PMH (Protecção Mundial Humana)

Capítulo 6 – Ir com o coração pesado – Parte 1

Um mês passou e agora Raf estava grávida de também um mês. Os dois estavam muito felizes e nada, por mais triste que fosse, não tirava a felicidade de em breve terem um bebé, o seu filho nos braços.

Da última vez que tinham ido ao ginecologista, este disse que estava tudo bem com o bebé e que estava de boa saúde. Não poderiam estar mais felizes.

Todos os dias, Sulfus beijava a barriga de Raf, tentando fazer com que o filho que estava dentro dela sentisse que estavam ansiosos por ele cá fora. Mas tudo leva o seu tempo.

Mas depois Sulfus recebeu uma notícia que o deixou de rastos…teria de ir a França com o pai de Raf, para uma convenção que ia durar
duas semanas…ou seja, menos duas semanas que não iria estar presente na gravidez de Raf…tinha de lhe dizer mas…não queria, por isso, em vez de lhe dizer deixou um bilhete na sua mesa-de-cabeceira, para que na manhã em que partisse e Raf acordasse ela lesse.

Na manhã em que Raf acordou, em vez de ver Sulfus à sua beira a dormir, via o lugar vazio. Começou ficar preocupada, sentou-se na cama e viu um bilhete na mesa-de-cabeceira do lado de Sulfus:

‘Meu amor,

Se não me viste quando acordaste, não te preocupes que eu estou bem. Só fui a França com o teu pai, visitar uma convenção e só vou voltar daqui a duas semanas. Eu não queria ir, pelo contrário, queria ficar. Ficar a teu lado para aquilo que fosse necessário.

Eu não tive coragem para te dizer, porque eu já sabia que irias ficar destroçada, o que eu não quis que acontecesse. Mas agora ao leres este bilhete, sei que vais ficar zangada comigo e eu compreendo. Tens todo o direito de te zangares comigo, porque fiz uma coisa que nunca deveria ter-me passado pela cabeça.

Mas por favor perdoa-me meu anjo…eu sei que é difícil…eu se estivesse no teu lugar de certeza que também ficaria como tu te estás a sentir neste momento.

Não sabes como me estou a sentir agora ao ter de deixar sozinha e grávida do nosso bebé que tanto tínhamos desejado que viesse. Não queria deixar-te nesta fase mais linda da nossa vida de casados. Acredita meu anjo, que não fiz isto para teu mal, mas sim para teu bem. É verdade, custa-me saber que durante muitos dias não me vais dirigir a palavra e isso parte-me o coração, porque te amo muito.

Eu vou com o coração pesado Raf. Mas nele tem muitas memórias, mas as principais estão comigo e são as que levarei comigo durante a viagem e estas duas semanas que vou ter de passar sem ti…a do nosso Primeiro Beijo, a do nosso Casamento, aquelas três noites mágicas que tivemos os dois e uma que aconteceu muito recentemente…a de quando me disseste que estavas grávida, a de que esperavas o nosso primeiro
filhote, o nosso bebé…essas memórias estarão sempre comigo, mas o que as tornaram muito importantes foi tu teres estado lá, ao meu lado, nós os dois juntos, prontos a superar qualquer obstáculo que se intromete-se entre nós. És a pessoa mais importante da minha vida Raf. Tu mudaste a minha vida para sempre, apenas com um simples olhar.

Mais uma vez peço-te perdão meu amor…embora saiba que não deveria pedir.

Como disse há bocado, só de saber que durante muitos dias não me vais dirigir a palavra parte-me inteiramente o coração…sem ti, não sou nada…sem poder ouvir a tua voz quente e carinhosa, sem poder olhar nos teus olhos, sem poder o teu rosto com as minhas próprias mãos, sem poder sentir os teus lábios nos meus…sem tudo isso, mas principalmente sem ti, para mim o mundo acabou. Sem ti, morro de amor.

Amo-te Raf…e digo isto as vezes que forem necessárias para que tu me perdoes. Por ti faço qualquer coisa, nem que tenha de ir ao fim do mundo para me dares o teu perdão meu anjo.

Perdoa-me por favor.

Com todo o meu amor,

Sulfus’

Raf deixou-se afundar nas almofadas na cama segurando o bilhete com força ao peito enquanto lágrimas caiam dos seus olhos.

“Perdoo-te Sulfus, perdoo-te meu amor…” murmurou Raf, triste por o marido não estar ali com ela…

No avião, Emanuel e Sulfus já estavam sentados nos bancos e
Sulfus olhava para fora da janela observando os céus azuis, cor dos olhos da amada. Enquanto olhava viu-a. O seu rosto alegre, os seus lábios e os seus olhos “Raf, por favor perdoa-me” pensava.

Emanuel reparou que Sulfus tinha o olhar desviado para a janela e achou que ele estava muito pensativo, por isso decidiu puxar um assunto para conversa “Então? Estás bem?” perguntou.

“Mais ou menos” respondeu.

“O que se passa Sulfus?”

“Não queria deixar a Raf sozinha nesta fase”

“Então é isso que te faz estar tão calado?”

“Sim…e ainda por cima eu não tive coragem de lhe contar…”

“O quê? Tu não lhe contaste?”

Sulfus abanou a cabeça em sinal de negação “Não…mas deixei-lhe um bilhete antes de ir ter consigo”

“Sulfus lamento, mas agora não podemos voltar atrás…agora não
podemos voltar a Milão”

“Eu sei”

TBC…