Fazia uma semana que tinha acontecido a festa, Giovanna não queria sair de casa pra nada, sua amiga Layla ia lá todo dia e só via a amiga chorar. Carlos tentou falar com ela, mas toda vez que ele ia lá, Giovanna tremia e sua temperatura subia.

 Jonhi e Laura decidiram adiar a viagem, ela estava marcada para o fim do mês, mas com o estado da filha e vendo que logo ela se transformaria, eles decidiram ir no final de semana.

 -filha?

 -oi mãe.

 -eu e seu pai temos que falar com você.

 -fala.

 -nós decidimos voltar a morar em La Push.

 -porque mãe? Só porque eu to assim? Eu vou melhorar.

 -filha, nós já estávamos pensando nisso antes de tudo acontecer.

 -então é por causa da minha doença?

 -você não esta doente, mas é por causa disso sim.

 -vocês vão me falar o que eu tenho?

 -quando chegarmos lá, você saberá.

 -ta, se não tem outra escolha.

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 No sábado de manha, o caminhão chegou e carregou todas as coisas. Giovanna tinha ido dormir na casa da amiga na noite anterior e estava chegando em casa para terminar de guardar suas coisas. Perto da hora do almoço Jonhi, Laura e Giovanna embarcaram no avião rumo a Port Angeles.

 Três horas depois eles desciam no aeroporto internacional de Port Angeles e a sua espera estava Jacob. Giovanna ao ver seu primo – que estava muito diferente – saiu correndo ao seu encontro e pulou em seu colo, abraçando e o beijando.

 -que saudades prima

 -também tava morrendo de saudades de você

 Laura e Jonhi se aproximaram também e cumprimentaram seu sobrinho. Eles pegaram as malas e foram para o carro. A viagem ate a La Push foi rápida e tranqüila, Giovanna não tirava seus olhos da estrada, estava muito feliz de voltar e tinha saudades de todo aquele verde. Durante o caminho Jacob falava com seu tio Jonhi, mas nada que desse a entender o que iria acontecer com Gio.

 Eles pararam o carro em frente à casa vermelha e Giovanna falou:

 -ela esta igual ao que eu me lembre.

 -as coisas não mudaram muito aqui.

 -verdade, só as pessoas..

 Giovanna olhou para seu primo, que antigamente era magro, tinha cabelos compridos e era desajeitado e agora estava alto, forte, seu cabelos eram curtos e seu andar era firme. Antes de sair do carro, Jacob deu um sorrisinho de lado e Giovanna sorriu de volta.

 Billy ao ouvir o barulho do carro de seu filho, saiu pra fora e esperou que eles se aproximassem. Giovanna ao ver seu tio e padrinho ali na varanda, largou suas coisas no chão e foi correndo ao seu encontro, abaixou em sua frente e o abraçou.

 -tio, que saudades eu estava do senhor.

 -também estava com saudades Giovanna e como você cresceu.

 -o senhor continua bonito como sempre.

 -que isso querida, eu estou cada dia mais velho.

 -mas continua bonito.

 Giovanna deu um beijo estalado no rosto de Billy e esse sorriu com o carinho, que há tanto tempo sentia falta. Os pais de Giovanna se aproximaram e cumprimentaram Billy, enquanto Jacob trazia o resto das malas.

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 Os cincos ficaram a tarde colocando a conversa em dia, falando das coisas que tinha acontecido, tanto em Los Angeles, quanto em La Push. Quando a noite começou a chegar, Jonhi, Laura e Giovanna foram para a casa que eles tinham ali. Pegaram o carro do Billy emprestado e foram ate lá, a casa não era longe, mas era a mais afastada da reserva e ficava perto da praia.

 Giovanna, assim que entrou na casa foi direto para seu antigo quarto e colocou suas malas lá, deitou na cama e começou a chorar e a lembrar de toda a sua vida, ate aquele momento e por fim ela dormiu.

