_ Tchau mãe! - Gritei enquanto saia a caminho da casa dos Potter. Hoje seria o almoço de começo do ano letivo na casa do Sr. e da Sra Weasley, mas eu sempre passava primeiro nos Potter para tomar café, porque a tia Gina preparava os melhores Ovos Benedicts do mundo!

Enquanto fazia meu percurso fiquei pensando o quão rápido o ano passou, há algumas semanas estava planejando minha viagem à Strasbourg e de repente amanhã já começariam as aulas!

Fiquei tão pensativa nos fatos do ano passado que nem reparei quando cheguei ao conhecido quintal do tio Harry, que na verdade não é meu ‘tio’, só que como eu o conheço desde os meus três anos de idade já me acostumei a chamá-lo desse jeito.

Mal cheguei ao portão e encontrei com uma mulher ruiva arrumando impacientemente umas plantas destroçadas, murmurava alguma coisa sobre ‘balaços nas flores’ e ‘James sem quadribol’.

_ Tia Gina?

_ Charlotte, querida! Como vai? Sua mãe está trabalhando ainda?! Antes de poder responder qualquer coisa fui esmagada pelo abraço de urso da tia.

– Ah, tia eu vou bem e a senhora? É,ela teve uma emergência para cobrir, intoxicação por cogumelos venenosos, ou algo parecido. Mas ela me disse que mais tarde aparece por lá. – Minha mãe era diretora do ambulatório e raramente parava em casa, sempre tinha alguma coisinha para resolver.

– Estou bem sim, querida.Entre, a porta está aberta!Albus está no quarto, suba lá.

A sala estava totalmente bagunçada, com embrulhos e decorações para todo o lado, em cima da lareira, por exemplo, havia dois pares de tênis masculinos sujos de terra.

Estava subindo a escada cuidadosamente, o que com três sacolas cheias de objetos pesados e frágeis fica meio que impossível, quando uma voz rouca me assustou.

_ Quer ajuda com as sacolas, loirinha? - Reconheceria aquela voz a quilômetros de distância. E loirinha. Ninguém no mundo me chamava por esse apelido idiota a não ser uma pessoa.

Me virei e dei de cara com um ser descabelado segurando uma caneca com desenhos de vassouras nas mãos.

_ James. - Fiz uma careta de desgosto. - Merlin te visitou hoje? Porque eu não vejo nenhuma explicação coerente pra você me oferecer ajuda só um milagre mesmo, a não ser que você queira me derrubar da escada, o que eu não duvido muito. E não me chame de loirinha.

_ Seu humor não melhora em nenhuma hora do dia, não loirinha?! Só estou fazendo minha boa-ação diária, e apesar da ideia de te derrubar da escada ser muito tentadora, não acho que meu irmão ficaria muito feliz com isso.

_ Claro, como se você se importasse com os sentimentos dos outros. - Dei uma risada irônica. Se existisse alguém mais presunçoso do que o James, eu doaria todos os meus galeões para essa pessoa, é impossível achar, acredite.

_ Então você pensa que é melhor do que eu?! - Passou os dedos pelos cabelos desarrumando-os e deu uma risada cética. - Tão insensível e indiferente e se acha melhor do que eu! No jogo de quadribol à tarde nós vamos ver quem é melhor que quem aqui, ou será que você tá com medo de perder, dama de gelo?

Atingiu meu ponto fraco. Eu odiava perder, era orgulhosa e admitia isso. Para mim não existe coisa pior do que se sentir derrotada. Ah bem, só tem uma coisa pior : se sentir derrotada pelo James.

Quanto ao apelido idiota não tenho do que comentar, obviamente foi outro apelido adotado pelo Mr.sabe-tudo. Isso porque antigamente eu era meio fria com as pessoas, era o tratamento que eu recebia em Beauxbatons então aprendi a retribuir. Mas eu já estou curada desse mal, eu acho.

_Não sou insensível, só trato com respeito quem me trata com respeito. E claro, no jogo de quadribol quando eu massacrar seu time. - Disse isso e subi para o corredor deixando-o falando sozinho.

Estava tudo muito silencioso. Parei no quarto da Lily, ela provavelmente estava dormindo. - LILY LUNA POTTER, EU TROUXE PRESENTES, ACORDA!- Recebi um ‘você não é de Merlin’ e um travesseiro na cara como resposta. E tem quem diga que a Lily é meiga e carinhosa, grande ilusão.

Segui para o quarto do Albus.

_ Bom dia para o nerd! - Disse entrando em seu quarto e abrindo as janelas, deixando alguns raios de sol iluminar o quarto. Me joguei na cama tirando as cobertas de Albus, que estava todo esparramado.

_ O que te faz vir aqui me acordar em pleno sábado às oito da manhã?! - Tenho que confessar que a cara que o Albus faz quando está com sono é no mínimo engraçada.

– São onze horas da manhã de um domingo só pra começar. E desculpa se eu não posso mais visitar meu melhor amigo por vontade própria! - Arqueou as sobrancelhas. - Hoje é o almoço do começo do ano letivo e sua mãe me disse que iria fazer ovos benedicts no café e... Ah, você sabe que é o meu preferido! E além do mais eu trouxe presentes. - Juro que vi um brilho aparecer no olho dele.

– Tá desculpada só porque tem presentes. - Pegou uma sacola e começou a mexer dentro, dei um tapa em sua mão. - Ouch!

– Você só quer os meus presentes e não minha companhia, mané. - Fiz um biquinho fingindo estar magoada.

– Charlotte amor da minha vida, luz que ilumina meu caminho, card do meu sapo de chocolate, bastão do meu balaço... - Tem gente que não sabe onde parar mesmo!

– Opa, opa! Bastão do meu balaço? Pelas meias de Merlin, Potter!

– Vou ganhar presentes? Então tá valendo, idiota.

– Toma aqui o seu presente, engraçadinho. - Peguei um livro com o título ‘ Guia dos bruxos solitários: Como arrumar uma namorada VOLUME 1. ’ - Vai ser útil, vai por mim.

– Tá me avacalhando que eu sei, e se você não sabe ainda, eu to tendo um rolo aí. - Essa é boa, muito boa eu diria só que o Albus estava sério demais para brincadeiras.

– Então, quem é a sortuda?

– Pennyweather Collins. - Com a mesma rapidez que eu fiquei feliz em saber que ele havia enfim achado alguém eu fiquei furiosa. Justo a vadia da Collins, justo ela. Primeiro meu irmão, depois meu melhor amigo.

– Ah, legal. - murmurei. - Mas ela sabe que tá tendo um rolo contigo, pelo menos?

– Eu a encontrei no Beco Diagonal e daí a gente marcou de sair, e o resto você já sabe. - disse todo alegrinho.

Tia Gina chamou para o café, desci com uma cara amarrada.

A ideia de que o meu melhor amigo estava ‘pegando’ a minha inimiga fez meu estômago revirar. De raiva.