Capitol Hunger Games escrita por Azula, AnaCarol
Acordo e tomo um banho, sinto o cheiro conhecido de rosas em minhas roupas. Vou tomar café da manhã e vejo que Hasse está com olheiras profundas, ele me cumprimenta e eu aceno com a cabeça.
– Como esta é uma edição um tanto diferente, os tributos vão para o centro de treinamento com seus mentores, para que os ajudam a treinar. Amanhã você vai me mostrar seu talento. – Ele diz com a voz firme, para um pouco e continua – Hoje à noite você tem a entrevista, já que descartaram o desfile de tributos. Quero que você seja você mesma, mas uma versão menos mal-humorada.
– Ta – Digo entre dentes e percebo que estou sendo o que ele me advertiu para não ser. – Mas eu não sei ser mais carismática.
– Com um pouco de treinamento você consegue. Termine logo de comer e vamos experimentar os trajes. – Ele diz, por incrível que pareça está sorrindo.
Como todos os tributos são cidadãos da Capital e bem cuidados, vamos para a Equipe de Preparação apenas para uma revisão e para experimentar alguns trajes.
– Meu nome é Luke. – Meu estilista diz enquanto me olha de cima a baixo – E você é Lynn Snow.
– Isso.
– Bem, vejamos... Você não é nem muito baixa nem muito alta, então acho que tenho um vestido perfeito para sua entrevista. – ele fala e pega um vestido branco - Esse.
Eu odeio branco, mas o vestido é bonito. Enquanto estou pensando no que dizer, Luke joga o vestido na cadeira e pega outro, dessa vez verde água. Muito melhor.
– Experimente os dois. – ele ordena e me dá os dois vestidos.
Entro na cabine e visto primeiro o vestido branco. Ele é mais ou menos na altura dos joelhos, tem pequenas flores com o contorno dourado. Saio e Hasse está sem expressão, já Luke está surpreso. Sem dizer nada volto à cabine e experimento o verde, é do mesmo comprimento que o branco, não tem detalhes, é simples, mas muito mais bonito. Saio, e desta vez até Hasse fica surpreso. Despeço-me de Luke e vamos para o apartamento, voltaremos mais tarde e Luke fará maquiagem e cabelo em mim.
-Por que está sorrindo? – Eu pergunto rígida, enquanto nos voltamos para nossos quartos. Antigamente cada tributo ficava no andar de seu distrito, mas nesta edição é diferente. Eu acabei ficando com o andar número um. Hasse me disse que é para, se caso o prédio desabar, eu morra primeiro. Muito engraçado.
-Nada. – Ele cantarola.
-O que é?!
-Você ficou legal naquele vestido, garota. Para de reclamar.
Eu coro e olho para o lado.
-Obrigada.
-Aham. Agora vai tomar um banho, sim? – Ele volta à expressão de sempre. – Se eu respirar mais uma vez e você ainda estiver com cheiro de rosas, eu juro que vou...
Eu tapo o seu nariz.
-Não, não!
O elevador se abre e eu corro para o meu quarto, rindo. Vejo pelo canto do olho que ele sorri.
Tomo outro banho, e consigo fazer o cheiro diminuir bastante. Vou almoçar e Hasse já está sentado, como ele é tão rápido? Concentrado no leitão, ele nem percebe que eu cheguei. Assim que ouve o barulho da cadeira de mogno arrastando pelo chão, levanta os olhos para mim e volta para a comida rapidamente. Não sei o motivo, mas uma imagem da entrevista de Hasse veio a minha mente. Lembro-me de que ele usava um terno preto, simples, mas que o deixava magnífico. Ele bancara o engraçado, para ele era natural, não precisou atuar na entrevista. Por um breve momento tenho medo da minha entrevista.
– Vou fracassar, minha entrevista vai ser um desastre.
– Não, é fácil. Caesar vai te deixar bem à vontade. Todos da platéia parecem te amar e... – ele pensa um instante e não termina a frase.
– O que? – pergunto, mas ele desconversa
– Estou cansado desse prédio, já é a terceira vez que me hospedo aqui.
Não sei o que responder, sei que na primeira vez foi por causa da edição que participou, a segunda para ver o tributo que treinara morrer e a terceira... Provavelmente para me ver morrer.
– Quer fazer um tour? – ele pergunta.
– Tour?
– É, eu te mostro o prédio. – ele fala – Não me olhe assim, o telhado daqui é legal.
– O telhado? – faço uma pergunta retórica.
– Você sabe o que é um telhado, não sabe?
– Claro que sei!
– Então vamos. – ele solta os talheres e levanta da mesa.
Pego um pãozinho e o sigo até o telhado. Ele tinha razão, era um lugar lindo, uma vista aérea da Capital, tinham tantos pontinhos coloridos lá embaixo, tive vontade de pegá-los com a mão, mas isso era impossível. Nos sentamos no chão e começamos a conversar, Hasse me contou sobre sua vida no distrito 7, ele cresceu trabalhando com machados e serras, sempre deu atenção a todos os detalhes da floresta e tinha carinho pelas árvores, sabia muito sobre elas. Isso o fez ganhar os jogos. Hasse era um menino legal, não só idiota. Pela primeira vez, senti que alguém não queria que eu morresse na arena e tinha esperança. Nem mesmo minha família tinha.
Já estava quase na hora da entrevista, fomos ver Luke. Meu cabelo estava solto e levemente desarrumado, eu tinha uma maquiagem leve, para não pesar o meu rosto, estava com o meu lindo vestido verde água, e um salto, para não ficar tão baixa perto das outras meninas. Meu coração estava disparado, eu queria conquistar Panem, fazê-los gostarem de mim, queria ter algum patrocinador e ganhar. Talvez isso seja querer demais. A primeira garota a ser entrevistada foi Kyra Morts, ela tinha o cabelo azul escuro, tinha um olhar doce, ela bancou a sensível. Como no dia da colheita, não consegui me segurar, não conseguia assistir as entrevistas, fechei os olhos. Agora eu estava sozinha, não tinha Hasse para me ajudar. Estava quase chegando a minha vez, eu ia ser eu mesma? Mas eu não sou uma pessoa legal. Eu devia ter ensaiado.
– Recebam agora, Lynn Snow! – Caesar falou alegremente. A platéia não demonstrava felicidade em ver suas crianças indo para um massacre, mas bateram palmas e gritaram meu nome. Entrei sorrindo e acenando. Eu não estava feliz, mas tinha que demonstrar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eu tinha que colocar uma cadeira de mogno lol. Espero que gostem do capítulo.