–A primeira coisa que eu tenho a dizer é: Como você é babaca. –Tenten começou a falar depois que o moreno terminou de contar a história. –O que você tem na cabeça pra discutir assim com ela? A Sakura não é propriedade sua e você sabe. Se você não tem coragem de falar o que sente, então não tem direito de opinar nesses assuntos.

–Eu sei disso Ten, eu sei muito bem. Mas a cena daquele moreno cheio de charme beijando os lábios que eu desejo alterou minha mente. –Sasuke respondeu atônito.

A Mitsashi estava sentada na cama do Uchiha, com as costas apoiadas na parede e o garoto estava deitado, com a cabeça apoiada nas pernas da amiga.

–Não vou dizer nada sobre a Sakura, pois ela estava com toda a razão. Ela finalmente achou alguém que pode fazê-la feliz e chega um troglodita falar que além de ser fácil, é mimada. - Tenten continuou, enquanto fazia cafuné no moreno.

–E o que eu faço? –

–Amanhã, você vai chegar com toda a educação do mundo, pedir desculpas e explicar como você é um idiota. –

–Não vou pedir desculpas! –Sasuke falou birrento, virando o rosto para o lado.

–Isso mesmo, não peça desculpas e fique com o seu orgulho, ao invés da garota dos seus sonhos. – A chocolate recebeu um bufo como resposta e virou a cabeça do moreno para cima novamente. –Tudo vai ficar bem ok? – Sorriu, lhe dando um beijo na testa.

No mesmo instante, Gaara abriu a porta do quarto e abriu um sorriso malicioso.

–Estou interrompendo algo? –

–Claro, que sim. Estou traindo o Neji. Você não quer se juntar a nós e trair a Ino também? –A voz saiu extremamente irônica da garganta de Tenten.

–Eu quero que você pare de andar com a minha irmã. –O ruivo respondeu contrariado. – O jantar está servido.

Na sala de jantar, todos estavam quietos e enfim o pai de Gaara quebrou o silêncio.

–O que você tem Sasuke? –Hideo perguntou sério, ainda cortando a carne que estava em seu prato.

–Nada. E mesmo que tivesse, não sei por que iria lhe importar. –O Uchiha respondeu frio.

–Você acha que eu não sei quando um dos meus filhos está mal? –

–Você não é meu pai. –Sasuke largou com agressividade os talheres em cima do prato, finalmente atraindo a atenção do homem que se sentava na ponta da mesa.

–Mas sou seu tutor legal, quer você queira ou não. – Hideo respondeu autoritário. –E mesmo que nenhum de vocês acredite, eu me importo. –

–Ah claro. O senhor realmente se importa com a família. É a coisa mais importante do mundo para você. –A voz do Uchiha estava banhada numa mistura de arrogância e ironia. O moreno se levantou e foi para o seu quarto, deixando um clima extremamente pesado na sala de jantar.

Pouco tempo depois, Tenten terminou de comer e se juntou ao amigo, que estava deitado em sua cama encarando o teto com olhos vazios.

A Mitsashi sentou na beira da cama e falou receosa, com um pouco de diversão em seu tom.

–Eu te desafio a dar um sorriso. –Sasuke a olhou sério. –Não vou ter meu desafio negado. –Logo que a chocolate terminou a frase, atacou a barriga do moreno, lhe causando cócegas. Quase que instantaneamente, ele começou a rir. –Assim está melhor. – Um sorriso divertido surgiu nos lábios da garota.

Depois de mais algumas horas de conversas, conselhos e brincadeiras, foram dormir e na manhã seguinte foram para o colégio.

–Não vou pedir desculpas. –Sasuke teimou novamente, entrando na sala ao lado da chocolate.

–Sim, você vai. –A morena respondeu autoritária.

–Não, eu não –Mas antes que conseguisse terminar a frase, foi empurrado para cima da garota. -Hm... Posso falar com você?- O Uchiha perguntou desconfortável para Sakura, interrompendo sua conversa com Shikamaru.

A Haruno levantou e foi conduzida até o lado de fora da sala, onde o moreno começou a falar.

–Desculpa por aquela discussão ontem. Eu entendo que fui grosseiro com você, sem motivo algum. Apenas fiquei preocupado, pois como os outros, tenho medo que você se machuque por algum babaca. – A voz do garoto estava suave, mostrando como realmente se arrependia. E à medida que as palavras saíam de sua boca, as feições da rosada amoleciam.

–Não precisam se preocupar, ele não é um babaca. Já conversei com o Shika sobre isso também. –Ela riu sem graça. -E claro, aceito suas desculpas. Não será uma discussão como essa que vai arruinar nossa amizade. – Sorriu meiga.

–Sim, claro que não. –Sasuke esboçou um sorriso extremamente forçado. Gostaria de mandar a amizade deles longe para conseguir a rosada para si.

–Mas que isso nunca mais se repita, ouviu?- A Haruno riu divertida.

O moreno soltou uma risada e logo após, Sakura ficou na ponta dos pés e beijou sua bochecha, entrando na sala em seguida. Fechou os olhos e suspirou, desejando dar meia volta e apreciar o perfume amadeirado de perto por mais tempo.

Já Sasuke, estranhou a intensidade do frio que invadiu seu estomago e ficou alguns segundos olhando para o nada, antes de seguir os passos da garota.

Assim, os dias foram passando e Oreki se enturmava cada vez mais com o grupo. Vez ou outra ia buscar Sakura na saída do colégio e passavam a tarde juntos.

