Entre Gelo e Fogo escrita por Fernanda


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Teve gente que gostou dos capítulos que eu postei ontem *-* resolvi postar um pouco mais.



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Alice

 Princesa do gelo, este titulo parecia se aplicar bem a mim. Principalmente agora que eu estava usando este vestido azul gelo, com a minha pele pálida pelo medo destacando o azul dos meus olhos. O pingente do colar deu um toque a mais na imagem.

 Minha mãe saiu do quarto e disse para eu descansar um pouco antes do jantar. Então fui tomar banho, fique por meio hora embaixo do chuveiro, deixando a água percorrer o meu corpo e pensando no que iria acontecer nas próximas semanas. Sai do banho e fui me deitar, mas estava inquieta demais para conseguir ficar parada e tentar dormir, então sai do meu quarto e fui dar um passeio pelo trem. Quando cheguei em um vagão meio afastado, vi uma porta entreaberta, resolvi espiar o que tinha lá dentro. Quando me aproximei ouvi vozes, acho que pelos tons eram de Haymitch e Effie.

 - Eu não posso fazer isso, Haymitch – disse Effie, parecendo assustada.

 - Mas, Effie, è necessário, para que os Games não voltem a matar tanta gente como aconteceu antes – disse Haymitch.

 - Eu não quero que me torturem como fizeram antes, foi horrível. Se descobrirem que eu sei disso e o plano der errado, vão me torturar novamente. Quase não me deixaram vir, tive que implorar, dizendo que tinha que ver o Ian antes de tudo começar.

 - Eles não vão te prender – disse Haymitch, docemente – eu não vou deixar fazerem isso de novo.

 Cheguei um pouco mais perto da porta e vi Effie correr para abraçar Haymitch. Depois eles começaram a se beijar tão intensamente que eu sai de lá rápido antes de ver qualquer outra coisa.

 Continuei andando pelo trem, cheguei ao ultimo vagão e vi a pessoa com que havia pulado no trem quando ele saiu da estação. Havia conseguido subir afinal.

 Era Cinna. O seu manto preto estava no chão e tinha uma poça de sangue no chão. Ele estava deitado encima de um banco, mas parecia estranhamente corcunda. Cheguei mais perto e percebi que ele estava tentando estancar um corte no seu peito. Corri para ajuda-lo, mas quando cheguei lá vi que não podia fazer quase nada, então o ajudei a ir ate a minha mãe.

 Foi um longo caminho ate o vagão em que os meus pais estavam, mas quando cheguei lá, minha mãe viu o corte e disse que não seria tão difícil assim de curar, mas acabou mandando o meu pai e eu para fora, para que ela pudesse curar Cinna em paz. Meu pai e eu saímos e fomos ate uma sala de estar que estava vazia, sentamos em um sofá de couro preto e eu resolvi perguntar uma coisa que estava me incomodando desde o sorteio.

 - Papai, como você conseguiu ir para os jogos sabendo que teria que matar a mamãe? – perguntei.

 - Eu não iria matar ela de jeito nenhum – disse Peeta – eu preferia morrer a ter que fazer isso.

 Foi ai que eu entendi o quanto ele amava ela, ele teve a chance de matar minha mãe na arena, mas não o fez, preferia morrer a fazer isso. Comecei a ver o amor deferente depois disso.

 - Como foi pra você, achar que ela estava morta, no quarter quell, quando tudo explodiu e você achou que ela tinha morrido?

 - Foi terrível. Pense na coisa que mais importa para você, sumindo para sempre. Consegue imaginar a sensação, não é?

 Confirmei com a cabeça. Eu podia imaginar. Mas não queria que o pensamento viesse a tona, então apenas mudei de assunto.

 - Você conhece o August? – perguntei

 - Já ouvi falar da sua família, mas nunca falei com ele. Seu pai trabalha nas minas, são muito pobres e o que ganham mal da para sustentar ele e os 5 irmãos, mas acho que isso o tornou forte.

 Pensei nisso, era obvio que ele era forte seu corpo musculoso mostrava isso, mas com seus olhos gentis e com 5 irmãos para cuidar, não sei se ele era muito forte emocionalmente.

 Neste momento minha mãe e Cinna saíram do quarto e eu soube que era a hora de ir falar com August. Andei ate seu quarto e bati na porta, não ouvi nada, bati de novo e escutei um fraco entre. Entrei e vi que ele estava na cama. Quando viu que era eu, seus olhos multicoloridos logo entraram em alerta, parecia que ele imaginava que eu iria mata-lo a qualquer momento.

 - Tudo bem - eu disse – só quero conversar com você um pouco.

 - Sobre o que?

 - Sobre o que você acha de tudo isso, e sobre as marcas de unha que vi na sua mão quando estávamos entrando no trem.

 Ele olhou para a sua mão, aonde as marcas ainda desapareciam, pareceu envergonhado por alguém ter visto isso.

