Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi amores,
Só para esclarecer, quando o texto surge em itálico é por que se trata das lembranças da Bella, ok?
Boa leitura :)



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Quando eram nove horas da manhã nós paramos no posto. Esse era bem mais movimentado, havia muitas carretas estacionadas e carros de viajantes passavam ali direto. Eu peguei a considerável fila para encher novamente o tanque enquanto os três foram ao banheiro e comprar algo para comermos. Quando finalmente consegui encher o tanque, eu estacionei o carro na frente da loja de conveniências e pulei para fora dele, minhas pernas agradecendo fervorosamente por se movimentarem. Corri para o banheiro, grata pela sorte que eu tinha em achar uma fila pequena. Depois fui a loja onde os três já me esperavam, quatro pequenos cafés da manhã sobre a mesa do canto em que eles se sentaram.

-Você está horrível – Alice brincou olhando para mim – Até parece que levou dois socos na cara.

-Eu tinha que me manter acordada – eu brinquei devorando o pão a minha frente.

-Eu comprei gases e água oxigenada – Seth mostrou uma sacola para mim – Se você for limpar o seu machucado.

-Muito obrigada Seth. Sabe, você realmente sabe fazer compras – eu percebi meio maravilhada.

-Só porque ele acertou naquele lixo de CD e agora – Alice depreciou fazendo biquinho, o tom leve da brincadeira na sua voz.

-É gatinha, eu arraso nas compras – e ele piscou para ela, fazendo com que nós quatro ríssemos.

Assim que terminamos e pagamos tudo, voltamos para a estrada com um humor renovado, Alice ligara para Dino e ele estaria nos esperando numa das entradas de sua cidade, sendo que o caminho até lá foi agradável entre brincadeiras e sorrisos.

-É o carro do Dino – Alice apontou pulando no banco de trás.

Dessa vez foi o meu queixo que caiu. O carro do Dino era simplesmente tudo! Era um daqueles carros antigos e caros, digno de colecionador, que foram turbinados até a última gota de tinta.

-Ca-ram-ba – Seth soletrou tão surpreso quanto eu.

-Muito legal, né? – ela perguntou praticamente afirmando.

Não foi preciso sair do carro, Dino já esperava pela Ferrari preta e assim que nós chegamos a uma distância desejável o carro começou a correr. Fizemos um caminho em ziguezague e demos tantas e tantas voltas que eu não sabia mais onde estávamos ou qual era o caminho para casa, Alice tinha pegado o mapa e dissera que Dino pedira isso por medidas de segurança, o que me fazia pensar com que tipo de pessoa estava me envolvendo.

Ao atravessarmos a última praça, eu podia jurar que tinha mais de dez praças naquele trecho que percorremos, Dino entrou por um portão automático já aberto fazendo sinal para que o seguíssemos. Eu parei a Ferrari na espaçosa garagem subterrânea da casa, esperando que Alice ou o seu amigo tomassem a iniciativa em sair do carro.

-Tudo bem gente, o Dino não morde – Alice falou saindo apressada do carro e correndo de encontro com a figura sombria que eu julgava ser o famoso Dino.

-Pequena! – ouvimos uma voz forte, como a de um urso, ecoar enquanto nós podíamos vê-lo melhor.

Não era só a voz, ele todo era um urso, um grande e desengonçado urso, vestindo um casaco de peles de gosto duvidoso e botas que eu não via no dia-a-dia, só em filmes.

-Esse é o Dino? – Edward perguntou com assombro.

-Mas onde é que ela arrumou um amigo assim? – Seth também demonstrou seu espanto.

Mas não podíamos responder naquele momento, tudo o que podíamos ver era um urso abraçando e rodando uma menina enquanto ela ria.

-Dino! – ela exclamou quando o urso a colocou no chão – Como você está?

Não ouvimos a resposta, a conversa deles ficou baixa enquanto eles andavam até nós.

-Gente, este é o Dino. Dino, este é Edward, Seth e Bella, meus amigos – ela apresentou.

