A campainha tocou e eu sabia que era ele. Ele sempre vinha nesse horário, hoje eu estava melhor do que deveria, o que é bem estranho.

- Oi - falou assim que abri a porta.

- Oi - falei e deixei uma fresta pra ele passar logo após fechando-a.

- Como você tá? - perguntou.

- Bem e você? - perguntei de volta.

- Bem também. - falou e ficou me fitando, por um instante correspondi aos olhares dele. Mas logo desviei.

- Vamos começar então - falei - você tem alguma prova essa semana?

- Tenho. De Química - falou e assenti pegando o livro de química.

- Então, vamos começar por química - falei e ele apenas assentiu. Fui explicando alguns assuntos pra ele sobre o que ele tinha que aprender e pra ele prestar atenção o que era meio complicado já que ele fitava a televisão, logo me irritei e desliguei. Então ele começou a prestar atenção.

- Posso ir ao banheiro? - perguntou.

- Sim, é no corredor direito na última porta - falei e ele tirou o caderno de seu colo saindo. Uma folha havia caído no chão, tentei não ler mas minha curiosidade foi muito maior. Abri o papel e vi uma calegrafia não muito bonita. De fato, era dele.

Eu só fico aqui sentado

Esperando você me ligar

Então eu pergunto se você está ligando mesmo

Tantos pensamentos passam pela minha mente

Queria que você pudesse estar aqui o tempo todo

Porque eu estou perdido sem você

E eu não posso simplesmente duvidar de você

E há tudo sobre você

Eu simplesmente não posso viver sem você

Eu fiquei maravilhada com aquilo, se foi ele mesmo que escreveu, nossa ele tem um criatividade tremenda.

Por que ele jamais mostrou isso para alguém? É lindo. Pelo menos por isso, eu pude ver que ele é diferente, ele tem sentimentos, independente de tudo que falam dele.

- Por que você tá lendo isso? - ele falou atrás de mim fazendo eu dar um pulo, rapidamente pegou o papel da minha mão, guardando-o no meio de seu caderno novamente.

- Tava no chão - falei fraco.

- Você não devia ter lido.

- Justin, você escreve muito bem, isso é lindo. Nunca mostrasse isso pra alguém?

- Não, eles iriam me achar um idiota - falou olhando pro chão.

- Idiota por ser apaixonado por alguém? - perguntei.

- Pra eles tudo é idiota - falou.

- É, talvez eu concorde com isso também - falei olhando para o chão também. O silêncio reinava, nem explicar eu estava fazendo, estávamos quietos, pensando, olhando para nossas próprias mãos.

- Eu acho que de verdade eu nunca me apaixonei por ninguém assim. - falou.

- Já imaginava isso, qual é, um garoto como você pra ficar com todas, é porque ou nunca se machucou ou já se magoou muito. Você se perde em diversas paixões atrás do amor. - falei.

- Acho que eu é realmente não conhecia você. Você já se apaixonou? - perguntou fiquei quieta por um tempo.

- Já, mas isso nem vem ao caso.

- Por que nunca me conta nada? To tentando ser teu amigo - falou.

- Porque ainda não me sinto segura para falar sobre isso - falei o olhando nos olhos. Ele parecia uma pessoa super gentil, por trás daquele idiota que eu conheço do colégio. Seus olhos focaram nos meus e ficamos nos olhando, ele tem olhos lindos. Seus lábios são bem desenhados e vermelhinhos. Dei um risinho fraco olhando pra baixo. Senti sua respiração próxima e o olhei ele deu uma risadinha e me deu um selinho. Meus olhos se fecharam de imediato e ele pediu passagem.

 Não sei porque eu estava retribuindo afinal, ele era maior galinha. Mas ele beija muito bem, o que me fez esquecer do mundo, apenas naquele momento. Terminou me dando um selinho e sorriu entre o mesmo, o que fez com que eu abrisse os olhos e encontrasse um par de olhos castanhos mel me olhando e sorrindo.

- Por que está sorrindo? Não devíamos ter feito isso - falei.

- Eu não sei o motivo de estar sorrindo, sei lá, me deu vontade.

- Eu... eu... nós, não podemos mais fazer isso - falei e ele me deu mais um selinho - o que eu acabei de falar? Por que fez isso?

- Eu não sei, não me faz perguntas tá.

- Não sou que nem aquelas garotas do colégio que você fica e depois joga fora, não sou assim.

- Eu não sou esse monstro como você me descreve.

- Mais parece, fala sério, você faz isso com todas de certo né? Vem bancar o bobinho pra iludir elas.

- Eu não sou assim garota - ele falou - para de me julgar sem me conhecer, para. - levantou rapidamente da cama e me olhou confuso.

- Que foi? - perguntei.

- Você, porque fala tão mal de mim.

- Sei lá, falo o que os outros comentam. -  ele veio vindo em minha direção.

- Não sou como dizem e posso te provar - falou e rapidamente seus lábios pararam nos meus, senti sua respiração ofegante, não só a dele, a minha também. Ele beija muito bem. Seus braços envolveram minha cintura e os meus envolveram o pescoço dele, fiquei mexendo nos fiozinhos do cabelo dele. Entre o beijo ele sorria diversas vezes, o que acontecia comigo também. Droga o que tá acontecendo? Meu estômago parece revirar.