 Laura já tinha terminado de colocar as coisas em ordem e foi ate o quarto da filha, avisa-la da festa da fogueira e quando chegou lá, viu-a dormindo. Ela não sabia se acordava ou não a filha, mas acabou que não foi preciso, Gio acordou e encarou a sua mãe.

 -que foi?

 -vai ter a festa da fogueira, quer ir?

 -estava com saudades dessa festa, mas não sei se quero ir.

 -okay, eu e seu pai vamos. Se mudar de idéia vai ser na praia.

 -ta.

 Laura saiu do quarto da filha e foi se arrumar. Quando sua mãe saiu, Giovanna levantou e foi ate sua bolsa, pegou seu celular e viu que não tinha sinal, ela então calçou um chinelo e foi atrás de um lugar que desse para fazer uma ligação. Ela chegou na parte de trás da casa, quase perto da floresta, e enfim achou um ótimo lugar, sentou numa pedra que tinha ali e fez sua ligação.

 -alo.

 -oi Layla.

 -amiga, que bom que ligou. Estou morrendo de saudades.

 -eu também.

 -como ta ai?

 -igual ao que eu me lembrava. Muito verde, frio e maravilhoso.

 -serio? Eu não sou muito chegada ao frio.

 -eu amo esse clima

 -aí é melhor que aqui?

 -não. Mas estou adorando estar aqui.

 -que bom. A única coisa que eu quero é que você seja feliz.

 -vou tentar.

 -vai fazer o que hoje?

 -meus pais vão numa festa da fogueira

 -e você?

 -acho que não

 -por quê?

 -não sei

 -que isso amiga. Você tem que ir, esquecer do mundo, esquecer das pessoas que não merecem e ser feliz.

 -okay, vou pensar, ta?

 -ta e me liga sempre.

 -pode deixar.

 -te amo.

 -te amo amiga.

 Giovanna desligou o celular e voltou pra dentro da casa. Seus pais já tinham indo e vendo aquela casa vazia, Giovanna sentiu vontade de chorar, mas ela levantou a cabeça e disse pra si:

 -não irei chorar por alguém que preferiu as drogas em vez de mim. Estou de volta ao lugar que eu não devia ter saído. E a partir de agora será uma vida nova. Esquecerei da minha vida em Los Angeles e das pessoas que me fizeram mal.

 Gio foi pro seu quarto, abriu suas mala, pegou uma lingerie, sua toalha e foi pro banheiro. Depois de um banho bem relaxante, ela voltou pro quarto e escolheu uma roupa. O clima de La Push não era igual ao de Los Angeles, então Giovanna abriu sua mala de roupa de frio e escolheu uma calça jeans justa, uma blusinha de manga cumprida, por cima um colete e nos pés optou por uma bota sem salto. Ao terminar de se arrumar, pegou seu celular, fechou a casa e foi em direção à praia.

 Giovanna não sabia direito a onde seria a festa e quando chegou na praia, viu o lugar todo escuro, ela então fechou os olhos e sentiu o vento da maresia, sorriu e pensou: “lar doce lar”. Uma musica começou a ser ouvida, Giovanna abriu os olhos e procurou da onde vinha, mas não encontrou, foi andando e viu ao longe uma claridade e da onde ela estava viu a figura do Jacob, ela não sabia como, mas estava enxergando e escutando super bem a festa.

 Depois de andar um bocado, enfim chegou à festa. O primeiro que a viu ali foi Jacob, que veio na mesma hora recebe-la.

 -você veio?!

 -eu vim.

 -o tio e a tia falaram que você não viria.

 -decidi que não ia ter graça ficar em casa.

 -que bom que esta aqui. Vem o meu pai não para de perguntar por você.

 Jacob e Giovanna foram ate Billy. Eles estavam perto da mesa de comida e ao ver Giovanna ali todos sorriram.

 -filha, você veio.

 -sim mãe.

 -querida, que bom que esta aqui. Venha quero te apresentar umas pessoas.

 Giovanna foi pra perto do seu tio e ele apresentou duas pessoas que estavam ao seu lado.

