Suja. Eu estava me sentindo suja por ter falado aqui tão alto. Eu me sentia suja e traidora. Harry olhava pra mim como se pedisse socorro – e na verdade ele estava. Eu o olhava parte com pena e parte com medo. Eu tentava ajuda-lo mas simplesmente minha voz não saia! Tudo o que eu conseguia fazer era balançar a cabeça em forma negativa. Mas isso não seria mentir? Droga.

Tia Anne tinha um problema sério para resolver agora. Ela iria ser vovó! E aposto que cada vez que isso passava na cabeça dela, a comida voltava para a sua boca. Eu sei disso porque consequentemente isso acontece comigo! E não é só ao pensar que o meu melhor amigo vai ser pai, mas em pensar que o amor da minha vida vai ser pai. Ou então em ver que Tia Anne estava na nossa frente com um cara de quem quer explicação. Isso me faz querer botar tudo o que eu comi pra fora.

-       T-tia A-anne! – Finalmente minha voz conseguiu sair ainda que esteja trêmula. – O-o que faz aqui? – Que pergunta mais idiota de se fazer não?

-       Estou em minha casa! E estou esperando explicações! – Disse ela andando diretamente até nós. Eu juro que podia sentir o meu estômago se revirando e a comida querendo sair do mesmo. – Vamos! Quero que falem! – Ninguém proferiu nada. Estávamos em silêncio absoluto. – Tudo bem. – Ela pareceu se acalmar um pouco. – Quem é a mãe? – Ela olhou pra mim e eu balencei a cabeça negativamente. Eu estava triste. Só não sabia porque. Eu estava triste pelo Harry que terá um filho? Ou eu estava triste por eu não ser a mãe do mesmo? – Quem é a mãe Harry? – Pude ver que Harry não aguentaria essa barra, então eu falei.

-       A Caroline. – Disse com a voz mais fraca, contudo, um pouco menos trêmula.

-       Harry! Isso vai estragar com a sua carreira! Vai estragar com tudo o que você lutou pra ter! Principalmente a mãe sendo a Caroline! – Tia Anne falou assumindo não só sua posição de mãe mas como a de empresária. – Ouça bem o que eu estou te falando Harry Styles. Eu não gosto daquela mulher, e eu não vou deixar ela cuidar do meu neto está entendido?

-       Mas ela é a mãe! – Disse Harry finalmente.

-       Não importa! Ela não tem cara de que é muito responsável! – Ela disse.

-       ELA TEM 32 ANOS! – Harry disse. Digo, gritou.

-       POR ISSO MESMO! Ela tem 32 dois anos e foi engravidar de um garoto de 17! – Disse Tia Anne calando de novo a boca de Harry. – Ela não vai criar o meu neto. Caso contrário eu a denuncio por pedofilia. – Ela estava saindo. E eu juro que não sei o que me deu naquela hora, mas eu senti que era isso que eu deveria fazer.

-       Eu cuido da criança! – Eu disse. Harry me olhou espantado e Anne se virou.

-       Como? – Ela disse vinda em minha direcão. Confesso que estava com medo mas a burrisse já tinha sido feita.

-       E-eu cuido da criança. – Disse vacilando.

-       Você não tem nem casa pra morar minha queria. – Disse ela com um pouco de lágrimas nos olhos e tocando o meu rosto. Ela era como uma mãe pra mim. Sempre foi.

-       Essa criança tem que ter uma mãe! – Disse. – Se a Caroline não vai ser, eu vou. – Disse determinada e simplesmente sai de casa. Fui pra onde tinha um balanço. Isso me lembrou de quando era pequena. Me sentei no balanço e fechei os olhos. Senti o vento bater em meu rosto como uma forma de acalanto. Eu ainda não estava consciente da decisão que eu tomara, mas eu não voltaria atrás. Dei um leve impulso para que eu balançasse. Meus pés estavam descalços e podia sentir a grama molhada em contato com os mesmos. Logo eu me balançava sem precisar tocar os meus pés no chão. Aproveitei esse pouco tempo de calma pra recapitular o dia de hoje. E que dia em!? Primeiro, Harry chega e meus sentimentos por ele ganham certeza absoluta, depois minha mãe morre, terceiro, eu vou sequestrada e Harry me beija, e por útimo, eu me torno mãe! Não literalmente mas eu cuidarei da criança!

-       Você sabe que terá de casar comigo não é? – Disse ele. Aquela voz rouca que eu tanto amo. Imadiatamente eu parei de balançar e abri os olhos. Ele estava na minha frente com uma mão estendida. A capturei antes mesmo de pensar duas vezes. Ele me aproximou de seu corpo com uma mão na minha cintura e a outra mão estava sustentando a minha.

-       Sei. – Disse botando a minha outra mão em sua nuca. – Eu não acho que terei de fazer muito esforço para isso. – Sorri. Ele começou a se mover, e eu segui seus passos. Estávamos numa dança. E os nossos corações estavam batendo no mesmo rítmo, e foi ai que eu percebi. Nós somos a música! E por um minuto, eu consegui me sentir livre, única, amada.