-Bella? Esta foi a garota que te salvou? – Dino perguntou olhando para mim, seus olhos de uma cor castanha muito escura.

-Ela mesma.

-Bem, qualquer um que ajuda a Alice é meu amigo – Dino falou em sua voz de urso – Bem vinda Bella, a partir de hoje sempre será bem vinda aqui.

-Obrigada – agradeci com timidez.

Depois das formalidades, perguntas sobre a viagem e o resgate de Alice, Dino nos forneceu um quarto e um banheiro para que usássemos. Alice fez questão de conversar com Dino e Seth foi tomar um banho.

-Acho que ele está com ciúmes – eu disse para Edward enquanto nós íamos para o quarto – Ele está claramente mal-humorado com a amizade de Alice e Dino.

-Se ele gosta dela, é normal ter ciúmes – Edward o defendeu abrindo a porta do quarto para nós.

Não que Dino não avisasse que só havia uma cama disponível, mas quando ele disse isso eu imaginei uma cama de casal, grande o suficiente para nós. Mas o quarto só tinha uma cama de solteiro estreita, impossível para dois. E Edward estava tão cansado quanto eu. Depois de mim, ele fora quem dormira menos.

-Eu deito no chão – Edward propôs.

-Não, vamos tirar na sorte – eu sugeri, ele nunca aceitaria que eu deitasse no chão, embora eu também não quisesse isso – Ímpar.

-Par – ele disse cansado de mais para discutir comigo

-Um, dois, três e já! – eu coordenei.

Edward venceu.

-Já para a cama – eu mandei com seriedade.

-Bella, não…

-Você ganhou, foi justo – eu interrompi – Precisa dormir, eu posso ir para o carro e dormir lá.

-Não vamos discutir Bella – ele pediu com desânimo – A gente só tem discutido ultimamente…

-Por que você é um grande, um tremendo cabeça dura – eu expliquei como se aquilo fosse óbvio.

-Não, por que eu te amo, mas você já está noiva de um imbecil – ele disse, mas seu tom era sem esperança, conformado – Agora chega de implicar comigo e com meu gênio e vem comigo.

-Para onde? – eu perguntei confusa quando ele me puxou pela mão.

-Dormir – ele respondeu com simplicidade.

Edward deitou na cama e me puxou com força, meu corpo caindo em cima do dele. Ele se ajeitou em baixo de mim, depois arrumou meu corpo para que eu ficasse o mais confortável sob seu corpo macio. Seus braços me envolveram, impedindo que eu tombasse para os lados e ele fechou os olhos.

-Edward – eu comecei minha queixa.

-Pelo menos uma vez na vida me obedeça garota – ele pediu, sonolento.

Era uma discussão perdida, por mais estranha que aquela situação fosse, ou por mais sonolento que Edward estivesse, não adiantaria nada discutir, aquela era uma causa perdida, os braços dele não libertariam meu corpo, até que ele tivesse certeza de que eu estava dormindo. E eu não podia reclamar, com certeza o corpo dele era muito melhor que o chão duro e frio.

Exausta pela viagem eu fechei os olhos, vencida por seu calor.

“-Bella?

Eu ergui a cabeça, olhando seu cabelo ruivo contrastar com a pouca luz do dia.

-Edward!

Eu corri na direção dele, me jogando em seus braços abertos.

-Você veio!

-Eu disse que viria – ele me lembrou bagunçando meu cabelo.

-Isso foi antes de bater no Jacob – eu disse abaixando a cabeça, sem graça.

-Bater naquele imbecil não tem nada a ver com as promessa que te faço – ele disse afagando meu delicado rosto.

-Edward, pare, por favor – eu pedi enrubescendo – Isso não parece correto.

-Só estou tocando seu rosto Bella – ele disse se fazendo de inocente.

-Eu sei, mas não é algo que Jacob aprovaria…

-Bella – ele começou bem sério – Eu só vim hoje por que preciso te perguntar uma coisa: você sabe que pode escolher entre mim e o Jacob, não sabe?