 -Giovanna, essa é a Sue e esse o Sr. Antera.

 -que bom vê-la novamente. – Sue se aproximou e a abraçou.

 -você esta uma bela moça. – Sr. Antera disse educadamente.

 -obrigado. Desculpe, mas eu não me lembro muito de vocês. – Giovanna disse envergonhada.

 -tudo bem querida. É normal, quando você saiu daqui, era muito pequena. – Sue disse.

 Giovanna ficou conversando mais um pouco com eles e Jacob saiu de perto, indo procurar seus amigos. Ao encontrar o pessoal conversando e rindo, Jacob falou:

 -pessoal, minha prima chegou e em breve ela se tornara uma de nós, mas por enquanto ela não sabe de nada e será assim ate que ela se transforme.

 -pode deixar Jacob, que não iremos falar nada pra ela. – Quil falou chegando perto do amigo.

 Giovanna vendo seu primo conversando com alguns garotos e vendo que ali perto dos mais velhos a conversa não a agradava, decidiu dar uma volta pela praia, mas ao passar perto do seu primo, ouviu alguém chama-la.

 -Giovanna!

 Ela se virou e viu Jacob fazendo gesto com a mão. Então foi ate ele e parou ao seu lado.

 -gente, essa é a minha prima Giovanna.

 -ola Giovanna. – todos disseram juntos.

 -oi gente. – Gio disse envergonhada.

 -vou apresentar eles pra você. Esse é o Quil. – Jacob disse apontando para o garoto a sua esquerda e foi apresentando na ordem que estavam. – Embry, Paul, Jared, Kim, Sam e Emily.

 Giovanna foi seguindo e cada um fazia um gesto com a mão. Quando chegou na Emily, Giovanna sorriu pra ela e a mesma retribui. Eles ficaram ali conversando e algumas vezes Giovanna ficava perdida em seus pensamentos, ate alguém chamar sua atenção.  No meio da conversa uma garota muito bonita se aproximou da rodinha deles e Giovanna a encarou, ela não era estranha e ao vê-la se aproximar mais, sussurrou no ouvido do primo:

 -quem é ela?

 -a Leah.

 -Leah Clearwater?

 -sim, lembra dela?

 -não muito, mais lembro um pouco do seu irmão. Acho que o nome dele era Seth.

 -isso mesmo.

 -ele ainda mora aqui?

 -mora sim, por quê?

 -nada, só curiosidade.

 Leah se aproximou mais e Giovanna a cumprimentou. O esperando de todos era que Leah a tratasse mal ou a ignorasse, mas para a surpresa de todos Leah aceitou o abraço e falou:

 -bem-vinda de volta a La Push.

 -obrigado. Espero sermos amigas.

 -quem sabe.

 Leah sorriu e foi pra mesa de comida. Quando a lua estava no alto, Billy chamou todos para ficar em volta da fogueira e ia começar a contar as lendas. Giovanna ficou do lado de Jacob e olhou para todos que estavam ali e viu que nem metade das pessoas que estavam na festa foram pra perto fogueira.

 -e o resto do pessoal?

 -nem todos podem ouvir as lendas.

 -e por quê?

 -elas são secretas.

 -porque uma lenda é secreta?

 -um dia você vai entender.

 -e porque eu posso ouvi-la?

 -porque quando seu pai morava aqui, ele era do conselho.

 -então ele voltou a fazer parte do conselho?

 -sim.

 Billy deu um assobio para todos ficarem quietos e começou a contar as lendas. Giovanna ficou toda hora prestando atenção em Billy e não desviava seus olhos pra nada. Ao escutar as primeiras palavras, Giovanna começou a imaginar tudo o que Billy dizia e era como se ela não estivesse mais na praia e sim dentro daquela lenda.

