ele ergueu a cabaça dele e a minha com uma mão, me fitou e disse com frieza:

-Não tem que amar ninguém, a menos que queira, que realmente ame. Você não está presa a ele…

-Estou sim – eu discordei, erguendo minha mão para que ele visse minha aliança – Isso me prende a ele.

-Isso é só um pedaço de metal, não vale nada. Qualquer um pode te dar algo parecido, até mesmo melhor.

-Eu sei – o interrompi – Mas não é o valor real por trás dele, e sim o valor de comprometimento que ele transmite. Enquanto eu usar isso, eu serei sua noiva.

Ele tomou minha mão com cuidado, olhando minha aliança com curiosidade. Seus dedos rodearam o aro levantando-o até que ele saísse do meu dedo. Ele pôs a aliança ao seu lado, tudo em gestos lentos, e voltou a me olhar.

-Agora eu posso te beijar? – ele perguntou sorrindo docemente.

-Não – eu disse rindo.

-Bem, eu tinha que tentar. Quem sabe um momento de insanidade…

Nós dois rimos daquilo, o clima ficando leve e descontraído. Sem pressão, Edward me respeitaria sempre, me daria espaço e tempo para pensar. Eu sorri, beijando sua testa com carinho, peguei a aliança e a pus de novo na mão. Ele abriu um sorriso de decepção e deitou na maca.

-Dor? – eu perguntei vendo o cuidado que ele teve ao se deitar.

-Bastante. Mas eu vou sobreviver.

-Tem que dormir, precisa descansar para se recuperar direito.

-Você também precisa dormir – ele falou, a mão estendida tocando as marcas abaixo dos meus olhos.

-Eu preciso pensar, tem muita coisa que eu preciso entender. Hoje foi o dia mais perturbador da minha vida, eu preciso pensar, não dormir.

-Fica aqui comigo? – ele pediu em dúvida.

Eu sorri, peguei sua mão e a segurei com força, puxei a cadeira e me sentei, sua mão entre as minhas.

-Até você acordar – eu prometi.

Edward sorriu, depois ele se ajeitou melhor e fechou os olhos. Eu queria poder dar algo para acabar com sua dor, mas não havia remédio para aquilo, não forte o suficiente. Tudo o que eu podia esperar era que ele não tivesse febre ou qualquer infecção grave. Tirar uma bala de um corpo era muito mais fácil do que resolver uma doença interna.

Demorou, mas logo sua respiração ficou estável e ele caiu na inconsciência. Eu me alonguei na cadeira, me ajeitando como podia e fechei os olhos também. Agora era hora de pensar.


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Notas finais do capítulo

Oie, queria agradecer aos comentários, fico muito feliz por vcs estarem curtindo a história. No próximo post prometo agradecer particularemente a cada um que tem me acompanhado durante essa história. Beijinhus e já sabem: seus comentários fazem dos meus dias momentos mais felizes.