-Edward, por favor – eu pedi completamente sem graça.

-Não Bella, eu preciso deixar isso bem claro: eu te amo, talvez mais do que aquele imbecil. Por favor, considere isso.

-Eu já me comprometi com ele, Edward – expliquei com desconforto.

-Mas Bella…

-Eu preciso entrar, daqui a pouco mamãe vai estranhar minha ausência.

Tomei o rumo de casa, mas antes de entrar eu me virei e olhei para ele. Sua expressão de dor me assolou, eu jamais gostei de ver alguém naquele estado.

-Me desculpe – eu pedi, as lágrimas brotando de meus olhos.

-Tudo bem, a vida é sua Bella, você faz dela o que bem entender.

Ele estava saindo quando eu perguntei, indecisa se era certo ou não perguntar:

-Você voltará?

-Para quê? Eu não quero ficar sentado vendo vocês dois juntos, eu ainda tenho um pouco de orgulho e amor próprio, pode não se importar com o que eu sinto, mas eu me importo…

-Não diga isso – eu pedi com angústia – Por que nós não podemos ser amigos? Você sempre foi meu melhor amigo…

-Bella, eu estou cansado de ser só seu amigo.

-Edward, por favor – agora eu implorava.

-Tudo bem – ele concordou amargamente – Serei seu amigo, seu melhor amigo.

E saiu, dando as costas para mim, escondendo o que ia dentro de seus olhos profundos.”

Acordei assustada com o sonho. Por que agora eu só sonhava com coisas do meu passado?

Senti o cheiro de Edward mais forte do que nunca e me dei conta que estava sobre ele, seus braços ao meu redor me segurando enquanto ele dormia, o rosto inebriante, carregado de paz e tranqüilidade. Com cuidado libertei uma das mãos e toquei seu cabelo molhado de suor, deslizando meus dedos por sua expressão natural, descarregada de fúria e ironia. Aquele era o rosto que eu aprendi a amar desde pequena, o rosto do meu melhor amigo…

Meus dedos roçaram sua boca de leve, ele resmungou alguma coisa, me abraçando com mais força e se mexendo levemente; quando voltou a ficar quieto sua boca estava aberta e eu podia sentir o cheiro que vinha dela tocar meu rosto, enquanto eu me debruçava com cuidado sobre ele.

-Edward – eu sussurrei.

Com muito cuidado e delicadeza para que ele não acordasse, eu baixei meu rosto até que meus lábios roçaram de leve na sua boca aberta, contei até cinco mentalmente e ergui a cabeça. Ele continuava dormindo seu sono de pedra e eu deitei novamente, meu rosto de lado encostado em seu peito enquanto meus dedos traçavam padrões de ondas em seu braço forte.

Havia uma aliança na minha mão, mas eu me esqueci completamente dela. Não me importava mais se Jacob existia ou não, não naquele momento. Por que naquele momento eu estava com o único homem do meu mundo, ele, Edward, meu melhor amigo.

Uma mão tocou minha cabeça, bagunçando meu cabelo. Eu não sabia quantos anos tinha, minhas mãos eram tão pequeninas, meus pés delicados protegidos no sapatinho branco e rosa, combinando com meu vestido balão. Edward sentou ao meu lado, olhando o jogo de futebol dos meninos. Jacob era capitão de um time, desde pequeno ele mostrava um dom natural para a competitividade e para o futebol, sendo um atacante muito bom.

-Não vai jogar com eles? – eu perguntei numa voz fina e infantil, abraçando meu ursinho caramelado.

-Cheguei atrasado e não quero atrapalhar o jogo – ele explicou com tristeza.

Eu não gostava de futebol só estava lá por que meu pai treinava um dos times infantis, o que jogava contra o time de Jacob. Sempre aproveitava as oportunidades que tinha com meu pai, seu emprego exigia muito dele, sobrando pouco tempo para sua família.

-Quer que eu peça para o papai deixar você jogar? – eu perguntei sorrindo para ele. Achava muito engraçado seu cabelo de fogo.