 -O primeiro Grande Espírito Guerreiro Chefe foi Taha Aki. A tribo viveu muitos anos em harmonia sob os seus cuidados. Mas havia um homem que estava insatisfeito com a paz e achava que as pessoas deviam usar sua magia para o bem pessoal. Era Utalapa. Esse guerreiro podiam sair dos seus corpo e ficar vagando como espíritos. Um dia Taha Aki foi para uma montanha, para vagar pela floresta como espírito e Utalapa o segui e casando de seguir as ordem do chefe, decidiu mata-lo. Quando achou o corpo de Taha Aki pensou em matar o corpo sem vida, mas seria muito arriscado, portanto, em um plano mais ambicioso ele saiu de seu corpo e tomou o de Taha Aki e depois matou o seu próprio corpo. Taha Aki só pôde observar com tristeza, Utalapa usando seu corpo para dar ordens a tribo. Ele proibiu que os guerreiros tomassem a forma de espírito, para que não pudessem se encontrar com Taha Aki. Vagou por muito tempo, vigiando e vendo o seu povo sofrer, mas não agüentando mais de agonia. Um dia, na floresta, ele avistou um lobo enorme, lindo, como ele nunca vira igual e pediu permissão para compartilhar o corpo com o animal. Quando o lobo aceitou, ele voltou para a sua tribo, e tentou avisá-los de que o outro era um traidor. Yut conseguiu ver nos olhos daquele lobo que ele era diferente, decidiu desobedecer as ordens de Utalapa e saiu de seu corpo, para falar com o espírito que habitava o lobo. Assim que Taha Aki saiu do corpo do lobo, Yut o reconheceu. Mas a lei de que nenhum guerreiro deveria ir para o mundo dos espíritos ainda era totalmente válida e quando Utalapa ficou sabendo do que estava acontecendo, correu para a aldeia para castigar o infrator. Yut pulou de volta ao seu corpo, mas Utalapa já estava com a faca em seu pescoço, e o velho guerreiro não agüentou. A raiva de Taha Aki foi tão grande, por ver o seu povo sofrendo nas mãos do opressor, que não coube dentro do lobo. Foi aí que a mágica aconteceu. O lobo estremeceu, diante de um sentimento tão humano e aos olhos dos guerreiros se transformou em homem. Taha Aki teve muitos filhos, e alguns deles descobriram que, ao alcançar a maturidade também podiam se transformar em lobos e que só envelheciam quando quisessem. Os que não queriam mais ser lobos voltavam a envelhecer. Taha Aki viveu o tempo de vida de três homens, e só decidiu envelhecer quando encontrou na terceira esposa, sua companheira espiritual. Esses guerreiros não tinham muitos inimigos, mas em um certo dia apareceu um inimigo muito feroz. Era uma criatura pálida, com olhos vermelhos, que tomava sangue de pessoas. Os lobos sentiram um tremor passar por seus corpos ao ver o que aquela criatura fazia com inocentes. E não mesma hora o atacaram e conseguiram mata a criatura. Eles levaram a criatura ate a aldeia e mostraram para Taha Aki o que vinha causando o desaparecimento de muitas pessoas. Taha Aki falou que aquela criatura, era um frio, o inimigo natural dos lobos e que para eles morrerem mesmo só queimando e foi isso que eles fizeram. Depois daquele frio, não apareceu mais, mas sempre tinha algum que vinha para matar as pessoas e os lobos sempre estavam lá para proteger.

  Depois que Billy falou a ultima palavra, Giovanna saiu do transe e “voltou” para a praia, seus olhos estavam fixo ainda em Billy e em momento algum ela teve alguma reação. A historia era muito encantadora e bem mágica, mas para Giovanna era só uma lenda, só que no fundo essa lenda mexeu com ela.

 -Gio? Seus pais estão te chamando. Giovanna? – Jacob balançou a prima algumas vezes, ate ela te dar atenção.

 -oi Jacob.

 -que foi?

 -nada.

 -você parecia que estava em transe.

 -eu só estava pensando no que seu pai contou.

 -ficou com medo?

 -não, só encantada.

 -serio?

 -sim.

 Laura foi ate a filha e a chamou para irem pra casa.