Os dias se transformaram em semanas, virando meses. De tempos em tempos, Oreki entrava no assunto de namoro, mas a Haruno se esquivava, alegando não estar preparada para um relacionamento desse tipo. Como foi dito anteriormente, a rosada não enganava apenas seu coração, mas também a sua mente.

Não admitia, mas sabia que seu subconsciente não havia superado os dois olhos negros como ônix, o cabelo rebelde preto, a pele branca macia, os lábios cerrados e arrogantes e a contínua inexpressão no rosto mais belo que já vira em sua vida. Se repreendia sempre que pensava que gostaria de passar mais tempo com Sasuke do que com seu companheiro. Se envergonhava e se culpava quando seus lábios eram selados e a única visão que vinha em sua mente era o Uchiha. Irritava-se consigo mesma quando se decepcionava ao notar que Oreki a chamava, e não o dono da voz fria mais sedutora que conhecia.

Agora, voltando a falar do grupo principal, durante vários meses, os cinco rapazes agiam estranhamente. Todas as tardes de terças e quintas-feiras, simplesmente sumiam, sem dar explicações e sem atender os celulares. Quando eram questionados, davam uma rápida desculpa muito bem ensaiada.

Shikamaru e Neji, na maioria das vezes, diziam que iam à biblioteca pública estudar, por conta do vestibular. O texto favorito de Naruto e Gaara, era que estavam jogando vídeo game em algum lugar específico para isso, e Sasuke, com exceção de Tenten, alegava que sua vida não era da conta delas. Para a Mitsashi, dizia que passava as tardes vagando pela cidade, para esvaziar a cabeça.

Mas apesar de quantas vezes pedissem e da forma como perguntassem, eles jamais deixavam as garotas os acompanhar, inventando desculpas ainda mais esfarrapadas. Várias vezes Temari e Tenten prensaram um por um contra a parede, mas nunca tinham a resposta verdadeira. Até mesmo Hinata já havia perdido a paciência com a quantidade de encontros que Naruto a negou.

Quando os cinco estavam reunidos em algum quarto e uma das garotas abria a porta, os via escondendo todo tipo de caderno, livro, folheto e coisas desse tipo que se podem imaginar. Desligavam todos os computadores e celulares ligados e olhavam para ela como se nada estivesse acontecendo.

O que prendia Ino, Temari, Tenten e Hinata a seus namorados, era a atenção que recebiam em algum dos dias que eles não desapareciam. E isso se intensificou significativamente à medida que o ano ia chegando ao fim. Poucos meses antes de seu término, os sumiços acabaram e todo dia da semana eram tratadas como rainhas. Eram mimadas de várias formas diferentes e quase se sentiam sufocadas com tanto carinho e atenção que recebiam. Os amassos tornaram-se mais quentes e os beijos e abraços mais longos. Não entendiam a agitação e a ansiedade que eles estavam, mas faziam de tudo para torná-los mais tranqüilos.

Os rapazes faziam questão de ir quase todo o dia à lanchonete ou na casa das meninas. Neji era o mais aborrecido, pois disputava Tenten com Sasuke e Hinata com o Naruto. Gaara nunca havia sido tão carinhoso com Temari e evitava qualquer tipo de briga com a irmã. Agia como um verdadeiro cavalheiro com Ino, e mesmo depois das discussões, era afetuoso como ninguém. Shikamaru, antes mesmo de Sakura pensar em lhe pedir, já passava todas as respostas das provas. E sempre que se dirigia à namorada como problemática, ela recebia um beijo logo em seguida.

Em uma tarde, Tenten estava em casa, treinando em sua sala de luta, enquanto Neji estava sentado no chão, observando com cautela cada movimento da namorada.

–Por favor, me conta o que aconteceu. –A Mitsashi falou de repente, parando de se movimentar. –Nunca vi vocês tão estranhos. Primeiro, somem e mentem para nós e depois nos tratam como se fossemos verdadeiras princesas. –A chocolate olhava o namorado com os olhos cheio de pesar. - Nunca recebi tantos abraços do Sasuke ou tantos elogios seus. Já perdi as contas de quantos beijos desesperados você me deu Neji. Apenas me explica o porquê de tudo isso, por favor. –Implorou com olhos pidões, inclinando a cabeça para o lado.

O Hyuuga se levantou e andou calmamente até a morena, segurando sua cintura.

–Nada aconteceu meu amor. –Falou com tranqüilidade. –Nós só estamos processando o fato de ser nosso ultimo ano no colégio, e encontramos vocês como forma de nos acalmarem. Vai me dizer que não sente medo do que nos espera nesse mundo? –Sorriu divertido e antes que fosse interrompido, virou as costas e foi de encontro a sua mochila.

De lá, tirou um porta retrato, onde tinha uma foto dos dois. Neji abraçava a cintura da garota com um pequeno sorriso nos lábios, enquanto Tenten sorria abertamente e fazia um dois com os dedos da mão esquerda.

–Quero que ponha isso em um lugar próximo a você, onde possa olhar todo dia e se lembrar de todos os nossos momentos felizes ok? - Falou enquanto entregava o objeto nas mãos da menina.

–Você está me assustando Neji. –A Mitsashi murmurou enquanto observava a imagem.

–Não se assuste pequena. –O moreno enlaçou sua cintura. –Apenas considere isso como um presente de aniversário adiantado, sim? –

Quando recebeu uma confirmação receosa da chocolate, um sorriso tranqüilo surgiu em seus lábios, estes que selaram a testa da garota.

Estava absurdamente inquieto por dentro, ainda mais ao pensar em como aquele perfume adocicado poderia lhe fazer falta. Sentia-se péssimo por mentir para Tenten, mas se sentia ainda pior quando lembrava que logo iria contar a verdade.