-Você faria isso? – ele perguntou sorrindo de volta.

Eu corri pelo gramado até meu pai, puxei sua blusa e olhei para cima buscando o rosto daquele homem enorme.

-Isabella, o que foi princesinha? – ele perguntou me tomando em seus braços.

-Papai, você deixa o Edward jogar? Ele chegou tarde e não pode entrar no time, mas ele quer jogar. Deixa ele jogar papai, por favor – eu pedi segurando seu rosto enorme com minhas mãos pequenas.

-Tudo por você minha princesinha – ele disse – Hei, ruivo, venha jogar.

Meu pai sempre o chamara de ruivo, era sua forma carinhosa e amigável de tratar Edward. Ele nunca chamava quem amava pelo nome, eu era sua Princesinha, mamãe era sua Lince Branca, Embry e Erick, quando nasceram, foram batizados de Cavalheiro Valente e Pequeno Príncipe.

Edward abriu seu sorriso grande, quase rasgando os lados de sua boca, e correu para meu pai. Depois de algumas trocas Edward foi para o gol, seu lugar oficial em qualquer jogo.

-Vamos lá ruivo, não deixa nenhuma entrar – meu pai mandou, me pondo nas suas costas.

O jogo continuou, Edward era um bom goleiro, nenhuma bola passava quando ele estava no gol. Jacob era um bom atacante, ele nunca perdia uma bola, sempre que a esfera caía em seus pés era certeza que um gol viria. Naquele momento Jacob avançava, chutando a bola com violência, concentrado no gol como se daquilo dependesse sua vida, Edward estava tranqüilo, respiração regular enquanto observava com seus olhos especiais o progresso de Jacob. Eu sempre me encantara com o seu cabelo de fogo e com seus olhos profundos.

-Será que ele vai defender papai? – eu perguntei agarrando meu ursinho com ansiedade.

-Acho que não sei – ele brincou tocando a ponta do meu nariz.

Eu ri em seus ombros, olhando atentamente para o desfecho daquele jogo. Jacob chutou com fúria, a bola se tornando um vulto de cor branca enquanto riscava o ar e ia em direção ao gol. Sempre com calma, Edward virou o corpo mais para a direita, fechou os olhos e respirou profundamente, antes de pular sem hesitar, ainda de olhos fechados, suas mãos encontrando a bola no momento exato enquanto ele caiu segurando-a perto do peito.

-Ele conseguiu! – eu gritei abraçando meu ursinho com felicidade.

-Muito bem ruivo – meu pai elogiou.

Edward sentou no chão, preguiçosamente, depois abriu os olhos e sorriu, satisfeito consigo e em paz com o mundo. Jacob cuspiu no chão, furioso, deu as costas para Edward e correu para dois jogadores do seu time, chamando-os com autoridade. Edward chutou a bola para longe, encostando na trave e olhando para o campo com calma. A bola foi e voltou, passando por vários pés, até que veio para os pés de Jacob, e ele, junto com seus dois amigos, correram em direção ao gol, a bola passando entre eles enquanto avançavam e driblavam a defesa. Edward caminhou para o centro do gol, os olhos acompanhando a bola. Mas então um dos meninos, um  baixinho e forte, correu na frente dos amigos trombando com Edward. Os dois garotos rolaram na grama, Jacob aproveitou a distração para chutar com força para o gol, mas Edward foi mais rápido, antes que a bola entrasse ele já tinha se livrado do garoto baixinho com um pontapé e já erguera as mãos, pronto para agarrar a bola que voou para seus braços, obediente.

-Desiste Black – Edward provocou sorrindo enquanto se endireitava, a grama sujara sua roupa de cima a baixo – Aqui ela não entra.

Jacob olhou para ele com raiva, mas antes que uma briga começasse Jacob foi para o banco e o jogo prosseguiu.”


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Notas finais do capítulo

E aí? gostara? Tenho que confessar: eu queria estra no lugar da Bella nesse capítulo :)
Comentem o que acharam. Bjinhus, amo vocês



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