 - Então você quer saber a minha historia, não é isso? – disse ele amargamente

 - Se você quiser me contar.

 - O meu pai trabalha nas minas e não ganha muito bem, mas acho que isso você já sabe. Quando eu tinha 5 anos minha família estava passando por um momento difícil e a minha mãe ficava sempre muito irritada, por tudo. Principalmente comigo. Então tentei começar a ajudar meu pai, mas não era bom no trabalho de mineiro, e toda vez que eu fazia algo errado a minha mãe gritava e me batia. Depois de alguns anos, quando dois dos meus irmãos nasceram a situação piorou, mas ai eu já podia fazer alguma coisa melhor. Eu saia de casa e ia para a floresta, onde sempre colhia flores comestíveis e frutos para ajudar na nossa comida, mas mesmo assim me sentia inútil. Então eu comecei a me machucar quando achava que não era bom o suficiente e a dor me dava forças para ser ainda melhor no que eu estivesse tentando fazer. Acho que quando meu irmão mais velho morreu, minha mãe percebeu o quanto dói perder um filho e nunca mais me bateu ou me machucou, aquele grito quando eu fui selecionada demonstrou isso. E esta é a minha historia.

 Olhei para ele, agora eu tinha certeza de que ele seria uma pessoa muito difícil de matar na arena, não por ele ser forte tanto física quanto emocionalmente, mas sim por conhecer sua historia.

 - O que acha que sua mãe ira fazer se você morrer na arena? – ele me perguntou.

 Isso me pegou de surpresa, nunca pensei nisso, mas acho que a minha mãe não aceitaria muito bem. Ela já perdeu pessoas demais.

 - Acho que ela iria entrar em depressão, ou fazer de tudo para matar a pessoa que recomeçou os jogos e a fez perder pessoas que ama novamente.

 August me olhou, como se eu fosse um objeto que ele avaliava quando tempo iria durar, mas eu não tinha muita certeza disso, seus olhos e sua expressão eram muito difíceis de ler.

 - Bom, acho que vou voltar para o meu quarto e me arrumar para o jantar, vejo você lá – eu disse, de repente sentindo uma enorme sensação de que eu teria que sair logo do quarto.

 - Te vejo lá – disse.

 Voltei para o meu quarto e troquei de roupa para o jantar. Coloquei uma calça jeans e uma camiseta preta simples que encontrei dentro de uma gaveta, deixei o meu cabelo solto e fui para a sala de jantar. Quando cheguei todos já estavam lá, menos Cinna.

 Haymitch e Effie pareciam meio bagunçados, mas acho que era melhor não falar sobre isso. Todos os outros estavam quietos. Fui me servir, e vi que a minha mãe não estava mentindo quando disse que a comida do Capitol era incrível. Uma mesa com todos os tipos de comida se estendia na minha frente, molhos de diferentes cores, arroz, batatas.

 Servi-me e fui para a mesa. Todos comiam em silencio ate que Haymitch quebrou o silencio.

 - Você é boa em alguma coisa, querida?

 - Eu sou boa com pintura, mas é só isso. – eu disse meio insegura com o seu olhar penetrante.

 - Bom. Isso terá que servir. Você ira melhorar durante o treinamento – ele olhou para August – E você, o que sabe?

 August parou para pensar um pouco, depois olhou para Haymitch e disse simplesmente:

 - Sobrevivo.

 Todos tiveram reações diferentes. Minha mãe riu, meu pai deu a August um sorriso sincero. Effie deu um gritinho que me soou muito estranho. Haymitch bufou de raiva e saiu da mesa.

 Comecei a rir, a ideia de que uma pessoa pudesse irritar tanto Haymitch me era tão engraçada que ate esqueci por alguns segundos que eu teria que competir com uma pessoa que podia se adaptar a diversas situações para sobreviver. Mas apenas por alguns segundos.

 Terminamos o jantar e depois fomos ver a cobertura das colheitas nos distritos para que pudéssemos conhecer os tributos que teríamos que enfrentar.

 Não me lembro muito bem de todos, apenas alguns que me chamaram atenção. Uma garota pequena, que aparentava ter 14 anos, com cabelos castanhos e olhos escuros que pareciam ser sanguinários do distrito 10, um tributo baixo com o olhar infantil e um rosto de bebe que pela estatura devia ter um 16 anos do distrito 6. Uma mulher com olhos verdes e cabelos loiros, mas com o corpo musculoso que dizia que ela poderia levantar objetos muito pesados sem tanto esforço do distrito 4. Mas o que mais me chamou a atenção foi um tributo do distrito 2 cabelos castanhos, olhos cinza. Ele me parecia familiar, mas eu não me lembrava da onde. Ate que disseram o seu nome. Matt Hawthorne.

 Filho do amigo da minha mãe. Gale Hawthorne.


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